CRIE-SE UM MINISTÉRIO DAS COMUNIDADES E DA LUSOFONIA!

Em prol de uma Lusofonia para além do Espaço do Sentimento de Pertença

António Justo

 A Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, independentemente de algumas mais-valias pontuais que regista e do seu trabalho administrativo, revela-se, ao longo da sua vigência, ineficiente e desgastante, contribuindo até para adiar, ad eternum, uma possível política séria, com pés e cabeça para a emigração e para as comunidades lusófonas. A experiência da Secretaria de Estado constituiria um contributo importante à hora de ser definida uma reforma da política das Comunidades portuguesas e da lusofonia em termos de estratégia.

Só um ministério próprio estaria à altura de reparar os defeitos da política passada e seria capaz de desenvolver conceitos e estratégias de uma política abrangente e adequada aos novos tempos. Temos a área da cultura, da língua, da economia, da lusofonia à espera de concepção inclusiva, de projectos e aplicação numa política visível e eficiente que sirva e se aproveite dos recursos das potencialidades migrantes e dos países lusófonos (com eventuais parcerias).

Urge aproveitar com eficácia a rede da presença lusa e das suas economias de maneira mais satisfatória e proveitosa para os emigrantes, para Portugal e para os países lusófonos. As comunidades da diáspora lusófona poder-se-iam aproveitar e ser aproveitadas e reunidas em conveniências comuns de fomento (Bancos, Câmaras da Indústria e do comércio, representações diplomáticas, institutos culturais, etc.) numa estratégia de inclusão de interesses e políticas de perspectivas de futuro lusófono.

Só uma política, atenta aos sinais dos tempos e à realidade da perspectiva das economias emergentes lusófonas e do equacionamento de projectos em termos globais, poderá dar resposta adequada às novas possibilidades e ao enquadramento económico e estratégico do constante fenómeno de movimentação social. Só a criação de instituições inclusivas com grande peso a nível de governos e de sociedade darão resposta eficiente aos novos desafios.

A missão não pode estar subjugada nem amarrada à administração (burocracia) se não queremos dar continuidade à típica mentalidade orientada pelo hábito da apagada e vil tristeza de não vermos o que está para além das bordas do próprio prato.

Assim deveria ser criado um ministério das Comunidades muito ligado ao MNE, a repartições ministeriais de gestão, de economia, de finanças, de cultura, universidades, turismo e de investimento! (Isto são ideias que já defendia publicamente em “O Emigrante” dos anos 80 ao dar-me conta do desperdício de recursos e da falta de racionalização e eficiência administrativa na emigração! A mesma carência de visão constatei ultimamente na reacção do MNE e Secretaria das Comunidades à luta que encabecei pela subsistência consular de Frankfurt; a rotina, a perspectiva burocrática e a defesa de interesses de instalados têm determinado muitas das decisões políticas e deste modo atrasado o desenvolvimento de Portugal e dos portugueses.)

Continua a ser irresponsável e arcaica uma política abandonada à boa vontade de secretários de Estado das Comunidades que, além da falta de uma política forte que os apoie, têm de se acomodar aos maus hábitos da casa (burocracia) que dirigem!

Em todos os Secretários de Estado que pude observar constatei o seu estado carente de também eles serem migrantes na transitoriedade de uma vida política que os obriga a cobrir a irresponsabilidade política de um Estado/Governos que nunca se interessou por delinear uma política séria para uma vertente tão importante como a dos emigrantes e das suas economias.

Na minha observação do palco político e do agir das Secretarias de Estado, durante mais de 30 anos, constatei sempre o mesmo estado precário desta instituição que, além de boa vontade e iniciativas passageiras, não deixa nada de duradouro. Um mínimo de seriedade política conceptual e programática exigiria um certo interesse por se encarar o problema de fundo. Verifiquei nos anos oitenta, um pouco de interesse de curta duração que não passou de meras intensões de discussão burocrática! Uma política de carácter meramente indutiva sem um tecto dedutivo que lhe dê perspectiva alargada continuará a ser incómoda para secretários de Estado e prejudicial para a emigração ao desperdiçar levianamente os seus recursos e as potencialidades de Portugal. Temos universidades e pessoas de experiência que em conjunto poderiam elaborar cenários políticos. Os partidos portugueses deveriam abandonar o jogo da cabra cega e do pingue-pongue a que se têm dedicado em questões de política de língua e de emigração para se afirmarem como competentes e ser reconhecidos em serviço do povo.

Também a discussão da política dentro da comunidade portuguesa (falo da Alemanha que conheço melhor) tem sofrido do característico defeito português, de se reduzir a visões partidárias de perfilhação e fomento de perfil partidário nada isenta nem equacionada em termos de situação e de povo!

O novo ministério poderia criar condições para a canalização das remessas para o investimento produtivo em Portugal e contribuir para a inovação da mentalidade portuguesa no sentido de se fomentar uma cultura de trabalho frutuoso e responsável. A perspectiva dos países lusófonos, em que a Lusofonia se tornasse não só o espaço do sentimento de pertença mas também a nova força catalisadora das novas gerações, não deveria ser parte acidental da filosofia e práxis de um Ministério das Comunidades e da Lusofonia.

 

 António da Cunha Duarte Justo

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UMA MULHER ÁRABE COM ROSTO PRÓPRIO – MAJAM MAHMUD

Uma Revolução da Mulher seria a Solução

António Justo

Majam Mahmud, que antes preferia ser rapaz porque como mulher não via futuro digno, está agora orgulhosa do seu género. É uma rapper egípcia de 18 anos e de lenço na cabeça que não tem papas na língua quando fala. Não lhe interessa a política mas a discriminação. Na sua música lematiza temas tabu de uma sociedade medieval. Chama as coisas pelo nome sem os rodeios do oportuno. Enfrenta os problemas da nação; fala sem medo da discriminação da mulher e do assédio sexual na sociedade egípcia. O Ocidente mais interessado na guerra económica do que na justiça individual e social fecha os olhos da guerra dos homens contra as mulheres especialmente nas sociedades da Índia e da África.

Revolução da Mulher – Quando?

Segundo uma pesquisa das Nações Unidas 99,3% das mulheres egípcias indicam terem sido sexualmente molestadas.

Para Majam Mahmud o problema da discriminação sexual no Egipto é intocável porque é declarado tabu e como tal não precisa de leis que condenem o assédio sexual. Quem sofre as consequências cometidas pelos agressores não são os infratores mas as mulheres que depois têm de assumir o desprezo social. Os homens querem que as mulheres sejam graciosas e atractivas mas sem chamar a atenção. A solidariedade masculina não quer ser questionada, nem quer sofrer a concorrência entre homens e por isso a mulher terá de ser a eterna vítima, a culpada do desejo masculino. Este é lei e por isso não se pode questionar a si mesmo. Neste contexto, ser mulher livre é uma provocação. As mulheres calam-se e nas sombras do seu silêncio continua a fermentar a arrogância e a violência masculina. O problema é que o sistema não se muda, quem se muda são as pessoas e só quando estas se mudam, só então se muda o sistema. 

Numa altura em que ideias revolucionárias já germinam debaixo de cabeças com lenço, há mais motivos de esperança do que qualquer pretensa primavera árabe na sociedade norte-africana.

Majam Mahmud pergunta numa entrevista com o Speigel: “Que se pode esperar de uma sociedade onde o maior objectivo para uma mulher é casar?” Logo a seguir desabafa “Eu realmente acredito que a próxima revolução será uma revolução da mulher.” O problema da sociedade muçulmana mais que um problema religioso é um problema de homens e de cultura árabe cimentada no Corão e na sharia.

A verdadeira revolução está na transformação do espírito. O mundo árabe cairá um dia num caos se não se mudar, mas a mudança só as mulheres a podem fazer através de uma revolução doce ou também agressiva, à maneira de homem. Majam Mahmud é um exemplo muito necessário, uma luz a brilhar e mais que um grito de emancipação é uma voz modelo que grita por libertação do chauvinismo masculino com a sua consequente violação. A música é um dos melhores instrumentos para se transmitir uma revolução.

Deveria haver direito a asilo mais liberal para as mulheres perseguidas por razões de cultura ou religião. Se observamos as mulheres vítimas do exílio político observa-se, porém, que trazendo os homens consigo não há possibilidade de libertação individual.

É um facto sociológico que, de uma maneira geral, os homens não querem mudar-se preferindo continuar a viver ao abrigo das leis naturais que perpetuam o domínio do mais forte. A cultura árabe, fruto de uma geografia agreste, continua na elaborar as suas leis positivas com base na cópia da lei natural. (De não descurar que a cultura ocidental tem outras formas de discriminação, muito embora mais suave).

Aqui temos a ver com uma cultura misógina bárbara onde, sob a capa do islão, se dá continuidade à discriminação das antigas sociedades de clãs primitivos. (Temos porém que estar atentos na avaliação porque muito do que acontece sob a capa das religiões são costumes ancestrais nómadas da cultura árabe.)

Se se pretende um desenvolvimento são e sadio a discussão terá de ser feita em termos de sociologia e de antropologia. De facto a velha cultura egípcia tem elementos muito mais desenvolvidos do que lhes foi posteriormente imposto com a hegemonia da cultura bérbere árabe. Uma discussão fora destes moldes corre perigo de, sem notar, levar a água ao próprio moinho! O que está aqui em causa é a relação e a integração da feminilidade e da masculinidade na pessoa independentemente do ser homem ou mulher!

Há quem critique Majam Mahmud por trazer lenço na cabeça, um símbolo da repressão; estes esquecem porém que ela pode assim alcançar melhor um público conservador de mulheres que de outro modo não atingiria. Também há que estar-se atento na luta da emancipação para se não cair em movimentos emancipatórios baseados em princípios masculinos, como por vezes acontece no ocidente.

Uma sociedade patriarcalista que segue unilateralmente os vestígios de Abraão só poderá ser mudada com a mutação progressiva da mulher e só esta poderá constituir a base de uma verdadeira revolução.

António da Cunha Duarte Justo

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REPENSAR A DEMOCRACIA E REMODELAR O ESTADO

Portugal é o Rosto da Europa

A Democracia partidária tornou-se antiquada e atrasa o Futuro

António Justo

Portugal, no século XV, foi a expressão da pujança vital da Europa, dando início à sua expansão pelo mundo. Na era actual, Portugal deixou de testemunhar a sua exuberância para se tornar o rosto do seu declínio. Portugal é a radiografia e o rosto da Europa.

 

Hoje fala-se de crise mas o que se está a dar é uma mudança radical da sociedade e de parâmetros duma época privilegiada que praticamente já passou. A efervescência cultural culminada na geração 68 e especialmente os acontecimentos de 1989 alteraram a sociedade totalmente (ideário, economia. EU) iniciando uma mudança social radical. As consequências da mudança em curso fazem-se sentir especialmente na crise económica que conduz à perda da dignidade nacional sob a pressão da ditadura financeira global que abala as nações nos seus fundamentos e ridiculariza os regimes democráticos parlamentares, iniciando, ao mesmo tempo, uma cultura da preocupação. (Ensina-nos a História que os problemas e a decadência só se reconhecem a posteriori e que, quem alerta para o perigo dela, é considerado desmancha-prazeres!). Portugal inicia o fim do apogeu da cultura ocidental. A consistência ou insegurança de um núcleo começa por se expressar e notar nas suas bordas.

 

O sistema democrático borbulha. Os órgãos do estado encontram-se ao serviço dum regime político partidário, numa democracia já não convencida de si mesma.

 

O estado do país é instável com uma democracia instável. As instituições funcionam mal e a economia encontra-se num beco sem saída porque as forças que a geram são indomáveis. Espalha-se, entre o povo, o desengano da política, de partidos e políticos. A raiva engolida leva o povo à depressão e à nostalgia. Expressa-se socialmente, de forma bordaline e rotineira em manifestações organizadas por sindicatos, por vezes, tão irresponsáveis e comprometidos como a política de mãos atadas.

 

Num estado assim o povo pressente que não há remédio, que será melhor ir à bruxa. A classe política não tem soluções, é vítima e criminosa ao mesmo tempo; ela e a EU tornaram-se parte do problema num horizonte sombrio sem utopias ao alcance. Os tempos da democracia ocidental com uma economia séria já passaram; a economia já não se encontra em função do bem-comum e a Europa vê chegar a ela os pobres do mundo e os produtos fracos de fracas economias. O Estado social cada vez se torna mais num estado bombeiro a apagar os fogos da miséria com dinheiros do contribuinte numa sociedade cada vez mais precária. Os atropelos da indústria financeira internacional são distribuídos pela classe indefesa e pelos países menos fortes. Os países fortes ainda vão vivendo bem da implosão dos países da borda.

 

A política tornou-se muito complexa. Tornou-se impossível governar com independência e justeza. O povo deixou de acreditar e de ter poder de influência, este é exercido pela classe superior. Os negócios públicos tal como socialismo e capitalismo vivem em promiscuidade.

A sociedade Ocidental ao integrar nela, irreflectidamente, a ideologia marxista-leninista iniciou definitivamente a decadência e o seu próprio fim. É um veneno que mata lentamente mas mantendo a boa-disposição até final. O pensar correcto hodierno faz parte das suas flatulências!

 

Os negócios da nação são feitos em prejuízo do povo e do Estado. Quem beneficia deles é a classe superior, são os políticos e os magnates da banca e de consórcios internacionais.

 

Na Era da Informação e dos Lóbis monopolistas

 

A classe baixa e parte da classe média não vê nem entende o que está a acontecer. A classe média privilegiada encontra-se insegura porque os modelos de economia apresentados já ultrapassam o nível da compreensão, movimentando-se mais no âmbito virtual que real. Há uma dissociação entre informação e modelos.

 

Os debates públicos refugiam-se nos ataques aos partidos; estes, sem soluções nem modelos, escondem atrás duma retórica vazia. Ninguém entende a avalanche de políticas ditadas pela oligarquia da EU. O seu ditado põe em perigo actuais formas de Estado e democracias. A EU para conseguir os seus objectivos de poder suprarregional encostou-se à ideia do globalismo económico liberal. Deste modo tanto cientistas, ecónomos como povo encontram-se abandonados a forças de que não podem ter a supervisão. Tudo comenta e atira a sua opinião que se revela apenas erudita mas tão competente como a opinião simplória do povo.

 

No meio desta confusão, para salvar a democracia, não ajudam consultas plebiscitárias nem análises científicas porque o desenvolvimento é de tal modo desregulado que não tem controlo possível porque lhe faltam as pistas e os dados reais. (Recorde-se no meio disto a discussão sobre espionagem desmascarada por Edward Snowden).

 

A política não tem hipótese de elaborar programas objectivos dado encontrar-se a um nível inferior ao dos poderes e sistemas supranacionais em acção. As nações e os governos encontram-se num andar abaixo do dos magnates do capital internacional e dos feitores das crenças actuais. Isto questiona a formação de qualquer vontade democrática e conduz ao desespero de quem pensa.

 

No Sentido de uma Democracia participativa/burocrática Uma Proposta interactiva e de Inovação no Sentido da Inclusão

 

Por toda a Europa se fala da necessidade de maior participação do cidadão nas decisões dos governos, da necessidade de melhorar a democracia. Fala-se no modelo suíço, na necessidade de “Avaliações dos Cidadãos “,”células de planeamento”(Peter C. Dienel), etc.

 

A discussão sobre a maior participação política do povo é conversa de embalar enquanto elaborada em termos ideológicos e partidários. Estes deram continuidade à fórmula do poder tradicional do divide e impera. A História tem-se construído com revoluções, com classes políticas, servindo-se sempre do uso do domínio, numa estratégia de afirmação de cima para baixo. A dinâmica da natureza assim como a que se encontra subjacente à etimologia da palavra democracia é contrária ao actual exercício da democracia; segundo estas tudo cresce de baixo para cima, o que contradiz o sistema democrático vigente. O modelo de desenvolvimento que dá perenidade à natureza provém da sua orientação; a cultura, ao partir de um conceito oposto concebido na perspectiva de cima para baixo (opressão), inclui em si mesma a rotura constante acrescida da violência artificial dos mais fortes, como se pode ver testemunhada nos livros de História. Enquanto a natureza se esforça no sentido do sol (comum), a sociedade encontra-se na luta entre grupos que pretendem apoderar-se dele. O novo homem, a surgir, receia colaborar com sistemas tradicionalistas que dêem continuidade a formas de governo que perpetuam a violência estrutural; prefere abster-se ou esperar pela oportunidade de poder interferir lutando.

 

Agora, que a economia vai mal, até a “sacrossanta” Constituição se questiona. Ouve-se falar da necessidade de introduzir pequenas mudanças constitucionais que possibilitem elementos plebiscitários, mais propícios a desviar a atenção do verdadeiro problema.

 

O problema está no facto de o povo já não ter sequer possibilidade de intervir num sentido de equilíbrio de interesses. A situação social e económica em que a sociedade se encontra exigiria opções fundamentais e não só aquisição de compensações.  

 

O sistema económico em via, tendo muito embora surgido de democracias, é antidemocrático. De momento vivemos numa ditadura económica legitimada por uma democracia açaimada. Enquanto não houver uma tarefa de planeamento concreta ninguém pode fazer propostas sérias de solução. Seria superficial procurar ir de encontro à insatisfação popular com propostas de resolução meramente políticas. É necessário, que a classe política e pensante da nação pense em mudar a longo prazo o sistema económico e político já arcaico. O problema é cultural-económico-político não podendo ser solucionado com remendos duma só ordem.

 

Para se organizar uma democracia de participação civil adulta teria de se partir para uma democracia de caracter burocrático e não partidário porque isso implicaria a organização de pareceres populares sobre políticas concretas discutidas a nível directo de freguesias, concelhos, distritos e de Estado e já não a nível ideológico partidário. Teríamos de voltar à política dos homens-bons já não só das terras e dos ofícios mas também da cultura e do povo.

 

A maneira ideológico-partidária de encarar os problemas e de equacionar soluções nessa base, tornou-se ultrapassada e anacrónica para o mundo moderno e para uma nova sociedade. As ideologias revelaram-se como impedimento ao desenvolvimento estrutural e à formação de uma vontade diferenciada. Depois da queda do imperialismo russo e americano e do consequente globalismo torna-se anacrónica a legitimação democrática em contextos de esquerda ou direita. A nossa era quer ultrapassar o politeísmo ideológico expresso nos partidos e ideologias, quer passar para um “catolicismo” político de inculturação e aculturação global. De momento as oligarquias económicas servem-se do sistema partidário para organizar e impor os seus planos aos Estados.

 

Início da nova mentalidade democrática

 

Na era da informação – do Verbo = in-formação – o cidadão tem oportunidade de assumir, por vezes, o lugar da lei; com as novas tecnologias as cúpulas deixam de possuir a sua relevância; para acompanharem a inovação tecnológica, deveriam devolver o seu poder a processos democráticos interactivos, em vez de abusar do seu uso no controlo do cidadão. Começa a surgir o tempo da democracia representativa dar lugar à democracia participativa. O rebanho consciente e adulto não se aliena, assume a missão do próprio pastoreio.

 

A formação da vontade política hodierna passará dos núcleos dos partidos para a tecnologia electrónica transparente. A delegação do cidadão no partido perde o seu sentido estrutural representativo para se realizar na participação. A maneira de estar objectiva dá lugar à maneira de estar subjectiva; deixa de haver papéis a representar indivíduos para haver pessoas a agir directamente. Grande parte da nossa sociedade atingiu um nível de desenvolvimento que quer uma democracia líquida sem calhaus de energia concentrada e sem as levadas que desviam as águas para os seus moinhos, porque este proceder impede o fluir do todo. A nova democracia também se torna mais racional e consciente concentrando a energia talvez na comercialização de menos produtos mas, por sua vez, mais satisfatórios e úteis. O sistema deixa de ser consultivo para se tornar participativo (a Internet possibilita a praticabilidade de uma nova mentalidade). Formação e in-formação são a sua fórmula mágica. A natureza é mestra e permanente ao organizar-se de baixo para cima e não de cima para baixo. Um processo de formação e organização natural da sociedade, viria impedir o autoritarismo e formalismo que tem dado forma estática às mentalidades passadas com a consequente violência e exploração inerente ao sistema político e social.

 

Da Democracia Partidária para a Democracia Pluralista

 

A EU não é democrática, é mais um aglomerado de sistemas governamentais sob o pretexto democrático. A sua deficiência democrática talvez se pudesse tornar num bom instrumento para o exercício de uma democracia participativa/burocrática! Esta deixaria de partir da estruturação ideológico-partidária para se associar às infraestruturas administrativas pragmáticas. O pluralismo ideológico organizar-se-ia em torno de programas e metas concretas aferidas na ordem ascendente à freguesia, concelho, etc. Consequentemente a informação teria que germinar na massa do povo que conceberia e se conceberia em formação permanente.

 

Naturalmente que isto seria uma meta a longo prazo mas que pelo facto de ser formulada, obrigaria a classe política a iniciar um processo de mudança que levaria a uma cultura política que transcenderia os apagados horizontes da vigente discussão partidária. Até nos aproximarmos da meta seria muito importante começar-se pelo modelo democrático suíço.

 

Os partidos políticos, fixados nas suas ideologias, já deram o que tinham a dar. Pensar que se poderiam melhorar com pessoal mais íntegro ou com a criação de novos partidos seria uma ilusão parva. Os problemas que revelam são inultrapassáveis para a nossa era porque antiquados no seu ideário e na sua ordem estrutural e sistemática. Já tiveram a sua era. Mantê-los como são significa comprometer o futuro e, ao mesmo tempo, um ataque à racionalidade que de facto só tem sido considerada para as coisas pequenas.

 

O carreirismo inerente aos partidos exclui, por si mesmo, a participação; é de caracter individual e não orientado primeiramente para o bem-comum. O sistema partidário só fomenta o carreirismo de alguns (iniciados interesseiros) e exclui por si mesmo a participação de competências independentes obrigadas a morrer isoladas na massa. Se observamos a classe política provinda das nossas repúblicas ela produz muitos reizitos envelhecidos no seu coutado e que pretendem, também depois de caducos, influenciar ideologicamente toda uma nação (O povinho dócil e bom come o que lhe dão!). O que é necessário é uma metanoia da mentalidade, a inovação das elites; colocar as esperanças em novos partidos seria desconhecer o mal de raiz do sistema que canaliza toda a energia popular nos crivos do partido. O organigrama da república/partidário é igual ao organigrama monárquico, com a agravante de se apresentar como sua alternativa. Precisamos de um outro currículo em que o objectivo do partido e o lema do camarada ou do companheiro não seja viver da democracia mas viver para ela. A política mais que uma profissão deve ser uma vocação de servir o povo. Consequentemente precisa-se de candidatos do povo e não candidatos de partidos. Uma democracia partidária já traz em si a desculpa da unilateralidade e falta de objetividade. Naturalmente que nos diversos partidos há gente com ideais muito sociais e humanos; o sistema porém cedo o leva a reconhecer que quem não puxa a brasa à sua sardinha não sobe na jerarquia partidária.

 

A consequência deste argumentar iniciaria um processo de formação de cidadania adulta que pouco a pouco prescindiria da classe política para formar um povo político.

 

A crise a que os bancos e os políticos nos levaram constitui a melhor prova da urgência de transformar o nosso sistema de democracia partidária num sistema de democracia pluralista. Precisa-se da inversão do pensar. Pensar e agir já não a partir do eu mas a partir do nós (bem-comum).

 

Os novos recrutas da democracia querem um novo marchar! Por isso reclamam o bem-comum, a justiça e a verdade.

 

António da Cunha Duarte Justo

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100 Milhões de Cristãos actualmente perseguidos

Os Factos mostram as revoluções islâmicas ao serviço da hegemonia muçulmana

António Justo

Depois da queda dos regimes autoritários no Norte da África, Próximo e Médio Oriente aumentou a perseguição aos cristãos e às minorias religiosas. Os países onde mais se perseguem e discriminam os cristãos são os seguintes:

A Síria encontra-se assolada por um guerra civil entre muçulmanos sunitas e xiitas mas quem mais sofre as consequências colaterais é a minoria cristã embora se abstivessem de intervir no conflito entre o governo e a oposição. Cerca de 40% dos cristãos tiveram de fugir do país. Na Síria 10% da população era cristã.

A Turquia, nos últimos anos, deixou de atacar directamente os cristãos com actos de terror mas continua a fazê-lo no dia-a-dia através das suas práticas e legislação (Cristãos são bem vindos na qualidade de turistas). Os cristãos são identificáveis por um determinado número no Bilhete de Identidade, o que simplifica a discriminação burocrática. No século passado 25% dos habitantes da Turquia eram cristãos, hoje já só há cem mil, o que corresponde a cerca de 0,1% de cristãos. O método do Jihad (“empenho”, “esforço”, guerra santa) no âmbito interno e a nível exterior revelou-se na melhor estratégia de imposição do próprio poder/religião e de expansão muçulmana através dos tempos.

No Iraque em 2003 havia 1,5 milhões de cristãos. Devido à contínua perseguição hoje só vivem no Iraque trezentos mil cristãos.

No Egipto, cuja população conta com cerca de 10% cristãos, continua a violência e discriminação contra eles. Depois de muitas igrejas e instituições cristãs terem sido incendiadas espera-se agora uma legislação discriminadora mas não tão violenta contra cristãos e minorias.

Este ano, no Paquistão, um atentado a uma igreja matou 150 cristãos. Muitos cristãos são perseguidos e mortos em nome da lei arbitrária da blasfémia. Segundo a comissão asiática dos direitos humanos, no Paquistão “o direito à vida perdeu todo o sentido”.

Nas Filipinas os rebeldes islâmicos do Moro Nacional Libertation Front provocam a fuga de 150 mil refugiados e centenas de mortos e feridos.

Na Nigéria, grupos islâmicos, na luta por um estado islâmico, obrigam raparigas a serem casadas com homens islâmicos (a transmissão do islão está acoplado ao homem) e a serem islamizadas. Dezenas de milhares de cristãos encontram-se em fuga para o sul.

Na coreia do Norte a simples declaração de que se é cristao, bem como “a posse de uma Bíblia já chega para prisão”(HNA, 24.12). Hoje, os regimes totalitários, não toleram o cristianismo porque sabem que o cristão traz consigo o ‘vírus’ da liberdade.

Na China há 80 milhões de cristãos. O regime tem-se mostrado mais moderado na violência contra os cristãos.

Muitos cristãos vagueiam pelo mundo fora à procura de asilo na fuga à perseguição dos “Herodes” actuais,  tal como “aconteceu” com Jesus na sua fuga para o Egipto. Os países onde os cristãos são actualmente mais perseguidos ou descriminados são a Nigéria, o Iraque, o Egipto, a Síria, a Turquia, o Paquistão, a Coreia do Norte e a China. Por grande parte do mundo, hordas muçulmanas, a partir do momento em que alcançam uma determinada percentagem na população, desestabilizam Estados e regiões. Com esta tática conseguem expandir a sua influência e islamizar regiões anteriormente livres.

Antigamente impunham o seu ideário pela espada no seu impulso contra tudo o que não era islão (especialmente até à Era Osmana). Hoje, islamitas e Estados muçulmanos usam da espada do terror e Estados mais moderados usam da espada das leis discriminadoras.

 

 

Ser cristão implica viver ameaçado. Uns ameaçados e inculpados pelas barbaridades que cristãos cometeram outrora e outros pela perseguição muçulmana em curso.

Para o próximo ano a melhor prenda que Alá poderia conceder à humanidade seria uma “fatwa” contra a violência!

António da Cunha Duarte Justo

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Uma Cultura a gerar Filhos de Ninguém – O Ocidente

Sapatinho de Natal > Santa Claus > Pai-Natal

 

António Justo

Quando era pequenino quem trazia as prendas de natal era o menino Jesus; de 24 para 25 de Dezembro, pela calada da noite, ele colocava-as na lareira junto aos sapatos.

 

Com a comercialização da sociedade foi-se impondo o Pai-Natal (Papai Noel), vindo do Polo Norte num trenó; um homem rechonchudo, alegre e de barba branca vestido de vermelho e com um gorro caído virado para a terra. Os americanos protestantes (USA e Canadá – não inclinados para o culto dos santos) e propensos ao capitalismo, em vez de importarem da Europa a tradição católica do menino Jesus e do sapatinho à lareira ou do São Nicolau, criaram a figura do Pai-Natal, em 1860, à imagem da tradição nórdica do S. Nicolau. A substituição do bispo, que oferecera a sua grande herança aos pobres, pela figura do Pai-Natal, foi comercializada nos meados do século XIX pela empresa Coca-Cola. Pai Natal é a substituição secular do “Menino Jesus”

 

“Menino Jesus”, São Nicolau (Santa Claus), Pai-Natal, são nomes que se dão à personagem que traz os presentes na Véspera de Natal, (24 de dezembro), ou no dia de São Nicolau (6 de Dezembro).No Natal faziam-se prendas para lembrar a oferta de Cristo à humanidade; como fomos prendados continuamos a prendar os outros.

 

É interessante verificar, duma perspectiva sociológica, como cada época e povo cria/transforma as suas tradições à medida da sua alma e do seu ideário central. Este torna-se como que a estrela de Belém atrás da qual todo o mundo corre. As exterioridades folclóricas permanecem as mesmas; muda apenas o seu conteúdo cada vez mais feito de superficialidades, a nível de massas.

 

Se observamos a natureza tudo se desenvolve do interior para o exterior. O exterior chama a atenção para a vida interior a ser transmitir. Nos tempos em que a preocupação do ser humano com suas instituições se centrava mais nos bens interiores e na comunidade, as suas instituições preocupavam-se com a integração do novo na sua alma.

 

A Igreja Católica, no seu contacto com os povos bárbaros, respeitava o cerne das suas crenças procurando integrá-las no seu firmamento metafísico. Assim, num processo de aculturação e de inculturação dava profundidade e resposta aos mitos de povos e culturas, integrando num conceito global diferentes arquétipos da sociedade e do Homem. Nos mitos (arquétipos) encontra-se a simbologia plastificada da realidade humana para além do momento histórico. Por isso a verdade mitológica é mais real/verdadeira que a verdade histórica; esta é apenas o resultado do agir no sentido da concretização dos mitos.

 

Uma cultura a gerar filhos de ninguém

 

Com a acentuação da modernidade e do secularismo tem-se dado o processo inverso, iniciando-se assim a exoneração da cultura ocidental. O comércio apodera-se dos mitos cristãos para os desmiolar num processo de secularização desespiritualizadora para os instrumentalizar em seu benefício. Neste processo, em vez de um procedimento de enriquecimento e de interiorização no sentido da continuidade comunitária dá-se o contrário, a mera exteriorização sem ligação ao interior, apenas centrada no sentido da parcela e do momento. Só conta o embrulho que deslumbra o mundo. Tal como o protestantismo expressou o início do fim da cultura medieval agrária (fim do domínio dos países latinos) e o início do domínio nórdico baseado mais no fomento do capitalismo (do direito do indivíduo contra a comunidade), observa-se hoje o início da destruição da cultura ocidental através do globalismo financeiro. É preocupante dar-se conta dos paralelos entre a relação protestantismo-catolicismo como indicadoras do início de uma nova era no século XVI e a relação cristianismo-secularismo da actualidade, como início do abdicar da civilização ocidental e o início de uma sociedade anónima orientada pela pseudo-ética de um utilitarismo universal. Encontramo-nos no início do fim.

 

Os símbolos religiosos são substituídos por símbolos comerciais centrados no negócio e já não no ideário cristão. Deixam de ser arquétipos (modelos da alma e da civilização) para se tornarem símbolos do capital e do comércio ao serviço de necessidades artificiais. A relação humanista dá lugar à relação comercial. Ao ignorar a sua bondade inicial interior, o Homem torna-se a sua própria fera.

 

Na análise que aqui faço apenas me limito a referir um pequeno aspecto cultural, um sintoma limitado mas sintomático da autodestruição sistemática duma grande civilização que parece odiar-se a si mesma.

 

Quem melhor quiser conhecer a alma das civilizações e das culturas observa-lhes os seus mitos, a sua alma. A autodestruição da civilização ocidental é imparável ao reduzi-la ao seu aspecto de permuta económico-comercial e que se torna patente na substituição do Nicolau pelo Pai-Natal. O São Nicolau tinha uma mitra com a ponta a indicar para o céu e a ponta da barba a apontar para a terra; tinha o corpo em posição direita a indicar respeito e relação com a transcendência e o bastão da autoridade. Nicolau é o símbolo da autoridade não autoritária que proporciona lugar para o crescimento dos outros de modo a tornarem-se adultos.

 

Sem o poder e a influência que representa a propaganda Coca-Cola, o Pai Natal não teria transferido tão depressa os países protestantes. Hoje ele tornou-se na expressão da sociedade de consumo em que vivemos. O Pai-Natal, não vem do céu, vem dos países frios do norte e é expressão dos valores da nossa sociedade. Em vez da tiara simbolizadora da espiritualidade e do alto, o Pai Noel traz um gorro vermelho virado para o chão. Tem as proporções corporais de uma criança de três anos e um nariz grosseiro batatudo a puxar para baixo; é infantil, com um saco aos ombros pronto a distribuir o seu conteúdo. Deixou de ser um arquétipo da alma para se tornar a documentação duma sociedade de consumo em regressão.

 

A Vida do Presépio é Espírito ainda não materializado

 

Uma sociedade sem mitos empobrece e é abafada; uma sociedade sem natal é escura e sem perspectiva transcendente; natal é o tempo do dar à luz, é o tempo dos símbolos e dos contos de fadas e das crianças. (“Se não mudardes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mat.18.3).)

Não se trata de recordar apenas algo que aconteceu no passado. O mito é uma verdade e não uma fantasia (Na linguagem coloquial a palavra mito é usada como algo fruto da fantasia). Mais importante do que o acontecido no passado é a verdade do que está sempre a acontecer, ontem, hoje e amanhã, em diferentes dimensões. Mito é teologicamente algo/verdade sempre a acontecer em nós e na comunidade.

 

O Evangelho fala apenas do nascimento de Jesus na “manjedoura de um curral” em Belém e de pastores e magos (três reis) que o visitam. Na descrição da infância de Jesus mistura-se a realidade da História com a realidade das metáforas.

 

A procura de um lugar para a criança divina, longe da terra natal, é naturalmente uma metáfora. A alma não é oriunda da terra, nós vimos de outro lugar e não somos deste mundo. O mundo não é um albergue afável e quente. No nascimento virginal acontece algo completamente novo e inexplicável (Também aparece no budismo e no taoismo). Jesus é também o nosso arquétipo e como tal mostra que também nós temos uma mãe terrestre e ao mesmo tempo temos origem celeste, somos seres espirituais. Esta origem espiritual foi por nós esquecida. No nascimento virginal o pai é espiritual e como tal desconhecido. Jesus conhecia o seu Pai. O pai de todos nós é em certa medida o grande desconhecido. Somos todos filhos de Deus e a nossa vida é uma busca do grande desconhecido! A pessoa de fé vive da ressonância da presença divina em si e no mundo, ela tem a consciência de a ter presente no seu interior.

 

Há a verdade histórica e a verdade da alma e espiritual. A criança divina no presépio não se relaciona apenas à realidade histórica do seu nascimento (Belém/Nazaré) mas é também símbolo e garantia da criança interior em nós.

 

A criança não nasceu em casa, na própria terra; foi nascer em terra distante. Para que nasça algo novo em nós teremos de abandonar os velhos hábitos, teremos de abandonar a nossa casa, a segurança do dia-a-dia que não é albergue nem lar definitivo. Na pobreza do espírito, depois de despidos do nosso saber, das certezas e opiniões, depois de nos tornarmos pequeninos e depois de ter morrido o poder e a violência de Herodes em nós, então seremos o presépio onde a criança surgirá. A criança divina não ameaça nem usa poder. Não podemos continuar a esconder Jesus como fizeram os seus pais a caminho do Egipto (metáfora), numa fuga contínua ao perigo. Possuímos o sangue real. Jesus provém dos tronos de David e de Deus.

 

Em cada um de nós dorme uma criança, o eu original. A verdadeira realidade é invisível e só acessível pelo coração. O caminho é estreito. Para se chegar ao fundo da gruta, ao reino da criança divina em nós, vale a pena tentar ultrapassar a barreira do medo em nós, deixar o estresse, para chegar onde tudo é bom, onde nos sentimos bem e como feitos e envolvidos em muitas realidades. A nossa criança interior encontra-se atafegada em nós por medos e certezas, por fugas e corridas, vive amedrontada pelo barulho das nossas razões e opiniões. Jesus, o divino infante, encontra-se na concha do nosso interior, ele é a natureza da nossa ipseidade à espera de ser ouvida. Do fundo do reino da verdade, a divindade quer falar, quer ser ouvida, já não através da cabeça mas no silêncio do coração. Em cada um de nós encontra-se prisioneira a outra parte de nós, a nossa parte divina, onde a criança definha à espera de ser ouvida.

 

António da Cunha Duarte Justo

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