A Economia Nacionalista e a Europa dos Patriotas – – – 2007-01-30
Caríssimo Dr. António Justo,
Mais uma vez, teve a generosidade de nos brindar com um lúcido e brilhante apontamento, oportuno e actual, que nos convida a uma meditação e reflexão profundas. Não só o li atentamente, como, também, os dois comentários que se lhe seguem, que eu aplaudo sem reservas.
Pessoalmente, estou à vontade para falar da “dita” Democracia em que vivemos, não só na Europa como na América do Sul.
Como, também, já fui político de primeira linha em Portugal, e arrepiei caminho, a tempo e horas, por discordar e me recusar frontalmente a viver e a alimentar todo um mundo (leia-se: político, económico e social) caracterizado pela mentira, pelo ódio, pela inveja, pela hipocrisia e pelo cinismo…
Infelizmente, as pessoas ( os seguidistas partidários ) na cegueira de alcondorarem um lugar ao sol, nem se importa de servirem de escadotes para outros continuarem a subir e a consolidar as suas posições. A isto, que é, infelizmente, o mais frequente, eu chamo de oportunismo político, porque chegada a oportunidade nem têm o menor pejo de dar uma facada pelas costas e trair: Tudo em nome do bem comum, da Liberdade e da Democracia.
Seria bem interessante, fazer-se uma incursão aos bastidores das actividades (política e partidária) desenvolvida por alguns políticos, seja qual for o quadrante dito ideológico em que se situem,para melhor comparar o que eram antes, o que fizeram e, sobretudo, no que se tornaram depois.
Quais os interesses iniciais e quais os interesses depois… Muito haveria por dizer… o que em nome do Bem Comum, da Democracia e da Liberdade (deles)foi feito e está a ser feito (e vilipendiado)!…
Uma coisa é certa, disso ninguém duvida.
Os ricos continuam, mais ou menos ricos, os pobres, esses continuam cada vez mais pobres, e os novos ricos, que parasitam à custa dos ricos iniciais e dos pobres, cada vez estão mais e sôfregamente ricos!
Em nome de que valores morais e materiais?
Em nome de que interesses inconfessáveis?
Só a título de exemplo, veja-se o cinismo, a hipocrisia e a mentira que reinam em Portugal, com o actual governo… Mas, se olharmos, também, para a América do Sul, onde todos parecem andar deslumbrados, mas desatentos à evolução dos objectivos e realidades inconfessáveis, está a caminhar a passos largos para a criação de uma nova União de cariz totalitária, tendo como motores Hugo Chavez, da Venezuela, um fantoche a anunciar a sua perpetuação no poder, a intensificar a perseguição aos que não concordam e não seguem e não só, e Evo Morales, da Bolívia, com as suas nacionalizações estapafúrdias, oportunistas e incensatas a empurrar o país não se sabe bem para onde, não contando ainda com outros países alinhados uns e indecisos e expectantes outros.
É bom que não esqueçamos que já estamos a caminhar, decisivamente, para o final da era CUBA, sempre muito revolucionária mas que gostaria também de ser capitalista, e, como tal, há que revitalizar e alargar a área de influência e de interacção, face aos Estados Unidos conduzidos por um louco à solta, a concluir o que o pai não teve tempo e oportunidade de fazer…
Enfim, tudo isto em nome do Bem Comum, da Liberdade e da Democracia, mas com filosofias e conceitos antagónicos…
Onde está o centro da VERDADE?
Para uns o que é vermelho, com o mesmo nome, para outros é rosa, é laranja, é azul, é amarelo ou um mesclado de várias cores, enquanto outros, ainda, proclamam que, “de o preto não me comprometo”!…
Assim vai o Mundo em que vivemos!…
Quanto às economias mundiais, à globalização e à mundialização dos mercados, vamos de mal a pior.
Todas, com maior ou menor intensidade, já entraram na GLOBALIZAÇÃO. Os mercados já estão mundializados ou em vias de mundialização. Portanto, enquanto não surgir outra moda, esta é a que temos, e não há nada a fazer!
É a escravatura do século XXI!
É o tempo, em que já só nos satisfazemos com as migalhas que vão caindo das mesas dos novos ricos, depois de, após mais uma refeição, sacudidas as toalhas!…
Todavia, há uma personalidade, para uns controversa para outros aclamada, que dá pelo nome de Luís Inácio Lula da Silva, o actual e reeleito Presidente da República Federativa do Brasil, que não se cansa de apregoar pelos grandes areópagos internacionais a GLOBALIZAÇÃO SOCIAL, mas que parece ninguém dar ouvidos, embora abanando a cabeça que sim…
Todavia, em meu entender, salvo melhor opinião, o Mundo deveria evoluir, isso sim, para uma Nova Ordem Mundial (política, económica, social e cultural),inclusive com a mudança radical de protagonistas e de actores, porque esses que ainda estão e persistem em manter-se na crista da onda, já provaram que, de uma maneira ou de outra, não passaram, não passam de meros fantoches, a parasitarem à custa da Humanidade…
Inclusive, quando nos seus próprios países não conseguiram, não conseguem, operar as mudanças políticas, económicas, sociais e culturais, como poderão ter capacidade e visão para promoverem a mudança no Mundo?
E, hoje, chegámos ao estado de coisas em que nos encontramos, sem novas lideranças fortes, carismáticas, credíveis, coerentes e honestas, porque, efectivamente, ao longo de tantos e tantos anos, foi subraída, com muita habilidade, paciência e perseverança, às grandes massas de povos a nível mundial, uma EDUCAÇÃO com isenção, com transparência e, sobretudo, com honestidade intelectual, e não, como se verifica, e tem verificado, orientada para o desenvolvimento e consolidação de interesses político-económicos onde o social não passa, não tem passado de um mero paliativo, um ópio para não deixar morrer a esperança e a fé dos mais pobres e necessitados.
Quando tive a oportunidade de estudar Ciência Política, entre outras coisas, aprendi que O PODER POLíTICO TEM A SUPREMACIA SOBRE O PODER ECONÓMICO, ou seja, O PODER ECONÓMICO TEM QUE SE SUBORDINAR AO PODER POLÍTICO!
Até parece ser uma verdade insofismável, mas que, na realidade, nos tempos que correm, é uma MENTIRA MONSTRUOSA!
Hoje,qualquer que seja a Nação ou a Economia, é o PODER ECONÓMICO QUE EXERCE A SUPREMACIA SOBRE O PODER POLÍTCO.
Por outras palavras:O poder político é comandado à distância pelo poder económico, enquanto o poder político vai “parasitando” à custa do próprio poder económico e do povo que o elegeu, colhendo benefício de ambos e não só!…
Quando se chega a este ponto, qualquer que seja a Nação ou a Economia, inexoravelmente, mais cedo ou mais tarde, terá que entrar em rota de colisão. E, chegados a essa situação, não há NACIONALISMOS NEM PATRITISMOS que possam resistir – É a RUPTURA, pura e simples, dos sistemas político e económico que prevalecem!
E assim nascem as revoluções! Umas, com as armas apontadas para os trabalhadores. Outras, com as armas apontadas para o capital. E, outras ainda, com um ingénuo cravo na boca de chama de uma qualquer metralhadora ou G3!(O que, em linguagem revolucionária, significa dizer: nem é carne nem é peixe, e até poderá ser oportunismo…).
E, quando nos deparamos com o mundo dividido em matéria de Fé, no meio de toda esta encruzilhada, qual é o papel a assumir pela Igreja Católica ?..
Como diria o outro, E AGORA JOSÉ?…
Embora, tenha a percepção de que já nada poderei fazer para mudar o mundo, muito menos alguma vez tivesse tido essa veleidade, pelo menos, como ESCREVER É LUTAR!, vou continuando com as minhas prosas, porque enquanto LUTAR estou VIVENDO e RESPIRANDO.
Bem Haja, Professor António Cunha, pela oportunidade que nos dá de pararmos uns momentos para reflectirmos sobre tudo quanto nos rodeia, que nos passa ao lado, mas que é de importância vital para os nos destinos, sejam eles individuais e/ou colectivos.
Paulo M. A. Martins
Jornalista
Fortaleza (CE) – Brasil
Paulo M. A. Martins
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