Um acto de coragem e uma tragédia que não pode ser esquecida
Lino Sousa Loureiro, de 69 anos, natural de Ermesinde e residente em França desde 1992, foi vítima mortal de um ataque terrorista em Mulhouse, no dia 22 de fevereiro de 2025. Casado e pai de um filho, Lino perdeu a vida ao tentar intervir durante o ataque, num ato de extrema coragem que, certamente, evitou mais mortes. A sua bravura merece ser reconhecida e celebrada, mas a demora em divulgar o seu nome e a sua história é lamentável, pois contribui para a despersonalização das vítimas e para o seu esquecimento.
O agressor, identificado como Brahim Abdessemed, um argelino de 37 anos em situação irregular, era conhecido pelos serviços de inteligência franceses por radicalização islamista. Armado com uma faca e uma chave de fendas, ele atacou Lino e feriu gravemente três polícias, gritando “Allahu Akbar” (“Deus é grande” em árabe) durante o ataque. Este crime ocorreu à margem de uma manifestação de apoio à República Democrática do Congo, que enfrenta uma ofensiva do movimento armado M23, apoiado pelo Ruanda, no leste do país, conforme relatado pelo jornal regional Les Dernières Nouvelles d’Alsace.
É profundamente triste que razões políticas, legais ou éticas possam impedir a divulgação imediata de informações sobre as vítimas, especialmente quando isso as desumaniza e as condena ao anonimato. A forma como os media e os governos comunicam eventos trágicos tem um impacto direto na percepção pública e na empatia gerada em torno das vítimas. A complexidade dos interesses envolvidos não justifica a falta de transparência e a dificuldade em honrar aqueles que, como Lino, deram a vida por uma causa nobre (Só depois de 24 horas depois da tragédia consegui ter acesso ao nome da vítima!).
Lino Sousa Loureiro não foi apenas uma vítima; foi um herói. A sua coragem ao enfrentar o agressor salvou vidas e deve ser lembrada como um exemplo de humanidade e altruísmo. As nossas mais sinceras condolências vão para a sua família e amigos, que agora enfrentam a dor de uma perda irreparável. Que a memória de Lino seja honrada e que a sua história inspire solidariedade e resistência contra o fanatismo e a violência.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo