Parlamento Europeu o Cemitério dos Elefantes?

O PAPA CAMINHA EM TERRENO MINAD
Viagem do Papa à Palestina deixa vestígios de paz
António Justo
Ainda antes de Bento XVI iniciar a viagem à região da Palestina já a imprensa problematizava tal intento. Uma viagem que honra israelitas e palestinianos ao mesmo tempo torna-se incómoda para grupos que apostam numa política de trincheiras. Como cristão, o Papa sabe porém que a verdade nunca está só dum lado.

É sintomático que uma pessoa que só usa da palavra em função da paz se encontre em tanto perigo. Israel disponibilizou cerca de 80.000 polícias e pessoal de segurança para proteger o hóspede.

O governo de Israel intitula o papa de “ amigo autentico de Israel e do povo judeu”. O Rabino de Jerusalém disse: ”O caso Williamson já não é ponto de discórdia. O facto de se ter chegado a isso não foi intencional, mas uma questão de falta de managemment no Vaticano”, afirmando também que as relações entre judeus e católicos eram boas e cordiais.

O calvário, não é alheio ao papa. No seu caminhar entre Deus e a política, tropeça de crise em crise. A cruz que traz tem dois mil anos de carga histórica, a carga duma instituição global com seus problemas. Os ventos contrários actuais obrigam-no a caminhar na defensiva em actos de reparação em mesquitas ou com declarações explicativas de interpretações tendenciosas das suas palavras. Porque é humilde, procurando seguir o Mestre, todo o lixo da estrada lhe é atirado. Os Kommenis, esses são compreendidos, explicados e aceites!… Um mundo atrevido e presumido que vive bem de mal-entendidos não aceita que Bento XVI ponha o dedo nas feridas da vida, que fale dos pontos fortes e fracos das religiões como foi no caso de Ratisbona. Não lhe dão uma chance, só lhe põem pedras no caminho: o discurso de Ratisbona levanta a aversão de muçulmanos e seus aliados contra ele, a questão propagandista dos preservativos falsifica o seu pensamento, o levantamento bem-intencionado da excomunhão a quatro bispos, um deles negador do holocausto é usada para questionar a sua amizade para com os judeus. Tudo questões acidentais mas que encobrem o essencial e enchem os bolsos dos que vivem de especulações tendenciosas. Um papa intelectual não habituado ao cálculo político, que, com humildade popular, não procura a simpatia das pessoas, que coloca as questões prementes da actualidade na ordem do dia, vê-se obrigado a fazer de bombeiro, e a apagar incêndios na sua via estreita entre o relativismo e o fundamentalismo.

Bento XVI embora diga o mesmo que dizia João Paulo II, não é beneficiado pelo seu carisma reservado e humilde. A publicidade fixa-se apenas em aparência e em superficialidades e num simplismo redutor depois ampliado em letras gordas dos jornais e da TV. O Papa não se preocupa apenas com o contexto mas com o texto. No texto o papa dirige-se não só às maiorias mas também às minorias, o que torna mais difícil uma leitura séria.

Parlamento Europeu o Cemitério dos Elefantes?
O Papa é um cartaz o que leva muitos a quererem perfilar-se à custa dele. Também partidos do Parlamento europeu se agarram a pretensas afirmações sobre anticonceptivos para embrulharem a sua propaganda e promoverem nos Media a própria imagem. Certos ideologias sabem que ao tocarem o sino do ressentimento contra o Papa dão satisfação aos seus votantes motivando-os a alinhar-se nas suas fileiras. Isto deu-se também agora no parlamento europeu que procurou interpretar mal as palavras do papa que ao ser questionado, antes da viagem a África sobre o uso de preservativos, diz:”Eu diria, o problema Sida não se pode resolver apenas com slogans de propaganda. Se falta a alma, se os africanos não se ajudarem a si mesmos, este flagelo não pode ser eliminado com a distribuição de preservativos: pelo contrário, corre-se o risco de aumentar o problema”. Estas palavras proferidas em 2009 foram suficientes para fracções do parlamento europeu (liberais e outros) requererem uma moção parlamentar para condenar as palavras do papa e para o colocar ao lado de criminosos de guerra no Relatório dos Direitos Humanos do ano 2008. Por aqui se vê o oportunismo político e o desejo ideológico partidário de se aprumar neste ano de eleições. “Com palavras e bolos se enganam os tolos” diz a sabedoria popular. A moção parlamentar foi rejeitada com 253 votos contra, 199 a favor e 61 abstenções. Aqui se nota a política como a arte de deturpar. E o Zé-povinho engole tudo como se tratasse de comida sadia. Come o que lhe dão depois de mastigado!

Depois não querem ouvir, a queixa da província ou ideológica de que “o parlamento europeu é um cemitério dos elefantes”! Verdade é que, por vezes se empenha demasiado na difusão de redes de ideologias e insuficientemente na solução de problemas reais de povos reais.

É triste constantar-se tanto ressentimento, apresentado na bandeja pública, baseado geralmente em preconceitos ou em supostas posições sempre reduzidas e deturpadas do seu conteúdo. Ao observarmos este Papa tem-se a impressão dum cordeiro entre lobos. É atacado pelo que diz e atacado pelo que não diz, ou pelo que outros quereriam que dissesse. Uma sociedade que tão maltrata os símbolos dos seus valores parece seguir um impulso de autodestruição.

Naturalmente que a igreja e todas as instituições são formadas de pessoas carentes passíveis de crítica mas também de mútuo respeito. Toda a instituição tem os seus cadáveres na cave! Que a Igreja seja tão atacada e difamada é duvidoso, atendendo que as suas organizações são as que mais apoios caritativos no mundo fazem e quando há tanto mal real no mundo que poderia beneficiar do bem que os críticos poderiam, além de desejar, fazer. O ataque à Igreja parece tornar-se num substituto da crítica ao próprio egoísmo e às instituições cuja subsistência depende da guerra e do mal contra o próximo. A má consciência faz falar!

Naturalmente que o papa não é só pessoa, é também símbolo e plano de projecções alheias, o que leva o mundo a reagir com hipersensibilidade sobre tudo o que ele diz, faz ou deixa de fazer. Cada gesto, cada visita, cada palavra ganha uma dimensão política. Por isso qualquer terreno que pise se encontra minado pela ideologia e hostilidade de uns para com os outros. Da discussão sai naturalmente a luz! O problema está para aqueles que não podem ler as entrelinhas ou não têm tempo para ir às fontes da informação, tornando-se vítimas do que ouvem ou lêem. As palavras podem provocar verdadeiros incêndios e devastar florestas virgens.

Diálogo não pode ser uma estrada de sentido único
Em Amman na Jordânia, o Papa apelou para uma reflexão sobre as raízes e valores comuns das religiões e defendeu-as dos ataques da crítica radical dizendo: “nós religiosos somos solidários”. E continuou: “os críticos não se contentam só em levar a voz da religião ao silêncio, mas querem também colocar a sua voz no lugar dela”.

O diálogo religioso não se pode comparar com um diálogo político. O diálogo entre partidos trata de ajustamento de interesses e de aspectos culturais. O diálogo religioso e o compromisso dão-se ao nível cultural mas não no característico religioso das convicções religiosas. Aqui cada um deve procurar entender o outro. O diálogo realiza-se, como diz o papa, ao nível das “consequências culturais”. Alguns queriam ouvir um papa falar dum Deus à la carte e por isso chamam-no de conservador! Quanto à concepção de Deus, cada cultura tem a sua.

Cada cultura ou civilização é fruto da sua concepção implícita ou explícita de Deus. O cristão é livre de adorar a Deus com imagens ou sem elas. Cada um entra numa relação com o Todo, com Deus, à sua medida, sabendo que Deus transcende todas as medidas. Esta liberdade é típica cristã, porque o seu Deus é incarnado e como tal deixando-se venerar através de analogias ou protótipos. O mesmo não é permitido no judaísmo e no islão, que não permite imagens. No cristianismo o Homem é imagem de Deus e da realidade possibilitando assim um contínuo esforço de compatibilização de imagem e modelo, uma discussão entre religioso e profano.

A própria palavra traz atrás dela sempre uma sombra!… O problema do diálogo não está nas religiões nem nos ateus. O problema não está nas diferentes concepções mas na afirmação dumas à custa das outras, na culpabilização do outro pelos problemas do mundo e pelas inimizades entre os grupos; em desconfiança mútua, cada um atira as próprias minas para o campo adversário, sem notar que o faz numa atitude instintiva de auto – afirmação. O diálogo pressupõe fidelidade a si mesmo e à própria fé mas sim em diálogo com os outros e na abertura de integrar em si o que anda por fora e de se descobrir fora também.

Uns e outro reconhecem Deus como “razão criadora”. O problema é a ideologia alvorada como custódia à frente da cabeça. Se o Homem não governa o mundo com a razão então regê-lo-á a religião, a emoção seja ela religiosa ou laica.

António da Cunha Duarte Justo

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Teresa de Calcutá discutia com Deus

Um grito de angústia contra o comodismo da justiça
António Justo
Entre o Desespero e a Esperança!
O “anjo dos pobres” viveu e vive, na Índia, junto dos que moram do lado sombrio da vida e que dela só conhecem os dias do calvário. A Nobel da Paz, que tudo deu pelos pobres, era assolada por um desespero tão tenebroso que não deixava lugar para uma réstia de sol. Na angústia das sombras partilhadas ela pedia contas a Deus. Custa-lhe ter de verificar que a vida não se identifica com o mundo, que ela apenas se expressa nele. À superfície, sempre bem disposta e com um sorriso nos lábios, expressava a harmonia do agir com Deus na criação. O seu interior porém era fustigado com tempestades de dúvidas que se manifestavam na discussão existencial com Deus. Num livro, com as cartas de Madre Teresa, está documentada a sua zanga com Deus. Numa das cartas ela escrevia: “ O lugar de Deus na minha alma está vazio – em mim não está Deus”. No sentir de Teresa manifesta bem a sensibilidade do Homem do século XX e a sua expressão cristã contemporânea. A sua autenticidade tem a ver com o nosso tempo.

A noite escura de Teresa é muito diferente da “noite escura” de João da Cruz. Para a melhor compreender teremos de ter presente o cenário existencialista do mundo moderno. A era moderna que apela para as luzes da razão é por outro lado a era das trevas do espírito, com muitos luzeiros que espalhados pelo mundo lhe vão dando energia e um pouco de calor. A queixa de Teresa é sinal da confiança ofendida no meio do mutismo do mundo, é a queixa contra a pretensa razão. Também Deus é responsabilizado pela vida não vivida. Quando chega a hora dos tiranos serem derrubados e quando chega a hora do direito dos pobres, a era da graça? Onde está Deus, por onde anda a razão? Com Deus morreu a razão! Os mesmos que mataram um mataram a outra. Todo o mundo actua sem ter notado nada.

A sua simpatia e identificação com os pobres não tinham limites. A miséria e a pobreza do mundo não a deixavam indiferente. Em 1961, apesar de já ter alcançado muito, a nível institucional, em benefício dos pobres, a dúvida acompanha-a: “Domina uma tal escuridão que eu efectivamente não posso ver nada.” Este estado de dúvida religiosa purificadora, na vida da fé tem uma correspondência a nível epidérmico na dúvida metódica da filosofia. A vida tomada a sério não deixa ninguém indiferente nem se acomoda a tabus ou explicações simples. Ela espicaça espíritos de grande reflexão e prática. Teresa encarnou nela a dor da pobreza e da miséria a brotar em tanto rosto indefeso e inocente. Ela sabe que não se pode considerar o mistério da redenção sem o mistério da trindade. Aquele tem sido muitas vezes deformado devido ao desconhecimento deste e ao domínio dos sistemas sobre a pessoa. A Madre Teresa lança um grito de angústia contra o comodismo do continuar assim. Na noite escura do sofrimento também Deus se torna escuro. Aí só ajudam as fórmulas, o rito!… Quando se estafa demasiadamente a responsabilidade surge o tempo do deserto, a noite fria ajudando então as formas litúrgicas. Estas ajudam-nos a não nos esgotarmos na dúvida, mesmo que as palavras e os gestos não pareçam nossos. Isto até que tomemos conta de nós no amanhecer duma esperança radiosa.

Quando a dor e a miséria nos bate à porta e a deixamos entrar surge então a vivência do deserto e a solidão da vida. Aí, no descampado do vazio, a nossa alma alcança os limites do horizonte. Aí se desmascara a ideia de Deus e de nós mesmos. A folhagem das ideias corre com o vento e esvai-se na imensidão do limite. Não há mais a sombra duma árvore, o aconchego duma ideia ou um regaço onde nos proteger. Nesse estado torna-se presente o bramir da fome do mundo, o frio da vida no rescaldo do sol: Luz e treva na mesma dança. É noite em pleno meio-dia! Do nosso ser resta aí só um erguer de braços ao céu de prata fria e o amargo cair sobre a areia branca num sussurro de praga contra aquele Deus indiferente e distante, que nos deixa sem resposta. Apenas fica o bater de corpo naquela terra apática que já não gera! Nesse momento sou já o desespero ajoelhado, já cansado do horizonte dum céu que não é meu! Torno-me terra cansada, de tanta miséria regada, só lama contaminada.

Oh Deus, porquê tanta dor, porquê tanta miséria?

Num primeiro momento só resta o fremir do silêncio na imensidade dum céu mudo. Depois as nuvens negras do limite. A seguir, as tempestades da alma entram em sintonia com as da natureza e da sociedade. Sucede-se-lhe a acalmia… É a relação trinitária a acontecer, num mesmo instante a realidade de incarnação-morte-ressurreição a expressar-se.

Deus não precisa de súbditos nem de seguidores obedientes
Depois, no tempo da calmaria e da colheita surge talvez a pena por se ter ralhado com Deus. Alguns, mais sensíveis são posteriormente acompanhados por uma depressão da alma, que muitas vezes é assistida por uma religiosidade sombria, um pietismo rançoso que desconhece a infância do divino, que só aponta para o crucificado. Um mundo interior sem mãe! Um mundo que só reconhece o Outono e o cair das folhas não conhecendo a árvore no esplendor dos seus frutos. Fixam-se naquela árvore da cruz que reprime a vivacidade e a alegria de viver, aquela árvore sem Cristo, talvez só presente na seiva. Sim, também Cristo se chateou da figueira que naquela altura não tinha figos! Ele sabe porém que Deus não é aquele comerciante e mesquinho castigador. Deus não precisa de súbditos e de seguidores obedientes nem quer uma religião consolada e alimentada por um sentimento de culpa. Ele é a seiva da árvore inteira. Não precisa de pastores reduzidos a cães de guarda.

É fácil apoderar-se de Deus para depois se ir lanchar com ele ou ir encurralá-lo nalgum lugar ou nalguma ideia. A experiência da “noite escura” não é prova à fé como pensam os que pretendem fazer de Deus um tentador. A”noite escura” é crise pura. É a noite do monte das oliveiras onde não há salvadores. Nela se compartilha a dor dos pobres, a calidez do universo; ela é dor seca de solidão sem sentimento, é a mesma dor do Jesus abandonado, uma dor fria sem consolo, sem Deus. É fácil não tomar a sério a dor da ausência de Deus refugiando-se no argumento de que “Ele lá sabe”. Porquê tanta discrição na libertação dos miseráveis. Por que é que nós homens não reconhecemos a dignidade dos fazemos inconsoláveis?

A dor não conhece tão-pouco um Jesus invejoso de premeio. Jesus é a dor do mundo; quem a sofre e assume participa directamente na redenção do mundo, torna-se co-redentor e artífice da criação. Aí no abismo da escuridão, se gera a luz e o que se faz é obra de Deus, o mistério trinitário a acontecer. O pobre é o rosto de Deus que se mostra no Filho, no Homem, no crente e no descrente.

Teresa não se deixa prostituir, permanece fiel a si mesma e deste modo reconhece a seiva divina a brotar nela e na humanidade. Tem tempo para se ocupar com Deus e com as suas imagens. Sabe que “a noite escura” também é a hora de Deus, pese isto embora a muitos sacerdotes do povo. Fora do aconchego da tradição o sentir religioso é diferente e tem por companheiro a dúvida… A oração, por vezes, já não obedece à fórmula; o acesso a Deus torna-se mais privado perdendo o carácter de audiência. Em Teresa transparece também a consciência do nosso tempo. Antigamente, numa mentalidade dualista, confiança e medo eram expressões da proximidade ou distanciamento de Deus. O Deus trinitário porém nunca se encontra longe ou perto. Ele está sempre presente quer na paixão quer na ressurreição.

A vida fala no silêncio
As pessoas encontram-se demasiadamente ocupadas com mandamentos, devoções, ideias sobre isto e aquilo, sobre Deus e o diabo, não podendo questionar-se a si, questionar Deus, a vida e o mundo. Distraem-se e são distraídas! Fazem de tudo roupagem para se cobrirem ou enfeitarem como se a vida fosse um teatro de jardim infantil. No desejo de se ser encoberto pela ramagem do jardim, repete-se o momento em que Adão foge à pergunta de Deus “Adão onde estás?” Adão já não é, ele apenas está por aí perdido!

O medo escurece o caminho para Deus, para nós próprios levando-nos a viver do outro lado de nós, na segurança. Aí não se vive, criam-se intervalos da vida: trabalha-se, reza-se, canta-se, chora-se e baila-se. É a pegada dum só pé a que falta a do outro!…

Deus não se zanga da nossa zanga com Ele. Ele não é ultrajado sozinho. Isto corresponderia a uma ideia estranha dum Deus não trinitário que veria a Sua bondade condicionada ao sacrifício e à penitência. Muito ateísmo e arrogância nesta ideia de Deus, a ideia dum Deus vingativo, como se Deus se alimentasse da penitência, do desagravo e da dor. Como se Ele e nós não estivéssemos imbuídos no mesmo mistério!… A nós parece fazer-nos jeito abusar da oração para alcançar milagres, para nos agarrarmos a alguma coisa materializada, como se ele não fosse vida, como se ele fosse um estranho! Nas mãos de Deus estão as nossas mãos, numa acção comum.

Cada estação tem a sua vivência, a sua verdade, a sua cor. Numa é a altura da alegria e do louvor, noutra o momento da indignação, o suspiro do total abandono no calvário. Sim também nos Slums e nos Puffs, na miséria da heroína e de SIDA, também aí se encontra a Paixão por acabar, aí é o momento do abandono, o instante do ateísmo profundo. Aqui na sombra da Páscoa, na Paixão do ser humano, a”noite escura” é processo, é Domingo à Sexta-feira. Somos Cristo a sofrer!

Na amargura da necessidade e da dúvida surge o vazio, a ausência. “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” O silêncio, a miséria tornam-se insuportáveis. Deus em tudo e em todos questiona-se a si mesmo. Não precisa de defensores, de cães de guarda, gordos e cientes do seu Senhor, de cães de guarda anafados e cientes do seu estado no Estado. Estes estão alheios a Deus e ao mundo, estes lavam as mãos num povo toalha, sim, num Deus toalha. Estes desconhecem a natureza de Cristo e separam tudo para melhor mandarem, mandarem de fora, não de dentro onde a Realidade acontece.

No momento do abandono não se sabe o que se faz nem o que se diz, é o momento do vazio. A vida também fala no silêncio; a resposta está no silêncio, mesmo quando Deus se cala. Deus é mais que meu vizinho! No meu vizinho encontro esse mais.

A dúvida é um atalho para o meu encontro
A dúvida é um pressuposto para o encontro de mim mesmo, um momento no processo de desenvolvimento. Para me encontrar tenho de me perder. A dúvida é um caminhar atento e em presença, um caminhar em conjunto para o próprio encontro no encontro do outro. De facto encontramo-nos demasiadamente embrulhados para sentirmos o próprio corpo, a própria alma, o próprio ser. Muitas vezes perdemo-nos e deixamo-nos enganar pelos invólucros das ideias de Deus, de vida, de bem, de sociedade, etc. Além disso há muito comerciante só interessado no negócio das fardas.

A dúvida permite a contradição, a expressão polar da vida. No decorrer do desenvolvimento, sistemas e instituições perdem a sua relevância medianeira no encontro com a realidade que passa a ser um processo entre ipseidade e alteridade indefinida, um processo que não pode ser institucionalizado numa forma de vida ou de estar, mesmo a pretexto do bem e da felicidade. A vida acontece em comunidade, é a comunidade na realidade trinitária. A instituição é apenas muleta ou tapete.

A vida é uma poesia, uma oração sempre a ser recomeçada. A devoção, a ideia, a certeza reduzem-se muitas vezes a materialização do espírito. Uma concretização do espírito, a miúdo, tornado pedra, onde se tropeça a caminho da verdade e do bem! Nesse caminhar não se pode ficar entre fé e dúvida no equilíbrio do artifício. Somos campo de batalha sem vencidos nem vencedores.

Na voz dos mortos há uma sonância por Deus e na miséria dos que vivem sem sol na vida uma queixa que quer promessa, uma dissonância que quer ser integrada no concerto universal. Não se trata aqui só da acústica, da atmosfera como podem querer muitos arquitectos do institucional, do conceptual… Não se trata só do existir, do estar aqui. Trata-se da vida toda universal e indivisível, da vida toda em todos.

Teresa, a tua experiência é a de muitos que, na enxurrada da vida, querem represar as cheias. Esta vontade de não querer náufragos chama por Deus para ouvir as vozes dos mudos de tanto sofrer. Na minha dor pretendo de Deus um coração maior que o meu. No meu desespero quero acordá-lo. Porque deixas andar à solta esses lontros e bem anafados que vivem do engano e a enganar? Olha, não vês aquela criança desviada, violada, assassinada, aquela mulher batida, aquele pobre com fome. Afinal, o que se passa contigo, Deus?! Não são eles a outra parte de ti? Porque não brilha o sol da alegria deste lado? Porque fica a sombra da vida aqui. Porque devem as lágrimas dos outros dar o sal para outros temperarem a sua vida? Não vês como os injustos vencem? Também tu fazes parte da injustiça! Porque só me resta a vivência de Job?

Naturalmente que tu te desculpas que te encontras do outro lado das pessoas, que elas se não descobrem e consequentemente não te poderão encontrar! E dirás: Eles procuram-me fora deles, na estrutura, fora dos outros, por isso andam tão perdidos e desencontrados. Quando se encontrarem, as lágrimas na face do mundo terão menos sal porque estas serão então as suas…

A dor é tal que por vezes me separa do todo, de Ti. Então encontro-me solidário, só com as vítimas, deixando de ver o seu outro lado. Dirijo-me ao seu outro lado na condenação da tirania na busca dum maior pulsar do que o do coração humano. Como a tua outra parte é também minha não posso nem quero conformar-me com a tal realidade. Não quero ver o meu grito sufocado por orações nem abafado na paz da igreja ou da política. Também o desespero precisa da sua hora! A ele segue-se a libertação, ou seja, a salvação!…

Aqui no canto chão, neste gregoriano ressoa a voz triste dos sem voz, os suspiros dos da valeta, a tal voz de Deus despercebida. Nela porém se esvai a fé n’Ele tal como o incenso ao ser queimado, como aquelas vidas queimadas à sombra de palavras e sistemas de que só o fumo parece restar, palavras máscara que permitem que a sua alucinação da vida continue apenas no discurso, no texto.

A continuidade da injustiça – uma constante com foros de cidadania
A persistência da injustiça nas instituições, a sua eficácia nas diferentes formas de governo e nos diferentes estilos de vida individuais, é a maior constante observável no contínuo suceder dos sistemas humanos ao longo da história. O argumento dos avanços históricos continua a ser ópio para incautos. Progresso à custa do Homem particular e da dignidade da maioria…

A modernidade dá continuidade à avalanche dos sem fala, do indizível dos sem rosto, onde a esperança morreu num reino de tiranos de caras lavadas sem semblante. De resto, continuaremos a cantar cantigas de amigo procurando o rosto do homem nos segredos da natureza. Entretanto o Teu amor espalhado nas favelas continua a chamar por ti, por mim. O meu amor por ti na favela, me impede, por vezes, de te ver e de te consolar na almofada da Igreja e nos nichos da política. Lá no irmão longe tu irmão Deus és o meu irmão que amo. Lá nele me poderias amar também tu que és frágil também. Porquê tanta divisão, tanto partido, tanta religião? Porquê o cidadão a explorar o cidadão? Nos lares reina a escuridão, na ágora a treva, nos espaços públicos a confusão. Nas cozinhas as baratas e na praça as ratazanas.

Oh se o mundo se deixasse olhar, se permitisse o olhar do pobre no seu olhar! Nesse caso surgiria a caridade e então aquele olhar de mendigo me (te) testemunharia. Então uma época da graça surgiria onde os pobres não andariam mais à mercê e a misericórdia não seria mais uma humilhação. Em contrapartida tu que não te deixas raspar do meu ser, choras desconsolado em mim, aquilo que eu não faço, aquilo que a correcção política nunca faz. Continuas incompreensível porque não queres simpatia porque não és poder. És porém exigente ao pretenderes dar-nos um novo coração e um novo espírito.

Tu, Deus, és o meu vizinho!
De gatas terei de começar de novo, sem mão a ajudar-me. Sei que és um Deus da graça onde a liberdade está em casa e não na boca dos que a anunciam. No teu olhar bondoso as minhas ilusões desaparecem. O mal e as lágrimas que a favela chora são, contigo, a acusação do poder e da violência. Tu, Deus, és o meu vizinho!

Madre Teresa tinha razão em revoltar-se contra ti. Ela sabe que em teu nome, em nome do poder e do costume, se afirma e dá continuidade à injustiça. Eles sabem que a tua relação é pessoal, do eu para o tu e do tu para o eu. Por isso não Te querem como vizinho. Ter Deus como vizinho não é agradável. O teu amor e a tua graça, nosso bem individual e comum, foram encarcerados na instituição e sistemas, em estados, religiões e partidos, em cada um de nós… Assim pode o mal andar à solta e ganhar foros de cidadania. Teresa diz-nos que já chega de jogo da cabra cega, que vai sendo tempo da metanóia.

O homem na tentativa de tornar o povo ovelha perdeu a humanidade para passar a ser cão, cão de guarda do que não lhe pertence. Cães vadios guardando e vivendo da degradação e da inércia do outro num campo de concentração. Abstracções não se amam! Deus é pessoal, conhece-te pelo nome, ele é povo mas não massa inerte. O amor não é abstracção, é relação a dois, a três. Também o próximo é uma singularidade, uma pessoa onde se concretiza o amor ao todo. Este começa naquele.

Teresa sentiu cedo o chamamento: “vem sê a minha luz!” Este foi o chamamento de Deus a Jesus, a cada um de nós, à criação inteira! Porque continuar a adiar a incarnação?

António da Cunha Duarte Justo
2008

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Ensino de Língua e Cultura Portuguesas na Alemanha

Finalmente Aulas Previstas para a Área Consular de Frankfurt
Finalmente a Coordenação-Geral de Ensino Português na Alemanha recebeu ordem do Ministério da Educação para abrir concurso para a vaga de professor em Kassel, Bad Karlshafen e Bad Arolsen.

A Embaixada pôs a concurso um lugar de contrato local de substituição temporária ( de 2º/3º CEB/SEC) para um horário de 13 tempos lectivos.

A Kassel, com 15 alunos do 1º ao 9º ano, são atribuídos 4 tempos lectivos na Schule Am Wall.

A Bad Karlshafen, com 23 alunos do 1º ao 12º, são atribuídos 5 tempos lectivos na Marie Durand Schule.

E a Bad Arolsen, com 19 alunos do 1º ao 12º ano são atribuídos 4 tempos lectivos na Kaulbachschule.

Candidaturas devem ser já apresentadas. O último dia de apresentação de candidatura será a próxima quinta-feira (Confrontar concurso).

Quem desejar candidatar-se ou saber os pressupostos de candidatura deve consultar o aviso de abertura de concurso que se encontra na Internet no Link: http://www.botschaftportugal.de/downloads/AVISO_ABERTURA_CONCURSO14-05-09.pdf

O horário de 13 tempos lectivos corresponde a cerca de 70% do horário completo. Um horário completo consta dum vencimento de cerca de 3.756 Euros.

Da Embaixada foi-me referido que estão empenhados em que as aulas comecem o mais rapidamente possível.

Quem não berra não mama!

António da Cunha Duarte Justo

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ALUNOS PORTUGUESES DEITADOS AO ABANDONO

Falta de Professores
António Justo
O Governo português não está a cumprir o encargo constitucional que o obriga à defesa e promoção do Ensino de Português no Estrangeiro para filhos de emigrantes.

As cidades de Kassel, Bad Karlshafen, Bad Arolsen, e Diemelstadt Rhoden, na Alemanha, encontram-se desde o dia um de Março sem aulas de português.

Apesar das associações de pais terem alertado o Ministério da Educação e o Embaixador, já em 2007, para a situação vagante de professor a partir de Fevereiro de 2009, o ME, como de costume, encerrou-se no seu autismo habitual mantendo os portugueses numa expectativa de súbditos, que não de cidadãos.

Este não é um caso isolado. O problema do ensino é um quebra-cabeças em muitas comunidades de emigrantes pelo mundo. Lisboa não toma a sério, nem os portugueses nem as suas estruturas nas embaixadas. De facto, a Coordenação-Geral do Ensino da Embaixada de Portugal na Alemanha já tinha feito uma proposta de ser colocadas a concurso as referidas cidades.

Temos uma classe política de ingratos que teima em viver à custa do povo trabalhador. Os emigrantes continuam a enviar 8 milhões de euros por dia para Portugal impedindo assim, juntamente com os apoios financeiros da União Europeia, que Portugal vá à falência.

Desde 1998 o ensino de Português no estrangeiro tem piorado, limitando-se à miséria administrativa mais preocupada em servir partidos e governos do que em encontrar soluções para os problemas dos portugueses.

Os portugueses a viver na Alemanha não querem perder a sua identidade cultural, por isso sofrem ao ver em casa os filhos que antes frequentavam assiduamente e com interesse as aulas de língua e cultura portuguesas. É preciso manter o bilinguismo não chegando uma desculpa política, de mau pagador, da integração.

As associações de pais sentem-se impotentes e sem fala perante políticos tão alheios à realidade e aos interesses da nação portuguesa e dos portugueses sempre mais castigados pelos governos.

Se é verdade, como dizia João Paulo II, que “a nação existe pela cultura e para a cultura” não chega o subterfúgio duma política de ensino desmotivadora em vigor, com programas virtuais, exames “ad-hoc” e ideias peregrinas desculpadoras de políticos que mais parecem mercenários do que representantes dum povo e duma cultura.

Os alunos luso-descendentes e, em especial, os pais, querem o português como uma língua de referência, querem continuar numa situação de bilingues.

Os alunos encontram-se inseridos em dois grupos sociais distintos que os levam a ter uma prevalência psicológica pelo registo português e pelo registo de língua ambiente, sendo o professor um alto modelo de identificação.

Esperamos que no dia 24 de Agosto, começo do novo ano lectivo em Hessen, as crianças venham a ter aulas. Para o ano lectivo 2900/2010 a Coordenao Geral do Ensino incluiu as referidas localidade na rede de ensino com um horário de 17 horas (15 lectivas e 2 para deslocações).

António da Cunha Duarte Justo

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DESTRUIÇÃO IRREVERSÍVEL DE POVOAÇÕES

A 32 – Ruína da Branca – Um Exemplo entre Outros
António Justo
Numa altura em que estados desenvolvidos procuram desviar o trânsito das populações o Estado português teima em construir auto-estradas através de vilas, aldeias e pequenas cidades sem consideração por população, ecologia, paisagem, património histórico, etc.

A Irracionalidade dum Projecto
O litoral, já bastante bem servido de auto-estradas, vê estas aumentar sem qualquer compensação para o interior do país, deitado ao abandono. De facto, no Litoral, paralelamente à projectada A 32 já passam, num espaço de cerca de 10 km, a A 1 e a A 17. O que faltam são auto-estradas no mesmo sentido (N-S) nas regiões do interior e traçados de ligação às já existentes no sentido Este-Oeste. A A 32 seria um investimento no futuro se fosse desviada, para leste, pelo menos dez ou 20 quilómetros.

A poente da EN1 havia um projecto previsto já há 20 anos e que agora é alterado pela alternativa bárbara de passagem pela Branca, vila pacata de 6.000 habitantes. Esta alternativa vem destruir o que a Branca tem de melhor a nível paisagístico e histórico com um impacto ambiental irrespnsável, destruindo zonas ecológicas e recursos hídricos (35 nascentes de água e poluição das minas de água), o Monte de São Julião e sua Estacão Arqueológica; o trajecto projectado iria ter um viaduto com um quilómetro empoleirado por cima de casas, atravessando a população e indo impedir o desenvolvimento da Zona Industrial de Albergaria-a-Velha, tal como refere AURANCA (Associação do Ambiente e Património da Branca). Esta alternastiva ainda se torna mais onerosa para o erário público. Auranca, vê neste traçado a “destruição irreversível da Vila da Branca”. Dado esta alternativa ser duma irracionalidade que brada aos céus Auranca ainda confia na inteligência dos políticos e da EP.
É revoltante ver-se a irresponsabilidade e autismo de projectistas, políticos e grupos económicos, que sem princípios nem responsabilidade, fazem passar um monstro de poluição sonora e ambiental, por cima duma encosta, a sala de visitas da Branca, destruindo a sua identidade física, geográfica e social. Esta alternativa destrói o futuro de populações e vilas que cresceram naturalmente num abraço entre povo e natureza. Esta alternativa da A 32 seria um aborto da inteligência política centralista e distante, a impedir-se por todos os meios.

Possíveis medidas a tomar
Para impedir a aberração do trajecto projectado serão necessárias iniciativas múltiplas. Se o Governo continuar de ouvidos moucos serão necessárias: acções prévias, tal como aconteceu em São João da Madeira, com bloqueios e acções de protesto público mais eficientes; acções políticas a nível nacional e de Bruxelas; acções jurídicas impedidoras da efectivação do projecto; e acções jurídicas posteriores, a nível Europeu, para efeitos de indemnização dos lesados.

Para haver sucesso na iniciativa contra o troço de auto-estrada projectada seria necessário actuar paralelamente com intervenções públicas e com uma acção em tribunal.

Nesse sentido seria preciso verificar se e quando foi feita uma “Providência Cautelar” para efeitos suspensivos.

Mais eficiente seria uma acção comum (processo) dos lesados e / ou prejudicados, ou uma acção de alguma associação, grupo ecológico, etc.

É sempre possível intentar acção em tribunal enquanto a auto-estrada não estiver construída. Depois também é possível para o caso de indemnizações.

É possível intentar-se um processo de responsabilidade Civil e / ou administrativa. Para isso seria importante a recolha de factos (proximidade, barulho, zonas protegidas, casas próximas, argumentos ecológicos, históricos, etc.); fazer-se o levantamento de pessoas lesadas e expropriadas para se reunir o maior grupo possível por causa das custas de tribunal. Uma acção em tribunal ficaria por cerca de 6.000 euros. Uma acção posterior no Tribunal europeu dos direitos humanos ficaria mais cara atendendo a que, para o facto, serem necessários dois advogados que teriam de se deslocar ao tribunal europeu, isto para o caso de indemnizações.

Além das pessoas expropriadas há também pessoas indirectamente envolvidas no caso devido à desvalorização dos terrenos e das casas. Casas e terrenos diminuem certamente o seu valor até um mínimo de 50%, afastando possíveis interessados. A classe média e alta não se sujeita a viver junto a auto-estradas e a carenciada precisa de quem a defenda!

Segundo o parecer dum advogado e professor de direito da universidade, poder-se-á conseguir vencer as acções com custos reduzidos desde que tenham um número mínimo de lesados, no mínimo 10, para a despesa ser bastante inferior a mil euros per capita. Para além disso, pode requerer-se uma indemnização compensatória das despesas ocorridas, e por danos morais e patrimoniais. Um advogado constituído das partes, submeteria imediatamente uma providência cautelar isto é uma acção judicial rápida, seguida de um processo civil na devida forma, e, provavelmente também um processo de direito administrativo; posteriormente, uma acção contra o Estado Português, com informação concomitante à Comissão da União Europeia no Serviço Jurídico da Direcção-geral do Ambiente em Bruxelas.

Também seria feita uma acção política junta aos parlamentares e outros órgãos políticos nacionais, incluindo o Provedor de Justiça português e o comunitário.

Atendendo a que o Direito do Ambiente faz parte dos direitos fundamentais previstos no primeiro capítulo da Constituição Portuguesa, será importante intentar acção no Tribunal Constitucional Português por haver violação do Direito Português do Ambiente, artigo 9 e seguintes da Constituição Portuguesa.

Finalmente, a nível da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, cujo tribunal permanente está sedeado em Estrasburgo, esta seria a ultima ratio e com êxito, porque existe jurisprudência nos casos idênticos, particularmente contra o Reino Unido.

A alternativa do traçado em causa foi feita sem ter em apreciação as condições prévias sérias, sendo contra a razão económica e sem ter em conta a realidade da situação e as necessidades reais da nação e das populações.

O “establishment democrático” do quero, posso e mando precisa de correcção e de ser domesticado, urgindo para isso o surgir duma vontade cívica consciente e decidida a actuar no sentido do povo, da terra e da nação.

António da Cunha Duarte Justo
a.c.justo@unitybox.de

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