A Matriz política masculina não pode ser Norma para a Instituição eclesial

Mulheres lutam por uma Instituição mais feminina

Por António Justo

A opressão sistémica das mulheres é um fenómeno universal que se observa em todos os sistemas ideológicos, económicos, políticos e religiosos, de todo o globo.  A desvalorização da mulher é a consequência lógica das sociedades com matriz masculina que apostam na sustentabilidade de estruturas patriarcais.

A instituição eclesial, à imagem da sociedade secular, tem-se orientado por padrões masculinos, considerando a feminilidade, como característica secundária, nas suas estruturas.  Já vai sendo tempo de se dar resposta à energia da feminilidade e de se praticar o evangelho (1) não se refugiando na estratégia máscula do divide para imperares; doutro modo fica-se numa de reservar a paternidade para a sociedade e a maternidade para a família: uma e outra são constitutivos de vida e devem igualmente estar presentes na sociedade. A matriz masculina da sociedade secular não pode ser norma de adaptação para a Instituição eclesial. O lugar do diálogo nela não é a sexualidade (entre homem e mulher) mas sim os princípios/energias feminilidade e masculinidade a nível de pessoa, de sociedade e instituições.  A “fragilidade” deve estar mais presente nos lugares “fortes”!…

Na Páscoa passada, muitos milhares de mulheres católicas fizeram uma “greve de igreja”, em toda a Alemanha, durante uma semana. A partir de Münster, na Vestefália, e com o apoio da Comunidade de Mulheres Católicas (Kfd), elas (integradas no movimento “Maria 2.0”), interromperam os seus cargos honorários nas paróquias e celebraram liturgias em torno das igrejas. Foram mais de 1.000 grupos, que organizaram vigílias, cultos e ações de protesto.

Com esta acção, as mulheres pretendiam dar rosto público ao seu descontentamento com as estruturas masculinas de poder na Igreja Católica. As mulheres exigem acesso a ministérios de ordenação, a abolição do celibato obrigatório para os sacerdotes seculares e uma revisão da moral sexual.

Posteriormente, as mulheres organizaram delegações para falarem com os bispos nas correspondentes dioceses.

Os seus protestos tiveram uma expressão feminina (2): As mulheres protestam por amor à Igreja, de dentro para dentro e de dentro para fora sem a atacar com a ideia numa igreja que querem também sua casa religiosa.

O Arcebispo de Hamburgo, Dom Stefan Heße, convidou o movimento “Maria 2.0” a participar no “Caminho sinodal” planeado pelos bispos e a apresentar as suas exigências de reforma (3).

É verdade que a Igreja católica está implantada em todas as culturas do mundo e por isso urge reconhecer a dignidade na diversidade das pessoas (homem e mulher) também na missão de libertar o ser humano, de levar a Boa Nova à humanidade e de descobrir possíveis melhoras e alertar para os perigos. A Igreja não é apenas uma instituição, ela é uma comunidade de vida de homens e mulheres congregadas em torno de Jesus Cristo (não pode ser dividida numa igreja petrina e numa igreja joanina).

A Igreja Católica, na sua qualidade de instituição mais beneficiadora da humanidade (4), sendo uma religião especialmente impregnada de feminilidade (Boa nova, liturgia e espiritualidade), seria mais conforme consigo mesma se no seu aspecto exterior de instituição reduzisse a predominância do rosto masculino (masculinidade) e desse lugar  a um maior equilíbrio entre as energias/princípios feminilidade e masculinidade.

A Igreja, que por natureza é de conotação feminina, precisa também de um olhar feminino a partir das suas instituições, numa atitude dialógica não só no que respeita às diferenças entre religiões e sociedades seculares, mas sobretudo no empenho pela presença e balance da feminilidade e da masculinidade nos presentes modelos de sociedade dominados pela masculinidade; o melhor paço seria começar por si mesma.

Torna-se uma contradição que sacerdotes e mulheres empenhados em reformar a Igreja tenham de sofrer pelo facto de a igreja oficial se encontrar demasiadamente distanciada da realidade. A promoção de mulheres nos ofícios da igreja não pode ser limitada a educadoras infância ou a referentes pastorais.

Urge impulsionar uma marca católica em que as mulheres pertencem a uma igreja fraternal, onde cada um possa determinar e viver a sua vocação e ter o seu projecto de vida sem exclusão. Para isso não é preciso mudar a Bíblia; o Evangelho tem fundamentos suficientes para a revalorizar; por outro lado, se for dado espaço relevante às mulheres na sociedade surgirá consequentemente uma outra imagem da mulher.

Ainda não há consenso na Igreja sobre o sacerdócio para mulheres. Mas uma coisa há que advertir e ter em conta: o poder espiritual não deve ser exercido em padrões seculares e profanos.

Não podemos viver de uma esperança sempre adiada. O critério homem não pode ser exclusivo e além disso vivemos num tempo em que a matriz machista da sociedade se questiona e em que a teologia feminina pode fazer a ponte para a feminilidade do Evangelho. O que continua em jogo é uma visão de domínio do princípio da masculinidade sobre a feminilidade e uma teologia. não se trata aqui de seguir uma teologia hipercrítica que depende demasiado da cabeça, mas colocar no centro a fé como um indicador de e para Jesus.

É claro que as igrejas não cresçam por ajuste ao gosto do tempo, mas sim através da fidelidade ao Evangelho. Urge estarmos mais atentos às mulheres na bíblia de modo a não serem mal-interpretadas pelos homens (o que aconteceu em relação por exemplo a Madalena, a apóstola dos apóstolos)

Uma mudança de moral não implica necessariamente uma mudança de doutrina, dado uma teologia interpretativa correspondente às sociedades em que se encontravam incardinada ter sistematicamente desvalorizado o papel da feminilidade na mulher para, compensatoriamente, a expressar na liturgia e no culto mariano.

Seria um equívoco condicionar o princípio da masculinidade e da feminilidade aos papeis assumidos com base na tradição de reduzir os dois princípios a uma sexualidade de caracter funcional ou de confundir masculino e feminino (homem e mulher) com masculinidade e feminilidade. A Doutrina da Igreja não pode ser condicionada à moral sexual e menos ainda à matriz económico-política de mera masculinidade. (As lutas que se observam na praça em relação a homossexuais e lésbicas dão testemunho praticamente só da afirmação da masculinidade ou da afirmação de um polo contra o outro; neles falta a energia/princípio da feminilidade.)

Através de exclusão das mulheres, as lesões surgem e tornam-se cada vez mais dolorosas; não basta pregar a misericórdia, é preciso refletir sobre a mensagem cristã integral e praticá-la também a nível institucional (sabendo muito embora que é da natureza de toda a instituição humana ter um caracter masculino predominante!).

Porque esperar pela mudança só depois da morte; porque ter de gastar tantas energias na defesa de mudanças necessárias e que nem sequer contradizem o espírito que possibilitou os evangelhos há 2.000 anos.

O que falta praticar é Jesus Cristo. Ganhamos todos, homens e mulheres, com uma maior presença da feminilidade em cada pessoa e na humanidade.

(Este texto fará parte de um livro que há já muitos anos tenho à espera de ser publicado)

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

In “Pegadas do Tempo”

A IGREJA CATÓLICA É A MAIOR INSTITUIÇÃO BENFAZEJA DA HUMANIDADE

Ao Serviço de todo o Humano sem ter em conta Raça ou Ideologia

António Justo

A Agência Ecclesia noticia que a população católica mundial passou de 1 bilhão e 196 milhões no ano de 2010 para 1 bilhão e 313 milhões no final de 2017. A Europa conta com cerca de 22% da população católica mundial. O número de clérigos no mundo é” igual a 466.634, com 5353 bispos (3.992 diocesanos e 1.245 religiosos), 415.792 sacerdotes (281.297 diocesanos e 134.495 religiosos) e 46.312 diáconos permanentes (43.954diocesanos e 612 religiosos”. Religiosas (freiras): 682.729; Religiosos não sacerdotes: 54.559; Missionários leigos: 368.520. Seminaristas menores: 78.489 diocesanos e 24.453 religiosos; Seminaristas maiores:  116.939 diocesanos e religiosos; Catequistas: 3.264.768.

Estações missionárias com sacerdote residente: 1.864; Estações missionárias sem sacerdote residente: 136.572; Institutos seculares masculinos: 654; Institutos seculares femininos: 24.198.

Segundo as Estatísticas do Vaticano (1) a Igreja administra no mundo 5.158 hospitais;” 73.580 escolas maternais, frequentadas por 7.043.634 crianças; 96.283 escolas de ensino fundamental com 33.516.860 alunos; 46.339 institutos de educação secundária, com 19.760.924 estudantes. Acompanha ainda 2.477.636 alunos de escolas superiores e 2.719.643 estudantes universitários”.

Os institutos de beneficência administrados pela Igreja encontram-se na “ maioria na América (1.501) e na África (1.221); administra 16.523 postos de saúde, grande parte deles na África (5.230), América (4.667) e Ásia (3.584); 612 leprosários distribuídos principalmente na Ásia (313) e África (174); 15.679 casas para idosos, doentes crônicos e pessoas com deficiência, em maioria na Europa (8.304) e América (3.726); 9.492 orfanatos, a maioria na Ásia (3.859); 12.637 jardins de infância, e o maior número deles está na Ásia (3.422) e América (3.477); 14.576 consultórios matrimoniais, a maioria na Europa (5.670) e América (5.634); 3.782 centros de educação ou reeducação social e 37.601 instituições de outros tipos”.

Voltaire, que era inimigo da Igreja, referindo-se às irmãs católicas da França (“Santas Casas de Misericórdia” que foram fundadas pela Igreja em todo o mundo), dizia: “talvez não haja nada maior na terra do que o sacrifício da juventude e da beleza, realizado pelo sexo feminino para trabalhar nos hospitais para aliviar a miséria humana”.

A caridade ensinada por Cristo, de caracter universal, porque independente de profissão política ou religiosa, foi “algo novo” no mundo antigo e torna-se algo combatido no mundo pós-moderno… Tenho muitos colegas religiosos que, renunciando a enriquecer como eu, dedicam a sua vida inteira ao serviço dos pobres e à promoção do bem e do saber em meios que se não fossem eles viriam o  seu  progredir adiado por muito tempo.  São testemunhos do altruísmo num mundo que os ignora ou despreza porque o negócio desse mundo extremamente secularizado se tornou prisioneiro do egoísmo e da ideologia.

A Igreja benfazeja existe mas ninguém fala do bem dela porque é combatida pelo marxismo cultural que tomou conta do zeitgeist que se procura definir como oportuna crença em nome do superego e da emancipação que se quer, não ao serviço da autonomia e da comunidade humana, mas apenas ao serviço do “pensar politicamente correcto”  criado pelo sistema europeu de ideologia secular materialista e que se arroga o direito de supervisionar a opinião pública e de colonizar culturalmente outros povos sob o pretexto de progresso.

O cristianismo, como Igreja cristã, é certamente “a maior e mais alta forma de organização do espírito humano que existiu até hoje”, reconhecia já o filósofo e psiquiatra Karl Jaspers. É, de facto, a mais antiga instituição da humanidade! Hoje há organizações e filosofias (sobretudo marxistas) que querem varrer com a Igreja (porque como instituição possibilita a sustentabilidade do cristianismo na História) porque a consideram um empecilho ao seu intento de implementar na humanidade uma cultura materialista em que o indivíduo se torne mero objecto da História, simples sujeito/cliente, ao contrário do cristianismo que considera a pessoa humana como soberana e divina!

Geralmente, os Media, seguindo o zeitgeist do marxismo cultural, não gostam de falar da Igreja e se o fazem viram os seus holofotes apenas para o que corre mal. Como consciência da humanidade ela incomoda quem se quer orientar pelo capital e por ideologias materialistas; para estas o modelo é o socialismo-capitalista chinês.

António da Cunha Duarte Justo

In “Pegadas do Tempo”

 

DO NEGÓCIO COM AS VÍTIMAS E DOS RENDIMENTOS DA CONVERSA SOBRE ELAS

Em Tempos turvos domina a Emoção sobre a Razão e os Factos

António Justo

Fontes do Vaticano dizem que “cem mil cristãos são mortos por ano, por razões ligadas à fé”!

A isto ninguém liga! Nem tão-pouco a política oficial da EU está interessada em ligar. Sim, porque o interesse é fomentar unilateralmente uma cultura antiocidental e para tal incentivar também o islão; neste sentido deve ser evitado qualquer discurso crítico em relação a ele!  Não seria politicamente correcto que se solicitasse bilateralidade da parte das sociedades islâmicas e dos muçulmanos imigrados no que respeita a aceitação e tolerância.

A tendência, da estratégia do politicamente correcto implantado, é considerar a civilização ocidental, de reminiscências cristãs, como agressora e criminosa e os outros como vítimas.

Os activistas não querem notar que todos são transgressores e vítimas (eles e nós também), quer os que se encontram dentro da fronteira quer os que se encontram fora dela, e deste modo impede-se uma controvérsia racional e nos tornamos também num empecilho ao verdadeiro desenvolvimento e à resolução efectiva dos problemas. Não notamos que para defendermos ou atacarmos os de fora nos tornamos nos atacantes dos de dentro (colocados no papel de adversários).

Onde se encontram na consciência europeia os barcos de ativistas protectores das vítimas cristãs e de minorias étnicas, sejam elas pretas, brancas ou amarelas? Disto não se fala porque não facilita o negócio ideológico e partidário que teria de ser mais diferenciado, mais equilibrado e mais ligado aos factos e não apenas a interpretações deles. Na nova cultura criada o que está a contar são atitudes emocionais e não os factos.

O processo de embrutecimento em via na nossa sociedade serve-se da narrativa da interpretação dos factos e não da análise deles, porque não está interessada na realidade factual mas sim nos dividendos que se adquirem no falar deles e na expansão ideológica que se pode alcançar com eles. E tudo isto em nome da honestidade e da defesa de um mundo melhor, que, pelos vistos, não se quer desonesto!

Por vezes tem-se a impressão que, no imbróglio social, a direita cala porque está interessada no negócio económico e a esquerda não tem interesse em falar objectivamente dos factos porque então a ideologia não tiraria rendimentos deles. Um outro característico que observo na esquerda circulante na Internet é que a maior parte dela gosta de se ficar por afirmações sem descer a argumentações; porque o que interessa não são os factos nem uma lógica que lhes dê consistência, mas sim o levantamento de emoções para o povo mais leve poder boiar nelas; este fenómeno é também comum a um certo populismo extremista de direita.  Falta o verdadeiro interesse em resolver problemas porque o que vale parece ser o usufruir das emoções que importa criar em torno deles.

Apelidar uma pessoa de má ou declarar alguém ou grupo como “persona non grata” por não seguir a indicada opinião ou ideologia corresponde a acender o rastilho do combustível que provoca explosões sociais e que estimula a violência.

Toda a vítima seja ela cristã, muçulmana, conservadora ou progressista é sempre um testemunho fatídico de um atentado contra a humanidade.

Numa sociedade que se quer cega não contam os factos, o que conta é a sua interpretação manipulada e manipuladora. A razão e os factos cedem o lugar à emoção e ao instinto animal.

© António da Cunha Duarte Justo

In “Pegadas do Tempo”

 

DO USO DA SEXUALIDADE COMO MODO DE AFIRMAR PODERES E DE CRIAR UMA NOVA ORDEM MUNDIAL

Política-Economia-Ideologia apoderam-se do Tema Sexualidade para instalarem um novo paradigma social e subjugar os Biótopos culturais

Por António Justo

Ao longo da História, cada “economia” cria a sua ideologia e sub-ideologias circulantes em torno delas.

O desejo de poder expresso no pensamento apropriava-se, ontem, da sexualidade para a ordenar em favor da criação de biótopos culturais (família, tribo, Estado)  e hoje, que pretende instalar um sistema global latifundiário capitalista-socialista, apodera-se da sexualidade para implantar novas formas de poder (os novos poderes em formação querem o poder total através da manipulação da pessoa humana procurando reduzi-la a um mero produto cultural, e assim legitimar a intenção de a tornar mera cliente ou assalariada cultural; recorre para tal à desconstrução e desmitificação de supraestruturas de ordem natural e cultural que davam consistência a uma comunidade organizada em minifúndios e biótopos culturais.

A luta que antes se dava entre nações e vizinhos, devido à constituição orgânica das sociedades (o objectivo era uma tribo, uma nação afirmar-se em relação à  outra), na nova era do globalismo, o poder quer-se centralizado e monopolizado no sentido de se criar uma nova ordem mundial em que já não se tenha em conta as culturas nem os governos vizinhos mas apenas um governo mundial em que oligarcas do capital latifundiário e de uma ideologia materialista universal, ajudados por tecnologias virtuais monopolistas, imponham o seu poder às massas sistematicamente individualizadas e como tal desarmadas porque privadas do poder e das forças orgânicas a que antes pertenciam.

A sexualidade e a espiritualidade são duas forças irmãs que muitas vezes por equívoco se rivalizam.

A sexualidade é ao mesmo tempo colectiva e pessoal, mas como individualmente experimentada facilita o relativismo, pretendido pelos arquitectos da nova ordem mundial, porque determina, em grande parte, o modo de vivência da realidade enquanto procura de felicidade e de vínculos sociais. Consolador poderá ser a observação de a História se proceder num movimento pendular espiriforme em que um tempo julga o outro na tentativa de se definir para se afirmar.

Muitas das faculdades que possuímos têm a ver com a percepção da corporalidade e da sexualidade. O exercício da sexualidade é um bem social e individual, e deste modo conflituoso devido a interesses (entre indivíduo e sociedade), por vezes, contraditórios. Como no passado o controlo da sexualidade esteve ao serviço de instituições que a contextualizavam, hoje não escapa a novos interesses de poderes (entre eles “Lobby gay” e comunidade LGBT”) que se usam dela no sentido de a descontextualizar e instrumentalizar para paulatinamente instalarem um outro poder político-cultural. (Nesse sentido o seu apadrinhamento do islão revela-se como meio intermediário estratégico e ideal para atingir seus intentos de estabelecer uma nova ordem mundial, não só pela sua filosofia do poder, mas também como factor desestabilizador de biótopos culturais fortes; de facto encontramo-nos na era de prevalência da civilização ocidental que incomoda a instalação de uma nova ordem mundial, muito embora esta seja fruto dela).

A sexualidade, na perspectiva do casamento/matrimónio, fomenta a instituição família, portanto um conceito de organização social orgânica a partir de uma realidade natural básica e não só ideológica, que vai contra os interesses de progressistas que odeiam a trilogia ordeira Deus-Pátria-Família (Doloroso é que os abusos de uns justifiquem os abusos dos outros!).

A natura e a cultura vinculadas ao princípio da sustentabilidade e a um fim teleológico natural regulam a sexualidade não só no foro individual e da casuística, mas também no sentido comunitário através do direito habitudinário ou do grupo cultural (tensão entre procriação como garantia da sociedade e satisfação como atractivo da felicidade individual: a desvinculação sistemática dos dois princípios afigura-se como uma ameaça real à maternidade e à paternidade pois levaria muitos a ver igualados o acto de gerar ao acto de masturbar).

Querer elaborar o indivíduo sem comunidade tal como querer desligar a comunidade do indivíduo seria alheio à realidade natural e social factual (Em sociedades tribais e hegemónicas afirma-se a comunidade sacrificando-se-lhe o indivíduo, o Direito cultural impõe-se ao direito pessoal); na pretensa nova ordem mundial segue-se o inverso: afirma-se o indivíduo à custa da comunidade, o que leva à depreciação do que é institucional e orgânico. (Toda a sociedade, à imagem de um corpo, tem o seu organigrama interior, dependendo a funcionalidade do corpo da funcionalidade dos diversos órgãos e dos elementos entre si em função do bem-estar do corpo; atualmente, no pós-guerra, com o capitalismo liberal procura-se fazer da sociedade um corpo empolgado sem órgãos, apenas animado pelo capital e lucro numa massa de elementos sem função própria, mantidos apenas pelo invólucro da ideologia). O conflito social da Europa atual é explicável pela afirmação de dois princípios contraditórios: o comunitário medieval  islâmico (afirmação do gueto como estratégia de domínio globalista, em vez da imperialista) e o individualista europeu (afirmação da abertura mediante a negação da própria cultura); o princípio individualista, especialmente fomentado pela esquerda de base marxista pretende o fim da História das instituições e deste modo  que o indivíduo desapareça como a gota de água no grande oceano da anonimidade económico-ideológica ; a atracção pelo Budismo que hoje se regista no Ocidente, não acontece por acaso; o mesmo se diga da filosofia relativista promovida a partir da “Escola de Frankfurt”!

Os protagonistas pela instalação de uma nova ordem global têm a estratégia global de se implementar o capital anónimo como supraestrutura mundial sobre as infraestruturas culturais e geográficas apostando na destruição destas para, em nome do indivíduo particularizado e anonimizado, (enfraquecedor de interesses organizados em grupos orgânicos) dar lugar ao exercício da hegemonia dessas forças anónimas mundiais sobre instituições que não a sirvam (subjugação mais ou menos forçada de Estados, religiões, família, empresas, etc.) mediante o fomento de um ideário relativista que assenta contraditoriamente na afirmação do interesse particular, mas que desligado só beneficia o latifundiário absoluto que é quem possui o grande capital ( China poderia ver-se como modelo da união perfeita de capitalismo e socialismo: uma realidade regional com uma filosofia tradicional adequada que serve de modelo para uma organização mundial pós ONU). A luta assanhada da ideologia anti-cultura ocidental expressa-se de maneira aguerrida contra o Catolicismo, que é realidade e símbolo da maior ordem universal conseguida até hoje, sendo por isso considerada como o maior obstáculo para a consecução da nova ordem mundial que prefere partir do caos (pessoa tornada mero cliente e cidadão mero proletário de ideologias).

O relativismo oportuno a essa ideologia e programa submete tudo à eficiência do capital anónimo e à opinião individual como substrato de uma ideologia social que se quer apoiante da hegemonia de um comércio do capital em que o desgaste da concorrência é premiado com a satisfação do lucro e do consumo que pretende dar vida à actividade individual e social (A satisfação da nova “espiritualidade” deve ser conseguida não já nas atividades litúrgicas, mais ou menos dominicais,  mas no shopping e na ocupação em torno das necessidades primárias.

Passa-se de uma sociedade até agora mantida pela relação interpessoal e uma relação chefe-empregado para uma sociedade sem relação nem alma em que a vida é suportada apenas por acções ou compromissos comerciais e por ordens superiores, até virtuais, que a todos instrumentaliza. Cria-se um mundo em que a energia é o trabalho e em que a satisfação é o lucro onde a relação se reduz a mera estratégia para se chegar a ele (pessoa/cidadão apenas meio para se atingir um fim).

No meu entender e no que respeita à homossexualidade, o que está em questão não é o julgamento positivo ou negativo de pessoas homossexuais ou heterossexuais; os homossexuais são instrumentalizados como barcos de papel entre forças de duas ondas em estado de erosão uma contra a outra;  o que está em jogo é a exigência de igualar a instituição casamento/matrimónio de homem e mulher à  vida comum de dois homens ou de duas mulheres (emparelhar no significado impróprio de acasalar!) e, deste modo, introduzir no pensamento humano o domínio da confusão para melhor se pescar nas águas turvas da sociedade (é a destruição da instituição família a pretexto de desejos individuais legítimos mas descontextualizados). Encontram-se em confronto dois rivais do mesmo poder: o dos que representam as instituições tradicionais e a natureza e o dos que querem chamar o poder a si em nome da cultura e contra a natura, puxando, uns e outros, na chicle da sexualidade.

Atendendo a isto a discussão pública não deveria pôr em questão o indivíduo heterossexual nem o homossexual, mas dar atenção ao ritual desejado público, que as lóbis Gay querem que seja o “Casamento/Matrimónio”.  Estas, porém tornam-se no braço comprido da ideologia interessada na desconstrução da sociedade e em impor o Mamon (símbolo do prazer e do lucro) como único senhor sobre o mundo e para tal tem de usar a estratégia contra toda a organização que por si mesma expresse uma força orgânica do tipo biótopo cultural (O Mamon como latifundiário único apodera-se dos minifúndios culturais usando, para isso, a estratégia do relativismo moral e cultural desautorizador de toda a instituição, estrategicamente apresentada como inimiga do indivíduo (o que vale é a ideologia indefinida e sem limites – para isso se espalha o terreno do caos – que prepare o caminho para uma nova ordem mundial de cunho materialista de indivíduos nascidos sem cordão umbilical).

A relação e a responsabilidade directa ao serem tiradas do biótopo cultural (minifúndio, no caso, a família), para ser transferida para o órgão dinossáurio anónimo, inverte a relação do indivíduo para a instituição orgânica mais baixa (directa) passando o indivíduo a depender de uma estrutura global tipo polvo contra a qual ele se torna totalmente impotente, dado ter deixado de ser orgânico para se transformar apenas num elemento a relacionar-se já não com um órgão imediato estruturado de que faria parte mas apenas como elemento num corpo anónimo, ficando-lhe como mero recurso próprio o controlo da própria necessidade sem possibilidade de solidariedades orgânicas no tal pretenso corpo, porque o tal corpo anónimo até as necessidade pilotaria.

Sem querer desvalorizar o valor da simbologia que se encontra por trás da mística do casamento já bem presente no Cântico dos Cânticos, na Igreja e na mística cristã penso que, eclesialmente, a homossexualidade se trate só, como constante variável, no ramo da pastoral.

Na polis é natural que grupos gays politizem o tema da homossexualidade que, para ganharem rosto social, se querem organizados porque só a organização possibilita uma afirmação eficiente de interesses na polis; os políticos, por sua vez, apropriam-se do tema da sexualidade para atingir fins ideológicos e a longo prazo conseguirem implementar uma nova consciência social: o uso do factor medo e sexo revelam-se sempre como grandes mananciais para quem pretende adquirir poder ou manter-se nele; estes factores revelam-se eficientes porque o povo não nota, dirigindo a atenção só para as necessidades primárias, aquelas que legitimam o poder de quem manda!

Turbo-capitalismo e agentes de anti cultura ocidental unem-se procurando enfileirar os seus multiplicadores e destinatários no relativismo comportamental e cultural como estratégia eficiente para desestabilizar a sociedade e sistemas de valores tradicionais (cria-se uma miscelânea de valores, contravalores e novos valores). O que está em causa é o alinhamento das massas e com elas a afirmação da vontade de poder de grupos interesseiros. De facto, quem não se organiza cede as rédeas da sociedade àqueles que depois critica ou condena. (Temos no islão um exemplo de organização de interesses descentralizada que é tolerada por se encontrar ao serviço da grande massa comunitária. Certamente também por isso, a esquerda tem muitos laços comuns com ele.)

Antes do heterossexual e do homossexual está a pessoa humana

Definimo-nos primeiramente como pessoas, pessoas também sexuadas portadoras de masculinidade e de feminilidade, que embora a natureza queira, não se deixam reduzir à sua função procriadora.  Segundo investigações sociológicas a orientação homossexual, encontra-se presente em, pelo menos, 5% da população. Como ensina a natureza não se resolvem os problemas sociais aniquilando a variedade e a diferença, mas aceitando-a. A excepção confirma a regra, não tendo necessariamente de ser uma contra a outra!

Quanto ao exercício da sexualidade individual entre iguais, este será de avaliar na qualidade de vida dos parceiros. Na Igreja católica da Alemanha, em muitas igrejas, há já o costume de, no dia dos namorados, serem abençoados nas igrejas todos os casais que aparecem; é abençoado quem vem à liturgia “independentemente de serem casados, divorciados ou do mesmo sexo”(1). Assim se respeita a diferença e em certo sentido a comunidade.

Muitos homossexuais sofrem não pelo que são, mas pelo que outros pensam que devam ser. Muitos sofrem uma vida inteira, por, nem sequer, poderem falar sobre uma inclinação que sentem em si, mas que não corresponde à normalidade do que a sociedade aceita. Tanto na vida familiar como na vida do seminário este é um tema de que não se fala. O que conduz alguns para a solidão e isolamento.

Tem que se ter a empatia de ver a tragédia da vida de uma criança que se sente diferente e não pode declará-lo sequer perante os pais e passa uma vida a tentar ser normal não o sendo na visão da normalidade. O que não se pode expressar dilacera uma pessoa e torna-se numa ferida incurável.

Tal como grupos gays se desqualificam na sua luta politizada também seria associal diabolizar ou catalogar alguém pela expressão da sua inclinação ou também pela sua opinião! Há grupos gays que, mais que interessados na defesa e aceitação dos homossexuais na sociedade, pretendem lutar contra o matrimónio, instituição que une homem e mulher e assim negar-lhe o seu caracter natural e cultural.

A vontade de ver reconhecida a homossexualidade em actos culturais públicos e simbólicos, como se reconhece ao Homem e mulher com o casamento, pode, com o tempo, vir a criar expressões sociais cívicas e até religiosas análogas para as uniões homo. A fixação de homossexuais na reivindicação da instituição do casamento assume um caracter ideológico e pretende usufruir do prestígio e das vantagens que o Estado concede ao matrimónio com a intenção de garantir a sustentabilidade de um povo e a solidariedade económica e de serviços, entre as gerações.

Também na Igreja católica seria de desejar evitar a atitude contraditória em relação à homossexualidade embora nessa contradição aquela atribua um lugar soberano à atitude/consciência individual. Atendendo aos preconceitos sociais ainda hoje constitui um acto de coragem declarar-se homossexual, o que não aconteceria se cada qual respeitasse a dignidade do outro (Neste contexto, também é de não esquecer que poderes meramente materiais económicos e de ideologia procuram desestabilizar a sociedade querendo até destruir as raízes dela e o seu humus religioso).

No clero, tal como no corpo diplomático, não seria tão notória a presença homossexual, o que poderia predispor tendências para tais carreiras. Na enfermagem também há bastantes pessoas homossexuais. Há atmosferas especiais que podem favorecer tais tendências…, também se conhecem casos em que pessoas procuram uma solução através do casamento fictício como alternativa.

Os bispos de Paderborn e de Munster, na Alemanha, declararam que não veem numa disposição homossexual um obstáculo à ordenação sacerdotal, tal como o não veem para os heterossexuais na disposição para o sexo oposto. O problema surge no momento do não cumprimento do celibato.  Na igreja é tolerado o padre com tendências homossexuais desde que as não viva concretamente, como pressupõe das condições de vida de um padre. Facto é que tanto heterossexuais como homossexuais, nas diferentes profissões são correctas nas relações com outras pessoas (homens ou mulheres).

Hoje muitas pessoas já não casam primeiramente para terem filhos e não existe a consciência de Abraão em que numerosos filhos era sinal da bênção de Deus e o sentido das crianças já não é só assegurar a existência da tribo. Agora que a terra se encontra toda povoada surgem movimentos contra a procriação.

Cada um é como é, e do conhecimento que tive com pares homossexuais, verifiquei que, por vezes, têm talentos e aptidões próprias muito positivos e especiais no trato, talentos esses que poderiam ser de proveito no serviço social e pastoral da comunidade.

À hora de tomar medidas, a igreja não deve ter medo da arrogância de pessoas que, na câmara escura da sua opinião, julgam as outras pessoas pela rasoura do que é costume sem entender que a natureza é mais completa por integrar nela não só a regra, mas também a excepção (naturalmente sem que esta se torne regra como quer, por vezes, a ideologia Gender e Gay).

Há que distinguir entre a luta de instituições e ONGs pelo poder e o destino das pessoas que são sacrificadas em nome do poder ou da ideologia. O Papa Francisco não julga a pessoa homossexual, mas confessa: “O problema não é ter essa orientação. Devemos ser irmãos. O problema é o lobby por esta orientação, ou lobbies de pessoas gananciosas, lobbies políticos, lobbies maçónicos, tantos lobbies. Este é o pior dos prolemas”.

Também a igreja tem sombras (muitos esquecem que como toda a instituição é formada de homens e mulheres que são como são e não como se desejaria que fossem, e assim projectam a sua luz e sombra por onde passam) mas quem experimentou a luz de dentro não perde a luz que através dela recebeu, a mensagem cristã  e a experiência de Cristo, que passa também na vivência de tanta gente que se contactou na igreja e fora dela, apesar da visão desagradável da sexualidade na hierarquia da igreja.

A renovação da igreja nem sempre segue as pegadas do Espírito Santo; por natureza manca bastante atrás dele. Na igreja encontro o que não encontro em nenhuma outra instituição, por muito respeito que tenha por todas as outras, mas não impede de ver também as sombras que ela deixa. A teologia pastoral da igreja precisa de adaptar certas declarações doutrinárias aos novos dados da ciência, tendo em conta as pessoas concretas sem se cair na crendice científica.

Também a vocação das mulheres nos serviços da igreja, começando com o diaconado, deve acontecer, não por falta de sacerdotes, mas por apreciação do seu valor consignado pelo evangelho da igualdade de homem e mulher (sacerdócio comum) num diálogo mais ou menos equilibrado entre feminilidades e masculinidade.

Certos problemas com a homossexualidade resultam do princípio que o lugar para se viver a sexualidade é o matrimónio de forma aberta à procriação de crianças. No cristianismo a revelação de Deus expressa-se na comunhão de que a união de cristo-Igreja, homem-mulher, encarnação-ressurreição, espírito e matéria se expressam de forma ideal a realidade material e espiritual de forma prototípica em Jesus-Cristo, vida e vivência em processo contínuo de caracter trinitário. O eu mais o tu são mais que o nós!

Jesus Cristo chamou-nos a andar sobre as águas (Mat.14:22-36) e para ter confiança nEle apresentando como pressuposto o abandono do medo e de “fantasmas” de muitas ideias e que nos levam a ser “Homens de pouca fé”.

Deus, como o céu encontra-se em toda a parte, independentemente do aqui e acolá. Precisamos de uma linguagem não exclusiva, mas que coloque tudo em diálogo e em relação, segundo a matriz da fórmula trinitária que é expressão da verdadeira vida vivida. A luta secular da afirmação da negação do outro como contrário deve ser estranha a uma espiritualidade cristã que une os aparentemente contrários. O aproveitamento e a instrumentalização da sexualidade especialmente pela esquerda não facilitam a abertura das mentes conservadoras para todos trabalharmos no sentido da inclusão (2).

Não fosse a luta de interesses pelo poder, porque gastar tantas energias em assuntos secundários na Igreja e na sociedade em geral?

As Dores da Mudança

Desde o concílio Vaticano II e com a geração 68 encontramo-nos num tempo de mudanças paradigmáticas em toda a sociedade, sendo de reconhecer muito embora que algumas delas são fruto do espírito do tempo, da moda passageira e de interesses surgentes.

A mudança é necessariamente sentida como crise, porque as pessoas são educadas para seguirem actos rotineiros e outros não percebem sequer o sentido que a mudança leva.  A moral e o direito que antes eram confecionados em torno (dos interesses institucionais) do Estado e da família passaram a fundar-se nos direitos humanos individuais (1948), nos interesses da cidadania. Impercetivelmente, isto implica uma mudança radical na perspectiva da elaboração do Direito e do delineamento da moral. Há que estarmos atentos ao que será lícito e ao que ocorre ilegitimamente.

Numa época da individualização de direitos garantidos que antes se adquiriam por pertença a uma instituição observa-se uma desestabilização das instituições e a afirmação de individualismos desenraizados, organizados agora em torno de poderes individualistas e anónimos (capital + ideologias). Organizações e instituições, sem a consciência de órgãos de um mesmo organismo, lutam umas contra as outras em vez de tentarem evoluir no serviço do todo social. Sofrem os Estados tendo de abdicar de certas soberanias, sofre a Igreja ao ver a humanidade degradar-se e a família desmantelar-se, sofre o sistema político ao verificar que o sistema corporativista do Estado se encontra desestabilizado devido à falta de confiança de um eleitorado já não fiel à instituição, corporação ou partido. O caracter político estatal e eclesial ainda não encontraram um novo modus faciendi correspondente ao novo perfil de cidadão em formação com um ideário próprio e uma moral cada vez mais de tipo à la carte.

De uma sociedade antes predominantemente organizada num sistema de corporativas solidárias e em sistemas morais coesos está-se a viver a fase de uma sociedade já não tanto fundamentada em organizações como a família, mas nos direitos humanos individuais. Naturalmente numa altura em que se expressa mais o indivíduo contra a instituição (família, religião, pátria) torna-se tudo mais doloroso e surgem grupos que se aproveitam do empasse para destruir revelando-se exclusivamente a favor de um polo da realidade e radicalmente contra o outro. (Passou-se de um extremo do poderio das instituições sobre as pessoas para o poderio do indivíduo contra as instituições culturais; isto, em parte, seguindo aspirações legítimas, mas de facto em favor da hegemonia do poder anónimo do capital e de ideologias suportes).

O facto de grande parte da sociedade não poder preocupar-se com as razões profundas do sentido da vida e da vida social não pode justificar que as instituições políticas e religiosas fomentem e explorem essa situação, deixando de corresponder ao apelo do bem comum e do evangelho, de não se deixar prender por hábitos meramente circunstanciais que amarram o Homem a modas ou a certas tradições e hábitos. Elucidação, esclarecimento do povo de maneira integral seria a palavra de ordem para se chegar a uma cidadania/democracia de qualidade.

Teologia, filosofia, política, ciência, artistas, crentes e não crentes temos que entrar todos em diálogo inclusivo, na consciência que somos todos irmãos-gémeos, filhos do mesmo Deus, todos ao serviço de todos na grande realidade que é a diferença: aquilo que nos individua e pode definir. Jesus venceu a dor integrando-a nele!

Fica a controvérsia num assunto, como tantos outros envolvidos pelo mistério da vida e pelas marcas do tempo. O ideal cristão e a natureza convidam-nos a fraternizar com a diferença sem termos de nos identificar com ela nem tão-pouco de nos perdermos em moralizações valorativas ou depreciativas.

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo (Português e História)

Pegadas do Tempo

  • (1) Diz o Pe. Harald Fischer, Decano da igreja católica em Kassel: “no Dia dos Namorados, temos abençoado todos os casais que vêm à igreja desde há anos, independentemente de serem casados, divorciados ou do mesmo sexo”.
  • (2) Até 1973 a Organização Mundial de Saúde (OMS), entidade ligada à ONU, afirmava que homossexualismo era distúrbio psicológico. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou uma resolução em 23 de março/99 proibindo os psicólogos de dizerem que podem ser ajudados a mudar sua orientação sexual. Pedofilia, homossexualismo é visto ora como doença, ora como desvio comportamental, dado a ciência não encontrar explicação convincente que façam uma pessoa homossexual (factores inactos (DNA), factores adquiridos e factores psicológicos. Trata-se de uma aceitação de tipos de relacionamentos. Muitos homossexuais sentem-se no direito de uma vida digna e em face ao preconceito caem no isolamento e na depressão; ninguém escolhe o isolamento nem é masoquista a ponto de gostar da exclusão. Alguns artigos meus relacionados com o temas : Porque não considerar sexualidade e espiritualidade como energias complementares… Celibato – Ontem uma Bênção – Hoje um Problema. O caracter apelativo do sexo e ainda Mulher de fraudada e Casamento civil para homossexuais : https://triplovblog.wordpress.com/2015/06/18/casamento-civil-de-homossexuais/

 

 

“CASAMENTO” HOMOSSEXUAL CHUMBADO PELO TRIBUNAL DOS DIREITOS HUMANOS

Governos e Lóbis não querem que se fale disto!

António Justo

Se houve alguma coisa que passou na opinião pública como o gato sobre as brasas foi a decisão do Tribunal mundial dos Direitos Humanos, em Estrasburgo que decretou (2016), por unanimidade que “não existe o direito ao casamento homossexual”.

A Resolução do Tribunal do Conselho da Europa declara que “casamento só pode ser realizado entre homem e mulher também porque a família é a base da sociedade (a ela se deve a evolução humana) e aos governos não deve ser imposta a “obrigação de abrir o casamento a pessoa do mesmo sexo”.

A “decisão” baseou-se no artigo 12 da Convenção Europeia de Direitos Humanos, e, entre outros, em relatórios científicos e no direito positivo.

O “casal” homossexual seria incapaz de gerar prole por processos naturais, não se assemelhando à família, que deve ser prestigiada pelo Estado como base da sociedade.

Legislações que determinaram que família também seria constituída pela união de pessoas do mesmo sexo violam o direito constitucional.

A decisão é ao mesmo tempo uma machadada contra a ideologia do género, que pretende, para seus fins ideológicos, desprestigiar o casamento de homem e mulher, defendendo para isso que os seres humanos nascem sem sexo definido. Tal é o pretensiosismo ideológico que em nome da cultura quer acabar com as leis da natureza.

Falar disto torna-se embaraçoso para parlamentos, grupos políticos e pessoas que cavalgam a todo o trote em temas do género considerando-os como mais valia na definição do seu estatuto político-social.

Não tendo eu preconceitos contra homossexuais acho, porém que, por cobardia e segundas intenções, os Media, desta vez, no que respeita ao tema, se mostraram muito frugais na informação de modo que a opinião pública pouco foi informada sobre a decisão do tribunal; os Media, pelos vistos, não tiveram agrado na decisão e por isso não houve eco na opinião pública.

Não é de negar o direito a pares do mesmo sexo viverem juntos. Uma coisa é a excepção à regra e outra é a regra; estas não devem ser confundidas quando se pretende igualar a união de pares do mesmo sexo ao casamento de homem e mulher. Em vez de os homossexuais tentarem ocupar a instituição familiar (“casamento”) e deste modo tirar-lhe o seu fundamento e missão, deveriam, pelo contrário preocupar-se em criar novos rituais específicos socializadores de novas expressões e necessidades humanas. O Estado deveria criar uma instituição que lhes reconheça dignidade semelhante à do casamento. Uma coisa é a lua pelo direito ao amor homo e outra é a luta pelo “casamento”. Os Estados devem criar um quadro jurídico para os pares homossexuais onde se lhes confira o direito fundamental de determinarem sua forma de vida e o próprio amor de maneira a não serem discriminados. Todos estamos chamados a viver os mais altos ideais de amor independentemente da forma institucional que os abriga.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • (1) Não há direito humano a um casamento entre pessoas do mesmo sexo. Portanto, o primeiro “casamento gay” da França em 2004 poderia ser anulado pelos tribunais franceses, o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (CEDH) decidiu na quinta-feira, 9 de junho de 2016, em Estrasburgo (Ref.: 40183/07). Nos termos da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, os Estados não são geralmente obrigados a permitir que casais do mesmo sexo se casem. O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem já tinha decidido da mesma forma sobre a Áustria em 2010. https://www.juraforum.de/recht-gesetz/kein-menschenrecht-auf-gleichgeschlechtliche-ehe-558539