Nova Orientação política na Alemanha terá Consequências na Europa


Resultados das Eleições nos Estados Baden-Vurtemberga e Renânia do Palatinado

António Justo

O Tremor de terra no Japão provocou um tremor político na Alemanha: subida abrupta do partido dos Verdes e grande descida do FDP.

A lição da Catástrofe atómica no Japão deu Razão aos Verdes. Estes, ajudados pelos acontecimentos no Japão, colhem muito tendo semeado pouco. SPD (Sociais Democratas), CDU (Cristãos Democratas) e FDP (Liberais) são os perdedores das eleições, realizadas a 27.03.

O FDP, que antes era parceiro nato da CDU e por necessidade do SPD, passará a ceder o lugar de terceira força no país e de alternativa de coligação governativa aos Verdes. Estes reúnem em si valores conservadores e progressistas, defendendo um estado social equilibrado.

No Estado de Baden-Vurtemberga, a CDU (39% dos votos) que há 60 anos governava o Estado sozinha cede o lugar aos Verdes (24,2%) e ao SPD (23,1%) que, apesar de ter perdido votos, coligará com os Verdes. O FDP conseguiu ficar no parlamento com 5,3% dos votos. Os Verdes com o SPD conseguem 71 deputados enquanto CDU e FDP conseguem 67.

Na Renânia do Palatinado a CDU conseguiu melhorar a posição para 35,2% (41 deputados), os Verdes subiram subitamente para 15,4% (18 deputados) e o SPD perdeu a maioria absoluta descendo para 35% (42 deputados). Agora fará coligação com Os Verdes. Estes, que ficaram em segundo lugar depois da CDU, formarão o governo com um SPD enfraquecido. Este teve o pior resultado nos dois estados desde há dezenas de anos.

Depois da derrota no Baden-Vurtemberga, em que a função do Presidente do Estado passa da CDU para os Verdes, Merkel quer corrigir o seu curso na política atómica. Ela que há pouco tinha, com o FDP, prolongado o prazo para extinção de algumas centrais atómicas vê-se obrigada a rever a posição. De resto tem fomentado uma política externa pacífica, tem preservado o Estado social e apoiado a salvação do Euro. O governo federal, desde 2010, não tem maioria no Conselho Federal, perdendo nele agora mais um Estado. Isto significa que determinadas leis federais terão de ser aprovadas pelo dito Conselho; na prática muitas dessas leis para serem aprovadas pelo CF terão de passar e ser frisadas pela Comissão Mediadora.

A chanceler tem administrado bastante bem a nação sobretudo com a sua táctica política que chega a chatear tanto amigo como inimigo. Consegue assim reunir na sua maneira de governar uma espécie de coligação de todos os partidos, submetendo muitas das suas decisões à Comissão de Mediação (constituída por partidos do governo e da oposição) que frisa as decisões a um nível consensual, suportável para governantes e oposição. Assim a Alemanha consegue inteligentemente progredir sem convulsões internas.

Como consequência das eleições do Baden-Vurtemberga quer uma saída rápida da energia atómica. Com esta atitude a Chanceler abre perspectivas para uma próxima coligação com os Verdes em Berlim, dado os liberais (FDP) se encontrarem em queda e representarem os interesses do grande capital e este se encontrar em descrédito desde a crise financeira ocidental.

A política ecológica e das energias limpas terão novo impulso. As acções de empresas do sector subiram logo a seguir às eleições.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

Um comentário em “Nova Orientação política na Alemanha terá Consequências na Europa”

  1. Caro António Justo,

    Excelente o seu artigo,e ainda mais por ser escrito por quem está na Alemanha. Um previlégio desta comunidade! Vamos assim acompanhando melhor os caminhos ou descaminhos da Europa, visto que a Alemanha tem um peso enorme nos destinos da UE.Tem? E são boas as perspectivas para a política ecológica e das energias limpas.

    Saudações lusófonas,
    Margarida

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