A Especulação fomenta o Ódio aos Capitalistas como antes aos Judeus
António Justo
O Primeiro-ministro Sócrates conduziu o país à ruína. Nos anos que governou a dívida pública duplicou. Portugal deve neste momento 153.862.000.447€. Para não ficar na História como o autor da petição humilhante para a nação (pedido à EU), Sócrates enredou o povo e os partidos na cena de Pilatos que embora atraiçoando o Estado lava a suas mãos (culpa partidária) de qualquer culpa. Para o partido foi um aborto difícil porque o pedido de ajuda a Bruxelas implica a perda da independência do Estado. Quem passa a mandar e a proceder à liquidação é Bruxelas e os bancos internacionais.
Um pacote de medidas combinadas entre um governo demissionário e os partidos levanta problemas sobre a constitucionalidade de tais medidas. É de admirar que nenhum partido tenha levado a questão ao tribunal constitucional.
A Tróica para a estabilidade financeira (FEEF, EU, MEEF) veio a Portugal com o pretexto de com os partidos elaborar um plano para salvar Portugal. Quem salva Portugal são os portugueses. De resto, com o programa de assistência a Portugal, vieram determinar condições para então concederem obrigações do tesouro a Portugal. Decidiram emprestar 78 mil milhões de €. Para o efeito, a comparticipação europeia de 52 mil milhões de euros é arranjada no mercado financeiro sendo depois transferido o dinheiro para Portugal. O empréstimo terá de ser reembolsado até 2013 com juros de 4%. O FMI disponibilizará os restantes 26 mil milhões. Parte deste empréstimo a Portugal vai directamente para o bolso dos bancos internacionais e 12 mil milhões destinam-se à banca nacional e 35 mil milhões são utilizados como garantia do Estado para os bancos. Os portugueses apertarão o cinto para pagar dívidas e por cima verão reduzida a sua produtividade como acontece na Grécia. Aperta o cinto para poder pagar os juros em dívida aos credores internacionais.
“Lisboa, Atenas e Dublin fizeram, num ponto, o mesmo erro: a adesão à União Europeia ou para a Zona-Euro não foi usada como chance para se recuperar, mas para, com a ajuda dos financiamentos europeus, continuar como antes” (in HNA, 6.5.11). O compromisso agora assumido terá como resultado a diminuição do poder de compra dos portugueses e o castigo dos mais pobres pelos erros da governação. Segundo as estatísticas da Comissão Europeia, a dívida do Estado português em % do BIP (eficiência económica do país) atingiu 82,8% em 2010, prevendo 88,8% para 2011 e 92,4% para 2012. Prevê-se uma recessão económica, com o previsto aumento de desemprego de 11.1% em 2011 para 11,2 em 2012.
Apesar das injecções do dinheiro a Portugal, este continuará a aumentar a dívida. De facto, os portugueses passarão a trabalhar para pagar os juros a credores usurários. Os credores não estão interessados em receber o dinheiro do empréstimo; interessa-lhes é receber o dinheiro dos juros; estes são uma mina de ouro. As agências rating especulam com países como os bancos com as acções. Oprimem o cidadão para que os bancos funcionem e assegurem os seus lucros. O dinheiro adquirido da especulação é dinheiro sujo, ganho à custa do outro, sem o “suor do seu rosto” como reza a Bíblia.
Na Idade Média, a Igreja Católica proibia aos católicos ganhar dinheiro que não fosse produto do trabalho directo (do suor do seu rosto). Os judeus aproveitaram este buraco da economia, negociando eles com o dinheiro, levando juros pelos empréstimos, o que era proibido aos católicos. As elites da altura, que precisavam de dinheiro para investimentos em obras e financiar guerras, pediam-no aos credores judeus. O povo, que só perdia com o negócio financeiro entre as elites, aumentou o ressentimento contra os judeus, começando a odiá-los. Ao ressentimento religioso juntou-se a indignação da exploração. Assim uns se condicionaram aos outros, todos com boas explicações racionais. Facto é que ainda hoje se torna muito difícil combater o racismo, não justificado, acumulado então contra os judeus, apesar do crime do holocausto dos judeus. Hoje, os grandes especuladores, bolsas e os bancos, aliados às elites políticas exploram incomparavelmente mais os contribuintes. Destroem-se mesmo pessoas e nações. O comportamento das elites de hoje e o crescente ressentimento contra elas ameaça a democracia.
Sem nova competitividade acontecerá a Portugal o que está a acontecer na Grécia. A nação, agora ajoelhada perante o estrangeiro, terá de se unir toda para se poder erguer de novo com uma maneira de proceder virada para a cultura nacional no sentido de defender o Estado da pilhagem internacional e ideológica. Para isso o grande saber científico das universidades portuguesas deveria ser canalizado para as empresas portuguesas em vez de continuar a formar altos técnicos para os concorrentes estrangeiros na emigração.
A Caixa de Emergência Euro tem 750 mil milhões de euros comparticipados em 250 mil milhões pelo IWF, 440 mil milhões por todos os parceiros da zona euro e 60 mil milhões da comissão europeia. Dos 750 mil milhões de € só podem ser disponibilizados 440 mil milhões. O resto fica como reserva de segurança. Da Caixa de emergência Euro, até hoje, só a Irlanda recebeu 85 mil milhões e Portugal receberá 78 mil milhões. Prevê-se que a Grécia entre no registo de falência. Neste caso os países/bancos fiadores teriam de renunciar a exigências sobre o crédito concedido. A BRD assume a sua quota-parte de garantia no valor de 120 mil milhões no que toca à Caixa de Emergência Euro de 440 mil milhões. No caso de Portugal a Alemanha torna-se fiadora de 10,4 mil milhões.
Quanto a Portugal e Irlanda há sinais positivos de poderem vir a pagar as dívidas. Os administradores da liquidação foram mais moderados nas medidas agora tomadas. Bruxelas já pensa em prolongar os prazos de empréstimo até sete anos.
Outros candidatos instáveis são a Espanha, Itália, França e Bélgica.
O norte da Europa cada vez tem mais medo que a Zona Euro se transforme numa zona de transferência de solidariedade. Por isso já se manifestam personalidades exigindo a divisão da Zona Euro em duas zonas: uma zona € forte e outra zona € mole. Outros defendem a ideia do norte abandonar o €, ou dos países fracos voltarem a adoptar as suas antigas moedas.
A antiga Alemanha ocidental tem a experiência da sua transferência de dinheiros da zona rica para a zona pobre porque ainda hoje transfere anualmente muitos milhares de milhões de Euros para a antiga DDR (antiga Alemanha socialista) e apesar disso ainda há uma grande diferença de produtividade entre as duas.
Com a comunitarização das dívidas “vale a pena fazer mais dívidas”(Hans-OlafHenkel, in HNA8.4.11) caindo-se num “sistema de irresponsabilidade organizada” tal como se vê na compensação financeira entre os estados federados da Alemanha. Nela há três estados dadores e 13 recebedores; “ quando o Estado do Hesse poupa um € tem que dar dele 97 Cêntimos aos estados recebedores. E quando Bremen gasta um €, recebe 97 Cêntimos dos estados dadores”.
Como se vê, hoje como há 2064 anos, o Homem repete-se. Já Marcus Tullius, em Roma, 55 a.C. resumia: „O Orçamento Nacional deve ser equilibrado. As Dívidas Públicas devem ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos devem ser reduzidos, se a Nação não quiser ir à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver por conta pública ”. Os especuladores bolsistas tornaram-se na praga dos gafanhotos de que fala a Bíblia.
António da Cunha Duarte Justo