Islão – Um Desafio à Cultura ocidental e à Religião

Diálogo – Uma Estrada de Sentido único

 

António Justo

 

A forte emigração muçulmana para a Europa, as maiores taxas de natalidade dos muçulmanos e as condições do casamento de muçulmanos com mulheres doutras religiões são factores que conduzem a um grande avanço do Islão. A expansão, que não pode fazer através das armas, consegue-a através da procriação, da discriminação de minorias nos próprios países, da política de gueto no exterior, de leis de casamento e da severidade da religião. Por outro lado, a política ocidental aceita, sem contrapartidas, a sua autoafirmação dentro dos próprios Estados pelo facto da religião islâmica fazer parte do poder político e estatal dos países muçulmanos e também devido à dependência dos Estados ocidentais do petróleo árabe, e à possibilidade de investimento neles.

 

A linguagem das Estatísticas

Um estudo realizado nos finais de 2011 e publicado pelo US- Pew Research Center e seu foro Religion & Public Life, sobre o futuro global dos muçulmanos nos próximos 20 anos, revela que a população mundial muçulmana aumentará de 35%, isto é, passará de 1,6 mil milhões para 2,2 mil milhões. Nos países muçulmanos com menor formação escolar das mulheres, cada mulher dá à luz, em média, 5 filhos, enquanto nos países muçulmanos com maior formação escolar, a média por muçulmana é de 2,3 crianças.

 

O estudo prevê para a Europa de 2030 um aumento de, actualmente, 44,1 milhões de muçulmanos para 58,2 milhões; nos USA de 2,6 milhões para 6,2 milhões. Nas nações europeias, os muçulmanos sofrerão grande aumento: na Inglaterra passarão de 2.869.000 para 5.567.000; na Bélgica de 638.000 para 1.149.000; na Alemanha de 4.119.000 para 5.545.000; na França de 4.704.000 para 6.860.000; os Países Baixos também aumentarão de 914.000 em 2010 para 1.365.000 em 2030.

 

Mundivisões diferentes

O que está em questão entre a sociedade ocidental e a sociedade islâmica é o encontro de duas concepções de Deus-Homem-Sociedade totalmente diferentes e secundadas por práticas e estratégias contrárias de auto-afirmação. A sociedade islâmica caracteriza-se pela autoafirmação pela defensiva cultural (monocultura) pela acentuação do grupo e a sociedade ocidental (cristã) afirma-se pela abertura (interculturalismo), pela acentuação do indivíduo.

 

Assim não se proporciona um diálogo intelectual sério entre maometanos e o ocidente. A política está interessada numa opinião pública de nivelamento das religiões; não está interessada em diferenciações que tornem inquietas as maiorias. Sem discussão, a sociedade acolhedora vai cedendo às exigências dos guetos muçulmanos, procurando, por outro lado, fomentar oportunidades da sua integração indirecta através de aulas de religião islâmica nas escolas e através da criação de cursos da religião maometana (“Centros islâmicos”) nas universidades. Estes esforços dão-se na espectativa de fomentar entre os muçulmanos o espírito científico e o diálogo interdisciplinar, no intuito de levar os muçulmanos a fomentar o espírito académico teológico na sua discussão interna e a não se limitar ao âmbito moral (leis) e de costumes.

 

Na Alemanha há 900 mesquitas com os seus Imames (orientadores religiosos) normalmente, enviados pela Turquia em sistema rotativo; estes têm, geralmente, pouca formação geral, o que se tem revelado como um dos factores fomentadores do espírito de gueto.

 

Cerca de 70% dos muçulmanos alemães são sunitas; os alevitas (mais democráticos) são 12%,  os xiitas 7%  e os Ahmadiyya 1,7%. Dentro da comunidade maometana há também a pequena minoria dos salafistas – grupo extremamente radical – muitas vezes envolvidos em ataques à sociedade não islâmica.

 

Entre maometanos alemães, levantam-se vozes raras, como a da deputada Lale Akgün, que considera a crescente “islamização desastrosa para muitas áreas da vida em que a religião não tem lugar”.

 

De facto, esta civilização que não conheceu o renascimento não aceita uma sociedade laica a rivalizar com ela e para quem o ser humano é concebido apenas em parâmetros culturais religiosos (homo religiosus). A propaganda contra os judeus tem aumentado substancialmente entre os imigrantes turcos bem como na etnia árabe e norte-africana. 90% da imigração para a Europa, desde os anos 90,  é muçulmana.  O fomento político desta imigração foi considerado como um erro por Helmut Schmidt, antigo chanceler alemão.

 

A estratégia muçulmana de auto-afirmação pelo gueto e a negação do modernismo em contraposição com o relativismo de valores ocidentais tem-se revelado vantajosa para a afirmação da religião muçulmana. Na França há mais de 1.000 mesquitas. No sul da França, já há mais mesquitas do que igrejas.

 

O diálogo intercultural urge e não pode continuar tabu

O tema da imigração muçulmana tem sido considerado tabu pela maioria dos intelectuais europeus e dos políticos. Não se dá uma discussão séria entre a cultura árabe e a cultura ocidental devido aos interesses das elites económicas, políticas e ideológicas. Nunca é tematizado o caracter da relação totalitária da religião a nível concepcional, social e humano.

Qualquer análise mais crítica relativamente ao islão e às atitudes dos imigrados islâmicos é abafada de início com o carimbo de islamofobia e de extremismo. Do islão ou se fala bem ou não se fala. O ditado do politicamente correcto da informação conduz a uma verdadeira desinformação e as pessoas, mesmo no convívio privado têm medo de se expressarem sobre o assunto. Devido à grande quantidade de muçulmanos os políticos estão interessados neles como votantes, com as consequências que daí derivam. É verdade que uma discussão aberta poderia, por um lado, ajudar os imigrantes maometanos a compreender melhor os parâmetros por que se orienta a sociedade civil ocidental, mas por outro criaria inquietação na sociedade acolhedora, correndo o perigo de se fomentar a xenofobia.

 

O comportamento exigente das comunidades islâmicas e a sua política de gueto na sociedade europeia aberta, que lhes permite liberdade total, fomenta muitos medos nos povos ocidentais.

Na discussão pública alemã procura-se branquear a praxis agressiva islâmica actual com argumentos de tolerância islâmica em eras passadas e sente-se a necessidade de enxovalhar o cristianismo de hoje com argumentos desfavoráveis do passado (cruzadas, inquisição, etc.) na esperança de que o maometanismo também se mude. Um irracionalismo de último grau ao denegrir-se o cristianismo portador no seu seio dos valore individuais e da democracia. A hipersensibilidade muçulmana com as suas reacções públicas imediatas, atemoriza os políticos e muitos membros da sociedade contribui assim para uma hipocrisia nas relações. A opinião publicada e o politicamente correcto paralisam qualquer opinião crítica em relação às comunidades islâmicas e ao islão.

 

O desenvolvimento da economia ocidental criou a necessidade de mão-de-obra; nesse sentido, os políticos abriram as portas à imigração contando apenas com mão-de-obra mas, depois de algum tempo, depararam com pessoas que traziam com elas, como é natural, os seus costumes. Quando os políticos se viram confrontados pela afirmação de costumes e éticas culturais questionadores da harmonia social meteram a cabeça na areia, tal como faz a avestruz, quando se encontra em perigo. Agora a política (União Europeia) aceita as crenças sem contar que com elas vêm as religiões e os conflitos interculturais. O direito à imigração é um direito inalienável; o que se precisa é responsabilidade e respeito pela dignidade humana da parte dos acolhedores e dos acolhidos.

 

Dificuldades no Diálogo inter-religioso e intercultural

Na Europa, a religião encontra-se enquadrada por um pano de fundo de tendência liberal capitalista e socialista; estas são orientações aparentemente contraditórias, mas complementares na instrumentalização da pessoa e do seu modo de sentir e viver. O que conta é a matéria e o produto que se faz dela. Uma filosofia relativista suporte, justifica o consequente individualismo consumista e a massificação duma sociedade, cada vez mais incapaz de distinguir e analisar.

 

Neste panorama, o cristianismo, fundamento da civilização ocidental, encontra-se de retirada. É sentido como demasiado complicado e exigente para uma sociedade que se quer consumista e proletária. Vão-se sucedendo ondas da moda a nível de ideias e de consumo, numa espiral de desresponsabilização individual e institucional.

 

Assim, na Europa dos anos 70 esteve em moda o induísmo que ainda acreditava em Deus. Depois seguiu-se-lhe a onda ateísta com o budismo. O Budismo (novo budismo), como é percebido e espalhado no Ocidente, vem mais de encontro às necessidades de pessoas que se satisfazem com um budismo de tipo coquetel espiritual à la carte, virado para o momento do agora e aqui. Procura-se o prático e o útil. Não se trata de crer mas de experimentar. As pessoas sentem-se bem num budismo que junta o útil ao agradável, ensinando técnicas de vivências pessoais e criando espaços para se descansar dum pensar esforçado e duma vida estressada.

 

Muitos ocidentais aprendem a aprofundar-se no cristianismo através do desvio do budismo. Um cristianismo, por vezes demasiadamente intelectual e fixado no além recebe assim uma rectificação intuitiva.

 

Um outro desafio, não só à religião cristã mas à cultura ocidental em geral constitui o aumento crescente e militante do islão que com uma doutrina simples (subjugação) e uma ética fácil se vai espalhando na Europa.

 

Duas concepções de Homem e sociedade diferentes têm a oportunidade de se encontrarem na responsabilidade e respeito pela dignidade humana. Para isso o politicamente correcto não deve adiar uma discussão séria que ajudaria acolhedores e acolhidos a melhor compreender os parâmetros por que se orienta a sociedade árabe e a sociedade ocidental e ambos trabalharem no sentido de um progresso comum.

 

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@gmail.com

www.antonio-justo.eu

 

Solidariedade entre os Estados da Alemanha – Um Modelo concreto para a Europa

Troika como Instrumento de Exploração e Repressão das Economias fracas

António Justo

A Alemanha conseguiu recuperar uma economia em pior estado que a de Portugal. Compensação financeira da EU – Seria uma solução justa para os Países da periferia. Compensação financeira nacional (LFA) – O Exemplo do sucesso alemão: contrato social e responsabilidade individual. A Troika serve os interesses do grande capital promovendo uma política insocial e de repressão económica e democrática.

A República Federal da Alemanha é formada por 16 estados (Länder) com diferente poder económico entre eles. Há estados ricos e estados pobres. Para criar uma justiça económica equitativa entre os estados, a Alemanha criou um instrumento regulador que é a Compensação Financeira Nacional (LFA). Deste modo impede demasiadas desigualdades de condições de vida entre os habitantes dos diferentes estados e contribui para que haja menos emigração da população dos estados pobres para os estados ricos.

Na Alemanha, em 2012, os estados com maior poder econômico e receita tributária contribuíram com 7.925 milhões de euros para os estados pobres da Alemanha (DPA). A Baviera contribuiu com 3.904 milhões, o Baden-Vurtemberga com 2.694 milhões e o Hesse com 1.327 milhões. Os estados recebedores foram Berlim (3.323 milhões), Brandeburgo (542 milhões), Bremen (517), Hamburgo (21), Meclemburgo-Pomerânia Ocidental (452), Baixa Saxônia (173), Renânia do Norte-Vestefália (402), Renânia-Palatinado (224), Sarre (92), Saxônia (963), Saxônia-Anhalt (547), Schleswig-Holstein (129) e Turíngia (541milhões). (Estes dados são também importantes para quem tenciona emigrar para a Alemanha).

A Alemanha tem uma posição-chave na Europa e possui um sistema de política social dum contrato social exemplar. Procura manter, a nível interno, uma economia social de mercado baseada no princípio da responsabilidade pessoal complementado pelo princípio da solidariedade da doutrina social cristã. Não seria justo que, num mesmo país, as pessoas que vivem numa zona pobre como Meclemburgo-Pomerânia Ocidental não tivessem direito a um nível de vida digno como as que vivem nas zonas ricas do Baden-Vurtemberga e Baviera. A sua economia social de mercado tem como consequência a política de distribuição. O princípio é: “dou para que dês”! Por exemplo, a Baviera, na altura em que era um estado mais agrário, recebeu ajuda até aos anos 80. A Baviera investiu os fundos de apoio recebidos em indústrias emergentes e hoje é o estado que mais contribui para o fundo de compensação financeira nacional (LFA).

Sobretaxa de Solidariedade para Zonas pobres: Modelo da União alemã

Aquando da reunificação da Alemanha em 1990, a parte da Alemanha socialista (DDR) encontrava-se em muitíssimo pior estado que actualmente os estados da zona euro do Sul. Para conseguir um nível de vida económico equilibrado entre a parte ocidental e a parte oriental, a Alemanha federal criou uma sobretaxa de solidariedade de 5,5% de imposto para, com a receita, ajudar a Alemanha oriental (antiga DDR). A Sobretaxa de solidariedade é um imposto adicional ao imposto de rendimento, imposto sobre ganhos de capital e imposto sobre as sociedades na Alemanha.

O imposto de solidariedade é um imposto directo. Dado ser uma necessidade a longo prazo o Tribunal superior considerou legal esse imposto. Este imposto adicional é geral. Por exemplo: quem paga 1000 € de imposto tem de entregar 1.055 € às finanças e assim por diante, devido ao montante da sobretaxa de solidariedade dos 5,5% a acrescentar ao imposto de rendimento. Na Alemanha todos os anos se dá um transfere de subvenções para investimento na parte oriental em muitos milhares de milhões de €. Desde 1991 até 2012 já foram transferidos 212.000.000.000 €. Estes fundos são para equilibrar os custos com a reunificação da Alemanha, isto é, para conseguir um equilíbrio de economias e rendimentos entre as duas zonas da Alemanha. Todos pagam desde 1991 esta sobretaxa e ninguém bufa. É para bem de todos; o povo alemão tem consciência de povo e as elites não são arredias ao pacto social. Deste modo, um povo trabalhador e unido jamais será vencido!A mesma política que é boa para os alemães porque não ser aplicada a toda a Europa para que os fundos sejam investidos em empresas emergentes nos países marginais.

Arbitrariedades da Troika – Política insociável e de Repressão 

A União Europeia tornou-se, em grande parte, um instrumento de exploração das economias fracas. De facto transferiu muito dinheiro para Portugal mas dele aproveitou-se sobretudo o grande capital (empresas) das grandes nações. Vieram firmas alemãs fortes e doutros países aproveitando-se dos fundos europeus e das regalias bem como de isenções de impostos ao instalarem-se e passados dez anos, quando deveriam render para o Estado, abandonam o país para se irem aproveitar doutros fundos a ser concedidos a outras zona de alargamento da EU.

A maneira de actuar da União Europeia, relativamente a Portugal, é altamente injusta e unilateral porque parte do princípio de relação de Estados e pretende o controlo a nível de Estados quando o que está em questão é a relação das economias e das regiões entre elas e o problema das multinacionais que abafam as economias fracas, à margem dalguns Estados. A política da EU serve, de sobremaneira, os interesses das grandes empresas e da indústria financeira das grandes nações. Assim, na Zona Euro, os Estados fortes actuam, de forma cínica, através da Troika, com o objectivo de encobrir e defender os interesses das suas economias e dos seus agentes económicos (indústria financeira e firmas). Hoje Portugal sofre e paga pela administração corrupta e pelos desfalques que empresas internacionais provocaram ao abandonarem Portugal, depois de lhe terem destruído as pequenas e médias empresas (têxteis, calçado, pesca) e de lhes terem levado os seus melhores técnicos entretanto neles integrados. Uma outra política das empresas das economias fortes é exportar produtos e tecnologias ultrapassadas ou já proibidas no país (como se verifica ainda no emprego de químicos e de aparelhos esbanjadores de energia).

Uma política económica racional e produtiva teria de ser feita segundo o modelo de solidariedade semelhante ao que a Alemanha aplicou a nível de solidariedade nacional e para que os fundos fossem produtivos. O esforço alemão dentro das próprias fronteiras e a estratégia de fomento de justiça económica e social aplicado na Alemanha deveria ser transferido para as zonas periféricas. Qualquer outro modo de enfrentar o problema é injusto para a nação portuguesa e perpetua a dependência dos fracos. O problema impeditivo duma tal estratégia vem do facto das nações fortes viverem das suas grandes e médias empresas que acarretam o dinheiro para as suas nações. Em nome do internacionalismo e da EU fomentam-se os interesses nacionalistas com o instrumento dum capitalismo liberal extremo.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@gmail.com

www.antonio-justo.eu

Atentado à Vida de Mulheres, Idosos e de Embriões femininos

12.000 Mulheres raptadas no Quirguistão

António Justo

Preferido o Aborto de Embriões do Sexo feminino

Sociedades machistas ou de ideias arcaicas em que o homem vale mais que a mulher, além de considerarem o nascimento duma mulher como um peso, muitas vezes, também maridos e sogras exercem grande pressão sobre as mulheres para que tragam ao mundo um menino e não uma menina. Muitas vezes, a mulher é obrigada a abortar, sofrendo ela as consequências psíquicas do acto, a ponto de se suicidar, como aconteceu na Albânia a uma mulher de 28 anos. O Conselho Europeu em Estrasburgo constatou na Albânia uma maior percentagem de abortos de embriões do sexo feminino, já fora dos prazos de aborto legal. Com os diagnósticos pré-natais pode ser verificado, além de doenças hereditárias, o sexo da criança por nascer, entre a 12 e a 14 semana de gravidez.

Uma resolução do Conselho Europeu em Estrasburgo, de Novembro 2011 afirma que “a seleção de sexo pré-natal atingiu dimensões preocupantes”. As estruturas demográficas são baralhadas. Muitas famílias fazem uso do diagnóstico pré-natal para recorrerem ao aborto de mulheres grávidas de meninas. Na Europa, também o diagnóstico genético pré-implantatório (PID), é usado em 2% para determinar o sexo.

A relação de nascimentos, em geral, cifra-se numa média de 105 meninos por cada 100 meninas recém- nascidas. Na Albânia são 112 meninos. Esta prática de selecção, embora mais própria de sociedades patriarcais arcaicas, também se verifica na Europa.

Com a relegação do aborto para o sector da saúde, actos contra a humanidade tornam-se irrelevantes para a justiça, dado passarem a não pertencer ao sector dos direitos humanos. A tecnologia moderna dá oportunidade aos pais de, arbitrariamente, determinarem a selecção do sexo.

A Igreja Católica, o único lóbi pelas crianças ainda não nascidas, admoesta a ciência e o legislativo no sentido de universalmente se assegurar a dignidade humana e a integridade física da pessoa, como direito constitucional. A inviolabilidade da dignidade humana é um princípio da cultura ocidental a universalizar.

Hitler, no sentido do darwinismo social, já tinha praticado, a aniquilação de vidas consideradas “menos válidas”, a eutanásia, a esterilização de pessoas e a extinção de grupos ou raças não julgadas úteis à sociedade. Para quem a dignidade humana não é tabu traz consequências tremendas para a sociedade. As pessoas são influenciáveis por objectivos curtos a atingir e facilmente estão de acordo com leis desumanas, como se viu nos regimes de Estaline e Hitler e ainda hoje se constata em vários regimes jurídicos culturais.

Idosos e Doentes perturbam o Negócio

O ministro das Finanças, do novo governo japonês, acaba de afirmar que os idosos doentes devem “morrer rapidamente”, para aliviar o Estado do pagamento de cuidados médicos. „Deus queira que (os idosos) não sejam forçados a viver até quando quiserem morrer… O problema não tem solução, a não ser que os deixemos morrer, e depressa” disse Taro Aso durante uma reunião, em Tóquio, sobre as reformas da segurança social.

Rapto nupcial de 12.000 Mulheres num Ano – A Ponta do Iceberg

Hodiernamente, mulheres continuam a ser raptadas e a não ter direito a escolher o marido em várias sociedades

No Quirguistão são raptadas cerca de 12.000 mulheres por ano (HNA 29.12.2013) por homens que as obrigam a casar.

Sob a pressão da crítica de defensores dos direitos humanos, o presidente do Quirguistão na Ásia Central, assinou uma lei contra o rapto de noivas. A lei prevê uma pena que vai até 7 anos de cadeia.

Em certas sociedades a mulher ainda continua a seu uma presa do homem e da sociedade. Destas coisas os Media não informam por respeito ao direito cultural, como se a barbaridade cultural fosse superior à dignidade humana.

A nossa sociedade facilmente desvia os olhares das próprias iniquidades falando dos crimes acontecidos na Idade Média e não se preocupa com a Idade Média com que vivemos.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@gmail.com

www.antonio-justo.eu

 

LUSOFONIA A CHANCE DE FUTURO DOS PAÍSES LUSÓFONOS

Ontem submergiram às Colonizações das nações e hoje não resistem às das Civilizações

A Hora da Lusofonia está a chegar (3)

António Justo

Não, a Lusofonia não “ é a última marca de um império que já não existe” como quer António Pinto Ribeiro. (1) A construção de biótopos culturais /identidades nacionais não é contraditória à sua afirmação numa supraestrutura capaz de concorrer com outras supraestruturas mundiais.

 

Uma característica de quem se empenha na nobre tarefa da Lusofonia será, precisamente, através duma fábrica de pensamento, não adiar os problemas para o futuro mas sim encará-los com realismo para se antecipar a ele, numa estratégia de sustentabilidade. É necessário prever-se o perigo para termos a chance de lhe dar solução. Parte-se do status quo para se chegar ao que se deveria ser. Se queremos salvaguardar o bem-estar futuro, urge reformar o presente. A isto estão chamados, com conceitos e projectos concretos, os governos, as empresas, as universidades, as igrejas, os sindicatos, as associações e os cidadãos adultos interessados em construir um mundo adequado à dignidade humana e aos sinais dos tempos. A Lusofonia seria a realização de uma terceira via diferente.

 

Filosofia desejável para a Lusofonia

 

A Lusofonia não é nem foi, faz-se. Lusofonia poderá ser uma maneira diferente de ser e estar no mundo. Quer fomentar uma nova maneira de estar no tempo e no espaço, um novo modo de ver, agir e sentir o espaço geográfico-cultural lusófono e seus intervenientes. Essa maneira de estar já foi em parte exercitada, na miscigenação brasileira. A Lusofonia pretende fomentar a via especial dos povos lusófonos; uma terceira via diferente, não reduzível a um compromisso entre sistemas económicos/ideológicos (capitalismo e socialismo). Não se fica pelo pensamento bipolar. Raciocina, também, com uma lógica polivalente não fixada no “verdadeiro” e no “falso” mas reconhecendo no “possível” o elemento personalizador que leva a reconhecer a evidência da realidade. Não se fecha no “ou… ou” mas realiza-se numa prática e lógica aberta do “não só… mas também”, imbuída de complementaridade, enfim, uma via integral a-perspectiva. Também não rejeita a existência de padrões de comunicação: importante é a tentativa de integrar a posição do outro.

 

Os parâmetros filosóficos da Lusofonia incluirão uma consciência da complementaridade orientada pelo ideário de vida pensada e realizada a partir do nós, numa relação pessoal geradora de “eus” e “tus” adultos, gratos e gratificados. O “nós” será o ponto de partida e de chegada do pensar e agir.

 

Alternativa: ser satélites dos outros ou planetas do próprio sistema

Os países lusófonos têm que estar conscientes da alternativa do seu futuro: ou ser satélites anónimos de algumas potências ou tornarem-se eles mesmos os planetas do próprio sistema lusófono, tendo como seu centro a língua portuguesa e um ideário comum expresso numa relação mais que de cidadãos de irmãos. Não é assim que já nos tratamos quando falamos dos irmãos timorenses, brasileiros, angolanos, etc.? Se na palavra “irmãos” já temos um indicador de consciência fraterna e solidária, porque não investir nela a nível político, económico, cultural e humano? Já se esqueceu a solidariedade fruto dessa consciência lusófona, tida com Timor? A “Língua é a nossa pátria”! Unidos, ninguém nos destruirá e a Lusofonia (Comunidade Federal) transformar-se-á numa verdadeira potência de humanidade e fraternidade.

Como nações desorganizadas estaremos determinados a andar sempre atrás do progresso sob o ditame económico e político dos outros; como confederação lusófona (mais tarde federação) traria a si o poder de se autodeterminar e influenciar o futuro a nível global com uma política e economia próprias. Para tal pressupõe-se a união da inteligência racional à inteligência emocional, se não nos queremos perder deixar levar e perder na ditadura do factual e nos meandros duma emotividade nacionalista míope.

O movimento da lusofonia irmana a consciência de diferentes perfis antropológicos e sociológicos na resposta a dar aos sinais dos tempos como indicadores de futuro. Numa altura em que o imperialismo americano, chinês e europeu se aproveitam do globalismo para se imporem às nações e a grupos desacautelados, a resposta adequada será a organização das identidades lusófonas no projecto supranacional da Lusofonia: Um ecossistema cultural e humano à altura da nova reorganização civilizacional.

 

O conceito Lusofonia é realmente abrangente não podendo ser demasiadamente definido porque toda a definição bem contornada poder-se-ia revelar como limitadora do processo de desenvolvimento de identidades.

 

Já não chega uma boa relação entre os povos lusófonos; é preciso um sonho, um programa, uma vontade declarada de todos apostarem num ideário civilizacional comum, prometedor dum céu e duma terra para todos, com uma praxis de supremo respeito pela dignidade humana e pelo direito à diferença como valor.

 

Urge a Colaboração económica entre os países lusófonos

 

Trata-se realmente de unir, pessoas, povos e continentes para que da união surja uma força cultural, económica e política capaz de resistir a novos imperialismos. É importante apresentarem-se conceitos e estratégias capazes de alertar os governos para os perigos que se escondem por trás de acordos com firmas e potências que possam comprometer o seu futuro (a China, aproveitando-se da irreflexão europeia e da crise americana já conseguiu muito!). Os poderes das grandes potências camuflam-se através de influências anónimas que paulatinamente amarram governos, estados e nações. No futuro os Estados não terão sequer a oportunidade de corrigir os erros do passado com revoluções nem com nacionalizações. As intrigas internas serão controladas pelas grandes potências que não terão pejo de apoiar grupos contestatários de governos legítimos. No século passado as nações com pouca força económica ainda podiam optimar negócios jogando com os interesses concorrentes entre capitalistas e socialistas (USA e União Soviética), hoje, com a reorganização dos Estados em grupos de interesses económicos estratégicos e políticos torna-se dificílimo para os governos avaliar a longo prazo os compromissos que assumem com os grupos concorrentes (China, Liga Árabe, USA, EU, Rússia, etc.). Numa fase de ainda não consolidação duma união dos estados lusófonos, toda a África deveria, por razões estratégicas de futuro, privilegiar as relações com a Europa, precavendo um possível cenário que poderá ser o de os possíveis conflitos  entre a Ásia e a Europa se realizem na África, à imagem do que já aconteceu no passado em África relativamente aos interesses das nações e ao conflito da “guerra fria”.

 

Uma política favorecedora de colaboração com firmas e fluxos migratórios dos países lusófonos entre si revelar-se-ia como medida inteligentíssima contra o imperialismo económico que amarra o futuro das nações. É uma dor de alma ver como tantos académicos portugueses são aliciados por potências fortes, como a Alemanha, quando esses técnicos poderiam emigrar para os países lusófonos, contribuindo para o seu enriquecimento. É importante a salvaguarda de recursos humanos, étnicos, culturais e económicos numa cooperação multilateral que não avassale nenhum “biótopo” lusófono. A união faz a força. Cada país lusófono, no continente em que se encontra, constitui uma riqueza estratégica imensa.

 

A África continua em situação precária, sendo palco da cobiça e dos jogos de interesses ocidentais, árabes, chineses, russos, etc. Estas potências pretendem cimentar aí zonas estratégicas de influência. Ao contrário do autor inicialmente citado, sou do parecer que hoje a Lusofonia, à semelhança da posição de Portugal com a sua pretensão do Mapa Cor-de-Rosa na Conferência de Berlim (1884-85), pretende acautelar a defesa dos interesses das diferentes identidades étnico-culturais ameaçados por forças internacionais com mera intenção de domínio económico e estratégico. Às línguas estão subjacentes interesses de toda a espécie; em torno delas surgem as verdadeiras constelações do futuro. Hoje, tal como na Conferência de Berlim, as potências querem alargar as suas zonas de influência para depois, fazerem de terreno alheio e distante, o campo de batalha para as suas lutas de concorrência económica e política.

 

As zonas da lusofonia não seriam bem aconselhadas se, abandonadas à lei da inércia, sem organização, se deixassem enredar por problemas ideológicos e programas não aferidos à realidade actual.

 

Quem torpedeia a construção da Lusofonia, uma maneira moderna de dar resposta ao desafio do turbo-capitalismo e ao imperialismo comunista chinês, apoia precisamente aquelas forças e princípios imperialistas que o Mapa Cor-de-Rosa queria impedir (ao pretender salvaguardar o direito histórico e geográfico contra o direito da ocupação e repartição da África). Seria fatal se a lógica da ocupação económico-política seguida pelo ultimato inglês (1890) continuasse a imortalizar o princípio do mais forte. Não! Com a Lusofonia, trata-se de recorrer a um outro instrumento da evolução que não seja apenas o selectivo mas o da cooperação dos pequenos entre si, para poderem subsistir ao lado dos mais fortes.

 

Quer-se uma lusofonia construída na complementaridade partilhada por todos sem imposições dos mais fortes e acautelada de estratégias de afirmação por actos consumados de ocupação dos espaços económicos e culturais.

 

Naturalmente que Portugal não deve irradiar da sua consciência as barbaridades que cometeu em África nem desculpar-se com o preexistente comércio dos negreiros árabes. As suas brutalidades cometidas ao longo da história não são, porém, comparáveis à brutalidade sistemática doutros colonizadores, facto que não desculpa os erros cometidos mas prova uma outra mundivisão. Por vezes fala-se muito do colonialismo de ontem para se distrair das novas formas do colonialismo. Por outro lado, também seria ingénuo cair-se na cegueira de não reconhecer a luta da vida. A pequenez de Portugal e o seu caracter sonhador predispõe-no a ser conciliador, potenciando-o a ser um bom interlocutor no processo da Lusofonia. Por outro, Portugal, dentro da concorrência brutal em via na Europa sofre um ataque forte à sua instituição como Estado. Esta experiência poderia salutar se aproveitada nos espaços lusófonos como exemplo do que se dará mais tarde neles mesmos se não se prevêem.

 

Não é intento fazer do espaço da lusofonia um “império” mas um espaço global moderno de configuração a-perspectiva capaz de se manter e afirmar ao lado doutros constructos.

 

Também não se quer defender a ideologia dum luso-tropicalismo superior a outras civilizações, mas sim defender uma maneira de estar lusa ao mesmo tempo universal e respeitadora das culturas regionais. Portugal nunca assimilou mais que 1% da população colonizada. Havia a coexistência tolerante de culturas e hábitos (Cf. ideia da democracia racial em “Casa-Grande e Senzala” de Gilberto Freyre). De facto, desde o século XVI até Salazar (1940), não havia instituições coloniais nem um sistema de educação pública nas antigas províncias ultramarinas. Também a declaração da independência colonial em África não foi um acto contra Portugal mas o resultado de interesses económicos e ideológicos internacionais.

 

Já no 25 de Abril havia uma vertente da população portuguesa mais aberta à opção pelo ultramar do que à opção pela Europa. O espírito luso é arredio a ser encerrado num só país ou continente; ele é intercontinental, universal.

 

 

Encontramo-nos num momento de desenvolvimento histórico que não permite já a construção dum país pós-colonial. Os países foram uma forma anterior de socialização antes de se chegar aos constructos civilizacionais USA, EU, Liga Árabe, China, Rússia Índia…

 

Temos que ousar o salto de grupos étnicos ou nacionais para estruturas superiores. Doutro modo, os países, cada um por si, individualmente, sem um sonho nem um plano comum tornar-se-ão vítimas da cobiça das civilizações e potências fortes tal como aconteceu outrora.

 

É necessário equacionar-se os interesses de maneira convergente e não divergente. Já não nos encontramos no século XIX em que era ordem do dia a formação de nações. Hoje os sinais dos tempos apontam todos para a formação de órgãos/sociedades supranacionais. A experiência da formação da EU pode ser um exemplo de como se não deve proceder para criar um conglomerado. Apesar da génese e da filosofia ser baseada sobretudo pela concorrência e pelo poder, a EU afirmar-se-á. Muito mais prometedora e oferecedora de futuro seria a formação duma federação dos países lusófonos, no respeito dos biótopos naturais e culturais.

 

Seria um erro histórico crasso e constituiria um retrocesso se intelectuais africanos se afirmassem pela posição do contra, na intenção de construir uma identidade étnico-nacional.

 

O futuro já não se equacionará em termos de ideologias de esquerda ou direita nem de colonizadores e colonizados. A Lusofonia quer futuro e este só pode ser assegurado por uma terceira via diferente das outras. Temos realmente de construir uma nova matriz civilizacional.

 

Os Povos precisam dum Projecto novo e duma nova Bandeirância

 

Portugal iniciou outrora a grande aventura colonizadora hoje a Lusofonia poderá lançar-se na aventura humanizadora. A bandeirância que Portugal outrora assumiu como ponta de lança da civilização ocidental, na aventura colonizadora, terá de ser assumida hoje pela Lusofonia no sentido de construir um tecto metafísico possibilitador de relações humanas, económicas e culturais solidárias que sirvam de exemplo para a humanidade. As novas tecnologias podiam ser aproveitadas no sentido de superarem barreiras de aprendizagem e de mentalidades.

 

Sem sonho não há futuro. Sem mitos nem sonhos comuns deixaremos que as grandes potências económicas e os dinos do dinheiro repitam, de forma moderna e disfarçada, o que os países colonizadores conseguiram fazer de etnias outrora não unidas nem cristalizadas pelo tradicional processo de colonização interna. Neste sentido são necessárias fábricas de pensamento que preparem um projecto humano alternativo às tradicionais formas de domínio. O tempo do nacionalismo já foi ultrapassado pelo desenvolvimento histórico. Os novos contextos civilizacionais prescindem dele. A África não deve cair na tentação de procurar nos modelos nacionais ultrapassados do séc. XIX paradigmas para os novos Estados. Hoje, na ordem do dia estão as ligas, as uniões de estados pelo que a união dos estados lusófonos seria a consequência lógica duma estratégia actual e realista. Não reconhecer isto e apostar em nacionalismos é colaborar mercenariamente com potências estranhas. O que facilitou outrora a colonização foi o facto das tribos e grupos étnicos não se encontrarem unidos. Ontem não resistiram ao impacto das nações (Portugal, Espanha, Inglaterra, Franca, etc.) e hoje não resistirão ao impacto das civilizações (USA, Liga Árabe; China, Rússia, EU). Lógica: iniciar a alto nível conversações para uma confederação.

 

Os povos lusófonos precisam dum sonho, dum projecto próprio e duma Bandeirância que expresse a vontade subjacente. Não podemos deixar as etnias, os povos, as nações nas mãos dos oportunistas e dos jogos de grupos só interessados no proveito imediato. É preciso que os políticos dos países das lusofonias se juntem e procurem fazer das universidades alfobres de lusofonia, verdadeiros construtores de futuro e de progresso humano e fraternal. Criem-se parcerias com universidades; de não menosprezar universidades católicas devido à sua experiência internacional e à incardinação nos interesses do país, independentemente do credo. O gene da lusofonia reúne em si as melhores heranças biológicas e culturais que as civilizações legaram (Miscigenação, inculturação aculturação, uma ética alta e universal, etc.).

 

Promoção da Arte como Estratégia de Implementação da Lusofonia como consciência comum

 

A promoção recíproca da arte lusófona será a fórmula mágica duma estratégia, que a ser tomada a sério, se poderia tornar tão eficiente como a cristianização no século XV. Esta ideia terá de ser levada aos nossos políticos, que andam muito preocupados com as tarefas do dia-a-dia, sem tempo para poderem notar que por trás duma grande obra se encontra uma filosofia coerente e humana.

 

Uma grande tarefa a assumir igualmente por todos os estados lusófonos seria o fomento concreto da arte e da literatura dos parceiros para que esta se torne cadavez mais parte do sentir comum. Para isso será preciso que os Estados que anteriormente impuseram as suas matrizes culturais a outros povos implementem mais as artes daquelas culturas que antes reprimiram ou deixaram na letargia. Todos os órgãos dos Estados membros e as instituições da sociedade (universidades, igreja, partidos, sindicatos, associações) devem empenhar-se e dar expressão a tal intento, concebendo e apoiando projectos, com novas caravelas a afrentar os novos desafios, sejam eles económicos, tecnológicos culturais ou políticos. Há que apostar nos multiplicadores culturais e programas fomentadores das histórias nativas pré-coloniais.

 

Urge um estudo sistemático das semelhanças dos povos e construir-se uma sinopse das características antropologias e sociológicas que também em Portugal podem ser identificadas. Em todos os cursos universitários e especialmente nos de antropologia, sociologia, história e português não deveriam faltar cadeiras de lusofonia com as interferências interdisciplinares que a lusofonia implica.

 

O Acordo Ortográfico deveria ter sido obra acabada dos especialistas de diferentes países e de diferentes disciplinas e não condicionado por interesses económicos ou políticos.

Também o Instituto Camões ao pecar pela falta duma estratégia de promoção da cultura portuguesa, não sei se por intensão, se por fraqueza, poderá sinalizar precisamente uma atitude não colonizadora…

 

O dinheiro que Portugal poupa em conselheiros culturais deveria investi-lo na investigação e na implementação de programas interculturais a nível de universidades fomentadoras do espírito lusófono. O fomento de multiplicadores culturais da lusofonia efectuado pelo poder estatal, poderia ser contrabalançado pelo fomento de outros artistas, através de outras instituições e associações livres. Assim poderia estrategicamente proceder-se à proliferação de eventos musicais, literários, folclóricos dos países irmãos. Ministérios e comarcas poderiam pôr como condição de apoios financeiros às associações de arte e cultura a inclusão em seus programas de eventos de interculturalidade dos países lusófonos.

 

No novo enquadramentos histórico a lusofonia oferece a possibilidade da construção de novas identidades históricas abertas que não se afirmem umas contra as outras mas cresçam num espírito de complementaridade, ao serviço dum todo abrangente …

 

Precisa-se duma supraestrutura da lusofonia capaz de se afirmar na concorrência civilizacional: Uma Lusofonia como lugar das oportunidades das novas gerações de angolanos, brasileiros, guineenses, portugueses, moçambicanos, timorenses, cabo-verdianos e das diferentes etnias conscientes de só assim poderem sobreviver contra os novos desafios e imperialismos.

 

Será necessário pensar-se em espaços de séculos para nos não deixarmos subjugar por interesses imediatistas. No espaço cultural português e na alma portuguesa de hoje encontramos vestígios culturais, étnicos, que vão dos godos, fenícios, gregos, judeus, romanos bárbaros, árabes, africanos, etc., mas tudo isto só foi possível mediante um ideário e um sonho integrador acompanhado duma vontade política.

 

Seria ingénuo ignorarmos que o desenvolvimento histórico acontece à margem da formulação dos interesses económicos e culturais e abandonar a lusofonia aos interesses ocasionais de grupos económicos organizados. Não seria racional fixar-nos no fantasma dum colonialismo passado que nos distrai dos novos colonialismos em via. Importante é no meio de tudo isto manter a vontade emancipatória. Todos nós temos uma grande tarefa: fazer do património do mundo o património da lusofonia e fazer da lusofonia o património e a missão de cada país da lusofonia.

 

Lusofonia é um modo específico de estar humano, cultural, económica e política com expressão em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste que se deveria tornar numa política comum a todos os estados lusófonos. Se antigamente a unidade cultural se formava em torno da religião hoje pode ser implementada através do fomento da arte das subculturas em torno da língua. À volta da lusofonia não se pode abdicar dos elementos racional e emocional.

Do lusitano formou-se o português tal como do Angolano, do brasileiro, do moçambicano, do português, se pode formar o lusófono.

 

 

© António da Cunha Duarte Justo, www.antonio-justo.eu

antoniocunhajusto@gmail.com

(1) Esta parece-me uma abordagem da Lusofonia em termos arcaicos próprios duma lógica binária alijada ainda em mundivisões demasiadamente coniventes com ressentimentos étnicos e nacionais e do divide et impera. Seria fatal continuar a avaliar os tempos modernos com critérios e mentalidades de outros tempos.

Repatriação do Ouro – Um Aviso e um Alerta a Ricos e Pobres

Ouro em vez de Notas – Um Aviso e um Alerta

Repatriação do Ouro – A Alemanha dá o Exemplo

António Justo

Ouro no Mundo

Entre os países com maior reserva de ouro encontra-se, em primeiro lugar os USA com uma reserva de 8.133,5 toneladas de ouro; segue-se-lhe a Alemanha com 3.398,3 toneladas; a Itália com 2.451,8 toneladas; a França com 2.435,4 toneladas, a China com 1.054,1 toneladas; a Suíça com 1.040,1 toneladas; Japão com 765,2 toneladas. Portugal encontra-se em 13° lugar com 382,5 toneladas (Fonte: World Gold Council – Junho 2009).

Nos últimos cinco anos, a onça de ouro (31,1 gramas) passou de 600 para 1266 euros; no ano 2.000 a onça tinha um valor pouco superior a 200 euros. O ouro e a prata são muito procurados para investimento financeiro devido à inflação da moeda e para precaver bancarrotas. Também a China procura arrecadar a maior quantidade possível de Ouro para poder intervir melhor nos mercados financeiros e dar confiança à própria moeda.

No mundo há uma produção anual de ouro de 2.400 toneladas. Avalia-se que o ouro, até hoje promovido no mudo, é de 165.000 toneladas; deste encontram-se cerca de 79.000 toneladas aplicadas em jóias, uma outra parte em bancos centrais e no Fundo Monetário Internacional, uma outra, com mais de 18.000 toneladas, encontra-se aplicada em objectos de arte e cerca de 25 mil toneladas na mão de particulares sob a forma de barras, moedas e medalhas (cf. Goldankauf123.de).

Repatriação do Ouro alemão como medida inteligente de segurança

O povo alemão, que ainda tem peso nas decisões das suas elites, exigiu ao Banco Central Alemão, através do Tribunal de Contas, que fizesse um inventário do ouro que possui, uma análise da autenticidade das barras de ouro e o seu paradeiro. Os banqueiros mostraram-se incomodados com a exigência mas tiveram que começar a satisfazê-la. O Banco Alemão tenciona transferir para a Alemanha, até 2020, o correspondente a 27 mil milhões de euros. A repatriação custa 7,5 milhões de euros.

As reservas alemãs (3.398,3 toneladas) correspondem a um valor superior a 137 mil milhões de Euros. 45% dessas reservas encontram-se armazenadas no banco central dos USA (1.500 toneladas); 13% no Banco de Inglaterra em Londres; 11% em Paris (300 toneladas) e o resto no Banco Alemão em Frankfurt. Só a Inglaterra exige dinheiro pela guarda do dinheiro. O ouro repatriado, depois de examinado da sua autenticidade, é derretido para ser guardado em barras de 12,44 kg.

Esta medida também poderá ser, indirectamente, um aviso às instituições bancárias para não passarem créditos de posse de ouro que não exista.

Parte do ouro alemão foi colocado no estrangeiro, por razões de segurança, na altura da guerra fria entre ao Ocidente e a União Soviética e a outra parte provém da troca de dólares por ouro devida a excedentes comerciais adquiridos fora da Alemanha.

Portugal vende a “Prata da Casa” e com ela o Futuro

Numa altura em que os bancos centrais criam toneladas de dinheiro sem cobertura, a partir do nada, quem pode investe nos metais nobres. (Os que apostam na riqueza recomendam a quem tem dinheiro, que pelo menos um terço do capital deve ser investido em ouro/prata). Também os Estados deveriam fazer tudo por tudo para ter uma grande reserva de ouro. No caso de bancarrota ou de problemas de balança comercial, um Estado necessita de reservas em ouro para suportar a moeda nacional em caso de desequilíbrio orçamental. A insegurança do dinheiro virtual (fala-se que uma nota de cem Euros/Dólares tem apenas um valor base de 5 a 10 Euros/Dólares) e a crise internacional levou a China e comerciantes a procurarem assegurar o seu futuro com a compra de ouro, prata e outros produtos não virtuais. O mercado de prata oferece grandes potencialidades de subida.

Em questões de dinheiro a Corporação de Londres (City of London Corporation), um Estado dentro do Estado, com leis próprias, é o maior mercado financeiro do mundo, que alberga os maiores “cavaleiros” do dinheiro. Também o Goldman Sachs, banco de investimento e aconselhador de governos, está interessado na recolha de ouro e em acalmar o público para que este não compre ouro. Mais fica para o seu negócio especulativo. Um dos objectivos dos banqueiros da Goldman Sachs será conseguir um  estoque de ouro correspondente ao dos USA; então poderão intervir no mercado de maneira a provocar uma explosão ainda maior do preço do ouro. Por isso abastecem discretamente os seus estoques de ouro. A China pretende conseguir que a sua moeda se torne em moeda de reserva para melhor poder ser comercializada internacionalmente, como acontece com o Euro e com o Dólar.

O povo português possuía imenso ouro em mãos privadas (joias) e em reservas. Com a política inflacionária do regime do 25 de Abril, Portugal tem descurado esta tradição, esbanjando as reservas. Também tem aumentado a exportação do ouro do povo português (joias) de ano para ano; em 2009 exportou 102 milhões de euros em ouro e em 2011 exportou 520 milhões de euros. Devido ao sobre-endividamento dos portugueses estes continuam a vender o seu ouro. Vêem-se lojas e anúncios de compra de ouro por todo o lado. Portugal possuía uma das maiores reservas de ouro da europa; em relação a outos bancos centrais Portugal ainda é dos que possui, em proporção à sua economia, mais reserva acumulada durante o regime de Salazar. É triste verificar como o povo se vê obrigado dos seus bens (joias) para subsistir enquanto outros se assenhoreiam delas para ganharem rios de dinheiro com a especulação.

O mercado de metais preciosos continuará a revelar-se muito lucrativo para os especuladores. Embora os bancos centrais tenham de manter os juros das divisas baixos para que os Estados se financiem a créditos de juros acessíveis, os riscos de inflação e de bancarrota crescem devido às dívidas impagáveis.

O valor de uma moeda é determinado pela oferta e procura, pela confiança que se deposita nela e que se reduz a um valor estimativo, a um valor virtual. Por isso haverá sempre um risco na comercialização da moeda, menos nos metais nobres. Diz-se que o franco suíço é talvez a única moeda que tem um valor que corresponderia ao padrão de ouro.

Os Bancos Centrais asseguram o financiamento das finanças públicas dos Estados imprimindo notas promissórias com juros de quase 0% e por seu lado os Estados procuram controlar as suas dívidas através da inflação. Uma manipulação que torna o jogo dos especuladores financeiros mais atentos.

A fraqueza da economia portuguesa é proporciona à democracia. Quanto mais a oligarquia arrecada mais fraco é o povo! O trabalho mais urgente seria o da ressocialização das elites.

António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

www.antonio-justo.eu