Antiga Vice-Cônsul situa a tela do grande pintor W. Peiner
Por António Justo
Fotografei este belo quadro da Torre de Belém que os portugueses conhecem dos tempos em que havia consulado geral em Frankfurt. O quadro é muito simbólico: representa o apogeu de Portugal que foi o primeiro verdadeiro império do mundo (1) e o mais antigo império colonial existente na Europa; como Património da Humanidade é um farol a avisar os portugueses e a Europa que se atualizem, mas não se deixem levar no canto das sereias da moda (pensar politicamente correcto) e se tornem conscientes de si mesmos e da sua missão (o ideário da Europa resumida na lusitanidade), a que a velha luz do antigo farol hoje apela.
Diria que no quadro se encontra também uma recomendação a Lisboa: o barco grande simboliza o antigo consulado que a falta de visão encerrou e o barco pequeno significa o atual Escritório Consular que espera por uma vontade resoluta e inteligente que o transforme no barco grande.
Este quadro é testemunho dos altos e baixos por que passou o Consulado Português e da recordação de gerações de portugueses residentes e de funcionários passados por lá.
Fica-se sensibilizado ao ver o velho quadro nas novas instalações e ao ouvir a funcionária do Consulado-Geral de Estugard, Irene Rodrigues dizer que, quando as portas de Franfurt foram encerradas (apesar da contra-razão expressa na manifestação), se transportou o Quadro para o Consulado Geral de Estugarda, na viva esperança de que as portas do Consulado de Frankfurt, um dia, se abririam e que ele pudesse continuar aí a testemunhar a história do seu nascimento. Isto está a acontecer por inteligência da Embaixada, da Cônsul-Geral de Portugal Estugarda, Carla Saragoça e do MNE/SECP, com a abertura do actual Escritório consular em Hattersheim am Main. Neste quadro se reúne a grandeza e a esperança de Portugal e a comunidade portuguesa alegra-se ao constatar que o Estado português reassume responsabilidade na área de Frankfurt.
Passo a citar a benemérita Marlis Bastos, ex-Vice-Cônsul, do ex-Consulado de Frankfurt, que me elucidou sobre este quadro, que eu tinha colocado, como foto, num meio de comunicação social: “Quando iniciei funções no consulado honorário, em outubro de 1963, o quadro já existia e pertencia ao então cônsul honorário Walter Gerling. Por ocasião da transformação em consulado de carreira, em 1972 o sr. Gerling ofereceu o quadro ao Governo Português, que infelizmente não lhe deu a importância que ele esperava merecer. Trata-se de uma pintura a óleo em tela de pele de búfalo, pintado, a pedido do cônsul honorário,” por um então famoso professor da Faculdade ou Escola de Belas Artes em Colónia, cujo nome não me ocorre neste momento (Lembro-me o Sr. Gerling falar sempre em Professor Peiner). Sei que na época, ou seja, em 1958, o Sr. Gerling teria pago dez mil marcos por ele.”
Entretanto apurei que o autor do quadro com a assinatura PPeiner será o professor de arte Werner Peiner.
A inauguração oficial do Escritório Consular de Portugal em Hattersheim am Main será feita, no dia 12 de Dezembro de 2018, por Sua Excelência o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro e na presença do Embaixador de Portugal na Alemanha, Dr. João Mira Gomes, e da Cônsul – Geral de Portugal em Estugarda, Dra. Carla Saragoça.
(1) De facto, Portugal foi o primeiro império real do mundo não só pelo seu abrangimento geográfico, mas pelo facto de com os Descobrimentos ter surgido, pela primeira vez, uma verdadeira consciência global relativamente à geografia e à multiplicidade de povos e costumes. Para a nova consciência universal (global) além dos descobrimentos contribuiu também a literatura de viagens sobre as novas terras descobertas! Toda a Europa de então se fascinava com a literatura de viagens, os conhecimentos que recebiam eram como descrições doutros planetas; um bom exemplo disso é o nosso autor Fernando Mendes Pinto com a sua obra Peregrinação.
© António da Cunha Duarte Justo, ex-conselheiro consultivo do ex-Consulado de Frankfurt
Pegadas do Tempo
Prezado António Justo, gostei do seu texto! Todavia acho que peca pela omissão do fator comunidade.
A luta pela reabertura do vice-consulado, a perseverança, o lutar por uma causa justa é por certo um fator importante no cadeia do poder decisório.
E o António Justo é uma dessas pessoas que iniciou a luta!
Abraço
Alfredo Stoffel
FB
Tem razão, não o fiz para não alongar o texto e porque já me tinha referido num outro artigo à accção dos grupos e associações, referindo também nele a conveniência de se prestar publicamente um agradecimento também às missões católicas de Offenbach e Mainz que tinham colocado os seus espaços à disposição do consulado de Estugarda na missão de dar resposta à necessidade dos portugueses (apoio aos portugueses através das Antenas consulares)! Quanto à luta de que fui o coordenador em colaboração com diferentes organizações e grupos de interesses, devo dizer que então foi umtempo alto em que todas as associações portuguesas colaboraram independentemente da sua cor política. Na manifestação de Frankfurt revelou-se um Portugal inteiro contra a política míope de Paulo Portas ao decidir encerrar o posto consular de Frankfurt!
Pq o império português foi o primeiro e o império do mundo ?
Alessandro Medeiros
FB
Porque até aí tinham sido regionais!