DESCONTENTAMENTO COM A POLÍTICA DE ESQUERDA FORTALECE OS CONSERVADORES NA ALEMANHA

Nas Eleições nos Estados da Baviera e do Hesse perderam os Partidos do Arco do Governo

As eleições estaduais da Baviera e do Hesse penalizaram fortemente a coligação do governo alemão tendo sido castigados os partidos do arco governativo (SPD, Verdes e FDP). O governo federal, decepcionado, para não perder mais poder, sentiu-se obrigado, logo a seguir às eleições, a anunciar uma política de refugiados mais restritiva e rigorosa.

A coligação em Berlim tem-se concentrado nas políticas de energia, guerra e migração, negligenciando os problemas da habitação, da educação e da saúde. O primeiro-ministro de Hesse, Boris Rhein, chegou a afirmar que “o governo federal é o pior que já existiu.” A dirigente da AfD, que viu o partido subir para 2° lugar no Hesse, disse que “os cidadãos de Hesse e da Baviera deixaram claro que estão fartos da privação de direitos, da desapropriação e de uma política de migração que não pode ser justificada por nada.” De facto, o governo federal, mais centrado em questões ideológicas e alheias aos interesses alemães, não tem mostrado interesse pelas preocupações da população. O povo está cada vez mais atento e castiga soluções políticas fraudulentas.

Nas eleições dos estados federados Baviera e Hesse, realizadas a 8 de outubro de 2023, o centro direita conseguiu impor-se, com vantagem ao centro esquerda.

Resultados eleitorais no estado do Hesse:  CDU 34,6% (+7,6%), Verdes 14,8% (-5,5%), SPD 15,1% (-4,7%), AfD 18,4 (+5,3%) e FDP 5% (-2,5%). Distribuição de assentos no parlamento: CDU 52, verdes 22, SPD 23, AfD 28 e FDP 8 (1).

O Estado Livre da Baviera votou, no mesmo dia, consolidando a tradicional política conservadora. A CSU do primeiro-ministro Markus Söder conseguiu 37 % (-0,2 %); os Eleitores Livres (FW) 15,8 % (+ 4,2 %); a AfD 14,6 % (+4,4%); os Verdes 14,4% (-3,2%); o SPD 8,4 % (-1,3 %). O FDP alcançou 3% não conseguindo ultrapassar a barreira dos 5%. A esquerda obteve apenas 1,5 por cento. A participação eleitoral foi de 73,3 por cento. Distribuição dos assentos no parlamento: a CSU conseguiu 85 (+/-0) assentos no parlamento; os Verdes 32 (-6), os FW (Eleitores Livres) 37 (+10), a AfD 32 (+10) e a SPD 17 (-5). Dá-se assim uma forte consolidação do poder em direção ao centro direita (2).

Em vez de debate honesto na política federal, tem havido conversa ideológica e partidária, o que revela também uma viragem na maneira de fazer política e no discurso político alemão. Não se dá resposta às questões dos cidadãos. Em Portugal é parecido, só que as pessoas são mais pacientes e o discurso de caracter ideológico e partidário é tradicional e a esquerda ainda consegue viver, à vontade, devido ao bónus do 25 de Abril.

A Alemanha não tem controlo sobre quem pode ser aceite no país e os eleitores sabem que onde os Verdes e o SPD têm poder boicotam qualquer medida de maior corresponsabilidade dando a impressão de não se importarem pela falência do seu país no final do seu mandato no governo.

Desde 2015, a migração de “refugiados” ocorre de forma descontrolada na Alemanha e os estados federais têm grandes dificuldades no que toca a escassez de alojamento e a insuficiência de assistência nas escolas e nos jardins infantis. As preocupações da população, que se encontram directamente em contacto com estes e outros problemas, aumentam. É verdade que não haverá apenas uma solução… Os refugiados tornam-se mercadorias de políticas e ideologias e são muitas vezes vistos na população como meio de expansão de uma cultura estranha (principalmente homens jovens em parte sem consideração nem respeito pelos costumes das populações que os aceitam) e parte da população nota que os governantes não têm ideia e apenas apresentam pseudossoluções.

Os actuais actores políticos não resolvem os problemas mais cruciais e procuram os problemas nos outros. A política revela-se arrogante também em relação ao estrangeiro. Para grande deleite dos chineses, sobressaiu a tentativa no Qatar de transmitir entusiasmo pelos gays e lésbicas entre os muçulmanos e pela “política externa feminista” entre os líderes tribais africanos… Também se revelou fracassada a tentativa dos Verdes ( Habeck) de salvar o mundo com uma lei de aquecimento. É chegada a hora de dizer adeus a certezas percebidas ou preconcebidas.

A guerra cultural de esquerda não valeu a pena. O surrealismo pós-factual dominou a campanha eleitoral, como constatou o cientista político Wolfgang Schroeder e a conversa de que um partido (AfD) está colocando em perigo a democracia não é honesta porque não leva a sério o partido nem a realidade e difama os eleitores desse partido (o remédio seria tomar a sério os questionamentos desse partido). A forma de tratar na Alemanha o AfD é semelhante à que se dá em Portugal com o Chega (uma mera estratégia de defesa dos interesses dos partidos do arco do poder embora alegando-se outros motivos!). A concorrência partidária democrática é importante e cada partido representa os interesses de parte da população.  A estratégia de discriminar o AfD tem-se revelado em seu favor porque os governantes em vez de ademocraticamente o combater deveriam corrigir a sua política.

Se a coligação de Scholz não mudar de rumo não chegará ao fim da legislatura.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.hessenschau.de/politik/landtagswahl/ergebnisse/ergebnisse-der-landtagswahl-2023-in-hessen-vorlaeufiges-endergebnis-v14,landtagswahl-ergebnisse-100.html

(2) Fonte:  <https://grafik.br.de/wahlen/landtagswahl-bayern-2023/html/index.html?standalone=seats&widgetHeader=false&customFont=true&resultType=live>

 

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PORTAGENS ELECTRÓNICAS EM PORTUGAL

As estradas de Portugal têm portagens eletrónicas sem intervenção humana e SEM possibilidade de pagamento à medida que avança ao contrário do que acontece na maioria dos outros países, onde os motoristas são solicitados a pagar para usar um trecho de uma estrada/rodovia. A abordagem do sistema português é puramente automática e eletrónica, com os seus prós e contras.

Assim Portugal evita o emprego de pessoal e naturalmente há menos interrupção do tráfego e há medida que há menos trabalhadores tornamo-nos mais dependentes de oligarquias (conivência entre política e empresas). O inconveniente dá-se no facto de o Estado em colaboração com as empresas de autoestradas empurrar o trabalho burocrático para o cliente. Ele paga o serviço e ainda tem o incómodo de entrar no labirinto das burocracias estando sujeito a multas de atraso.

O maior problema reside no facto de deste modo se contribuir para a construção de um Estado novo de burocratas e de controlo da população como se vai dando também no caso dos bancos etc. Pouco a pouco vamo-nos aproximando do sistema chinês, sem o notarmos.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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TORRE DE BABEL EM TEMPOS DE GLOBALISMO E DE CORONAVÍRUS

Vivemos hoje, como no tempo da construção da Torre de Babel, o tempo em que Deus se zanga com o orgulho e a soberba dos habitantes queriam fazer de uma aldeia uma cidade.   Nesse tempo Já nesse tempo  não se entendiam por causa da comunicação e da competição em que cada um procurava construir e construir para atingir o céu e de lá estabelecer como deus o seu poder, a sua opinião!  olimpus

Na construção da torre ao distanciarem-se da natureza para dominarem sobre o ser humano e sobre ela,  chateiam Deus que os castiga com o  desentendimento. Hoje que chegamos a um mundo aldeia damo-nos conta do empasse da comunicação a todos os níveis.

O olhar do orgulho, aponta para o Céu, mas Deus irritado desceu do “Olimpus”  que o Homem queria instalar para si mostra que quer ver o humano na solidariedade mais virado  para a terra humilde.

Numa altura em que se afirma o globalismo da ideologia e da economia como em Babel, já se vai ouvindo o fragor da voz de Babel através do Coronavírus, a querer lembrar-nos que nos devemos empenhar mais no cuidado dos sistemas ecológicos sejam eles naturais ou culturais!

É preciso virar a pirâmide ao contrário começando pela defesa do regionalismo seja ele de caracter linguístico, económico, político ou cultural! Já chega de confusão!

A voz de Deus que antes se ouvia no cimo do monte hoje ouve-se no povo e expressa-se no coração do humano de boa vontade!

António Justo

https://sephatrad.files.wordpress.com/2020/08/babel-bru.jpg

“A torre de Babel”, de Pieter Bruegel

 

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O NOSSO CÉREBRO ENGANA E TAMBÉM SE DEIXA ENGANAR?

Activar o Cérebro prolonga a Qualidade de Vida

Um exemplo possível: você teve um conflito com alguém e não consegue resolver o problema. Então, em vez de ir arejar, você vai beber uns copos. Seu cérebro considera isso como recompensa e solução para o problema. Se isso se repete a ponto de chegar à bebedeira, o cérebro chega a levar a pessoa a ficar viciada nele.

Outra observação da ciência é que o cérebro produz pensamentos habituais e os torna tão firmes e cimentados que criam autoestradas cerebrais deixando pouco espaço para vias alternativas importantes. O mesmo acontece com o hábito dos temas do quotidiano e do noticioso onde, por vezes, a nossa capacidade de diferenciação e distância crítica repousam, ordenando tais notícias como se não houvesse alternativa para elas e como se muitas delas não tivessem um propósito oculto! Para melhorar a nossa capacidade de avaliar informações de forma crítica é importante questionar informações, verificar fatos e buscar diferentes perspectivas sobre a narrativa apresentada.

Além da personalidade de cada um, vários factores podem afetar o desempenho cognitivo do cérebro: educação, ambiente social, inteligência emocional, estresse, falta de estimulação… Também há casos em que o cérebro tem dificuldade em distinguir entre fantasia e realidade; por exemplo no caso de esquizofrenia, uso de drogas alucinógenas…

Normalmente, os nossos cérebros, para avaliar se a notícia é credível e confiável, são céticos e críticos quando se trata de processar informações.

No meu cérebro flutuam ideias como barcos em alto mar. As ondas da informação e da propaganda são tão altas que não deixam horizonte que possibilite chegar à costa. O nevoeiro da publicidade é tal que não deixa ver para além do barco. Quando baixarão as ondas emocionais da sociedade de modo a poder reconhecer-se o que pretendem e quem as provoca?

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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O JOGO DE XADREZ DA UCRÂNIA NO TABULEIRO DO MUNDO

Zelenski demitiu o ministro da Defesa Oleksii Reznikov e nomeou Rustem Umerov

O ministro da Defesa Oleksii Reznikov, envolvido em escândalos, era uma amostra exposta da corrupção vigente na Ucrânia. Zelenski propôs o muçulmano da minoria tártara da Crimeia, Rustem Umerov, para ministro da Defesa, que terá ainda de ser confirmado pelo Parlamento.

Deste modo Zelenski quer mostrar vontade de enfrentar a corrupção no país e ao mesmo tempo dar um sinal de querer aplainar a entrada da Ucrânia na União Europeia.

Na mesma direcção aponta o aprisionamento do oligarca Kolomoyskyj, que no passado tinha apoiado e feito campanha nas eleições por Zelenski com o seu influente canal de TV. Ihor Kolomoiskyi é acusado de fraude bancária e lavagem de dinheiro.

Isso não representa um ponto de viragem na luta contra o crime de colarinho branco devido aos meandros da justiça ucraniana. As investigações estão a ser realizadas pelo serviço secreto da SBU dependente do Presidente Zelenski e não pelas autoridades independentes anticorrupção da Ucrânia.

A nomeação do muçulmano da minoria tártara da Crimeia Rustem Umerov, para Ministro da Defesa cria um maior vínculo com o “Mundo Turco” na Eurásia (cerca de 180 a 200 milhões de turcomanos) e na política interna pressupõe um maior apoio a Kiev pelos tártaros da Crimeia; ao mesmo tempo é um sinal de que a Ucrânia não quer abdicar do regresso à Crimeia.  

A guerra na Ucrânia oferece uma grande oportunidade para o fortalecimento da ideia do império turcomano que significa ao mesmo tempo uma ameaça real à integridade da Rússia. Putin encontra-se em maus lençóis e tudo leva a crer que a guerra irá assumir maiores dimensões, também pelo que ela significa para os EUA e para a Federação russa. Por outro lado, a posição crescente do presidente da Turquia no conflito a realizar-se na Ucrânia apressará a União Europeia a abrir as suas portas à Turquia passando por cima de condições de caracter democrático. Razões de poder mandam mais alto.

Muitos povos turcos vivem dispersos na região do Volga (Búlgaros do Volga, Bashkirs, Tártaros, Chuvash), na Crimeia (Tártaros da Crimeia) e na região do Cáucaso (Nogaians, Kumyks, Karachaians, Balkars).

Umerov, o tártaro da Crimeia, tinha sido contra a anexação da península da Crimeia, aquando da sua anexação pela Rússia em março de 2014.

270.000 tártaros representam 16% da população da Crimeia. Os tártaros da Crimeia boicotaram o referendo da Crimeia como forma de protesto.

No conflito da Ucrânia os interesses em jogo são de tal ordem (económicos e geopolíticos) que despertam e conglomeram desejos contraditórios escondidos que levarão à criação de um mundo multifacetado e multipolar em que surgirão novas constelações de rivalidades no tabuleiro de xadrez de povos e civilizações.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

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