Resultado dum Estudo sobre a Sociedade Turca
Turquia quer entrar na União Europeia mas não tolera Cristãos no País
António Justo
Os resultados duma investigação apoiada pela EU e feita por um instituto turco sobre a tolerância na Turquia são assustadores. Segundo este estudo representativo, agora publicado, 35% dos cidadãos turcos não aceitam ter na vizinhança cristãos; 42% recusam um judeu como vizinho, 20% não querem estrangeiros como vizinhos e 57% não aceitam ateus como vizinhos.
Muitos turcos não suportam membros de minorias no aparelho do estado. De facto para se impedir o acesso a tais postos a lei já prevê para os cristãos um número código que os identifica como tais no próprio Bilhete de Identidade*. Até médicos não muçulmanos provocam suspeita.
Prática hegemónica – Uma Estratégia gratificante
A filosofia da indivisibilidade do Islão é aplicada, na Turquia, ao Estado. Pluralismo é visto como algo ameaçador da unidade. O Islão ortodoxo considera o que não é islâmico, como “terra do inimigo” e consequentemente está muito atento ao “inimigo de dentro”. Nacionalismo e religião muçulmana são as duas faces da mesma moeda. Assim se pode compreender que duma Turquia de 25% de cristãos no princípio do século XX, se passasse a uma Turquia onde os cristãos se encontram reduzidos a uma insignificância quantificável já não em termos de por cento mas de por mil. Isto numa região de raízes judaico-cristãs. Esta praxis hegemónica revela-se como a melhor estratégia de colonização interna e externa do século XX e XXI.
Cidadãos não muçulmanos não são de confiar, apenas 15% dos inquiridos reconhecem cristãos e judeus como cidadãos leais.
Três de quatro turcos inquiridos dizem que não sabem nada sobre cristãos e judeus. Também a ignorância fomenta o preconceito!
A Turquia pressiona a Europa para entrar nela. De facto já consegui muito potencial de pressão através das suas comunidades gueto na Europa. A hegemonia interna turca revela-se nas comunidades turcas que se reagrupam no estrangeiro em comunidades gueto em torno da mesquita.
Fora prega-se a harmonia das culturas e dentro pratica-se a intolerância. Fora exigem tolerância e abertura mas fecham-se hermeticamente. Esta estratégia é premiada por uma política Europeia que usa dois pesos e duas medidas. A nível interno de cidadãos fomenta a descoesão religiosa e cultural e no seio dos seus imigrados fomenta a formação de guetos. A falta duma política da tolerância inter-cultural internacional, acompanhada da formação de guetos religiosos muçulmanos acordará, com o tempo, sentimentos de xenofobismo latentes em cada pessoa e em cada grupo.
As conversações de adesão da Turquia à União Europeia deveriam ser adiadas até ao momento em que tendências hegemónicas deixem de ser prática sub-reptícia. O Tratado de Lisboa da EU daria à Turquia um lugar preponderante na Europa atendendo a que seria o país com maior número populacional do grupo.
Há que transformar a todos os níveis, em todos os grupos e em todas as nações, a dificuldade das diferencas numa riqueza. Doutro modo a era das guerras de crenças políticas e religiosas não se poderá considerada ultrapassada.
Se é verdade que com vinagre não se apanham moscas, também é certo que com ele se temperam boas saladas!…
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
*Naturalmente que as pessoas crentes, seja qual for a sua cor, são boas e inocentes; o problema põe-se a nível de sistemas que as orientam!
Caro António da Cunha Duarte Justo,
Considero as suas reflexões muito pertinentes e acertadas. Gostaria no entanto que numa próxima oportunidade fizesse uma outra reflexão no sentido de imaginar uma hipotética investigação apoiada pela EU, que teria como base a tolerância inter-religiosa e inter-cultural na Europa Central dos anos 50. Pergunte aos franceses, aos suíços ou aos austríacos quem é que eles não gostariam de ter como vizinhos. Do mesmo modo ficaria muito agradado se visse uma investigação apoiada pela EU acerca da tolerância inter-cultural que nos nossos dias impera, por exemplo, na Áustria. Permita-me arriscar que as percentagens de intolerância cultural, ignorância religiosa e ausência de sentido ecuménico dos nossos evoluídos vizinhos seriam igualmente assustadoras.
A intolerância é um problema global, praticada por ignorância tanto do lado dos cristãos, quanto do lado dos judeus, quanto do lado dos muçulmanos. Ao apontarmos os dedos uns aos outros, não deixamos de ter razão, mas também não nos leva a aproximar.
Falar abertamente destas questões, tal como faz no “Pegadas de Espírito”, parece-me muito acertado. Relativamente aos juízos de valores, esses é que me parecem um pouco produtivos, no sentido de atingirmos a tolerância necessária num mundo aberto e plural.
Cordiais cumprimentos,
Pedro Castro Ricardo
(Munique, Alemanha)
castro-ricardo@gmx.net
Caro António da Cunha Duarte Justo,
Considero as suas reflexões muito pertinentes e acertadas. Gostaria no entanto que numa próxima oportunidade fizesse uma outra reflexão no sentido de imaginar uma hipotética investigação apoiada pela EU, que teria como base a tolerância inter-religiosa e inter-cultural na Europa Central dos anos 50. Pergunte aos franceses, aos suíços ou aos austríacos quem é que eles não gostariam de ter como vizinhos. Do mesmo modo ficaria muito agradado se visse uma investigação apoiada pela EU acerca da tolerância inter-cultural que nos nossos dias impera, por exemplo, na Áustria. Permita-me arriscar que as percentagens de intolerância cultural, ignorância religiosa e ausência de sentido ecuménico dos nossos evoluídos vizinhos seriam igualmente assustadoras.
A intolerância é um problema global, praticada por ignorância tanto do lado dos cristãos, quanto do lado dos judeus, quanto do lado dos muçulmanos. Ao apontarmos os dedos uns aos outros, não deixamos de ter razão, mas também não nos leva a aproximar.
Falar abertamente destas questões, tal como faz no “Pegadas de Espírito”, parece-me muito acertado. Relativamente aos juízos de valores, esses é que me parecem pouco produtivos, no sentido de atingirmos a tolerância necessária num mundo aberto e plural.
Cordiais cumprimentos,
Pedro Castro Ricardo
castro-ricardo@gmx.net
Prezado Pedro Castro Ricardo
Se acedemos ao purismo as próprias palavras tolerância e intolerância comportam em si uma situação de superioridade, o que partindo duma posição relativista e igualadora conduria na melhor das hipóteses ao silêncio.
Concordo consigo também no que toca à tolerância europeia. Quanto à tolerância religiosa cristã pode medir-se constatar-se pelo seu definhar.
Quanto às comparações a fazer penso que seria mais justa a comparação dos factos que ocorrem hoje. Não podemor ir buscar ao caixote do lixo da história os odores que hoje já não existem. Toda a Instituiç1bo tem maus odores hoje mesmo e estes são mais que suficientes para podermos tapar o nariz. O que não seria justo era comparar os males de ontem com os que acontecem hoje para desculpar estes. A pior intolerância, apesar de nenhuma ser aceitável, é a que mata. Importante será ser intolerante com a tolerância sem empregarmos a violência. Hoje torna-se tão perigosa a intolerância como a tolerância ingénua! Importante é usarmos da palavra, tal como o senhor e eu, para nos irmos dando conta do que está a acontecer no mundo real.
É verdade que a intolerância se encontra em todas as culturas. Isto não nos deve porém impedir de saber distinguir de graus, quantidade e qualidade. Não podemos entrar na ingenuidade de considerar tudo igual, como se os deuses fossem todos iguais, como se não houvesse diferenças. Hoje assiste-se a um desejo da política estabelecida em criar na cabeça das pessoas um espírito de indiferença como se este se identificasse com a tolerância. Naturalmente que com pessoas indiferentes é mais fácil governar e fazer-se bom negócio! Isto quer a política e a economia, a cultura e a discussão só lhe pode criar impedimentos.
Quanto à formação de juízos é uma conditio sine qua non para o desenvolvimento e esclarecimento. Se tanto o senhor como eu não fizuesse uso de juízos de valor, não haveria esta página!
Muito obrigado pela sua abordagem, necessária num assunto como este que ainda hoje continua a ser tabu, um pecado contra os dogmas que os nossos "Superiores" políticos tentam impor.
Atenciosamente
António Justo