Política não interessada em acordos bilaterais em questões de tolerância religiosa
No momento em que celebrava a missa, Jacques Hamel de 86 anos, padre coadjutor em Saint-Etienne-du-Rouvray, Rouen, Normandia, foi degolado por dois terroristas do Daesh, segundo o método das suras do Corão ( 8:12, 47: 4). Traziam facas, uma pistola e falsos engenhos explosivos. Do altar, fizeram um sermão em árabe, que filmaram com o assassínio do padre a ser obrigado a ajoelhar. Enquanto faziam isto uma freira conseguiu fugir da Igreja e alarmar a polícia. Feriram gravemente um outro fiel no pescoço. Um atacante tinha 18 anos e era natural de Saint-Etiénne, o outro é Adel Kermich de 19 anos que tinha tentado servir o Estado Islâmico na Síria. A brigada de intervenção matou-os.
O que pretendem os terroristas
O objectivo da guerrilha na Europa é colocar pessoas e comunidades umas contra as outras. Os extremistas muçulmanos pretendem com tais actos transformar a sua luta bárbara numa luta de religiões. Se os cristãos abandonassem os princípios do evangelho e adoptassem os métodos de violência dos guerrilheiros de Alá, estes conseguiriam mobilizar também os muçulmanos moderados no sentido da sua guerra santa (Jihad). Então conseguiriam acabar com o Maomé de Meca (místico) para só fazerem valer o Maomé guerreiro de Medina.
O seu objectivo é dividir uma sociedade que no seu interior político estatal já se encontra dividida. Querem afirmar a diferença de mundos espirituais e ver legitimada a violência.
Reacções ao atentado
O Papa Francisco manifestou “dor e horror” pelo “assassinato bárbaro” e um comunicado do Vaticano declarou: “Estamos particularmente abalados por esta violência horrível ocorrida em uma igreja, um lugar sagrado no qual se anuncia o amor de Deus”.
A reacção do bispo de Rouen ao atentado foi: “A Igreja católica não pode ter outras armas que não sejam a oração e a fraternidade entre os homens”.
O Cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal alemã reage: “Com isto pretende-se fomentar o ódio entre as religiões… Vamos fazer frente a ele e não nos vamos juntar à atmosfera de ódio e violência”.
O presidente Hollande disse: “Estamos em guerra” contra o Daesh.
Será que só resta à população apelar a Deus?
A guerra não pode ser porém a palavra de ordem dos cristãos; guerra é o alimento da guerra. Torna-se compreensível que uma França aterrorizada tenha vontade de se vingar e naturalmente deva usar também da violência contra o terror mas não de esquecer a parte humana e a corresponsabilidade: a França e seus aliados fazem o seu negócio fornecendo os estados árabes e os grupos rebeldes com armas e eles respondem fornecendo dinheiro e assassinos.
Muitos, que não percebem o âmago da espiritualidade cristã, criticam a Igreja que ao reagir da maneira pacífica como reage se submete. A igreja não pode porém reagir da mesma maneira que reagiriam muçulmanos tradicionalistas ao ataque de uma mesquita. A sua mensagem é outra e a sua maneira de estar na sociedade também.
A tarefa da pacificação não é fácil. Querer reunir representantes cristãos com os seus homólogos islâmicos nunca se dá em pé de igualdade atendendo aos diferentes conceitos dos parceiros em relação à violência, ao governo, à sociedade e a outras religiões; para um Imame não há negociações sobre uma palavra de Deus que não pode ser interpretada. É inerente ao Islão não só uma agenda religiosa mas também uma agenda política. Não chegam palavras de respeito é preciso que sopre um outro espírito nas mesquitas com a valorização do Maomé religioso em Meca e uma interpretação histórico-crítica do Maomé guerreiro (de Medina). Então seria possível a publicação com comentários explicadores. Confundir as “revelações de Meca com as de Medina” , ou até dar primazia de orientação prática a partir das suras de Medina é democratizar a jihad como forma de vida mais que ad intra, ad extra.
A figura insegura e duvidosa de políticos
A política tem deixado também os seus cidadãos cristãos à chuva; nunca se preocupou com convenções bilaterais entre Estados em questões de tolerância religiosa. O fanatismo antirreligioso secularista procura, muitas vezes, enxovalhar o cristianismo colocando a violência expressa no islamismo como algo inerente às religiões, difamando assim as igrejas cristãs que tanto têm feito na defesa dos refugiados e para a tolerância do islão.
É de observar uma atitude de irresponsabilidade política crassa ao transmitir à população a ideia repetitiva de que o fomento da polícia, das armas e as limitações dos direitos legais dos cidadãos serão a resposta à insegurança e os garantes da estabilidade.
Enquanto a Igreja se foi despedindo do Estado, reconhecendo com a democracia o princípio evangélico da divisão de poderes (“a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”), as Organizações muçulmanas negociam com os órgãos do Estado para que lhes sejam concedidos privilégios no sentido do islão político. Muitos políticos ocidentais, como se consideram representantes do laicismo não estão interessados no estabelecimento de contratos com vínculo de reciprocidades no trato religioso entre os países europeus e os países de cultura fundamentalmente árabe. E ainda têm o cinismo de, publicamente, se admirarem do que acontece na Turquia, e calam a realidade concreta de que o Estado turco sempre segrega e discriminou os cristãos: até no cartão de identidade turco os cristãos são identificados com um número específico, para que sejam impedidos de assumir cargos públicos de grande relevância, dado um cristão ser um suspeito para o Estado.
Tanto a palavra de Deus (Corão) como as orientações de Maomé (Hadit) não são interpretadas no seu contexto histórico pelos portadores do Islão (A teologia islâmica esgota-se na jurisprudência e não reconhece a abordagem histórico-critica aos seus textos). Muitos pensam que o comportamento do terrorismo árabe é apenas uma aberração da idade média sem se interessarem pelo seu fundamento; os jihadistas sentem-se no direito porque vêem o seu agir fundamentado em orientações religiosas transmitidas e interpretadas à letra pelo facto de Deus se ter in-librado no Corão. Os seguidores do Corão à letra não são elucidados pelos imames de que muitas das revelações descritas no Corão eram feitas para justificar actos da vida privada e política de Maomé (para isso teriam de reconhecer a análise histórico-crítica do Corão e das Hadith). Esta visão é activamente fomentada pela Arábia Saudita e suas embaixadas e transportada por todo o mundo por salafistas que muitas vezes se escondem por trás de acções de distribuição gratuita do Corão. Por isso muita conversa na opinião publica ao dizer que é preciso combater a ideologia dos terroristas não notam que a sua fonte está no próprio islão que precisaria de ser reformado.
A imprensa banaliza, por vezes, actos como o de 2013 em Garbsen, Hannover, onde jovens muçulmanos queimaram a igreja protestante Willehadi, falando apenas de “agitação de gangues de jovens criminosos”.
Os interesses da ordem do dia são outros e nestas questões de terrorismo parece que o que resta ao povo será gritar a Deus!
A Atitude do padre assassinado
Assassinaram o “homem bom”, o “raio de sol do Rouen”, que tinha colocado toda a sua vida ao serviço das pessoas e da comunidade.
O último apelo do padre Jackes aos paroquianos que partiam para férias foi: “As férias são o momento para nos afastamos das nossas ocupações habituais. Mas não é um simples parênteses, além de tempo de descontração, servem também de encontro, de partilha, de convivialidade. Oremos por aqueles que têm mais necessidade, pela paz, para um melhor viver em conjunto”.
António da Cunha Duarte Justo
Maomé foi um guerreiro… Por isso eu distingo os muçulmanos dos maometanos.
Ruy Ventura
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Os muçulmanos não gostam de ser chamados maometanos!
Esses métodos de tirar a vida ao semelhante em nome de religiões,ideologias e outras sandices,colocam o ser humano na lama,tiram-lhe a dignidade e reduzem-no ao lixo …O mundo está virando lixeira.
Gabriel Cipriano
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Justo explica a razao das duas nomenclaturas. Bj rosa barros
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ISLÃO DE MECA E ISLÃO DE MEDINA
Penso que te referes ao islão (revelações) de Meca e ao Islão (revelações) de Medina.
Maomé começou por pregar o monoteísmo de Alá aos habitantes de Meca – um lugar de culto politeísta e multifacetado. Viu porém que os habitantes de Meca e as caravanas que por lá passavam se riam dele e da sua tentativa de criar um livro religioso que unisse as tribos árabes sob o manto de um livro e um Deus, à imagem dos Judeus (Antigo Testamento) e dos Cristãos (Novo Testamento).
Ao ver-se ridicularizado pelas diferentes tribos árabes e até combatido mudou-se para Medina com os seus adeptos, no ano 622 (Egira).
Especialmente aí optou pela espada como meio para fazer valer a sua razão, tornando-se num líder guerreiro de Estado . Para tornar o seu poder mais eficiente uniu a agenda política à agenda religiosa numa mesma missão e identificação. A parte do Corão elaborada em Meca é mística, poética e muito religiosa; a parte revelada na fase de Medina é muito violenta. Os seguidores do Islão violento têm fundamento nas suras de Medina. Em geral, os muçulmanos não fazem manifestações públicas contra os seus extremistas porque tanto as suras de Meca como as de Medina fazem parte do Corão.
Infelizmente a violência fundamentada erroneamente em princípios religiosos, como se isso fosse realmente concebível, é o retrato da história desta nossa humanidade.
É incrível a facilidade da humanidade em evocar a religião (DEUS) para praticar atos de violência contra seus irmãos.
Só mesmo o uso da razão para mostrar a sensatez de um principio religioso. Enquanto as religiões forem manipuladas por poucos, que lhe ofereçam interpretação a muitos, teremos violência sendo perpetrada, isso porque se o controle interpretativo é oferecido a poucos (note-se o abstracionismo implicito) é claro que estes farão a interpretação que melhor lhes atendam seus objetivos.
É o mecanismo religioso viciado, com sua engrenagem encrespada, submetida ao controle de poucos operadores gera muita confusão entre história e principios doutrinários, o que permite que situações de manipulação ocorram. Desta forma vemos situações tristes como a da morte deste padre.
O bom princípio religioso é o fundamentado em uma natureza pura e cristalina dos principios que regem a divindade contida no ser humano e que se mostra transparente a todos o tempo todo , portanto que não necessita de intermediários a interpretar-lhe os significados.
Só com o tempo a humanidade conseguirá vencer este tipo de mecanismo encrespado.
Saudações ao sr. Justo e demais particípantes,
Vilson
Diálogos Lusófonos
Vilson, António, todos,
Esta violência não está fundamentada em princípios religiosos, mas ,sim, em homens, jovens, de nacionalidade europeia, com origens familiares fora da Europa,no Sul do Mediterrâneo, criados ou expostos a um ambiente cultural e / ou religioso islâmico e vivendo num gueto nos subúrbios de uma grande cidade europeia!
Margarida
Diálogos Lusófonos
Claro Margarida, a razão direta é tentar criar uma reação cristã e com isso conseguir o apoio dos grupos islamitas moderados aos atos de violência, em um cenário de contra-reação, levando e disseminando o medo e o pânico nas populações européias.
Por isso a resposta inteligênte do Papa Francisco.
Neste contexto , as religiões só servem como pano de fundo para a manipulação de interesses obscuros.
Vilson
Diálogos Lusófonos
Vilson,
Diz bem : “a resposta inteligente do Papa” que precisamos de interiorizar e refletir:
CRACÓVIA, 27 Jul. 16 / 01:30 pm (ACI).- O Papa Francisco afirmou que o mundo atual está em guerra, mas não é uma guerra de religiões. A declaração foi dada a bordo do avião que o levou de Roma a Cracóvia para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) .
“Uma só palavra gostaria de dizer para esclarecer. Quando eu falo de ‘guerra’, falo de guerra seriamente, não de ‘guerra de religiões’. Existe guerra de interesses, existe guerra pelo dinheiro, existe guerra pelos recursos da natureza, existe guerra pelo domínio”, disse o Santo Padre aos jornalistas com os quais chegou hoje à Polônia.
“Esta é a guerra. Alguém pode pensar: ‘Está falando de guerra de religiões’: não! Todas as religiões, queremos a paz. A guerra, a querem os outros. Entendido?”, continuou.
O Santo Padre fez esta afirmação em resposta à pergunta de Pe. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, sobre os fatos ocorridos ontem em uma igreja da região da Normandia, onde dois membros do Estado Islâmico assassinaram o Pe. Jacques Hamel, de 84 anos, enquanto celebrava Missa.
“Esta é a guerra! Não tenhamos medo de dizer esta verdade: o mundo está em guerra, porque perdeu a paz”, disse o Pontífice.
Em seguida, Francisco disse que agora na Cracóvia “esperamos que os jovens nos digam algo e nos deem esperança neste momento”.
“Uma palavra que – sobre isto dizia Padre Lombardi – se repete tanto é ‘insegurança’. Mas a verdadeira palavra é ‘guerra’. Há tempos dizemos que o mundo está em guerra em partes, esta é a guerra. Houve aquela de 1914 e depois a de 1939. No mundo de agora existe esta”, ressaltou.
“Não é tão orgânica, talvez; organizada, sim. Este santo sacerdote que morreu precisamente no momento em que fazia a oração por toda a Igreja, é um; mas quantos cristãos, quantos inocentes, quantas crianças… Pensemos na Nigéria, mas, lá é a África, como se ninguém importasse”, continuou.
O Santo Padre também agradeceu a quem tem devotado suas condolências pelo assassinato do Pe. Hamel e, “de modo especial, ao Presidente francês (François Hollande), que me telefonou como um irmão e o agradeço”.
Em um comunicado publicado no site da presidência da França, assinala-se que, em um telefonema, Hollande disse ao Santo Padre que, “quando um sacerdote é atacado, toda a França é ferida, e que fará todo o necessário para proteger nossas igrejas e nossos lugares de culto”.
“Também recordou o papel da França pela defesa dos cristãos no Oriente. E, nestas circunstâncias tão dolorosas e de provação, desejou (ao Papa) que o espírito de concórdia prime sobre o ódio”.
Margarida
Diálogos Lusófonos
“Dai a César o que de César e a Deus o que de Deus./Jesus”
Jesus com isto quis dizer que: -pague os impostos ao governo e o dízimo à igreja que frequenta.
J. Ibraim
Diálogos Lusófonos
A frase “A César o que é de César…” surgiu num conjunto de ciladas tendentes a comprometer Jesus.
De facto tratava-se das disputas entre os fariseus e Jesus; os adversários de Jesus queriam apanhá-lo em flagrante para o poderem acusar aos ocupantes Romanos, dado Jesus ser um incómodo para “romanos e também para muitos irmãos judeus porque questionava as suas instituições! Se Jesus tivesse dito para não pagar o tributo a Roma seria acusado de conspirador contra os romanos, se dissesse para pagar o tributo aos ocupantes romanos seria acusado de traidor da Judeia! Com a resposta “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”, Jesus desenvencilhou-se deles. Teologicamente a frase é interpretada como fundamento da divisão de poderes.
Na Alemanha e na Áustria, o Estado cobra imposto para o culto, mas não tem qualquer fundamento bíblico e esta prática é considerada ilegítima na Igreja Católica dado constituir o chamado pecado de simonia em que se mistura o espiritual com o material, sendo o espiritual subjugado ao material, ao condicionar a pertença à Igreja ao pagamento. O que conheço na Europa e especificamente em Portugal, nas paróquias católicas há uma recomendação, e como tal não vinculativa, de cada católico oferecer uma vez no ano algo para o culto (o que entender).
Coloco aqui um extracto relatado da conversa de Jesus com os Fariseus em Mt 22, 15-22 em que se encontra a frase: a César, o que é de César…
“Então os fariseus se retiraram e consultaram como apanhariam a Jesus em alguma palavra.
Enviaram os seus discípulos, juntamente com os herodianos, a perguntar: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, e não se te dá de ninguém, porque não te deixas levar de respeitos humanos; dize-nos, pois, qual é o teu parecer; é lícito ou não pagar o tributo a César?
Porém Jesus, tendo percebido a malícia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais, hipócritas?
Mostrai-me uma moeda de tributo. Trouxeram-lhe um denário.
Ele perguntou: De quem é esta efígie e inscrição?
Responderam: De César. Então lhes disse Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
Ao ouvirem isto, admiraram-se e, deixando-o, foram-se.”