O teólogo Hans Küng morreu hoje com 93 anos em Tübingen. Ele tinha opiniões fortes e ao mesmo tempo foi um dos mais importantes lutadores pelo entendimento entre as religiões. Segundo ele, sem a paz entre as religiões não haverá paz no mundo. Nesse sentido empenhou-se muito com o seu conceito do ethos global.
Tematicamente lutou muito em defesa de uma Igreja empenhada nas suas raízes e na modernidade: queria uma Igreja voltada para a reforma. Ele desejava “mais Jesus e menos Papa”.
Junto com Ratzinger, Küng foi nomeado conselheiro do Concílio Vaticano II 1962-1965 e, mais tarde, tornar-se-ia num oponente forte do Papa João Paulo II e de Bento XVI; ele era contra o centralismo de Roma.
Como relata a HNA, há um episódio dos anos 60 que até hoje se conta em Tübingen: “Küng e Razinger eram colegas como docentes da universidade católica de Tübingen. Mas, enquanto Ratzinger vinha silenciosamente para a universidade de bicicleta, Küng vinha com o seu ruidoso Alfa Romeo. Enquanto Ratzinger fazia carreira em Roma, Küng tornar-se-ia o seu crítico mais ruidoso. ”
Sobre a sua ética escrevi o artigo: UMA ÉTICA MUNDIAL PARA A CULTURA DA PAZ – Mudança do paradigma institucional para o individual” que pode ser consultado em https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/uma-etica-mundial-para-a-cultura-da-paz ; Sobre a Eutanásia Hans Küng tinha uma posição própria; sobre a sua opinião escrevi o artigo A EUTANÁSIA E A MORTE ORGANIZADA em https://antonio-justo.eu/?p=3112
A Küng liga-me o seu empenho pela aplicação do Vaticano II e a Bento XVI a profundidade da sua teologia cristã: num compreendi o significado da modernidade e noutro o significado e importância da tradição.
Com Hans Küng cheguei a ter uma correspondência nos finais dos anos 70, tendo-me ele apoiado e oferecido alguns livros seus em português.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
Um dos maiores “teólogos católicos” que rejeitaram a fé cristã, correcção. O que se comprova da sua rejeição de dogmas de fé, como a infalibilidade pontifícia ou a transubstanciação. Quem rejeita esses dogmas é anátema. Sem falar do seu activismo pró-aborto e pró-eutanásia.
in FB
Hans Küng não rejeitou a fé cristã. Como católico tinha a liberdade de não ser conforme com o dogma da infalibilidade e de criticar actos e hábitos menos cristãos que aconteceram no Vaticano. Como teólogo algumas de suas afirmações permitem diferentes interpretações.
António Cunha Duarte Justo, um católico não tem a liberdade de rejeitar dogmas. Se os rejeita, não é católico.
Uma das grandezas do catolicismo está em não colocar o institucional acima do pessoal e de reconhecer a tensão entre a consciência individual e a expressão da consciência cristã na instituição e reconhecer que o soberano perante Deus não é apenas o Papa mas sobretudo a consciência individual!
Dogma não é uma emanação do institucional, o dogma é doutrina nec plus ultra. Quem nega expressamente um dogma não é católico, ponto
Unum facere et aliud non omittere! Hans Küng, um grande teólogo ao lado de Joseph Ratzinger e Karl Rahner, como espírito crítico e por vezes controverso que era defendia a reforma da igreja e a reconciliação das religiões mundiais entre si (criticando a rigidez de algumas das suas estruturas e defendendo a abolição do celibato e a admissão das mulheres ao sacerdócio) . A liberalização da eutanásia com a possibilidade do suicídio assistido para pessoas no último estádio de sofrimento também foi importante para ele. Aqui também eu tenho alguns objectores de consciência contra ele (na medida em que interesses do Estado ou interesses comerciais podem até manipular o “direito à morte autodeterminada”ou desviar a consciência individual.
No “Schweiz am Sonntag” ele chegou a explicar: “Para todo o crente, a vida é um presente de Deus, é claro. Mas ao mesmo tempo, é a vontade de Deus que o homem assuma a responsabilidade. Não há argumento na Bíblia contra alguém tirar sua própria vida em certas circunstâncias – ou melhor: devolver sua vida a Deus. ”
A sua ruptura com o Vaticano quando questionou o dogma da infalibilidade do Papa em 1979, não implicou a sua excomunhão. A Congregação do Vaticano para a Doutrina da Fé apenas revogou a sua licença de ensino eclesiástico vitalício.