O NOVO PRESÉPIO !

“Apresento-vos o novo presépio de Natal! Mais inclusivo e laico, como o nosso governo ordena. Já não contém animais para evitar maus tratos a estes e para agradar ao PAN. Já não contém Maria, porque as femininistas acham que a imagem da mulher não pode ser explorada. A do carpinteiro José, tão pouco, porque o sindicato da CGTP IN não autoriza. O Menino Jesus, foi retirado, porque ainda não escolheu o género, se vai ser menino, menina, ou outro. Já não contém Reis Magos, porque podem ser migrantes e um deles é negro (descriminação racial, xenófoba). Também já não contém um anjo, para não ofender os ateus, muçulmanos e outras crenças religiosas. Por último, suprimimos a palha, por causa do risco de incêndios e por não corresponder à Norma Europeia NF X 08-070. Ficou só a cabana, feita de madeira reciclada de florestas que respeitam as Normas Ambientais ISO 1432453425422. Já agora, tenha um Natal de merda, para aproveitarmos a dita para biomassa e gerarmos energia sustentável e proteger o nosso planeta.”
Texto que me chegou via Internet sem referência de autor. Esta é certamente a visão sínica de algum artista, mas a apontar para a realidade de ideologias vigentes que pelo exagero que expressam permitem exageros também!.

DESENVOLVIMENTO É MUDANÇA E NÃO APENAS PROGRESSO!

“Muitos queixam-se que os tempos são maus. Mas lembrai-vos que os tempos sois vós: mudai e os tempos serão bons”, lembrava Santo Agostinho no século IV e V!

O pensar politicamente correcto instiga-nos a adaptar-nos aos tempos no sentido do progresso exterior; para progresso se tornar verdadeiro desenvolvimento teria de ter em conta a vertente interior e exterior da pessoa; tratar-se-ia de ir mudando os tempos mudando-nos doutro modo resta-nos o papel de carpideiras. O progresso tecnológico e económico é bom, mas sozinho amarra-nos ao jacto do tempo dificultando-nos a capacidade de nos tornarmos nós mesmos, de maneira a termos a supervisão sobre nós e sobre o que à volta nos determina. O espírito do tempo, fruto de circunstâncias determinantes, quer-nos escravos, quer reduzir-nos a meros produtos do tempo (modernos!) para sermos mais fáceis de gerir e governar! Importante é tentar ver não só através dos outros nem só através de nós mesmos.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

REFLEXÃO SOBRE  A CELEBRAÇÃO DA VIRGEM MARIA NO 8 DE DEZEMBRO

Maria a Deusa encoberta do Cristianismo

No 8 de Dezembro a Igreja católica festeja Maria que concebe sem intervenção sexual; a Igreja quer deste modo convidar as pessoas a reflectirem sobre uma Realidade que não conte apenas com a biologia e o método do pensamento lógico linear. O fulcro da questão é:” nascido da Virgem Maria …”

A imaculada conceição recorda o princípio, onde tudo era original e inocente, e ao mesmo tempo a percepção de um mundo feito de “bem” e “mal” que não nos deve deixar indiferentes nem irresponsáveis no projecto comum de darmos continuidade à criação.

O aspecto alegórico do acontecimento aponta para o Jesus que deve renascer em cada humano, isto é, para o lugar onde Deus se revela, ao tornar-se presépio: o laboratório divino de todo o ser humano irmanado na qualidade de filho de Deus.

Maria, através da fé, torna-se a terra sagrada capaz de dar à luz o divino. E no filho Jesus Cristo compatibiliza-se de maneira integral o humano e o divino, o espiritual e o material, tornando-se também ele nosso fim, protótipo e modelo. Isto tem implicações que só a mística e a nova física poderão ajudar a intuir no sentido de criar uma nova visão mental pois trata-se da vereda de uma realidade de origem espiritual a caminho de uma meta espiritual num processo de relação interactiva de espírito e matéria/mente. Pressupõe a passagem de uma visão mono-causal para uma visão a-perspectiva e pluridimensional! (A física quântica já mostra a interação da matéria e da energia de maneira a a mente subjectiva poder mudar o mundo físico. Segundo ela “pode-se “reduzir” a matéria, de forma subjectiva e no domínio do abstracto, até à consciência – causa da “intelectualidade” da matéria”).

No nascido da Virgem Maria, em Jesus Cristo, reconhece-se o novo começo da humanidade como oferta divina gratuita e com isto a primazia do transcendente (do Espiritual) na Natureza. A “cheia de graça” dá à Luz (sem o pecado original) o novo Adão da humanidade.

Teologicamente, a concepção virginal de Maria é uma verdade “de fide”e quanto à virgindade no parto é uma “sententia certa” (1) da igreja. Como vivemos numa sociedade neopagã, de formatação materialista e utilitarista, com pouca tolerância para a poesia e para o espiritual, tudo isto se torna enigmático e é por muitos reduzido a “mito”. 

A virgindade aponta para o reino de Deus. A Virgem Maria é o testemunho da diferença “contra os ídolos escravizantes do homem moderno” (2) que querem fazer do sexo o paraíso solucionador de todos os problemas sociais e humanos. Uma sociedade cada vez mais infiel ao seu passado reduz a virgindade a mero tabu sem perceber o que ela simboliza nem o que ela tem a dizer à sociedade actual. Na virgindade o valor do feminino é independentizado e isentado da condição de ser mero anexo do masculino.

Leonard Boff: “ A virgindade cristã é maternal, gera filhos para o Reino” e deste modo exorta-nos a transcendermos as amarras do aqui e agora e a seguirmos uma castidade interior. Em Maria tornam-se visíveis os traços maternais de Deus! Em Maria se encontra a deusa encoberta do cristianismo.

O prazer sexual é a recompensa que a natureza nos dá para lhe dar continuidade e desenvolvimento, na afirmação da vida que é por natureza relação; prazer por puro prazer morreria no indivíduo sem deixar pegadas de Deus nem da vida humana na natureza/criação. A missão é, cada um a seu modo, possibilitar futuro para a natureza e para a humanidade. Tal como o Sol estimula a natureza ao desenvolvimento também o espírito estimula o ser humano a uma visão sustentável, a não fixar o seu fim/meta na sepultura.

O testemunho celibatário não é algo contra a sexualidade, mas sim uma outra forma de vida também ela afectuosa que pretende testemunhar a relação não limitada a uma relação binária mas trinitária que transcende um mundo estreito de visão meramente causal; cristologicamente falando, a missão mais profunda de cada pessoa é dar à luz (encarnar) Jesus Cristo e assim não se deixar submeter ao meramente sexual.

Por outro lado, há que estar-se atento porque a fixação na culpa e no pecado beneficia sociologicamente o agir dos poderosos.

Maria merece ser abordada para além de modas, de crenças, de tabus e de erotismos; ela mantém a sua característica original, facto este que lhe dá sustentabilidade. Em vez de nos fixarmos na perspectiva meramente racional e materialista sobre a Virgindade corporal biológica de Maria, torna-se importante possibilitar novas formas de análise e de abordagem da própria perspectiva, de maneira a incluirmos novos versos, ao nosso universo mental. Para isso torna-se necessário aceitar vários modos de abordar a realidade de maneira a não limitar tudo ao pensamento lógico linear.

Reduzir a Realidade ao real percepcionado ou ao conhecido corresponderia a reduzir o universo ao sistema solar. Trata-se de não reduzir o sentido da vida só ao caminho porque o caminhante e a caminhada transcendem o caminho. A abertura ao mistério e ao desconhecido é o melhor meio de superar o desconhecimento e o preconceito, seja na afirmação, seja na negação. A fé e a esperança são os raios de sol que nos erguem a cabeça para vermos mais além.

António CD Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

(1) Na hierarquia das verdades cristãs, “Sententia certa” é uma verdade que está internamente ligada a uma verdade revelada (https://de.wikipedia.org/wiki/Gewissheitsgrade_der_Dogmatik )

(2) (file:///C:/Users/Antonio/Downloads/lepidus,+A+virgindade+de+Maria+-+RET4+-+p.12-16.pdf )

A GRANDE TAREFA DE DESMASCULINIZAR A INSTITUIÇÃO ECLESIAL E A SOCIEDADE CIVIL

Igreja procura o Equilíbrio do Princípio Feminino com o Princípio Masculino

A sociedade hodierna movimenta-se numa época histórico-política mais masculinizante do que qualquer outra, apesar de alguma contestante música de acompanhamento e de alguns esforços da sociedade por integrar a mulher na matriz social masculina. No discurso e na vida social o carácter mental tornou-se tão absorvedor e abrangente que reprime a alma da pessoa e da sociedade!

O Papa Francisco quer dar resposta aos sinais dos novos tempos e por isso chama a atenção da Igreja para a feminilidade com uma correspondente forma de pensar mais mística (1). O tradicional princípio petrino (com a demasiada acentuação do caracter institucional eclesial) deve dar espaço relevante ao Princípio Mariano (feminino e maternal). Sim, porque Deus é povo, apesar dos Olimpos distantes que se procuram afirmar e estabelecer sobre o povo e a grande aldeia!

Independentemente de excessos e abusos, a Igreja peregrina é garante e testemunho da feminilidade através da História, apesar da sua organização masculina.

O Conselho dos Cardeais (2), está reunido no Vaticano com o Papa desde ontem 04.12.2023 para refletir sobre o papel da mulher na Igreja, segundo informou o Vatican.news/InfoCatólica.

O pontífice está empenhado em desmasculinizar a instituição eclesial. Neste sentido o Papa  afirma que “a Igreja é mulher” e que “um dos grandes pecados que cometemos foi masculinizar a igreja”. Reconhece, porém, que o problema “não é resolvido por meios ministeriais”, mas sim “por meios místicos, por meios reais”. Neste sentido inverte a pirâmide, o que poderá ser também um prenúncio do fortalecimento das igrejas locais.

Francisco adianta que “o princípio mariano é mais importante que o princípio petrino, porque existe a Igreja esposa, a Igreja mulher”.

De facto, a Instituição eclesial, à imagem da sociedade em que se encontra incardinada, adotou em grande parte o princípio da afirmação institucional secular (da governação) sobre o do povo, favorecendo também ela o princípio da masculinidade em detrimento do princípio da feminilidade.

Francisco esforça-se por criar na instituição eclesial estruturas inclusivas de coração e mente.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Urge implementar o pensamento místico; só ele conseguirá dar resposta aos problemas num mundo onde se delineia uma mentalidade na nova física que superou o pensar dualista tal como a mística: https://antonio-justo.eu/?p=8580

(2) O Conselho dos Cardeais, , novo C9,  cuja tarefa é auxiliar o Papa no governo da Igreja universal é composto pelos Cardeais Pietro Parolin, Secretário de Estado; Fernando Vérgez Alzaga, Presidente da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano e do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano; Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa; Oswald Gracias, Arcebispo de Bombaim; Seán Patrick O’Malley, arcebispo de Boston; Juan José Omella Omella, arcebispo de Barcelona; Gérald Lacroix, arcebispo de Quebec; Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo; Sérgio da Rocha, arcebispo de San Salvador da Bahia. O secretário é Monsenhor Marco Mellino,

 

NOVAS ELEIÇÕES EM PORTUGAL A 10 DE MARÇO 2014

Uma Oportunidade para Portugal passar da Cepa torta?

No meu entender esta foi uma boa decisão do Presidente para não deixar margens para mais manobras partidárias.

Costa permanecerá como chefe de governo interino até ser substituído após as eleições. O Parlamento permanece operacional apenas até ao decreto formal do presidente de dissolução, que acontecerá depois de aprovar o orçamento de Estado e alguma outra lei importante.

Segundo informou a imprensa, Costa apresentou a sua demissão ao Presidente depois de a polícia ter revistado a sua residência e a de outros políticos e empresários do governo.

O Presidente Rebelo de Sousa ordenou novas eleições para 10 de março. Só seria de esperar que esta não fosse mais uma estratégia de forças detentoras do Estado para tentarem fugir ao julgamento do cidadão; esta suposição é legítima num país onde a esquerda (PS) tem ocupado todos os lugares relevantes do Estado com a comparticipação de partidos da oposição, pertencentes ao arco do poder também eles mais ou menos comprometidos ou coniventes com a corrupção  por interesses pessoais.

Passo a citar um documento que me chegou às mãos sem que reconhecesse a fonte, mas pela evidência e sobriedade da apresentação oferece dados que obrigariam a repensarmos em termos de Estado: “António Costa demite-se do Governo e deixa: – A maior carga fiscal de sempre: 36,4% do PIB – A maior dívida pública de sempre: 276 mil milhões de euros – O maior número de portugueses sem médico de família de sempre: 1,7 milhões de portugueses – 42,5% dos portugueses em risco de pobreza antes de transferências sociais – O menor número de processos findos nos tribunais portugueses desde 1985: 524 mil (com exceção de 2020, ano de maior impacto da pandemia) – O ano de menor acesso dos cidadãos à justiça desde 1979: 484 mil processos entrados nos tribunais portugueses – O pior mês da história do Serviço Nacional de Saúde, nas palavras do próprio Governo – 583 mil utentes em lista de espera para consultas – 235 mil inscritos em lista de espera para cirurgias – 32% dos utentes a serem atendidos para lá do tempo recomendado´ – Médicos e enfermeiros em guerra – Professores e auxiliares em guerra – Forças Armadas em processo de falência e com níveis operacionais em risco – Crise total na habitação, impossibilidade de os portugueses conseguirem casa para morar´ – A própria Economia a começar a definhar, o último trimestre já foi de contração. Esta é uma fotografia real, com dados oficiais, de alguns dos mais importantes indicadores da sociedade que somos. É neste quadro que António Costa se demite.”

Agora os portugueses têm a oportunidade de durante os próximos quatro meses repensarem a maneira de estar do Estado português e em especial sobre a promiscuidade político-económica de muitos dos seus governantes e outras forças em que se apoiam.

A promiscuidade e o compadrio institucional é tanto – também na imprensa e TV – que já brada aos céus, mas seria necessária uma força sobre-humana do povo para poder remover do Estado e do país a gangrena que o tolhe.

Um regime político que transforma o seu povo em rebanho prescinde até de pastores porque a sua elite pode viver melhor na anonimidade, bastando-lhe, para isso, alimentar bem os seus cães de guarda.

António CD Justo

Pegadas do Tempo