NO DIA DE ANIVERSÁRIO

ANIVERSÁRIO REDONDO

 

Minha vida tão longa

Nos amigos, contada

É alegria que vive

Já sem ser buscada

 

Tenho já o que tenho

A idade não é prova

Sou a esperança que gatinha

No chão novo da vida

 

Entre a existência e a vida

Entre o que fica e o que resta

Vives tu vivo eu

Da vontade do que vem

António da Cunha Duarte Justo

© Pegadas do Espírito no Tempo,

 

Ps. Como agradecimento à vida e aos congratulantes do meu aniversário deixo aqui este poema que hoje fiz pensando também em vós.

PARA MELHOR SE COMPREENDER O PERÍODO NEGRO DA VIDA NACIONAL

Uma opinião pública açamada e condicionada aos interesses subterrâneos de certos interesses políticos e económicos acoitados desde as caves do Estado até ao seu tecto, continua a confundir a sociedade portuguesa de tal modo que esta, para se sentir imune prefere continuar a não acreditar na gravidade da situação em que nos encontramos política, económica e socialmente nem na maldade que os governa.
A situação é tal que para branquear a própria posição basta afirmar-se contra a posição do outro (Para se ser e ter razão parece bastar pertencer a uma facção). Esquece-se porém que a situação é tão bicuda que implicaria de cada facção o abandono das próprias certezas – uma nova maneira de pensar- para se mudar de vida e poder eleger uma geração nova de políticos e especialistas não gerados nos alfobres da corrupção estatal. É bom ler o seguinte artigo de Paulo Morais sem colocar os óculos da esquerda nem da direita!:

“Ricardo Salgado e José Sócrates são gémeos no mal. Salgado é filho do capital e usou sempre o poder para ganhar mais dinheiro. Por outro lado, Sócrates é filho da política e usou o dinheiro para ganhar mais poder. No final, ambos ganhavam mais poder; e mais dinheiro. Pelo que a investigação das luvas pagas por Salgado a Sócrates, no Processo Marquês, é o corolário lógico de uma longa ligação de cumplicidade.”
Continua em http://ionline.sapo.pt/544709
Boa Leitura!

NO RESCALDO DOS FOGOS REGIONALIZAR E DEMOCRATIZAR A ECONOMIA

Exigências sem Orçamento económico que as acompanhe são Fogo-preso

António Justo

Arouca ardeu, o povo sofre e protesta mas Lisboa não ouve, nem pode ouvir, porque se encontra demasiado longe da província e o governo está demasiado empenhado na plantação dos seus eucaliptais de ideologia. O povo, tal como a floresta, é passivo e portanto propício a ser sempre surpreendido pelas chamas dos interesses corporativos.*

O Fogo consome a Caça e o Povo é posto à Caça de Gambozinos

O OBSERVADOR refere que já em 2005 Arouca perdera 90 quilómetros quadrados devorados pelas chamas do fogo sem que, em consequência disso, algo importante acontecesse. Agora que arderam “170 quilómetros quadrados” de Arouca – uma catástrofe para a fauna-flora e turismo – surgiram iniciativas exigindo limites à plantação de eucaliptos.

Sem um conceito económico base, feito pela Câmara a acompanhar as reivindicações e sem uma política governamental de aproveitamento económica das florestas nem um programa do governo de investimento florestal que sustente as reivindicações, tudo não passará de mais umas folhas de eucalipto a estalar nos ares da informação.

As medidas de reflorestação exigiriam, para se tornarem eficientes, um programa concreto geral do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento para investimento na floresta em parceria com os fundos europeus.

Propostas políticas que não tenham inerentes a elas um conceito económico que proporcione rentabilidade para lhes dar chances de aplicação serão destruídas pela briga política habitual que distrai do essencial para viver de regulamentações feitas em cima dos joelhos.

Concretamente, Arouca e o Governo, além dos industriais da zona deveriam elaborar um programa económico tendente a solucionar o problema dos incêndios na região. Esse programa poderia receber muitos milhões de euros dos fundos estruturais (e outros) da União Europeia. Para isso precisam-se, nas Câmaras, técnicos especializados em projectos de investimento que prestem apoio a iniciativas locais feitos em parceria com empresas ou proprietários locais e apoiados pela EU.

Aprender da Idade Média para democratizar a economia

Falo disto porque estou habituado a verificar que, na Alemanha, iniciativas culturais, ecológicas, de protecção de animais, de produção de energia renovável, etc. fazem acompanhar as suas exigências com propostas ou estratégias de aproveitamento económico ou são justificadas pela defesa do património histórico e cultural. Num tempo em que a economia é credo tornam-se inocentes medidas teóricas sem que mostre a possibilidade de servir a ecologia e a região sem proporcionar lucros económicos. Em cada Camara municipal terá de haver órgão conglomerador de iniciativas que reúna sob o seu tecto parcerias entre Camara, associações sem fins lucrativos e grupos económicos interessados em investimento. Projectos concebidos sob tal constructo têm imensas chances de conseguir meios económicos para as iniciativas que tomem em mão e implementem.

A ausência de uma política económica e ecológica para as florestas torna a discussão num lugar para o escape de sentimentos frustrados e um motivo de sorriso cínico para os Ministérios, se continuar na mesma óptica do passado. O corporativismo muito arraigado em Portugal e que se tem revelado muito útil para a maçonaria e para outros grupos, reverter-se-ia em benefício público se fosse organizado a nível camarário na tradição dos homens bons e de “Os 24 mestres do povo” que defendiam os interesses das profissões e das regiões. Talvez seja preciso voltar à Idade Média para democratizar a economia! Para isso há que tirá-la dos monopólios de corporações ideológicas para as disponibilizarmos em proveito do povo. Na Idade Média vimos na Casa dos 24 o surgir da ideia da democratização da economia (política regionalista) através dos interesses de uma burguesia surgente que se debatia contra os interesses monopolistas do clero e da nobreza.

Vamos nacionalizar e regionalizar os partidos!

Os políticos apoderaram-se do lugar do clero na sociedade e o grande capital ocupou o lugar da nobreza. Hoje para sermos modernos e para democratizarmos a economia será necessário reencontrar a ideia medieval da regionalização e da indústria regional, sendo, para isso, necessário acabar com os monopólios ideológicos que deixam a província arder enquanto se aquecem nas suas chamas no parlamento e nas centrais do poder. Os deputados das regiões terão de redescobrir o campo e a floresta e a não os trocarem pelos areais das ideologias partidárias com bom assento no parlamento.

Concluindo: No rescaldo dos fogos torna-se urgente democratizar e regionalizar a economia. Imagine-se que os representantes do povo passavam mais tempo em torno da terra e do seu povo e não se exilavam vivendo todo o tempo na capital em torno do partido e do parlamento.  A política que urge não é tanto nacionalizar bens e terras mas nacionalizar e regionalizar os partidos; então as ideologias abandonarão as suas honras e coutadas de interesses ideológicos para descerem ao povoado e se democratizarem e assim se possibilizar uma verdadeira democratização do povo e consequentemente uma democratização dos partidos.

Exigências sem um Orçamento económico que as sustente correm grande risco de se tornarem em espectáculos de Fogo-preso para agradar à vista muito longe de uma orto-praxia.

*O dinheiro que o Estado ganha ou pede emprestado é canalizado para os vales da administração, aquela que oferece sustentabilidade para os adeptos do partido. O dinheiro já não chega para pagar tantos empregados do Estado com horário de 35 horas nem para o pagamento das aposentações porque os funcionários do estado aposentados passaram a ser um número maior que os funcionários no ativo e a política do Estado não investe na produção real! Quem pode vai vivendo de quem pode menos, à imagem das labaredas dos fogos.

António da Cunha Duarte Justo

Reforço das Posições minoritárias do Conselho da UE? Apesar disso Portugal em Perigo?

SEM O REINO UNIDO A POLÍTICA ALEMÃ FICA EM MINORIA NO CONSELHO DA UE

António Justo

Muitos alemães andam bastante desiludidos com o Brexit. Agora a “fracção do sul”, em torno da França, passa a ter uma posição determinante dentro do Conselho da UE na determinação dos seus destinos; a Alemanha perde os 29 pontos da sua aliada GB. Enquanto os países do Norte apostavam na força da economia (liberalismo económico) e no reformismo, os do Sul desafiam mais o Estado que querem mais forte e consequentemente com uma política mais proteccionista.

O grande problema alemão surgirá da falta do Reino Unido na UE, porque, segundo a constituição da UE, bastam 35% dos votos dos Estados membros para bloquear as decisões. A França passa assim a ter mais poder e, deste modo, poderá, com os membros do sul, fomentar o proteccionismo, retardar as reformas e talvez conseguir um Euro mais fraco. Consequentemente, a Alemanha passará a ter uma posição minoritária no Conselho Europeu. Por isso fará tudo por tudo para que se faça uma mudança do contrato da UE no sentido de voltar a introduzir o fortalecimento das posições minoritárias. (Por outro lado a França está muito dependente da Alemanha, o que a não tornará muito fidedigna na qualidade de defensora dos interesses dos estados dos sul).

O Prof. Dr. Hans-Werner Sinn adverte a Alemanha para intervir no sentido de fortalecer a sua posição em relação à nova constelação de forças entre os Estados membros depois do Reino Unido abandonar definitivamente a UE, o que acontecerá certamente em 2019. As negociações do Brexit começarão no Outono e prevê-se que se prolongarão por dois anos. A GB está interessada em colocar a sua economia em fraldas enxutas, neste espaco de tempo; não é mero acaso o facto de a primeira visita ao estrangeiro da chefe do governo británico ter sido à Alemanha, onde foi recebida com honras militares.

Perderá Portugal perder o seu potencial futuro?

O Reino Unido, como potência europeia de grandeza comparável à França e à Alemanha ao pretender sair da UE talvez o faça também por razões de poder soberano e de influência muito concretas. A razão fundamental do Brexit veio da política de refugados na UE e das consequentes medidas para limitar a soberania dos países. A Inglaterra sabe bem que se continuasse na UE teria muito provavelmente, também ela, de colocar o muito do seu mar à disposição de Bruxelas (UE) que com o argumento de criar uma fronteira comum contra os refugiados se apoderaria dos mares que pertencem de momento aos Estados ainda em parte soberanos! (Coitado de Portugal! Com a UE perdeu já a pesca e as indústrias de roupas e calçado mas com tal medida perderia o seu futuro!).

As grandes potências são eficientes nas suas estratégias e na preparação exímia dos acordos; seria de esperar que as elites dos Estados membros mais fracos, desta vez, estejam mais atentas para que futuros acordos não sejam feitos à custa da EU ou dos países menos atentos; doutro modo tornar-se-ia indiferente o pertencer ou não pertencer à UE. Ângela Merkel e Theresa May procuram ganhar tempo, o tempo que faltará a Bruxelas para poder pensar com a cabeça dos povos da Europa!

 “Não só de pão vive o homem” (Mt 4,4)! Os ingleses estão preparados para serem mais senhores deles mas também para apertarem o cinto: talvez se fechem um pouco ao mundo para se abrirem um pouco mais a ele! Quanto a problemas, como de costume, o povo suportá-los-á. Segundo uma investigação referida na imprensa alemã, 600.000 pessoas britânicas especializadas tencionam continuar a sua carreira profissional num outro país da UE; isto significaria um arrombo para a indústria britânica. A desunião da Europa fortalece outras potências na concorrência pelo poder económico, político e cultural num momento da História em que cada nação está dependente das outras. A Europa precisa porém de um grande abanão para poder acordar para a sua missão de caracter integral e inclusivo. Com a experiência das duas grandes guerras e nas figuras de Hitler e de Estalin a Europa autêntica acabou; poderia recomeçar de novo com uma Alemanha genuína (Infelizmente a Alemanha apenas se preocupa com a economia europeia sem ter em conta a defesa da sua cultura (também do idealismo alemão que atraiçoa!) Pelos vistos a UE tem em vista a destruição das possibilidades de futuro das soberanias menos poderosas!

A Europa é um mosaico de mentalidades diferentes. Os latinos são crentes do Estado; os germânicos reconhecem-no como pai mas confiam no próprio trabalho, na inovação tecnológica e na concorrência. Falta aos dois blocos a redescoberta da alma que os uniria no respeito por diferentes mentalidades.

Uma curiosidade

o Reino Unido e a Alemanha são governados por filhas de párocos: Theresa May e Angela Merkel determinam a marcha da Europa. As mulheres encontram-se na avançada também no FMI e os USA também passarão, certamente, a ser governados por uma mulher. Apesar da presença feminina relevante domina na política e na economia o espírito masculino protestante! (Talvez se consiga um equilíbrio social da masculinidade e da feminilidade na Europa quando os padres católicos poderem casar!)

Margaret Thatcher dizia: “Se quiseres que alguma coisa seja falada, pergunta a um homem; se quiseres que alguma coisa seja feita, pergunta a uma mulher.” Tem-se a impressão que os homens andam a viver à custa dos galardões anteriormente conquistados. A sua soberania continua visível numa sociedade de estruturas masculinas muito embora assumida por mulheres!

*Distribuição dos votos do Conselho da EU (órgão deliberativo)

França, Alemanha, Itália e Reino Unido têm 29 votos cada; Espanha e Polónia: 27 votos; Roménia:  14 votos; Países Baixos: 13 votos; Bélgica, República Checa, Grécia, Hungria e Portugal: 12 votos; Áustria, Bulgária e Suécia: 10 votos; Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Lituânia e Eslováquia: 7 votos; Chipre, Estónia, Letónia, Luxemburgo e Eslovénia: 4 votos; Malta 3 votos.

António da Cunha Duarte Justo

 

DIREITOS DE IMIGRANTES DA UE REDUZIDOS PELO TRIBUNAL EUROPEU + CETA

Abono de Família encurtado ou eliminado na Sequência das Exigências britânicas

Por António Justo

No conflito entre a legislação social britânica e a Comissão Europeia, o Supremo Tribunal Europeu de Justiça deu razão à Grã-Bretanha. Estrangeiros da UE que não vivem ou não vivam sempre na Grã-Bretanha não tinham direito, segundo a legislação britânica, ao abono de família britânico, embora a Comissão Europeia em Bruxelas fosse de opinião contrária.

O Processo com o número de arquivo C-308/14 relativo ao abono de família para estrangeiros da União Europeia veio criar clareza através da decisão do tribunal que dá razão à Grã-Bretanha.

A decisão, ao dar razão à Grã-Bretanha, vem fortalecer a posição dos Estados membros em relação à política da Comissão Europeia. Esta medida do tribunal é vento contrário nos moinhos dos britânicos defensores da saída da Grã-Bretanha da EU (Brexit). Este vento não será porém suficiente para a manter na EU.

Os juízes fundamentaram a decisão com o argumento de que as directivas relevantes da UE não criam um regime comum de segurança social europeia, permitem diferentes regulações nacionais e um governo não deve perder de vista o seu próprio orçamento. Deste modo, mesmo que o pai de uma criança viva na Grã-Bretanha e o filho na Roménia, este só passará a receber o abono de família correspondente ao da Roménia e não ao da Inglaterra. Mobilidade livre na Europa não significa direito de acesso a todos os apoios do Estado.

Países como a Alemanha, que pagavam imensas quantias de abono de família a crianças a viver na Roménia e em outros países da União Europeia, esfregam as mãos de contentes com tal medida do tribunal. Também se torna muito diferente se a quantia do abono de família pode ser feita em referência ao país de residência ou ao país de origem. Assim uma criança que até aqui era abonada em 180€ na Alemanha independentemente do local de residência, logo que a legislação alemã seja aferida à decisão do tribunal europeu, passará, a receber apenas 10 € de abono num país que só abone a criança com essa quantia. A prática anterior que se revelava numa medida de ajuda ao desenvolvimento e uma medida compensatória para países da periferia com a correcção do tribunal favorece o espirito nacional em relação ao europeu

Com esta medida Bruxelas vem de encontro aos países mais ricos que se viam prejudicados ao terem de tratar os seus imigrantes e familiares independentemente da sua residência.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo https://antonio-justo.eu/?p=3661

 

CETA  – AVISO DE BERLIM A BRUXELAS

O Governo alemão acaba de avisar Bruxelas que o acordo comercial CETA com o Canadá não poderá ser aplicado na Alemanha sem a aprovação do Parlamento alemão e do Conselho Federal.

Este é um aviso às instituições da EU e aos lóbis de Bruxelas de que a democracia também tem uma palavra a dizer num negócio que não deveria ser feito à margem dos parlamentos de países europeus em que os governantes respeitam o parlamento e o cidadão. O Governo alemão vê-se obrigado a intervir porque o povo tem feito muita pressão.

António Justo