A EU privatiza as Fontes da Vida para as colocar ao Serviço de Multinacionais internacionais
António Justo
Os dinos da economia mundial que abusaram da exploração industrial e tecnológica, para manterem povos na dependência, querem-se servir agora da política (União Europeia) para assegurarem os direitos de propriedade sobre as sementes.
Na Internet encontra-se um pedido de assinaturas contra os gigantes da biotecnologia e dos transgénicos que querem assegurar para si o monopólio da comercialização de sementes, através da lei. A manipulação biológica quer ver o caminho aberto para o negócio; dos lucros de alguns sempre se esperam alguns efeitos colaterais positivos para a sociedade. É um facto que, tal como acontece com a especulação com o petróleo, a política, na mira de mais impostos, antevê grandes ganhos ao submeter os alimentos e as fontes da vida à especulação.
Os dinossáurios (Monsanto, Syngenta e outros) procuram, através de leis feitas por uma política contra o povo e a favor das grandes multinacionais, alargar também à Europa os seus tentáculos polvo, para assegurarem os lucros do futuro nos produtos agrícolas. Um turbocapitalismo insaciável, sem ética nem moral, não olha a meios para se afirmar. Por todo o lado encontra governos em sentido batendo-lhes a pala.
Uma Directiva Europeia a ser aprovada a 18.04 por Bruxelas cede a monopolistas grande parte das sementes que o agricultor antes lançava à terra sem ter de pagar direitos de patente. A política legitimará, através de lei, o roubo de alguns à natureza. Confere-lhes direitos sobre grande parte das sementes pondo nas mãos de especuladores o direito à venda anual das mesmas. Queremos a vida ao serviço da vida e não reduzida a negócio de alguns. Tais direitos privados deveriam ser boicotados pelos interesses dos Estados dispostos a defender os interesses do bem-comum. A Directoria não pode ser ratificada pelos Estados membros que ainda tenham um pouco de respeito pelo povo e que queiram impedir uma política fomentadora dos latifundiários europeus altamente subvencionados contra os produtos agrícolas do terceiro mundo e contra os pequenos agricultores.
É inadmissível que a base da alimentação se torne propriedade de multinacionais sem escrúpulo. A biotecnologia, uma grande esperança, especialmente para países secos e pobres, ao entrar nos mecanismos da especulação, torna-se ao mesmo tempo na sua ameaça.
A política não tem legitimação para pôr nas mãos de privados o que pertenceria por direito natural ao povo. A patente da vida é divina (natural) e como tal propriedade comum, não alienável em favor de interesses privados. A lei do lucro e do mercado deveria ser tabu para bens essenciais à vida.
É óbvio que a defesa da biodiversidade seja declarada na Constituição de cada nação como património nacional e mundial. Os partidos continuam a andar atrás do acontecimento enquanto o povo não acordar!
É de lamentar mais este passo na realização da sociedade Orwell; mais um passo no controlo do povo e da mente!
António da Cunha Duarte Justo