Já não há esquerda nem direita – Aqui é o povo que protesta
António Justo
Com um presidente sem partido é nisto que a política dá: junta-se a esquerda e a direita com o povo e então a situação torna-se incontrolável; assim não se podem jogar uns contra os outros. Como se vê nos Champs-Elysées passa a haver só os “lá de cima” e os “cá de baixo”! Até já se assemelha às lutas islâmicas!
Desde há uma semana protestam os os manifestantes do movimento “coletes amarelos” contra os altos preços da gasolina e o custo de vida. Neste sábado, só nos Champs-Elysées juntaram-se 5.000 manifestantes, entre eles, membros mascarados da extrema direita e da extrema esquerda. Apesar da mobilização de 3.000 políciais, os manifestantes provocaram fortes tumultos, construindo barricadas e destruindo móveis urbanos. Pelo menos 19 pessoas ficaram feridas, incluindo quatro policiais.
A polícia tem reagido com canhões de água e gás lacrimogéneo contra os manifestantes.
Nos Elyées, o movimento até já berra “fora com Macron”.
Numa mensagem, Macron reagiu com clareza de intenção: ”Obrigado às nossas forças de segurança por sua coragem e profissionalismo. A vergonha para quem os atacou. Vergonha para aqueles que abusaram de outros cidadãos e jornalistas. Vergonha para aqueles que tentaram intimidar os funcionários eleitos. Na República não há espaço para este tipo de violência.”
Um crítico do presidente expressando o pensar de muitos franceses, saiu-se com esta: “Macron, a única aposentada que ainda te aguenta é a tua esposa!”.
O povo, que as nossas elites produziram, não está fácil de se enfileirar em conceitos polares e isto deveria ser uma oportunidade para uma maior reflexão política, doutro modo o que se vê é que se os políticos não deixam de servir a plutocracia teremos um povo cada vez mais “endiabrado”!
O problema torna-se socialmente mais grave porque a geração facebooquiana cada vez está mais informada apesar das campanhas que os favorecidos pelo regime fazem contra ela; mas diga-se: isto até que a cheguem a controlar também! O escândalo de uma plutocracia cada vez mais forte, com a anuência da política, constitui um real rastilho de incêndio!
É verdade que a classe média europeia se sente fatigada e, ao prestarmos atenção ao pensar politicamente correcto, até parece estar nas intenções da agenda supranacional, ser defraudada para se criar uma sociedade anónima de clientismos! Vamos indo e vendo no que isto vai dar. Não promete melhora porque as elites divertem-se enquanto o povo berra!
Na Alemanha ouvem-se apenas moderados protestos e os que há dirigem-se mais contra o Pacto de Migração da ONU, pois consideram-no uma expropriação do Estado e do povo!
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do tempo