Política económica de Cowboys multiplica as Vítimas
António Justo
Na semana passada a Fundação AIS noticiou que o Observatório Sírio dos Direitos Humanos tinha divulgado fotos de cristãos crucificados publicamente.
No início do ano, os cristãos de Raqqa, na Síria, foram informados pelos extremistas muçulmanos de que se não se convertessem ao islamismo teriam de pagar um “imposto de protecção”. Esta prática é tão antiga como o Islão. Tal como faziam no século VIII, quando invadiram a Hispânia e as terras que hoje formam Portugal, com o dinheiro que recebiam do “imposto por cabeça” dos não maometanos e do imposto de chefes pelo território, financiam a luta pela sua expansão. A Fundação AIS noticia ainda que “os cristãos passaram a estar proibidos de exibir símbolos religiosos fora das igrejas…”
O Papa Francisco, de mãos atadas, impressionado com as crucifixões de cristãos na Síria, desabafou neste fim-de-semana: “Chorei quando vi nos meios de comunicação social a notícia de que cristãos tinham sido crucificados em certo país não cristão”. E acrescentou: “Hoje também há gente assim, que, em nome de Deus, mata e persegue”, e lamentou que “Existem países em que se pode ser preso apenas por ter consigo o Evangelho”; é o caso também da Arábia Saudita!
O Cinismo moral
O pensar politicamente correcto não fica satisfeito quando se dão informações sobre as barbaridades do extremismo de grupos muçulmanos que actuam globalmente. Por isso, notícias destas, aparecem escondidas ou nas folhas menos lidas. Isto até tem a sua lógica porque assim mais que guerras há guerrilhas que justificam intervenções militares económicas.
As guerras do Iraque, da Síria e as rebeliões do norte de África, Sul do Sudão, etc., dão-se na defesa de interesses económicos do ocidente e da Rússia e servem de pretexto para a religião islâmica acentuar a sua expansão através da violência contra os cristãos.
As pessoas que abdicaram de si mesmas, apropriam-se do direito fundado no Corão e assumem-se em juízes na defesa da própria religião. Neste ambiente, de uma maneira geral, nunca se ouve líderes muçulmanos declararem-se em público contra tais barbaridades nem se mostrarem empenhados na defesa de uma política séria da convivência pacífica entre grupos étnicos e religiosos. Em nome da religião e do Corão conseguem canalizar a raiva e o ódio explosivo da fome, da frustração e da injustiça e ainda ganhar dividendos políticos, apesar do sofrimento da população.
O Ocidente, só interessado no negócio ou em impor a sua ideologia a estes povos, não acha digna de nota a perseguição aos cristãos. Estes são, muitas vezes, os reféns de uma agressão antiamericana, dado a América ser tida como cristã. Por outro lado, as pessoas só interessadas no negócio vêem mais vantagem no Islão.
Os Estados ocidentais não estão interessados numa política social justa, de acordos bilaterais entre eles e os países árabes, acordos que iriam normalizar as relações entre os povos, ideologias e religiões e assim impedir uma política económica de cowboys nestas zonas. Para continuarem, com boa consciência a nível social interno, ainda vendem a desestabilização de povos fomentada no apoio a grupos radicais, como serviço à democracia e ao direito de autodeterminação.
A desestabilização da Síria deve-se aos interesses económicos e estratégicos dos USA/EU e Rússia e aos interesses religiosos e estratégicos de sunitas, xiitas e turcos.
Na batota da moral, o Ocidente sacrifica os seus princípios humanitários aos seus interesses económicos. A ideologia económica é tão cínica que prefere masturbar-se e tornar-se ela na fonte da moral. Vai sendo tempo de se deixar de temer Deus para se temer o Homem e, talvez de volta, se encontrar o Homem-Deus!
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu
Eu estive na Síria há cerca de dez anos. Fiz uma viagem de estudo e tive a oportunidade de visitar o País de Norte a Sul. Uma das coisas que mais me impressionou foi o facto de ter sido o único País da região que então visitei onde havia total liberdade praticar qualquer religião. Em Damasco havia um largo com cinco igrejas de cinco religiões diferentes. Estavam todas abertas e todas tinham crentes. Não tenho qualquer dúvida em afirmar que foi um dos Países mais cultos de todos os que visitei, e foram muitos, Por isso quando vejo imagens de Alepo, por exemplo, pergunto-me quem foi que fez aquilo. Quem foi que destruiu aquele País onde, dez anos atrás, me senti sempre seguro e onde me desloquei por onde sempre quis, para qualquer parte e a qualquer hora do dia ou da noite. Recordo por exemplo que numa noite de sexta para sábado, quando passava por uma praça onde no sábado ia haver um mercado, cerca das duas horas da manhã fomos convidados pelos feirantes que preparavam os seus locais de vendas, +para tomar chá. Recordo que algures no deserto visitamos uma família de beduínos, visita não programada, e que o Patriarca da Família me confundiu com um nativo. Quando o nosso guia lhe disse que eu não era Sírio, ele respondeu que também não era alemão, o grupo em que estava integrado era maioritário de alemães, e que, por conseguinte só podia ser português ou espanhol. Explicou-me depois o que eu sabia, os mouros (palavra dele) tinham esta na Península Ibérica quase cinco séculos pelo que era possível que nas minhas veias corresse sangue árabe. A família em causa vivia no deserto mas por aqui se vê o grau de cultura da mesma.
Caro José Fratel,
é mesmo muito importante e objectivo o seu testemunho e comentário. A Síria era um grande país e uma grande cultura com grande estabilidade social e económica, com uma boa relação religiosa e intercultural. Isto não agradava a muitos estados da região e em especial às confissões maioritárias do Islão: os Xiitas do Irão e os Sunitas da Turquia (às duas confissões rivais nos diversos territórios). Isto tem porém a ver com os imperialismos económicos e estratégicos ocidentais e russos, como fascismo muçulmano internacional financiado e com a rivalidade entre o Irão e a Turquia, cada um querendo tornar-se no poder hegemónico muçulmano da região. A Irmandade Islâmica radical e os outros grupos internacionais extremistas muçulmanos (tipo Al Qaida) e outras forças locais, aproveitam-se da ocasião para serem subsidiados com armas pelos diferentes grupos de interesse. O que acontece na Síria e aconteceu e acontece no Iraque é o melhor exemplo de uma política internacional maquiavélica cínica. O povo é que sofre e paga; quem ganha são os interesses económicos das potências mundiais porque vendem armas e depois têm o grande negócio da reconstrução dos países. Os USA, a EU e a Rússia têm tido um papel maligno na região e lavam a mente aos cidadãos com uma comunicação social superficial e mesmo enganosa. Caro José Fratel, agradecia que me desse licença para colocar o seu testemunho no meu www, porque se revela muito interessante para os meus leitores (São muitos!).É mesmo muito importante e objectivo o seu testemunho e comentário. A Síria era um grande país e uma grande cultura com grande estabilidade social e económica, com uma boa relacao religiosa e intercultural. Isto não agradava a muitos estados da região e em especial às confissoes mioritárias do Islao: os Xiitas do Irao e os Sunitas da Turquia (às duas confissoes rivais nos diversos territórios). Isto tem porém a ver com os imperialismos económicos e estratégicos ocidentais e russos e com a rivalidade entre o Irão e a Turquia, cada um querendo tornar-se no poder hegemónico muculmano da regiao. A Irmandade Islâmica radical e os outros grupos internacionais do fascismo muculmano (tipo Al Qaida) e outras forças locais aproveitam-se da ocasiao para serem subsidiados com armas pelos diferentes grupos de interesse. O que acontece na Síria e aconteceu e acontece no Iraque é o melhor exemplo de uma política internacional maquiavélica cínica. O povo é que sofre e paga; quem ganha sao os interesses economicos das potências mundiais porque vendem armas e depois têm o grande negócio da reconstruccao dos países.