RECEITAS E DESPESAS DO ORÇAMENTO DA ALEMANHA PARA 2017 – Razão porque a Alemanha determina o Ritmo da Marcha

Travão da dívida – Receitas 328,7 mil milhões e despesas 328,7 mil milhões €

Schäuble, ministro das finanças, conta com 328,7 mil milhões de euros de entradas nos cofres do Estado e pretende também em 2017 um orçamento federal equilibrado, sem recorrer a dívidas.

Receitas provenientes de impostos 301,8 mil milhões,  outras entradas 26,9 mil milhões.

As despesas previstas distribuem-se 138,6 mil milhões para os departamentos “Trabalho e Social” (reformas, desemprego, etc); 36,6 mil milhões para “Defesa”; 26,8 mil milhões para “Transportes e infra-estrutura digital”; 20,1 mil milhões para a “Dívida” (juros); 17,6 mil milhões para “Educação e pesquisa”. Estes dados encontram-se mais detalhados no site do governo www.bundeshaushalt-info.de

Schäuble quer manter um orçamento de estado equilibrado em que o Estado só pode gastar tanto como o que recebe. Desde 2012 há na Alemanha o chamado “travão da dívida” que obriga os estados federais a não recorrerem a novas dívidas para o orçamento (excepção em caso de catástrofes da natureza e de situações de especial necessidade). Novas dívidas são tabus.

Para despesas com refugiados estão previstos 19 mil milhões. Foram também previstos 2,6 mil milhões para apoio da segurança em medidas de fomento da polícia como resposta à nova situação criada pelo terrorismo internacional que quer fazer da Europa um lugar do medo e do alarme. De facto, na Alemanha notam-se menos turistas dos USA e da Ásia devido ao medo do terrorismo.

Uma das razões porque a Alemanha anda sempre à frente

Os estados federais mais ricos pagam todos para um Fundo de compensação financeira do qual são distribuídas determinadas quantias para os estados alemães mais pobres.

Com o travão da dívida a Alemanha toma medidas de precaução em relação ao futuro para então conseguir encontrar-se em posição vantajosa aos outros Estados. Já fez o mesmo com a agenda 10, que a colocou a Alemanha em situação de concorrência a nível de produtos e de salários com outros países. A Agenda 2010 foi um programa de reforma do sistema de previdência alemão e do mercado de trabalho, criado e amplamente implementado de 2003 a 2005 pelo governo federal de esquerda que era então formado pelo SPD e pelos Verdes. Fizeram legislação muito incidente nos sectores da política económica, da política de educação, do mercado de trabalho, do seguro de saúde, das pensões e da política familiar.

Na Alemanha, também os partidos de Esquerda e os sindicatos são reivindicativos mas, quando se trata do bem da Alemanha e do povo alemão, todos se unem na defesa dos interesses nacionais. Embora de esquerda, aquele governo, foi o que elaborou mais medidas restritivas, em relação aos trabalhadores e aos contribuintes em geral. Independentemente de uma análise a favor ou contra diferentes políticas, refiro isto, no sentido de cada país tentar resolver os próprios problemas com diferentes políticas para não terem de andar sempre a lamentar-se atrás dos outros. Portugal e o Brasil precisam de desenvolver uma nova mentalidade política e social em que os interesses partidários, patronais e sindicais se subordinem aos interesses reais do país e da sua população.

Na Alemanha, a discussão séria pública circula toda ela em torno dos problemas reais da sociedade alemã no contexto internacional e nela tanto esquerda como direita se sentem comprometidos; ao contrário do que acontece noutros países em que se assiste mais a uma esquerda do “eu boto abaixo para poder arribar para cima”.

António da Cunha Duarte Justo

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MANIFESTAÇÕES TURCAS NA ALEMANHA REVELAM 2 SOCIEDADES PARALELAS

Multicultura contra Intercultura – Turcos solidários com Erdoğan

Por António Justo

Em Colónia (31.07) quase 40.000 turcos participaram numa manifestação organizada pelas organizações DITIB e UETD (Organização lobby do AKP da Turquia), para apoiarem o presidente da Turquia (Erdoğan). 2.700 Polícias acompanharam a chuvosa manifestação que decorreu pacífica. Na Alemanha já tinha havido em diversas cidades manifestações pró- Erdoğan. A pretexto da multicultura afirmam-se guetos nacionalistas adversos à construcção de  uma sociedade intercultural. Esta é a plataforma para conflitos de maior envergadura no futuro.

 

A Alemanha está chocada ao presenciar tantos turcos nascidos na Alemanha a apoiarem um déspota que pretende transformar a Turquia num califado. A Alemanha já tem a experiência de um ditador de eleição democrática (Hitler) que se aproveitou da população mais simples para conduzir a nação à perdição; por isso é tão sensível ao que se passa na Turquia de Erdoğan e ao facto de associações turcas importarem para a Alemanha os problemas da Turquia.

Isto mais que a amostra dos turcos na Alemanha é a amostra da força das suas organizações e o fracasso dos esforços de integração (os valores de cunho árabe mostram-se resistentes aos valores da Constituição alemã). O comício deu-se sob o título de “Sim à democracia – Não ao golpe de Estado”! As associações DITIB e UETD (Organização lobby do AKP da Turquia), organizadoras da manifestação, no dizer de observadores críticos, entendem a luta e a denúncia como “um serviço à religião e ao país”. Levam em conta uma sociedade a preto e branco feita só de amigos e de inimigos. O Tribunal Constitucional Alemão não permitiu a transmissão em ecrã gigante de um discurso televisivo de Erdogan aos seus apoiantes em Colónia.

Um país onde “curdos, arménios e outras minorias e religiões são oprimidos”; um país onde os cristãos têm um número próprio que os identifica para serem discriminados; um país onde, depois da tentativa de golpe de 15 de Julho foram despedidos mais de 3.000 juízes e procuradores da justiça, mais de 3.000 oficiais das forças armadas, 1.389 soldados, 50.000 funcionários públicos e dezenas de jornalistas; um país onde em poucos dias também foram aprisionadas mais de 18 mil pessoas, grande parte delas por razão de suspeita e em que a denúncia e saneamento se tornaram desporto popular não pode ser suportado pela EU.

O que moverá tantos turcos a sair para a rua em manifestação Pro-Erdoğan e a apoiar quem está disposto a institucionalizar a pena de morte e se aproveita do “golpe” como pretexto para fazer o seu golpe de Estado? Porque será que, nas últimas eleições parlamentares da Turquia, o partido de Erdogan (AKP) teve maior percentagem de votantes turcos na Alemanha (60%) do que na própria Turquia?

Será este o resultado de 60 anos de integração? Erdoğan em anos anteriores já tinha dado a palavra de ordem à comunidade turca na Alemanha: “não se assimilem aqui”; a tática do poder é organizar sociedades paralelas numa esquizofrenia de lealdades. A lealdade à Turquia é mais forte que à Democracia. Isto torna-se compreensível num Estado islâmico que controla a religião e grande parte dos seus fiéis através de 600 imames (chefes de mesquitas) que envia todos os anos para a Alemanha e onde ficam, por cinco anos, ao serviço do governo turco.

A Turquia exige a livre circulação dos turcos na Europa e ameaça a EU a ter de permitir a isenção de vistos para turcos num prazo de três meses (o que significaria uma carta aberta também para refugiados turcos)! Resultado: A EU verá rescindido, mais cedo ou mais tarde, o acordo com a Turquia sobre os refugiados. O Estado turco não oferece confiança.

Há 24 anos houve na Alemanha ataques a residências de refugiados e em Mölln morreram 3 turcos numa casa incendiada por extremistas. Em Munique o povo alemão solidarizou-se com os turcos organizando uma cadeia de velas em que participaram 400.000 habitantes de Munique. A Alemanha ainda se encontra à espera da reacção muçulmana aos atentados efectuados por muçulmanos e sinais públicos de solidariedade com as vítimas. As comunidades muçulmanas ligadas a associações e mesquitas deveriam também manifestar-se publicamente para se distanciarem também com manifestações contra os atentados terroristas em nome do islão e para mostrar solidariedade com os cidadãos não muçulmanos. Doutro modo o matar inocentes em nome do islão não é compreendido como insulto ao islão pelas organizações muçulmanas.

A questão consequente que se coloca: onde vivem as associações muçulmanas, como reagem à violência que surge do seu meio?

Embora 30-40 mil turcos tenham demonstrado em Colónia entre os três milhões de turcos há muita gente turca que é moderada. Um outro aspecto a ter em conta é que Erdogan é fruto da democracia e pelos vistos os turcos querem uma democracia autoritária e problemática pelo facto de os três poderes não serem independentes. Actualmente, na Turquia, como em tempos de revoluções, facilmente se é herói ou traidor!

O secretário-geral da CDU Peter Tauber disse no Die Welt: “Quem aplaudiu a liquidação da democracia turca, não se encontra na plataforma da nossa Constituição”. (http://www.welt.de/debatte/kommentare/article157395025/Tuerken-in-Deutschland-muessen-ihre-Loyalitaet-klaeren.html)

Surgiu na discussão pública a ideia esporádica de se introduzir a opção de jovens turcos, em vez de serem possuidores da nacionalidade turca e da nacionalidade alemã, terem de se decidir aos 23 anos por uma ou por outra.

A desaprovação da violência terá de ser manifesta e combatida tanto por alemães como por muçulmanos; só assim se cria confiança, porque para se construir a paz e evitar violência e guerra não pode haver uma solidariedade só para os de dentro.

A sociedade tem uma vida colorida mas o problema é que cada grupo pinta com a sua cor. Não é conhecida a mistura das cores e por isso temos um quadro de sociedade berrante. Vivemos, cada um no seu mundo, uns ao lado dos outros, em vez de vivermos uns com os outros.

 

António da Cunha Duarte Justo

 

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NAS ASAS DA ECOLOGIA – PRIMEIRA VOLTA AO MUNDO COM AVIAO MOVIDO A ENERGIA SOLAR

 

COMPARAÇÃO ENTRE  “SOLAR IMPULSE II” e BOEING 747

António Justo

Como relata” theguardian” 26.07 (https://www.theguardian.com/environment/2016/jul/26/solar-impulse-plane-makes-history-completing-round-the-world-trip) o “Solar Impuse II” aterrou hoje (26.07) em Abu Dhabi donde tinha partido a 9.03.2015. Foi o primeiro avião movido apenas por energia solar que realizou a primeira volta ao mundo, fazendo um percurso de 40.000 Km! Andou mais de 23 dias no ar.

A etapa mais longa feita por “Solar Impuse II” foi de 4.000 milhas sobre o Pacífico, do Japão para o Havaí; a última etapa foi do Cairo a Abu Dhabi.

Este é um acontecimento insólito na história da energia voltaica e significa um passo gigantesco da tecnologia em direcção à ecologia e de um mundo melhor. Este avanço significa um grande desafio ao desenvolvimento da ética e da moral que mal saiu da idade da pedra!

Esta aventura solar é um grande passo para a promoção das tecnologias limpas e em defesa da terra tão ameaçada pela poluição de energias fósseis que têm contribuído para mudanças atmosféricas catastróficas.

SOLAR IMPULSE II EM COMPARAÇÃO COM UM BOEING 747

O “Solar Impuse II”

O avião “Solar Impuse II” tem um peso de 2,3 Toneladas, uma envergadura de asas de 72m, uma velocidade máxima de 140Km/h, uma duração máxima de vôo 5-6 dias e uma distância máxima de voo de 8.183 km, número de passageiros 1, e uma emissão de CO2 por pessoa 0Kg.

O Boeing 747 

O Boeing 747 tem um peso de 154 Toneladas, uma envergadura de asas de 68,5m, uma velocidade máxima de 988Km/h, uma duração máxima de vôo de 17 horas e uma distância máxima de vôo de 13.805 km, número de passageiros 524, e uma emissão de CO2 por pessoa de 101Kg.

A interacção tecnológica consegue maravilhas

 

António da Cunha Duarte Justo

 

300 MILHÕES DE ARMAS DE FOGO NOS EUA

Os cidadãos americanos (319 milhões) possuem 300 milhões de armas de fogo.

Por dia morrem 19 pessoas eem consequência do emprego de armas (São cerca de 30.000 mortos por ano).

OS EUA são um país onde o povo e a polícia cada vez têm mais medo!

António da Cunha Duarte Justo

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NÃO HAVERÁ CASTIGOS PARA OS ESTADOS DEFICITÁRIOS ESPANHA E PORTUGAL

A EU-Comissão nunca aplicará penas reais por violação do Pacto de Estabilidade

António Justo

Como previa a imprensa alemã há meses atrás, Portugal e Espanha não poderiam ser castigados por terem um défice superior a 3% como determina o Pacto de Estabilidade do Euro; no caso, Portugal 4,4% e Espanha 5,1% em 2015. A argumentação era lógica, dado a Itália, a França e a Alemanha já terem infringido e não terem sido castigadas; de facto o castigo ameaçado nunca foi aplicado. Falava-se então que a Comissão poderia declarar uma pena de 0% para efeito de intimidação dos infractores.

A EU-Comissão decidiu, agora, não aplicar multa em dinheiro aos infractores. Em teoria poderiam ser aplicadas multas no valor de 0,2% da produção económica de um país o que corresponderia para Portugal uma multa de 200 milhões de euros e para Espanha dois mil milhões.

Portugal e Espanha têm um prazo de tempo até 15 de outubro para apresentarem planos em que ponham os orçamentos de Estado em ordem. A EU quer que Portugal reduza a dívida do orçamento para 2,5% até ao fim do ano e a Espanha deve reduzi-lo até 2018 para 2,2%.

Ultimamente muita tinta correu na opinião pública com ameaças de um lado e ameaças do outro, tudo lenha para a fogueira de um público que precisa de ser distraído e de ser melhor ordenado em fileiras de opinião.

Sanções económicas aplicadas a países de economia fraca ainda mais os enfraqueceria porque mais dívidas fariam para pagar a sansão.

Portugal só saiu em 2014 do Resgate da Troica. Na Europa a economia tem que se submeter ao politicamente possível.

O discurso sobre a sanções ou não sanções da EU-Comissão a Portugal, que nos últimos tempos tem incendiado os ânimos entre os diferentes clubes políticos em Portugal, foi apenas uma conversa de trazer por casa, para uns poderem cantar de galo e outros de galinha, quando no estrangeiro já há muito havia consenso de que era impossível aplicar sanções a Portugal e a Espanha (O resultado já era propriamente conhecido em Junho, embora a conversa fosse precisa, para impressionar um pouco Portugal: https://antonio-justo.eu/?p=3748 ).

A EU-Comissão, mesmo no próximo Outubro não aplicará penas por violação do Pacto de Estabilidade do Euro. Não será fácil para o primeiro-ministro António Costa corresponder às exigências da Comissão. A melhor estratégia em benefício do partido socialista seria que António Costa, conseguisse a queda do Governo antes do 15 de Outubro, ou que conseguisse da Comissão o adiamento. Então o os votantes portugueses poderiam continuar a ser iludidos com discussões ideológicas sem planos concretos para solucionar os problemas do Estado português. A

António da Cunha Duarte Justo

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ATENTADO ASSASSINO NUMA IGREJA EM ROUEN EM NOME DO ISLÃO

 Política não interessada em acordos bilaterais em questões de tolerância religiosa

No momento em que celebrava a missa, Jacques Hamel de 86 anos, padre coadjutor em Saint-Etienne-du-Rouvray, Rouen, Normandia, foi degolado por dois terroristas do Daesh, segundo o método das suras do Corão ( 8:12, 47: 4). Traziam facas, uma pistola e falsos engenhos explosivos. Do altar, fizeram um sermão em árabe, que filmaram com o assassínio do padre a ser obrigado a ajoelhar. Enquanto faziam isto uma freira conseguiu fugir da Igreja e alarmar a polícia. Feriram gravemente um outro fiel no pescoço. Um atacante tinha 18 anos e era natural de Saint-Etiénne, o outro é Adel Kermich de 19 anos que tinha tentado servir o Estado Islâmico na Síria. A brigada de intervenção matou-os.
O que pretendem os terroristas

O objectivo da guerrilha na Europa é colocar pessoas e comunidades umas contra as outras. Os extremistas muçulmanos pretendem com tais actos transformar a sua luta bárbara numa luta de religiões. Se os cristãos abandonassem os princípios do evangelho e adoptassem os métodos de violência dos guerrilheiros de Alá, estes conseguiriam mobilizar também os muçulmanos moderados no sentido da sua guerra santa (Jihad). Então conseguiriam acabar com o Maomé de Meca (místico) para só fazerem valer o Maomé guerreiro de Medina.

O seu objectivo é dividir uma sociedade que no seu interior político estatal já se encontra dividida. Querem afirmar a diferença de mundos espirituais e ver legitimada a violência.
Reacções ao atentado

O Papa Francisco manifestou “dor e horror” pelo “assassinato bárbaro” e um comunicado do Vaticano declarou: “Estamos particularmente abalados por esta violência horrível ocorrida em uma igreja, um lugar sagrado no qual se anuncia o amor de Deus”.

A reacção do bispo de Rouen ao atentado foi: “A Igreja católica não pode ter outras armas que não sejam a oração e a fraternidade entre os homens”.

O Cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal alemã reage: “Com isto pretende-se fomentar o ódio entre as religiões… Vamos fazer frente a ele e não nos vamos juntar à atmosfera de ódio e violência”.

O presidente Hollande disse: “Estamos em guerra” contra o Daesh.

Será que só resta à população apelar a Deus?

A guerra não pode ser porém a palavra de ordem dos cristãos; guerra é o alimento da guerra. Torna-se compreensível que uma França aterrorizada tenha vontade de se vingar e naturalmente deva usar também da violência contra o terror mas não de esquecer a parte humana e a corresponsabilidade: a França e seus aliados fazem o seu negócio fornecendo os estados árabes e os grupos rebeldes com armas e eles respondem fornecendo dinheiro e assassinos.

Muitos, que não percebem o âmago da espiritualidade cristã, criticam a Igreja que ao reagir da maneira pacífica como reage se submete. A igreja não pode porém reagir da mesma maneira que reagiriam muçulmanos tradicionalistas ao ataque de uma mesquita. A sua mensagem é outra e a sua maneira de estar na sociedade também.

A tarefa da pacificação não é fácil. Querer reunir representantes cristãos com os seus homólogos islâmicos nunca se dá em pé de igualdade atendendo aos diferentes conceitos dos parceiros em relação à violência, ao governo, à sociedade e a outras religiões; para um Imame não há negociações sobre uma palavra de Deus que não pode ser interpretada. É inerente ao Islão não só uma agenda religiosa mas também uma agenda política. Não chegam palavras de respeito é preciso que sopre um outro espírito nas mesquitas com a valorização do Maomé religioso em Meca e uma interpretação histórico-crítica do Maomé guerreiro (de Medina). Então seria possível a publicação com comentários explicadores. Confundir as “revelações de Meca com as de Medina” , ou até dar primazia de orientação prática a partir das suras de Medina é democratizar a jihad como forma de vida mais que ad intra, ad extra.

A figura insegura e duvidosa de políticos

A política tem deixado também os seus cidadãos cristãos à chuva; nunca se preocupou com convenções bilaterais entre Estados em questões de tolerância religiosa. O fanatismo antirreligioso secularista procura, muitas vezes, enxovalhar o cristianismo colocando a violência expressa no islamismo como algo inerente às religiões, difamando assim as igrejas cristãs que tanto têm feito na defesa dos refugiados e para a tolerância do islão.

É de observar uma atitude de irresponsabilidade política crassa ao transmitir à população a ideia repetitiva de que o fomento da polícia, das armas e as limitações dos direitos legais dos cidadãos serão a resposta à insegurança e os garantes da estabilidade.

Enquanto a Igreja se foi despedindo do Estado, reconhecendo com a democracia o princípio evangélico da divisão de poderes (“a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”), as Organizações muçulmanas negociam com os órgãos do Estado para que lhes sejam concedidos privilégios no sentido do islão político. Muitos políticos ocidentais, como se consideram representantes do laicismo não estão interessados no estabelecimento de contratos com vínculo de reciprocidades no trato religioso entre os países europeus e os países de cultura fundamentalmente árabe. E ainda têm o cinismo de, publicamente, se admirarem do que acontece na Turquia, e calam a realidade concreta de que o Estado turco sempre segrega e discriminou os cristãos: até no cartão de identidade turco os cristãos são identificados com um número específico, para que sejam impedidos de assumir cargos públicos de grande relevância, dado um cristão ser um suspeito para o Estado.

Tanto a palavra de Deus (Corão) como as orientações de Maomé (Hadit) não são interpretadas no seu contexto histórico pelos portadores do Islão (A teologia islâmica esgota-se na jurisprudência e não reconhece a abordagem histórico-critica aos seus textos). Muitos pensam que o comportamento do terrorismo árabe é apenas uma aberração da idade média sem se interessarem pelo seu fundamento; os jihadistas sentem-se no direito porque vêem o seu agir fundamentado em orientações religiosas transmitidas e interpretadas à letra pelo facto de Deus se ter in-librado no Corão. Os seguidores do Corão à letra não são elucidados pelos imames de que muitas das revelações descritas no Corão eram feitas para justificar actos da vida privada e política de Maomé (para isso teriam de reconhecer a análise histórico-crítica do Corão e das Hadith). Esta visão é activamente fomentada pela Arábia Saudita e suas embaixadas e transportada por todo o mundo por salafistas que muitas vezes se escondem por trás de acções de distribuição gratuita do Corão. Por isso muita conversa na opinião publica ao dizer que é preciso combater a ideologia dos terroristas não notam que a sua fonte está no próprio islão que precisaria de ser reformado.

A imprensa banaliza, por vezes, actos como o de 2013 em Garbsen, Hannover, onde jovens muçulmanos queimaram a igreja protestante Willehadi, falando apenas de “agitação de gangues de jovens criminosos”.

Os interesses da ordem do dia são outros e nestas questões de terrorismo parece que o que resta ao povo será gritar a Deus!

A Atitude do padre assassinado

Assassinaram o “homem bom”, o “raio de sol do Rouen”, que tinha colocado toda a sua vida ao serviço das pessoas e da comunidade.
O último apelo do padre Jackes aos paroquianos que partiam para férias foi: “As férias são o momento para nos afastamos das nossas ocupações habituais. Mas não é um simples parênteses, além de tempo de descontração, servem também de encontro, de partilha, de convivialidade. Oremos por aqueles que têm mais necessidade, pela paz, para um melhor viver em conjunto”.
António da Cunha Duarte Justo

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