Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã fez má Figura na China
As últimas visitas da França (Emmanuel Macron) e da Alemanha (Annalena Baerbock) à China são sintomáticas e expressão de dois polos europeus (nórdico e latino) que, no fundo, se contradizem, quando seria da sua natureza complementarem-se. De um lado Mácron e do outro lado a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros (1): o francês representando mais a diplomacia europeia foi recebido na China em festa e despedido honrosamente e a alemã mais representante dos anglo-americanos, foi recebida com distância e despedida sem sequer um aperto de mão, como se pode ver na conferência final de imprensa comum. A política alemã ao identificar-se com a política militar americana já não tem muito a dizer numa política mundial a delinear-se na multipolaridade. O fatal na questão não é tanto o problema alemão, mas o facto de com ele ser também arrastada a política europeia. Um vislumbre de esperança oferece a posição do presidente francês para a Europa que poderia levar os governantes europeus a deixarem de ser meros atrelados da visão anglo-saxónica.
A sobranceria do comportamento germânico repetidamente manifestada nas “aparições” da sua ministra Baerbock é descabida porque de facto, a Alemanha não tem força nem peso militar, perdeu a energia barata da Rússia e com isso a força económica, não tem conceito político próprio, tem uma cultura cada vez mais enfraquecida com o paulatino abandono do idealismo alemão em benefício da anglo-saxónica (2); na pessoa de Baerbock a Europa arvorou-se em juiz da China sem atender sequer aos bons costumes da diplomacia seguindo as pegadas da arrogância provinciana e teatral de Zilenskyl! Baerbock e com ela a Alemanha pouco tem a dizer aos chineses e menos ainda quando reduzida (pelo menos exteriormente) a mera embaixadora da atitude militar americana. A China sabe que a administração americana não respeita ninguém e por isso pode permitir-se não tomar a sério a representante da Alemanha.
No que toca à guerra entre os EUA/OTAN e a Federação Russa na Ucrânia, a China sabe também que a opinião pública europeia se encontra equivocada devido a uma comunicação social europeia profundamente comprometida com os interesses americanos e por isso mais interessada em induzir em erro do que interessada numa discussão pública objecctiva.
Em nome de uma crise que nós mesmos provocamos com o boicote económico sacudimos do próprio capote os males que encomendamos ao, desavergonhadamente, explicar-se o encarecimento da vida com a culpa de outros! Vamos esperando que esta loucura passe.
No meu entender, a China ao contrário dos EUA tem apostado na economia e numa relaç1bo económica interesseira mas séria com outros países e não na força militar como cuidam os EUA; por isso a China que se transformou em primeira potência económica mundial tem a melhor posição para se tornar numa verdadeira medianeira da paz! Na Ucrânia os sinos já tocam a finados para a despedida do século americano no mundo! A má informação europeia relativamente à guerra da OTAN e da Federação russa na Ucrânia não tem em consideração o desenvolvimento das nações a nível de blocos no mundo nem a geopolítica a jogar-se na Ucrânia que não considera os interesses vitais da Rússia na passagem para o Mar Negro, contencioso semelhante ao que se está a preparar no estreito de Taiwan (Formosa) devido aos interesses do Ocidente no estreito, como estrada comercial importantíssima onde passa 50% das mercadorias mundiais. Só uma política de paz poderá resolver de modo a respeitar os interesses da Federação russa numa região e os interesses ocidentais na outra. Doutro modo a seguir à guerra na Ucrânia teremos a guerra na Formosa.
António CD Justo
Pegadas do Tempo
(1) Com a passagem do poder da Chanceler Angela Merkel para Olaf Scholz a Alemanha consumou a traição do idealismo alemão iniciada em 9.11.1989 com a absorção da DDR na BRD (a). Em vez de se completar fazendo a síntese de socialismo e capitalismo a Alemanha unida adoptou o capitalismo liberal e a ideologia anglo-americana, contrariando o ideal da União Soviética que via na casa europeia a sua chance. Com a viragem militarista de Olaf Scholz em 2022 a Europa iniciou um capítulo que não promete futuro para a Europa. Brilha uma luz no fim do túnel ao pensarmos que a Europa do Sul com o presidente da França, Mácron, poderá ajudar a corrigir e a dar volta à roda da história.
(2) Cfr. meu Artigo „Wohin Deutschland? Der Verrat am deutschen Idealismus“ na revista „Gemeinsam“ Heft 6, März 1990.
Notas em: Pegadas do Tempo: https://antonio-justo.eu/?p=8462
Não é assim tão simples. As potências querem ser respeitadas e engrandecidas, mas impondo melhor ou pior os seus interesses. A Europa tem de ter o seu rumo firmado na cultura e na paz.
Aurora Martins Madaleno , sim, simples não será porque como primeiro pressuposto seria a existência de vontade política. Para as potências tudo se torna simples porque sabem afirmar-se à custa dos mais fracos e da falta de uma cosciência popular formada..
Análise interessante sustentada em factos. A Alemanha não tem políticos à altura no governo, mas já muito antes, há décadas que a Alemanha seguia com reverência o guião americano…auf höriger Art und Weise. H. Wehner e W. Brandt eram bem diferentes…
A Europa actualmente está governada por políticos medíocres.Vivi na Alemanha,42 anos,e claro assisti ao aparecimento do partido os verdes.Conhecia muitos amigos na altura que deixaram de votar no SPD,porque faziam um politica neo liberal,do partido da coligação FDP .Após o desaparecimento trágico dos dois principais fundadores,Dra.Petra Kelly,e General Bastian,apareceu o Fischer que a mando do francês alemão Daniel Cohn Bendit adoptaram para Realpolitik.O primeiro enriqueceu com as conferências,que recebia por cada uma,milhares de euros,e o segundo grande admirador das políticas do Sr.Macron.Portanto,passaram do FRIEDEN SCHAFFEN OHNE WAFFEN. PARA FRIEDEN SCHAFFEN MIT WAFFEN.Esta coligação semáforo é fraca,mas como sabemos a política externa alemã tem problemas quando está em jogo os interesses americanos.Termino com as palavras do falecido ministro dos negócios estrangeiros alemão,o l8beral Hans Dietrich Genscher que dizia o seguinte:Com a Rússia só funcionam as Conversações, Conversações e mais Conversações.Um abraço
,amigo António.
Isto mesmo falei hoje com o meu marido, andam sempre a arranjar algo e ultimamente coisas grandes no mundo foi o corona depois a ukraina e agora não ade tardar muito vai começar com Taiwan.
Ok . não foi só a ministra…foi a ministerial von de ladra…uma vergonha a representação europeia.
Vítor Lopes , na visita conjunta de Von der Leyen (EU) e do presidente francês Macron à China, Von der Leyen como representante da União Europeia foi simbólica e diplomaticamente posta na sombra de Macron (Von der Leyen tem-se transformado num altifalante dos Estados Unidos)! Quanto à visita da Ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Baerbock, realizada depois, foi mais notório o distanciamento da China perante a representante alemã.
Alemanha e Estados Unidos são os países aliados, não somente Alemanha maioria dos paises europeos são parceiros económicos, políticos e militares dos estados unidos. Eles não conhecem ou não querem balançear entre duas potências. Além disso, não importa-lhes o resultado tampouco. Isso nem serve para nada. Europa debe ter seu próprio posicionamento na esfera global que eles não têm.
FB
Khushveer Singh, sim, os EUA não gostaram da ideia da construcção da casa europeia sugerida por Gorbatschev e boicotaram toda a tentativa alemã de intensificarem as relações económicas e políticas entre a Rússia e a China. A Alemanha como nação vencida da grande guerra não tem liberdade total de se desenvolver militarmente. Em vez disso tem as 20 bases militares americanas em território alemão. Se a Europa tivesse uma posição própria no jogo geopolítico poderia contribuir para maior moderação na luta entre a zona capitalista e a zona socialista.
Claro que se me afigura que continuas anti-Americano e anti-Europeu, quando afirmas que a invasão da Ucrânia pela Russia se reduz a um confronto entre os EUA/OTAN contra a Federação Russa ! E… assim fazes propaganda do ditador PUTIN , pois que é essa a sua posição. Então os valores clássicos da Grécia e até da antiga Roma, para não falar dos valores judaico-cristãos, deixaram de ter valor?! Até deduzes (concluis) que a CHINA comunista é que tem razão quando defende que a opinião pública Europeia, nela abrangendo a imprensa livre, defende os interesses americanos !! E ,na mesma lógica, também concluis que a China também sabe que EUA e Alemanha é tudo da mesma cepa !
Vamos lá …recordo os teus elogios à antiga Chanceler, Angela Merkel, e à Alemanha e… agora inverteste a posição ! Será pelo facto daquela chanceler ter entregue o futuro da Europa à Russia, com a dependência total das Russia do ponto de vista energético !? Não há inocentes na política externa dos Países e dos governantes, há compromissos, alguns secretos !
O Presidente da França Macron que tanto elogias, apostou, quando tomou posse, no chamado Eixo ( político) Franco/Alemão e…vendo o erro em que caiu, levado por Angela Merkel, tenta à revelia da UE e da Alemanha, logicamente, liderar uma nova Europa contra os EUA! Só que a França deixou ter condições de liderar seja o que for. O CAOS instalado há meses por toda a França, provocado pelos pobres e novos emigrantes islâmicos, são a prova de que a França, como o resto da Europa, adormeceu há muito , num certo bem-estar insustentável e os seus aviões MIRAGE e os seus porta-aviões (Clemenceau e outros) foram vendidos à China como sucata…O PODER afunda-se com a economia e com a desordem, meu caro Justo!
Neste contexto, a CHINA que aproveitou a sua obra barata para seduzir a Europa e até os EUA e provocou a sua desindustrialização, para enriquecer, tenta agora aproveitar a aventura russa, na Ucrânia, para derrubar a liderança OCIDENTAL, substituir o dólar, por outra moeda qualquer, e substituir os seus valores, para facilmente dominar o MUNDO!!!
O caminho certo para a Europa passa por corrigir os erros e fortalecer a UE , aproveitando os novos membros do Leste, industrializar-se de novo, combater a demagogia , fomentar a EDUCAÇÂO E A INVESTIGAÇÃO, evitar as teorias do “género”, limitar o poder das minorias e assegurar o bem-estar dos seus povos. Como?! Por exemplo, impedindo a invasão indiscriminada dos emigrantes não qualificados que são a causa imediata do decréscimo dos PIBs na Europa, sem rei nem roque e envolta em falsos humanismos …
Pano para mangas, caro amigo Justo ! Baixemos à Terra e olhemos para o futuro…O presente já não é!
Um abraço
Claro que não sou anti americano, nem anti-russo nem muito menos anti-europeu. Por ser pro-europeu sofro por ver a guerra na Ucrânia entre a Federação Russa e a OTAN/EUA e tanta vítima de todos os lados. A Ucrânia e uma boa parte da Rússia são Europa.
Alegra-me ver uma posição discordante e que acho paralela à minha, dado a minha ter apenas como objectivo reflectir sobre o assunto dado a posição dos nossos media ser igual ao pensamento público.
Não mudei de posição em relação a Ângela Merkel (sempre critiquei a sua política de imigração e o ter feito sem sequer ter avisado os parceiros europeus). Penso que Merkel será uma estadista que, passado o tsunami político-social em que estamos a viver, voltará a ser reconhecida como uma alemã de grande visão europeia na continuação de Helmut Kohl (penso que Merkel está a ser abusada no sentido de justificar o militarismo em voga). Com o fim da era Merkel a Alemanha mudou de rumo sendo agora dirigida por uma política de esquerda empenhada em enfraquecer o cristianismo nas instituições e a fortalecer o engodo da ideologia do género, da “apropriação cultural”, do fortalecimento islâmico na Alemanha, da ideologização sobre o racismo, etc. e tudo isto à custa do bem-estar do povo. Não amigo, não mudei de opinião, a política alemã é que mudou radicalmente abandonando uma política responsável no sentido de uma Europa integral para agora se entregar ao sector militarista e às ondas das ideologias.
A hegemonia do Dólar já estava em discurso muitíssimo antes da Guerra na Ucrânia (Lembre-se um dos porquês da invasão do Iraque); o bloqueio económico à Federação russa é que motivou a formação dos BRICS e países não alinhados o que virá a ter consequências muito duras para os EUA e indirectamente também para nós. Mas deixemo-nos surpreender!
A propósito, o que me motivou a escrever o artigo referente a Baerbock, foi o ter observado que nos noticiários que nos dirigem, por razões óbvias, não terem feito referência ao mau desfecho da conferência de imprensa em Pequim.
Como deves ter notado, ao lado dos meus artigos políticos talvez provocantes encontras outros artigos que procuram enquadrar o sector da política e da economia com reflexões muito próprias (e como tal só valem o que valem!) e sempre com a preocupação de tentar ver as coisas um pouco mais de longe, fiz acompanhar o artigo “Ministra dos Negócios Estrangeiros alemã fez má Figura na China!” pelo texto de reflexão “Atualidade da matriz católica e da matriz protestante”.
Abraço
Embora, os EUA e a Europa, nunca fossem ” uma boa flor de cheiro “, nada justifica uma INVASÃO. Eu tb não gostava que alguém invadisse a minha casa e, lá por essa personalidade ser muito forte e se estar a marimbar para as LEIS de conduta instaladas na Sociedade, não tem o direito de fazer o que lhe lhe vai na Gana. Numa lógica dessas, ai dos doentes e dos fracos. Só sobreviveriam os mais fortes.
Cunha Gonçalves , o problema é quando se tem a própria casa hipotecada a dois bancos muito fortes; com direito ou sem ele, eles entram-lhe em casa e o “proprietário” é que tem de pagar dívidas e juros e no fim corre o risco de ficar na rua! Infelizmente a lógica é que quem vence são os mais fortes económica e militarmente!
António Cunha Duarte Justo , nessa ordem de ideias, os países endividados, seriam legalmente conquistados por quem lhes compra a dívida. Portugal já não existiria como país.
Cunha Gonçalves , os fiadores são inteligentes, não conquistam; ganham mais mantendo o povo submisso a trabalhar no dia a dia para eles. A situação de hipoteca interessa a credores e a governantes porque se resolvem problemas gratificantes para os dois; quem paga a grande parte do recibo são os vindouros.