Regionalização de redes de produção de Energia e seu abastecimento
António Justo
O centralismo político, visível no traçado dos mastros de fios de alta tensão, passa ao lado dos interesses das regiões. Uma política de energias renováveis pode contribuir para a correcção do actual centralismo exacerbado em favor da regionalização da produção de energia eléctrica limpa. A promoção de energias renováveis pressupõe a criação de traçados de novas redes que possibilitem o transporte da energia renovável da microprodução. O poder económico instalado tem-se revelado mais forte que a inteligência política.
Faltam redes eléctricas de fios de alta tensão para transportarem a energia gerada pelas instalações eólicas. Necessitam-se redes que recebam a energia e precisam-se acumuladores de energia para compensar os tempos sem sol nem vento. Neste sentido, a Alemanha, prevendo já o futuro, irá instalar uma rede de linhas de alta tensão até 2020 no valor de dez mil milhões de euros.
O excedente de energia, em dias favoráveis, pode ser utilizado para, através de bombas, elevar a água para bacias mais elevadas que funcionam como reservatórios de energia para, quando necessário, moverem as turbinas e produzirem a energia necessária. Naturalmente que também a energia hídrica das barragens tem um grande senão que é a destruição de meios ecológicos e paisagísticos.
Portugal e países com muito sol, deveriam ter todos os telhados cobertos de painéis fotovoltaicos. Investir na energia regional é investir no futuro e significa a democratização do enriquecimento sem tratar mal a mãe terra.
Há que assegurar os direitos das gerações futuras nas constituições nacionais. Para isso precisa-se duma mudança cultural e dum outro discurso social. A razão, meramente económica ou partidária, não é argumento suficiente para tomada de decisões.
António da Cunha Duarte Justo
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