Tribunal dos Direitos Humanos legitima as Cruzes nas Escolas


Crucifixo é Portador não só de Significado religioso mas também cultural

António Justo

O Tribunal Europeu para os Direitos Humanos em Estrasburgo decidiu que a afixação de crucifixos nas salas de aula de ensino público não viola a liberdade de religião; trata-se dum símbolo passivo.

Esta decisão vem corrigir uma posição de Estrasburgo que, em 2009, tinha dado razão a uma ateia italiana que via nos crucifixos de salas de aula estatais uma violação da liberdade de religião.

O governo italiano interpôs recurso argumentando que a cruz (1), em lugares públicos, para lá do significado religioso, é símbolo duma tradição espiritual que forma o fundamento da democracia e da civilização europeia.

Os juízes argumentaram que tradição não desvincula do respeito pelos direitos humanos. Recordam o dever dos Estados serem neutros e que o Estado tem o dever de garantir a liberdade de exercício das diferentes religiões e a paz na defesa da ordem pública.

Estrasburgo deixou à discrição dos diferentes Estados nacionais o decidir sobre o assunto, dado não haver consenso entre os países europeus.

CHRIST IN DER GEGENWART cita o presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias, Cardeal Peter Erdö, com as palavras: “Uma vitória para Europa”;  a decisão do tribunal deixa a esperança que “a cultura dos direitos humanos não exclui incondicionalmente a cultura cristã”.

Secularização e religião devem conviver em paz. “A César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, dizia o mestre. A religião não se deixa reduzir a coisa privada; a política também não.

Naturalmente que também há uma paz dos cemitérios, tal como em Portugal, onde, um Estado, nas mãos de secularistas republicanos, arruma, pela calada da noite, com as cruzes para o privado com um mero decreto ministerial.

A cruz é e será símbolo duma civilização tecida de pecado e de graça.

(1)    A cruz é símbolo de vida, de perdão e de salvação. Ela resume a lei da complementaridade que integra a matéria e o Espírito, o sofrimento e a alegria, o divino e o humano, o horizontal e o vertical. A vida, tal como o universo não conhece o ocaso, tal como o cosmo não conhece o pôr-do-sol. As trevas que envolvem a cruz não são mais que o véu duma realidade crucial que faz do centro o seu extremo; a distância e a proximidade, no centro da cruz, revelam-se intimidade. Por trás da escuridão uma luz me conduz; tudo a caminho da luz! No encontro da noite com o dia nasce a inteligência, sorri a vida! A cruz somos nós, é o mundo, o lugar onde Deus sonha.


António da Cunha Duarte Justo

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KADHAFI SERÁ O VENCEDOR DA GUERRA CIVIL


O Povo europeu irá pagar caro a sua má Política

António Justo

Os perdedores deste conflito são já claros: a Europa, a população líbia e a civilização. O Estado cairá nas mãos do diabo ou de Belzebu. Desde que o Islão acordou, quem perderá será o Ocidente e as populações maometanas, como tem acontecido nas guerras com as suas populações!


O Ocidente perde em todo o caso. Perde, se apoiar as tribos rebeldes do Leste líbio, porque assim ajudará o extremismo muçulmano a estabelecer-se na Líbia e não só. O Leste, onde a resistência contra Kadhafi se expressa com vigor, é também o centro de recrutamento do terrorismo internacional de Al-Qaida. A Europa perde com o acolhimento de refugiados (que terá de aceitar por razões humanitárias) pois estes irão engrossar os herméticos guetos muçulmanos na Europa, facilitando-lhes assim a sua estratégia de guerrilha, a partir da sociedade europeia. A Europa perderá também ao reprimir as forças de Kadhafi; este ver-se-á obrigado a incendiar os centros petrolíferos. A Europa perderá também no caso de Gadhafi ganhar a guerra civil, porque este não aceitará mais ser o bastião da Europa, em terra líbia, contra refugiados e terrorismo de Al-Qaida. Quem terá vantagens com a guerra civil será o islamismo extremista. Já se pode prever a guerra civil como na Somália.

NÚVENS NEGRAS LÍBIAS VERSUS EUROPA

Um raio de sol tardio roçou as margens africanas do Mediterrâneo. Uma Primavera no Outono, que, apesar de tudo, faz pulsar corações amantes de liberdade. Nas águas líbias o vermelho dum pôr de sol triste mistura-se com nuvens sombrias a toldar o Mediterrâneo.


Kadhafi lança bombas sobre a população. 150.000 líbios encontram-se em fuga. A liga para os Direitos Humanos(FIDH) fala de 3.000 mortos na Líbia até hoje. Kadhafi será acusado no Tribunal Internacional (IStGH) por crimes cometidos contra a humanidade.


Alguns cabecilhas da zona rebelde do Leste da Síria que antes eram contra a intervenção internacional pedem agora apoio militar internacional para que se proíbam os voos aéreos militares sobre a Líbia. A cedência a tal pedido significaria um ataque à soberania dum Estado e o apoio à oposição com consequências e responsabilidades logísticas semelhantes às do Kosovo. Se a UNO ou o Conselho de Segurança determinar a proibição de voos militares na Líbia, aceita implicitamente o próximo passo para a força internacional intervir. No caso de Kadhafi usar aviões militares, transgride a regra legitimando assim a intervenção internacional tal como aconteceu contra a Sérvia em 1992/93.


Agora que a Líbia quer tomar o destino nas suas mãos já os países fortes se preocupam, querendo até intervir, como se já não tivessem interferido antes. A realização dum tal intento, só revelaria que se não aprendeu nada da História, e que se continuaria a colonização camuflada sob o manto duma dupla moral de humanismo e de interesses económicos. Uma intervenção internacional na Líbia corresponderia mais uma vez ao adiamento da História. A colonização externa impediu a colonização interna da luta entre tribos e serviu-se da rivalidade entre as tribos para conseguir trunfos.


O primeiro passo a dar para a Paz terá de ser a Nível de Filosofias e de Povos

O mundo moderno ocidental – sedentário – nunca compreendeu o mundo árabe – nómada, nem este compreende aquele. São duas formas de estar no mundo: Duas filosofias, duas antropologias, duas sociologias e duas religiões! Depois das invasões dos povos bárbaros, que com o tempo se sedentarizaram, a Europa apenas tinha tido, no seu seio, a experiência cigana, que nunca tomou a sério. Também não tem tomando a sério a cultura árabe interpretando-a mal, projectando nela desejos de libertação não realizada. A sede europeia de dinheiro tem-na levado a negar-se a si mesma e assim impedido também o desenvolvimento dum islão europeu; um islão sedentário.


Embora o mundo ocidental não queira ouvir a sua mensagem, o povo do Magrebe é claro nas suas aspirações. Diz que não quer “nem ocidente nem oriente”; quer ser ele, só ele e a sua cultura! Um povo em marcha não se contenta com a perspectiva do paraíso, quer um futuro mais luminoso com empregos e sem fome, e este encontra-se na “terra prometida”, na Europa. Aqui cai o maná do céu, muito dele trazido pelos ventos vindo de África.


A sua insatisfação, consigo mesmos, com os seus líderes, com o estrangeiro, é natural, numa civilização tipo nómada, entregue às forças da natureza, dada à inércia, cativa de si mesma, explorada pelos próprios líderes e por estrangeiros a eles unidos, vivendo sempre na miragem de encontrar um oásis, um lugar onde colocar uma tenda..


Neste momento a hora da população não é mais que a hora da rua, até que novos tiranos ocupem o Estado e façam dele a sua tenda. Há muita gente boa no Ocidente que vê as manifestações da rua como expressão dum desejo de liberdade. Esta porém será uma liberdade cativa. Os ocidentais, habituados a viver em paisagens culturais lameirentas, junto aos rios, não têm a mínima ideia do que são as paisagens da alma dos povos do deserto e da realidade que expressam!


Esta civilização sustentada por rivalidades tribais, dirigida por déspotas, controlada por “irmandades” e unificada sob uma matriz religiosa omnipotente, não deixa espaço para a autonomia individual e, consequentemente, não tem espaço para a cidadania; quando muito, tem lugar para o homem crente.

Daí a sua impossibilidade momentânea de produzir cidadãos e de gerar “povo” no sentido ocidental. (De notar que também o Ocidente se encontra ainda a princípio duma caminhada que possibilite o crescermos juntos). Ao povo árabe, falta-lhe o sentir sedentário no seu ideário, falta-lhe a experiência de que religião se quer “como o sal na comida”; Sal a mais estraga tudo, torna tudo intragável. Falta-lhe a consciência de “dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.


Enquanto a civilização árabe não reconhecer factor geográfico do seu antigo pensar, o seu povo continuará, a ser vítima. Continuará a não ser povo, continuará apenas a ser população a viver na /da queixa. Enquanto continuarem a construir as tendas do gueto onde chegam não se encontram preparados para passarem da mentalidade nómada para a mentalidade sedentária. Só depois de experimentarem a fertilidade da mãe terra estarão preparados para aceitar a mulher para então se tornarem Povo e não ser apenas a população de Maomé guiada por “patriarcas”!.


António da Cunha Duarte Justo

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Traição de Segredos como Prova de Democracia


WIKILEAKS – O SENTIDO DUM SENTIR UNIVERSAL

António Justo

Julian Assange e seus colaboradores fazem tremer o mundo dos poderosos com as suas revelações na sua plataforma WikiLeaks

Por toda a parte surgem cada vez mais alertadores (Whistfleblower) que chamam a atenção da opinião pública para questões que põem em perigo o Homem e o seu ambiente. Tornam públicos males e actos ilegais, corrupção, etc. que observam.

O” Expresso” teve acesso aos 722 telegramas dos EUA sobre Portugal recolhidos pelo WikiLeaks. Isto manifesta qualidade e profissionalismo jornalístico, ao dedicar capital ao jornalismo investigativo.

Muitas das revelações de WikiLeaks já eram conhecidas em países onde a imprensa vai funcionando razoavelmente.

Em geral, a documentação dos WikiLeaks revelou um certo autismo da administração americana. Os comentários dos americanos em relação aos europeus, reflectem também a agressividade de muitos europeus contra a América. Não passam de ofensas suportáveis entre amigos, atendendo à comunidade de destino de que participamos e participaremos.

WikiLeaks tornou mais consciente a gravidade da situação no Médio Oriente. Nas suas revelações também se deu a conhecer a impotência dos Estados contra o rearmamento nuclear no mundo. O Irão já possui raquetes que podem atingir a Europa. A Arábia Saudita e outros Estados árabes já fazem, há muito tempo, pressão para que os Estados Unidos da América intervenham contra o programa atómico do Irão.

Pelo que se vê da documentação, os dirigentes dos Estados revelam-se impotentes para resolverem os problemas. Isto obrigará o Presidente dos Estados Unidos e o Ocidente em geral a optarem por uma estratégia de diálogo entre os povos, já que o diálogo com os corifeus representantes dos povos tem levado, ciclicamente, ao fracasso, demonstrando, assim, o erro da política seguida.

Ao mesmo tempo que o mundo desejoso de transparência informativa rejubila, reagem outros contra a revelação posta ao público em geral. Surgem então, por todo o lado, ataques a Julian Assange, o chefe de WikiLeaks. Atacam Assange de autista como se grandes personalidades da História e da arte não tivessem sido autistas e maníacos e como se a sociedade não se encontrasse toda ela doente!

É interessante verificar que neste fenómeno, quem cometeu o erro da indiscrição foram diplomatas, políticos e sua administração, mas quem é atacado é o jornalista.

Em democracias, que ainda se prezam do nome, a liberdade de imprensa tem um significado constitucional, devendo o jornalista defender os seus informadores não os atraiçoando. A Alemanha, que dentro do sistema democrático em vigor tem uma das Constituições mais maduras do mundo, está do lado do jornalista. O jornalista tem o direito e o dever de recusar o depoimento relativamente aos seus informantes. Informação é um dever do cidadão dado o Estado receber a sua legitimação democrática duma informação ampla. A revista semanal alemã “Der Spiegel”, no seu número 50 defende: “A traição de segredos é uma legitimação da qualidade duma democracia”.

A informação é sempre boa; o problema encontra-se no detalhe e a dificuldade reside no facto de poucos terem tempo ou se encontram à altura de conseguir ver a conexão de factos e saberes. O Diabo encontra-se sempre nas entrelinhas e para as perceber será necessário ter já avistado as zonas avernais de sociedades e ideologias. A quantidade de informação não é acompanhada pela capacidade de compreensão. De costume, o denominado povo, anda sempre, atrás do acontecimento, a ladrar a qualquer coisa que se mecha, a nível de interesses imediatos e de sentimento mas, os malandros da informação sabem disso e também sabem que assim é mais fácil ganhar dinheiro e garantir melhor o emprego. Normalmente a realidade encontra-se em fora de jogo. O campo de jogo é a TV. O povo que lê não é tão influenciável,  mas muito escasso. De resto, sabe-se que a opinião é que vale e esta prescinde de fundamento. Eticamente grave é a aceitação popular de que “para se ser político tem de se ser mentiroso”.

Quem decide sobre boa ou má informação na formação da opinião pública? Esta é uma avalanche determinada pelos que dominam a sociedade. Estes estão bem servidos e sabem que o povo come o que lhe dão.

Neste contexto, é de lamentar que o jornalismo português não tenha capital nem interesse em fazer investigações sérias, em casos importantes como os faxes do freeport e as irregularidades comuns nas empresas do Estado e PPP.

De resto sabemos já os rituais vigentes: Afirmações são desmentidas mas depois não aparecem factos a provar o desmentido!

A internet revelou-se num grande factor de democracia. A identidade da nova juventude passa pelo Facebook criando-se assim uma nova Ágora. (China e Irão bloqueiam-no).

António da Cunha Duarte Justo

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SUDÃO DIVIDIDO EM DOIS ESTADOS

Sul do Sudão mantido sob a Estratégia árabe da Guerrilha


António Justo

As ameaças, do governo islâmico de Cartum, de perseguirem os cristãos que vivem no norte do país (1,5 milhões de cristãos) caso o sul cristão (3.500 milhões de cristãos) se declarasse pela independência, não sortiram efeito. Os resultados do referendo com 99% de votos a favor da independência corresponderam às previsões. A consequência do referendo do povo da zona sul do Sudão será a divisão do país em dois estados. O pacto de paz de 2005 previa o referendo. O conflito entre norte e sul começou em 1983 quando o norte, de maioria muçulmana, impôs ao sul, cristão e de tradições africanas, a lei islâmica bárbara da charia. O conflito provocou dois milhões de mortos e milhões de refugiados.


O norte muçulmano já tinha ameaçado, no caso da separação, tirar os direitos civis e as possibilidades de rendimento aos cristãos do Norte.


“O Sul, com 8 milhões de habitantes, só tem um hospital que mereça este nome”, diz Hans-Peter Hecking, referente de Missio, depois duma visita à região. “Fora de Juba (sede do governo autónomo) não há um prédio público nem uma Igreja que se encontre intactos”.

O sul de cultura africana e cristã e o norte de cultura árabe e muçulmana não encontram a paz dado o Norte discriminar e explorar o Sul. O Norte não desistirá de impor a cultura árabe ao sul.


Organizações religiosas temendo que se origine um segundo Ruanda, alertaram as Nações Unidas e as organizações internacionais para a gravidade da situação. As igrejas cristãs tinham distribuído por todo o país uma oração apelando à paz e à coexistência no Sudão.


O mundo não pode continuar a fechar os olhos como tem feito até agora, quando se trata de pessoas africanas a serem sacrificadas ao terror de estados e grupos ou de sangue africano a correr.



Solução à maneira árabe não é solução

A declaração da independência do sul do Sudão está prevista para 9 de Julho. É previsível que aconteça no sul do Sudão, o que aconteceu com a criação do Estado de Israel. Os estados árabes estiveram de acordo com a sua criação e um dia depois da proclamação do Estado declararam-lhe guerra!


O Sudão árabe, ao impedir o plebiscito nalgumas regiões do sul, criou já condições e pretextos para continuar a sua estratégia de guerrilha no sul.


A consequência lógica será a guerra civil apoiada por grupos árabes do estrangeiro. O Norte que explorou o sul como fonte de matérias-primas e de escravos durante centenas de anos, quer continuar a impor a sua hegemonia muçulmana ao Sul.


Embora o Sul seja rico em água e em petróleo, metade da população vive de menos de um dólar por dia; a quota de analfabetismo atinge os 80% com a maior mortalidade de mães no mundo.


Fugitivos e refugiados, que regressam de mãos vazias ao sul, não recebem nenhum apoio do Estado.


Restam imensos problemas por resolver: a repartição da dívida externa do Sudão de 37 mil milhões de dólares, que correspondem às entradas do fomento do petróleo com os seu poços no sul; o problema dos pipelines que levam o petróleo para o Norte, donde é exportado; o plebiscito impedido na região sul rica em petróleo Abyei, Nilo Azul e Southern Kondofan e adiado para um prazo indefinido.

O caminho da liberdade do Sul é muito difícil atendendo à situação, à hipocrisia ocidental e à má informação dos defensores da liberdade na Europa e no mundo.


É interessante constatar como o mundo é injusto na sua política de informação e como esta é tendenciosa na reacção a querer provocar. Nesta zona onde morreram mais de dois milhões de africanos, tal como já aconteceu noutras zonas africanas, o mundo assiste sem se admirar de tal. Para o Ocidente o sangue de mil sérvios e cosovares na Europa revelou-se mais importante que o de milhões de africanos, deitados ao abandono! A África continua o continente a explorar, por capitalismo e comunismo, por árabes, chineses, ocidentais e orientais. São a factura a pagar pelo petróleo do mundo árabe. Como se o sangue da áfrica negra não fosse igual ao dos brancos!


O sul do Sudão, na sua miséria, só é ajudado por organizações humanitárias. Seria importante que paróquias e juntas de freguesias europeias se tornassem parceiras de paróquias e administrações locais africanas para as ajudar a sair do ciclo vicioso de opressão e pobreza. Deste modo seriam salvaguardados os biótopos de cultura africana e de cultura cristã, porque, a experiência da História ensina e resume: onde a cultura árabe entra os outros biótopos naturais estão condenados a desaparecerem para darem lugar à monocultura muçulmana. Sabe-se da agricultura que onde domina a monocultura o solo é destruído!


O Apoio que, com os nossos impostos damos ao Kosovo não deve ser negado ao Sul do Sudão. Doutro modo a ONU apoia os árabes onde estes gritam por liberdade e pratica a tolerância da opressão árabe nas suas zonas de domínio. O petróleo pode mais que humanidade e humanismo juntos! A pessoa humana na sua dignidade e direitos pessoais continua a não fazer parte da agenda das instituições e dos povos. Não chega o grito da liberdade da fome e de consciências incomodadas. Necessita-se dum grito da liberdade que surja da humanidade e do humanismo para o Homem!


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

ASSALTO À GRAMÁTICA E ÀS LEIS


Ideologia pela Porta traseira do Dicionário e da Lei

António Justo

Enquanto representantes de Homossexuais masculinos e femininos procuram diluir os sexos a nível da lei, querendo ver substituída nas Constituições de diferentes países a palavra “sexo” pela palavra “género”, a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, no seu discurso de posse usou a forma presidenta para acentuar o sexo da ocupante (a!)  do cargo de presidente. São duas medidas, de alta eficiência, duma mesma estratégia moderna de lavagem ao cérebro.


A esquerda portuguesa quer ver a palavra “sexo” banida do art. 13º da Constituição e vê-la substituída pela palavra “género”. Como refere a RR on-line de 21.01.2011, ” ‘Sexo’ é uma palavra que sublinha a diferença entre homem e mulher, enquanto “género” é muito mais abrangente, porque em vez de apenas dois tipos – feminino e masculino – a nova expressão da moda abrange cinco: feminino, masculino, homossexual feminino, homossexual masculino e híbrido.”


Se uns se afirmam através da ambiguidade outros recorrem à acentuação do contraste!


Presidenta está para o sexo como homossexuais para o género


A palavra presidente que vem do particípio presente latino praesidens/entis, tal como outras palavras originadas de palavras com terminações idênticas (ens no nominativo e entis no genitivo e ente(m) no acusativo ) assume a mesma forma no masculino e no feminino, distinguindo-se o género prático pela forma gramatical do artigo masculino ou feminino que a precede. Temos assim: o presidente, a presidente, o servente, a servente, o estudante, a estudante, o intérprete, a intérprete, o doente, a doente; o amante, a amante, etc.

Alguns já se anteciparam a uma análise cuidada sobre a etimologia e semântica da palavra colocando a palavra “presidenta” no dicionário. Quem pode pode! (1)


A arbitrariedade parece ganhar, cada vez mais, espaço. A demasiada preocupação de socialização da língua pode, em muitos casos, conduzir à sua proletarização.


Uma má consciência, justificável em relação à mulher e ao feminismo, não é suficiente para justificar pontapés na gramática. Para que uma asneira se torne norma não deveria bastar repeti-la muitas vezes, ou chegar o argumento de “autoridade” de lugares altos. O número da população falante, um argumento de peso, não deve oprimir formas de falar mais complexas e mais diferenciadas em outras zonas da lusofonia (2). O povo merece um ensino primoroso na escola.


Não está aqui em questão o uso de novas flexões para palavras tradicionalmente ligadas ao sexo masculino e para as quais faltam correspondentes formas gramaticais femininas.


O interesse pelo cuido da língua portuguesa a nível internacional deveria empenhar-nos num esforço de superar as conotações de região, moda, salvaguardando-se contudo o seu uso específico regional! Até que uma palavra tome lugar no dicionário (norma) é preciso que passe pelo cadinho do tempo. Uma língua viva precisa continuamente de criar palavras novas e de assimilar também os estrangeirismos. Estes são, muitas vezes, ditados por interesses comerciais e por uma propaganda que não tem respeito pela própria língua.


A lexicologia, ao falar da proveniência dos vocábulos da nossa língua e do enriquecimento do léxico, faz referência ao contributo dado pelos povos que viveram no país, aos neologismos e em especial à via erudita e à via popular no processo de formação das palavras originadas do latim. Hoje, os novos gramáticos deveriam acrescentar a estas vias, a via ideológica. De facto, uma “gramática generativa” e compêndios escolares tornaram-se no meio mais eficiente para fazer interiorizar forças ideológicas, entretanto infiltradas nos organismos dos Estados.


A língua, por mais democráticos que queiramos ser, não pode ser usada a bel-prazer. A gramática não se aprende apenas por osmose, precisa de especialistas formados em academias interculturais.


Assim, com todo o respeito pelos biótopos regionais, não sou presidente pelo facto da minha esposa ser a presidente, nem Doutor por ela ser doutora ou vice-versa, como quererá levar a crer o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: “http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx” ao apresentar a palavra presidenta.


Militantes da Ideologia servem-se dos lugares altos para espalhar os seus interesses. Lobbies, supranacionais encobertas, concentram as suas redes de influência nos corredores dos ministérios e dos parlamentos a nível nacional e internacional. Para isso utilizam não só a legislação (decretos e leis) mas até a gramática. Por trás da sua estratégia esconde-se a vontade de mudar o inconsciente dos povos e o seu condicionamento sócio-cultural, através da criação de novos mitos e conceitos operantes no consciente popular. A fomentar este processo encontra-se a ingenuidade de muitos políticos e multiplicadores de opinião.


No passado a gramática e as leis transmitiam regras mais ou menos consensuais. Eram fruto dum processo sério de análise por especialistas e de aferimento na prática.


Na era dos lobbies do oportunismo interesseiro, os militantes da ideologia e do poder, não submetem o seu produto à retorta do consenso, optam por dirigir-se directamente, às fontes do Estado e da consciência popular. Assim, o veneno da ideologia, metido pouco a pouco no sistema circulatório da Nação, é assimilado directamente por um povo que habituado às conservas do mercado, trata da mesma maneira o legado cultural, engolindo tudo o que se encontra já mastigado por não importa quem.



O interesse pelo cuido do português a nível internacional deveria preocupar-se no fomento duma língua moderna, expressão duma civilização intercultural preocupada em impor-se no mundo e não envolvida em guerrilhas de trincheira ao serviço duma estratégia de impor conotações de ânimo leve, selam elas da região, da moda ou da ideologia. A política da Língua e o ensino da gramática, no contexto intercultural português, não deveriam ser utilizados como instrumento de ideologia e de poder.


António da Cunha Duarte Justo

antoniocunhajusto@googlemail.com

(1)     (Aqui a repetição da palavra “pode” é inocente como todo o poder; esta não tem género e vem do verbo latino “potere, possum, potui, posse” e não de “fodere, fodio, fodi, fossum”; se escavássemos um pouco mais no fosso da etimologia talvez pudéssemos menos mas criássemos mais e melhor!)

(2)     Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste.