CONTROVERSO PACTO DA MIGRAÇÃO AO SERVIÇO DO MARXISMO CULTURAL E DO ISLÃO?

Pacto aclamado em Marraquexepor Interesses de Elites contra Povo?

Por António Justo

Dos 192 Estados envolvidos na negociação do Pacto de migração da ONU, 164 países aprovam-no por aclamação em Marraquexe; o documento será formalmente aprovado em janeiro 2019 pela Assembleia Geral da ONU.

Entre outros, negaram-se a assinar o pacto, a Suécia, os USA, China, Coreia do Sul, Austrália, Japão, Hungria, Áustria, Polónia, República Tcheca, Bulgária, Eslováquia e Israel.

Porque é que o primeiro ministro belga sacrifica a coligação de um governo estável e coloca em perigo as instituições do país, pelo simples desejo, de, contra o parceiro maioritário, decidir assinar um pacto que pelos vistos não é vinculativo?

Serão populistas e nacionalistas todos os países que não assinaram o pacto, como quer a esquerda militante?

Não será este um pacto para domesticar a cultura ocidental e, por isso, ter seguido uma estratégia rápida numa acção toda ela de nevoeiro e “pouco antes das 12 horas” (como dizem os alemães)? Não será que este Pacto de migração controverso foi conseguido às escondidas do povo por ser um pacto de certas elites contra o povo?

Embora defendesse, mais tempo, no discurso público, para se discutir à base de argumentação sobre o documento e mudar alguns pontos do Pacto de Migração, não deixo de insurgir-me contra um discurso manipulador, próprio  do pensar politicamente correcto, que, à sombra de agendas preparadas, pretende levar as águas do povo ao seu moinho, como se o mainstream fosse o mar que alimenta todas as águas!

A pressa com que o assunto se tratou na opinião pública e em parlamentos, faz-me lembrar algo déjà vu, isto é, a técnica que extremistas de esquerda usavam na discussão de assuntos em assembleias ou comícios em Portugal na fase quente do 25 de Abril. Pude observar isso em algumas reuniões que duravam até altas horas da noite e em que os presentes menos militantes saiam da reunião (devido às desoras) e depois os militantes jacobinos aproveitavam-se da circunstância para tomarem, entre eles, decisões naturalmente “democráticas”.

De resto, em democracia, querem-se decisões fruto do compromisso (embora se possa pontualmente não estar de acordo); num povo que se quer de cidadãos adultos as decisões deveriam ser tomadas depois de verdadeira e atempada controvérsia pública, doutro modo arruma-se com o povo e com ele arruma-se também com a democracia.

Sendo eu contra a política de Mao Zedong, tenho simpatia, apesar dele, por uma revolução cultural que assente no discurso da controvérsia e num humanismo em que primeiramente estejam a ser defendidos os interesses da pessoa de modo a não ser transformada em objecto nem mero instrumento. Quer-se um humanismo inclusivo e digno que não jogue humano contra humano, ou lhe roube a dignidade! Na sociedade não chega que grupos se afirmem contra grupos; é preciso cidadãos dispostos a defender, à sua maneira, o desacautelado povo, do superpoder de grupos ou corporativismos ligados a agendas elaboradas à margem do cidadão em geral.

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo

O PRESENTE DE DESPEDIDA DA CDU PARA A CHANCELER MERKEL É ANNEGRET KRAMP-KARRENBAUER COMO CHEFE DO PARTIDO

Ainda três anos para preparar o Fim da Era Merkel

Por António Justo

Na primeira volta ao lugar de presidente do partido havia três concorrentes  que, dos 999 votantes, obtiveram  os seguintes resultados: Annegret Kramp-Karrenbauer recebeu 450 votos, com 45,0% de aprovação; Friedrich Merz ficou com 392 votos a 39,2 %; Jens Spahn obtve 157 votos (15,7%).

Na segunda e decisiva votação, Annegret Kramp-Karrenbauer foi eleita chefe da CDU com 51,7% dos votos (517 dos 500 votos exigidos), tendo Merz recebido 48,2 % (482 votos), o que significa que o partido se encontra dividido.

Merz oferecia ao partido a oportunidade de não deixar eleitores emigrarem para a AfD; por outro lado Annegret Kramp-Karrenbauer pode trazer para a CDU votantes do SPD descontentes com a sua política cultural!

“AKK” com a experiência política e de governos que tem tido, seguirá uma política integrativa das duas alas, chamando, para isso, todos a assumir responsabilidade. A CDU, embora reconhecesse o erro de Merkel de 2015 manifestou-se fiel a Merkel que conseguiu fortalecer a Alemanha e alcançar muito respeito a nível internacional. Atualmente as receitas dos impostos e das contribuições são exuberantes.

No próximo ano haverá muitas eleições estaduais e aí sim é que “AKK se terá de afirmar; daí dependerá certamente a sua candidatura como chanceler em 2021. A Chanceler DR. Merkel servirá como garante de uma transição regular de poderes…

Merkel constitui a diferença na maneira de governar, um pouco feminina, de fazer política e que consistia mais em administrar mas sabendo bem o que queria. Ela é de tal modo inteligente que conseguiu libertar-se do seu fomentador Kohl opondo-se a ele e conseguindo retirar Merz a tempo da esfera política. Conseguiu ocupar muitos dos temas do SPD e dos Verdes e deste modo levar a CDU ainda mais para o centro da sociedade.

Ao apoiar Annegret Kramp-Karrenbauer conseguiu que esta fosse eleita presidente do partido e deste modo arrumar também com Schäuble que tinha apoiado Merz.

Merkel continuará certamente como Chanceler até às Eleições federais de 2021 e deste modo dará tempo a Annegret Kramp-Karrenbauer para conseguir a união das alas do partido e conseguir que a sua predileta AKK seja a próxima candidata para chanceler nas eleições daqui a três anos.

A distância que vai da parte conservadora do partido (Merz) em relação à mais liberal não é grande por isso será mais urgente a colaboração entre Annegret Kramp-Karrenbauer e Merz. Os alemães conseguem isso; em política mantêm a cabeça fresca deixando-se orientar pela razão e pelos resultados a produzir; aprenderam, em momentos decisivos a manter a cabeça fira e não dar asas a demasiadas emoções ideológicas.

Pode-se observar na Chanceler também o animal político forte e inteligente que, como boa administradora (também das misérias) soube ganhar a esquerda para parte da sua política e até comprometer os europeus na sua política problemática de refugiados para a EU, embora, ele mesma tivesse desrespeitado o tratado de Dublin.

O congresso da CDU em Hamburgo traz também ele o carimbo de Ângela Merkel! Os candidatos, durante o período de propaganda eleitoral, conseguiram uma discussão na base de argumentos sem referências pessoais, o que impressionou muito positivamente a opinião pública alemã; a imprensa dava a impressão de preferir Merz, atendendo à sua vertente económica e cultural, mas o congresso deu a sua última palavra, mostrando que prefere seguir a linha humanista e reformista da Chanceler ao eleger AKK como presidente do Partido.

Interessante: na Alemanha as mulheres marcam posição na condução da república e na direcção da CDU e do SPD. Como consequência desta eleição em que ganhou a ala esquerda da CDU, o SPD terá de se mover mais para a esquerda e um dos mais prováveis efeitos será, com o tempo, a despedida de Andrea Nahles do cargo de presidente do partido, para dar lugar a um da ala esquerda do SPD!

A Doutora Ângela Merkel, filha de um pastor protestante, é uma cristã com ideais a que se mantem fiel; isto na medida em que a arena política o proporciona porque, nela, a palavra de ordem é compromisso e, nesse sentido, Merkel recusa polarismos; Merkel (“die Mutti” = “a mãezinha”) usava a arma do silêncio em vez da agressão contra o adversário político, chegava a atirar-lhes com flores em vez de usar pedras. No que respeita à própria pessoa mostra superioridade e autoironia, usando em relação a ela os termos que os adversários usavam contra ela: “Típico Merkel”, “seca como o osso”.

Toda a Alemanha, por qualquer razão, se encontra agradecida a Merkel, independentemente do espaço necessário para a preservação do rosto das diferentes facções políticas.

© António da Cunha Duarte Justo

In “Pegadas do Tempo”,

O ROSTO DOS PORTUGUESE NA DIASPORA – 1

Da Participação política dos Emigrantes nas Sociedades de Acolhimento

António Justo

Pelo que pude observar na França e na Alemanha, os portugueses integram-se rapidamente na sociedade de acolhimento, mas não se preocupam suficientemente com a sua presença comunitária a nível institucional ou dos partidos das sociedades de acolhimento.

Independentemente do nível de escolaridade, os portugueses são, genericamente, muito reservados quanto ao empenho politico e organizacional.  De maneira geral, destacam-se como personalidades individuais, mas não como grupos organizados.

Felizmente, na França e no Luxemburgo já se observa o acordar de uma geração consciente de que a presença portuguesa na políticae na sociedade se torna muito importante para o delinear do rosto português num país de imigração. Esta realidade não seguirá o mesmo caminho na Alemanha. Na Alemanha é necessária não só a estratégia da via individual, mas especialmente a via institucional (associativa).

Notam-se diferenças essenciais na maneira como a Alemanha e a França estabelecem as suas estruturas de relacionamento e ordenamento da vida nacional e na forma como o Estado determina a integração e a interacção entre ele, povo e organizações. Torna-se relevante as formas de participação de determinados grupos sociais (e de interesses) nos processos de decisão política de nações com tradições políticas e administrativas diferentes.

Daí a necessidade de um conhecimento mais próximo das especificidades de cada país para se partir de uma diferenciação de estratégias de afirmação da presença portuguesa nas diferentes nações (isto deveria estar presente na consciência de multiplicadores e na definição de fomento de política associativa por parte do departamento das comunidades (MNE/SECP, Embaixador, Consulados, Missões, associações, etc.).

Na França predomina mais um pluralismo liberal de interesses em que os representantes das associações assumem mais um caracter de actores individuais; não se nota tanto uma cumplicidade de cima para baixo através de uma conivência do Estado com as corporações, ao contrário do que acontece na Alemanha.

 

Na Alemanha a articulação de interesses dá-se mais através de corporações (fundações, associações, iniciativas, etc.); o acesso ao poder e o contacto do poder com o povo dá-se de forma orgânica institucionalizada.  Cria-se assim uma conivência recíproca entre o Estado e as suas corporações. Por isso a colaboração entre Estado-Igreja, Estado-Islão, Estado-Judaísmo, Estado-sindicatos, Estado-partidos, etc., realiza-se numa cooperação de bilateralidade interna; deste modo o Estado alemão assegura a paz do povo na medida em que as corporações mais representativas se tornam também elas coniventes com o Estado numa cooperação recíproca que se revela útil para as duas partes e na súmula um bem para toda a população.

Deste modo a Alemanha fomenta o surgir de corporações com função intermediária dando a impressão de não ser tão independente como o Estado francês. Este sistema de caracter comunicativo interinstitucional é característico e não dá nas vistas a nível social (muitos dos problemas resolvem-se a esse nível, sem terem a necessidade de tanta expressão na praça pública, o que pressuporia uma via mais longa!).

Esta forma de criar consensos e de se implementar interesses discrimina os estrangeiros não organizados em associações intercomunicativas, porque deixam de ter articulação suficiente, uma vez que carecem de mediação legítima e autorizada. Processa-se um mecanismo de acção e controle de cima para baixo (por vezes numa colaboração através de conferências específicas que englobam políticos, administração e a associação de interesses.

Este sistema favorece as maiorias organizadas e corresponde a um processo de intercomunicação e de formação de consensos, a nível mais técnico e especializado, que leva a uma aquisição de compromissos e resultados bastante eficientes. (Um exemplo: cheguei a ser convocado para conferências da administração onde se encontravam à mesa os representantes dos diferentes grupos de interesses, de modo que já antes de haver uma discussão pública sobre a mudança de legislação, tinha havido, a nível interno, a discussão com as partes, passando esta só mais tarde para o terreno público e posteriormente concretizada em lei; há metas de Estado, por vezes mais abrangentes do que a discussão pública permite imaginar! Uma tática semelhante, usam organizações da ONU para melhor poderem fazer valer a sua agenda).

Nas relações  Estado-estrangeiros, já por força imanente ao sistema, os turcos são beneficiados, não só pelo número mas porque têm um sistema de organização semelhante ao alemão (as associações turcas, todas elas em torno das mesquitas atuam em direcção à sociedade e à política, independentemente do que acontece em baixo (no povo muçulmano), que se quer até afastado das conversações para não se deixarem influenciar por multiplicadores terceiros e assim se manter coesa a estrutura representativa que tem objectivos mais abrangentes do que o povo mas a que este deve ficar alheio). Decisões políticas legislativas e culturais são preparadas e acontecem por via institucionalizada (através de contactos institucionalizados com as associações, numa espécie de corporativismo liberal onde se realiza a articulação de interesses.

Portanto, se na Alemanha poderíamos partir de um corporativismo liberal de participação voluntária de organizações sociais com o Estado, numa França seria talvez mais apropriado falar de um pluralismo liberal de consulta e influência mais individual. Nos países latinos, os mecanismos do poder atuam de outra forma, aparentemente mais liberal e pluralista.

Grupos de interesse sem organizações bem conectadas não contam tanto, num sistema como o alemão; o que os leva a encostar-se a outras etnias grandes e até a favorece-las, embora de interesses, por vezes, antagónicos (p. ex. certas participações em Conselhos de Estrangeiros na Alemanha).

 

Esta situação observa-se também nos meios de comunicação social da Alemanha que ou só falam de refugiados, de estrangeiros em geral, de turcos ou de judeus!

Interesses não organizados não existem, porque o Estado/Comunas, não negociam com o indivíduo; para tal tem de haver uma organização intermédia representante dos imigrantes portugueses. Em democracia os interesses debatem-se na praça pública através de grupos de interesse, até porque o Estado não é a Caritas! (Na Alemanha, os conselhos de estrangeiros revelam-se como conselhos de mesquitas devido à sua avassaladora presença e às suas estratégias de autoafirmação.)

Assim, o número de membros e a diversidade de interesses de uma comunidade pode debilitar a sua força representativa e reivindicativa, porque a ordem das coisas não é a popular…. Daí a necessidade de uma presença associativa oficialmente implementada, doutro modo tudo fala de uma sociedade pluralista, mas reduzida à expressão dos mais espertos que se afirmam pela organização ou pelo número.

No próximo texto continuarei o assunto, mas descendo mais à realidade que determinam a diferença de formas de participação no processo de decisão política e comportamentos em diferentes Estados.

© António da Cunha Duarte Justo

In “Pegadas do Tempo”

 

 

PACTO GLOBAL PARA MIGRAÇÃO

Perguntas sérias a que a Política não responde

Por António Justo

O pacto da migração, ( “Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular”), que pretende dar resposta ao problema crucial das migrações, divide os ânimos e as nações.

O pacto será homologado na conferência das Nações Unidas que decorrerá a 10 e 11 de dezembro em Marraquexe.

Segundo uns, o Pacto da Migração é uma bênção e corresponde a uma resposta humanitária de cunho cristão ao problema crucial dos refugiados, regulariza a migração, procura resolver assimetrias económicas e sociais e possibilita aos países de acolhimento com déficite de crescimento de população, um aumento e rejuvenescimento da própria população.

Outros veem, no Pacto, clausulas que permitem mais um passo no sentido de se dominar e expropriar os Estados ocidentais e do sistema de assistência social europeia, e tudo isto na sequência de um plano de desestabilização cultural da Europa em benefício dos árabes, (realojamento colonizador) passando este por algumas organizações da ONU e de ONGs.

Visto o problema sob o aspecto humano e individual, torna-se urgente uma solução para os problemas de tantos milhões de pessoas que sofrem os horrores da guerra e da exploração; visto sob o aspecto económico e social, todo o imigrante se torna num enriquecimento numa Europa envelhecida; visto sob a dinâmica do confronto de civilizações seria de se estar mais atento ao facto de se não fomentar a expansão dos interesses da civilização árabe possibilitando-lhes a formação de enclaves  dentro dos povos onde se inserem (caso da formação do Kosovo e da Albânia em que os imigrantes muçulmanos chegaram, com o tempo, a reprimir os sérvios dos seus lugares mais históricos).

Assim não se pode falar de imigração em termos gerais; no que respeita à imigração muçulmana, dado esta afirmar-se mais na imposição e auto-afirmação, seriam necessários acordos intergovernamentais que garantissem iguais direitos de afirmação cultural e religiosa nos correspondentes países.

Dado a aplicação do Pacto depender da boa vontade dos governos cria-se um desequilíbrio entre os países ocidentais de política cultural aberta e os países de cultura árabe de politica cultural extremamente fechada.

Perguntas que surgem da leitura do texto

Não se estará a criar na Europa (países ocidentais) um tipo de fronteiras flutuantes?

Não pretende o pacto limitar o direito de livre expressão dos cidadãos, no que toca a manifestações de opinião relativamente a migrantes, ao apontar, como objectivo dos países assinantes, a luta contra a intolerância de migrantes, exigindo até o fomento de um discurso que “conduza a uma percepção de migrantes mais realista, mais humana e mais construtiva”?

Porque se devem os Estados comprometer a perseguir juridicamente e aplicar penas contra pessoas que manifestem expressões de ódio („hate crime“ ) contra estrangeiros? Não vem esta recomendação encorajar os estados que não têm na sua constituição o direito à livre expressão (e aos que o têm) a limitar mais ainda os direitos de expressão livre nos meios de comunicação social? Isto é mesmo grave num documento da ONU ao criar subterfúgios contra a liberdade de expressão!

Em que perspectiva se pode considerar a emigração como algo desejável a ponto do número oito até glorificar, a emigração como “fonte do prosperidade, inovação e desenvolvimento sustentável”? Não se estará com o pacto a querer uma reinterpretação da migração que pretende generalizar o direito de “asilo” a outros grupos da sociedade (o pacto de asilo é um outro que continuará em vigor)?

Não será que a afirmação de que o Pacto não é juridicamente vinculativo se revela num pacote fraudulento? Não é assim que o ponto 87 impõe compromissos que comprometem os Estados que o assinam, por exemplo no caso de o imigrante não ver reconhecido o direito a imigrar ter direito a advogado gratuito no país e, na consequência, os tribunais ao tomarem decisões criam (baseadas na casuística e no acordo) novas formas de direito para o exercício judicial no país?  Não é que ao direito formal determinado pelo parlamento se vem juntar o direito judicial baseado em decisões de tribunais e, deste modo, a assinatura do pacto activa direito internacional que se impõe ao direito nacional?

Não será que o objetivo do n° 8 favorece indiretamente a migração ilegal (rotas de fuga e traficantes), ao determinar que os estados signatários se comprometem também não só a expandir as actividades de busca e salvamento, mas também a não qualificar de ilegal qualquer ajuda humanitária aos migrantes?

Numa altura que se pensa em termos globais, porque é que os países árabes do Golfo (por exemplo Arábia Saudita ) têm as fronteiras fechadas para refugiados recusando-se também a receber os irmãos muçulmanos? Porque é que a Europa pelo facto de ser uma cultura de reminiscências cristãs deve ter o dever moral de dar primazia aos seguidores de Maomé?

Não estará a ONU, com este proceder, a evitar a resolução dos problemas no lugar de origem e a desviá-los, refugiando-se, também ela, numa política de emigração dos problemas para países que conseguem melhor nível de vida, castigando-os assim?

Não será que o próprio Pacto (1) promove a ”expectativa a pessoas dispostas a emigrar e alimenta assim a própria migração”?

Até que ponto a expressão “migrações seguras/ordenadas/regulares” não vem também proporcionar aos Estados uma perspectiva mais ou menos defensiva?

Não haverá outras maneiras de se resolver os problemas internacionalmente sem ter de se recorrer à deslocação de povos de culturas diferentes e, deste modo estar-se indirectamente a legitimar-se o modo de afirmação da guerra e da perseguição?

Não corresponde o Pacto também a um plano de fomento da emigração para a Europa, ao serviço do multiculturalismo contra o interculturalismo?

Porque é que, só pouco antes do texto ser posto para aprovação em Marrocos, se inicia a discussão apressada sem antes ter havido participação da sociedade civil nem dos Parlamentos?

Que medidas humanas tomam os Estados assinantes em relação à camada desprotegida da própria população que não se pode refugiar da pobreza em que vive e considera os novos “pobres” como seus concorrentes?

Não irá o Pacto implementar uma emigração para os sistemas nacionais de saúde mais ricos e deste modo destruir o resultado de direitos culturalmente adquiridos por lutas sociais em favor das camadas desprotegidas e que agora se colocam em questão devido a uma globalização económica liberal que não tem consideração por pessoas, países, “ecossistemas culturais”, nem pela pessoa humana?

Não deveriam os problemas globais que são provocados pelas grandes multinacionais e pela política das grandes potências, aliada à má administração nos países subdesenvolvidos, ser resolvidos por elas com mediação da ONU?

Porque não se cria um imposto de solidariedade nos países mais ricos que seja destinado a investir nos países de origem ou a aplicar no alojamento e formação dos migrantes e não se recorre a medidas que obriguem a que 70% dos lucros adquiridos por uma empresa numa região sejam obrigatoriamente aplicados nela?

Não seria melhor adiar a assinatura do Pacto, sendo para isso tirado da ordem do dia em Marrocos e durante dois anos ser discutido nos parlamentos e na opinião pública?

Não é que em nome de um humanismo legítimo e de saudar se está a acolher pessoas, mas que estas se revelam depois como defensoras acérrimas da cultura árabe formando, a longo prazo, guetos ao serviço do socialismo árabe?

Áustria, austrália, USA, Israel, Hungria, Bulgária, Croácia, Polónia, República Checa e Estónia, não aceitam assinar o pacto por razões de defesa da soberania nacional; serão os seus motivos meramente nacionalistas?

 

No reconhecimento de uma distribuição mais justa da riqueza a nível mundial, porque é que a ONU não procura envolver também os países árabes mais ricos e o capital das bolsas e plutocratas mundiais no desenvolvimento dos países subdesenvolvidos?

 

 

Concluindo

O pacto parece situar-nos numa política simbólica que, pretensamente, não é vinculativa para o Estado, querendo ser um pouco mais que um alistar de declarações políticas de intenção (auto-compromisso) no sentido de criar um consenso comum entre os Estados, uma vez que desce a muitos detalhes.

Atendendo ao seu aspecto descritivo e generalício, chega a dar uma no cravo e outra na ferradura para que todos os países o aceitem e o implementem à medida dos interesses de cada um, parecendo ser mais um documento a querer corresponder a uma agenda indirecta para legitimar discussões públicas e também ser utilizado no sentido de uma mentalidade do pensar politicamente correcto.

Relevante para a Europa seria a questionação entre chance e ameaça que vem da consequente islamização da Europa.

No ponto 15 o Tratado sublinha que aqueles que buscam protecção devem ter acesso ao mercado de trabalho e às instituições de ensino durante seu processo de admissão. Aqui parece procurar-se garantir-lhes o nível mínimo de subsistência para poderem morar no país, o que seria humano e justo. Abstrusa, em comparação, torna-se a legislação europeia que não permite a membros da EU acesso a benefícios sociais, se vierem para fins de procura de emprego.

É certamente um passo na cooperação internacional para a solução dos problemas internacionais, mas não se pode esquecer a defesa dos interesses do Estado e do povo nacional dado que, no caso, não se parte de posições bilaterais nem de igualdade de situações entre países, culturas e camadas sociais.

Penso ser indiscutível que todo o ser humano, que vive num determinado espaço, deve ser reconhecido como portador de direitos humanos, incluindo o direito da diversidade cultural. Por isso o Estado deve estar consciente de assumir responsabilidade também em relação a quem paga a factura a nível social. Doutro modo, os pobres e carentes do mundo e das nações são reprimidos uns contra os outros para deixar mais espaço para a plutocracia obrar sem limites e à vontade.

No texto do pacto os governos entrarem em compromissos internacionais não transparentes e que, pelos indícios, poderão torna-se em mais numa oportunidade para alguns grupos e ONGs prolongarem, de forma legal, a sua luta contra a cultura ocidental também neste sector. Por vezes fica a impressão de em nome do humanismo e da humanidade europeia se querer defraudar a Europa e seus habitantes, o que não quer dizer que esta não tenha o dever de solidariedade com outros povos. É legítimo questionar-se o abuso que a pretexto de humanismo serve uma luta intercultural sub-reptícia. É preciso criar-se uma cultura de compromisso em que todas as instituições trabalhem, primeiramente, em favor do Homem e dos seus direitos.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Na Alemanha houve 21 petições com o pedido de o parlamento decidir contra o Pacto. 80.000 pessoas assinaram uma petição contra a assinatura do Pacto de Migração. (Na Alemanha quem conseguir dentro de quatro semanas reunir 50.000 assinantes tem direito a ser convidado para apresentar a sua solicitação no parlamento).

 

HISTÓRIA DE PORTUGAL E DO POSTO CONSULAR DE FRNKFURT RESUMIDA NUM QUADRO HISTÓRICO

Antiga Vice-Cônsul situa a tela do grande pintor  W. Peiner

 

 

 

 

 

Por António Justo

Fotografei este belo quadro da Torre de Belém que os portugueses conhecem dos tempos em que havia consulado geral em Frankfurt. O quadro é muito simbólico:  representa o apogeu de Portugal que foi o primeiro verdadeiro império do mundo (1) e o mais antigo império colonial existente na Europa; como Património da Humanidade é um farol a avisar os portugueses e a Europa que se atualizem, mas não se deixem levar no canto das sereias da moda (pensar politicamente correcto) e se tornem conscientes de si mesmos e da sua missão (o ideário da Europa resumida na lusitanidade), a que a velha luz do antigo farol hoje apela.

Diria que no quadro se encontra também uma recomendação a Lisboa: o barco grande simboliza o antigo consulado que a falta de visão encerrou e o barco pequeno significa o atual Escritório Consular que espera por uma vontade resoluta e inteligente que o transforme no barco grande.

Este quadro é testemunho dos altos e baixos por que passou o Consulado Português e da recordação de gerações de portugueses residentes e de funcionários passados por lá.

Fica-se sensibilizado ao ver o velho quadro nas novas instalações e ao ouvir a funcionária do Consulado-Geral de Estugard, Irene Rodrigues dizer que, quando as portas de Franfurt foram encerradas (apesar da contra-razão expressa na manifestação), se transportou o Quadro para o Consulado Geral de Estugarda, na viva esperança de que as portas  do Consulado de Frankfurt, um dia, se abririam e que ele pudesse continuar aí a testemunhar a história do seu nascimento. Isto está a acontecer por inteligência da Embaixada, da Cônsul-Geral de Portugal Estugarda, Carla Saragoça e do MNE/SECP, com a abertura do actual Escritório consular em Hattersheim am Main. Neste quadro se reúne a grandeza e a esperança de  Portugal e a comunidade portuguesa alegra-se ao constatar que o Estado português reassume responsabilidade na área de Frankfurt.

Passo a citar a benemérita Marlis Bastos, ex-Vice-Cônsul, do ex-Consulado de Frankfurt, que me elucidou sobre este quadro, que eu tinha colocado, como foto, num meio de comunicação social: “Quando iniciei funções no consulado honorário, em outubro de 1963, o quadro já existia e pertencia ao então cônsul honorário Walter Gerling. Por ocasião da transformação em consulado de carreira, em 1972 o sr. Gerling ofereceu o quadro ao Governo Português, que infelizmente não lhe deu a importância que ele esperava merecer. Trata-se de uma pintura a óleo em tela de pele de búfalo, pintado, a pedido do cônsul honorário,” por um então famoso professor da Faculdade ou Escola de Belas Artes em Colónia, cujo nome não me ocorre neste momento (Lembro-me o Sr. Gerling falar sempre em Professor Peiner). Sei que na época, ou seja, em 1958, o Sr. Gerling teria pago dez mil marcos por ele.”

Entretanto apurei que o autor do quadro com a assinatura PPeiner será o professor de arte Werner Peiner.

A inauguração oficial do Escritório Consular de Portugal em Hattersheim am Main será feita, no dia 12 de Dezembro de 2018, por Sua Excelência o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro e na presença do Embaixador de Portugal na Alemanha, Dr. João Mira Gomes, e da Cônsul – Geral de Portugal em Estugarda, Dra. Carla Saragoça.

(1) De facto, Portugal foi o  primeiro império real do mundo não só pelo seu abrangimento geográfico, mas pelo facto de com os Descobrimentos ter surgido, pela primeira vez, uma verdadeira consciência global relativamente à geografia e à multiplicidade de povos e costumes. Para a nova consciência universal (global) além dos descobrimentos contribuiu também a literatura de viagens sobre as novas terras descobertas! Toda a Europa de então se fascinava com a literatura de viagens, os conhecimentos que recebiam eram como descrições doutros planetas; um bom exemplo disso é o nosso autor Fernando Mendes Pinto com a sua obra Peregrinação.

© António da Cunha Duarte Justo, ex-conselheiro consultivo do ex-Consulado de Frankfurt

Pegadas do Tempo