UCRÂNIA É O CAVALO TROIANO DOS USA E DA RÚSSIA

Nem Guerra nem Paz – Negócio e Hipocrisia

António Justo

Não haverá guerra nem paz; a guerra na Europa não convém à Europa nem à Rússia! Conservar-se-ão as “guerrilhas”! 

A Ucrânia renunciará à sua livre escolha de aliança, suspendendo o seu desejo de aderir à NATO, e a Rússia renunciará à invasão e repensará o seu apoio às zonas separatistas (Lugansk e Donetsk) da Ucrânia Oriental e os USA tentarão impor a venda do gás líquido à Europa contra os interesses europeus de o receber mais barato através do gasoduto Stream 2.

Desta forma, as partes beligerantes, Rússia e os EUA, manterão, depois de tantas ameaças, o seu rosto erguido, conservando, cada qual, os seus interesses conflituosos, através dos seus representantes (pró NATO e pró-Rússia ) no terreno, tornando assim a Ucrânia num cavalo de troia.

A Ucrânia perdeu, ao querer internacionalizar a sua guerra civil, tendo agora de começar a ordenar os seus problemas internos num outro dossier que poderia ter como título: Ucrânia, parceira económica das potências envolvidas no conflito! Depois, o negócio de uns e dos outros fará o resto!

Os USA, com a sua armada avançada NATO, procurarão continuar a sua guerra económica contra os interesses da Europa; quem fica com a fava a pagar é a Europa e o povo sofredor dos dois lados.

O nó górdio do conflito é e prevalecerá, por um lado, Moscovo que apoia a autonomia das repúblicas Lugansk e Donetsk (regiões separatistas no oriente da Ucrânia, reconhecê-las corresponderia efectivamente a uma anexação à Rússia dado a maioria da população ser de origem e de língua russa) e, por outo lado, a parte da Ucrânia que pretende a adesão de Kiev à NATO.

Na discussão europeia sobre a situação relativa à Ucrânia, são, matreiramente, esquecidas as estruturas historicamente crescidas na própria Ucrânia com um povo em guerra civil e a acrescentar a tudo isto, os interesses geopolíticos dos EUA e da Rússia que apoiam no terreno, cada um os seus aliados.

O Chanceler alemão Scholz esteve agora em Moscovo e prometeu continuar as negociações sobre as exigências de Moscovo à NATO (seu não alargamento!). Um episódio revelador da atmosfera reinante entre a Rússia e a NATO tornou-se claro quando Scholz alertou para a guerra na Europa, ao que Putin respondeu lembrando que a própria NATO tinha travado uma guerra na Jugoslávia; Scholz returquiu que isso só tinha acontecido para evitar um genocídio; Putin respondeu logo que também estava a dar-se um “genocídio” na Ucrânia oriental (HNA.16.02)!

A Duma (Parlamento russo) legitimou Putin para poder decidir, por ele próprio, o reconhecimento das regiões separatistas da Ucrânia Oriental de Luhansk e Donetsk como “repúblicas do povo”. Este contraria certamente o acordo de paz de 2015 em Minsk (entre Kiev e Moscovo), que prevê uma certa reunificação dos separatistas pró-russos na Ucrânia com uma autonomia de longo alcance.

O auge da irracionalidade na Europa (NATO) foi o anúncio feito pelos serviços secretos americanos de que ia haver uma invasão russa da Ucrânia possivelmente esta semana. Isto pertence ao capítulo da rectórica incendiária entre a população para legitimar o desejo de guerra na opinião popular. O mesmo foi feito para legitimar a intervenção no Afeganistão, no Iraque, na Síria, etc.  pelo Ocidente, com mentiras que grande parte do povo ocidental foi aceitando. Como sempre é usado um vocabulário de guerra para que as pessoas aprendam a soletrá-lo…

Os nossos Media ocidentais tomaram partido pelos interesses da NATO (organização feita de membros com interesses contraditórios aos dos USA, como é o caso da Turquia que coloca um pé na NATO e outro na Rússia). Neste contexto a política (e seus multiplicadores dos Media) cria condições sociais que abrem o caminho à manipulação e ao dirigismo político, apostando em entorpecer e enganar a população civil. O que mais me fera na observação de tudo, isto é, a insolência e atrevimento com que os Media desinformam unilateralmente o povo por razões de serviço ao próprio regime, papagueando o que políticos dizem caindo na sua rectórica e silenciando,, deste modo que os interesses da cabeça (USA) da NATO são, practicamente, contrários aos dos seus membros da Europa. Criam-se assim, na opinião pública desinformada, duas trincheiras que se combatem: a pró-russa e a pró NATO; assim atingem os seus intentos conseguindo dividir o povo alinhado na fila do  antiamericanismo ou na do anti Rússia: uma vez criada a luta dentro da população ocidental (à imagem da guerra civil da Ucrânia), passa a ser então justificada uma decisão aleatória (dos imperialismos de fora) porque já se conseguiu elaborar um culpado.

Não há motivos para pânico! Manter-se-á, porém, a suficiente margem de jogo para o imperialismo de um lado e o do outro continuarem a fazer o seu jogo e os Estados europeus manter-se-ão  na condição miserável de ter de seguir a abanar a cabeça, mas a dizer ámen (tendo para isso de se continuar a enganar a população que não compreenderia a complexidade de uma situação tão comprometida)! Quando a China tiver a palavra decisiva a dizer o tabuleiro do xadrez será outro e na altura, se a Rússia não for a aliada da China, então a Europa será aliada da Rússia!

Os imperialismos afirmam-se nas fronteiras dos outros ou apoiam-se em grupos internos rivalizastes e a Europa, como já não é império, tem de assumir o papel de hipócrita porque interessada nos negócios económico-financeiros e na paz para os poder fazer , continuando, muito embora, casada com os USA que com os seus interesses geoestratégicos e económicos contradizem os da distante Europa!

De uma maneira geral, a população europeia quer uma relação relaxada com a Rússia e desejaria que fosse colocada pomada nas feridas deixadas pela queda do socialismo.

O não cumprimento da promessa feita a Gorbatchov de não alargar o âmbito da Nato aos territórios vizinhos da Rússia e a exigência de Putin dos anos 1989/1990 e repetidos em 2007 de que a Ucrânia não aderisse à Nato, têm sido desrespeitados, o que impede um desenvolvimento natural da situação social complicada na Ucrânia. Na realidade poderíamos dizer que a Ucrânia é, de facto, o cavalo de Troia dos USA e da Rússia; sem boa vontade de todos não se vê grande luz no fundo do túnel de uma nação em convulsão nem num realinhamento de blocos a nível mundial.

Agora, à margem dos jogos olímpicos em Pequim, não só Putin, mas também Xi Jinping, fizeram um apelo a um fim do alargamento da NATO. Claro que Xi já está a pensar em Taiwan como zona da sua esfera de influência e essa situação será mais própria para criar uma guerra mundial.

“Uma Alemanha interessada em acordos de comércio com o Leste, uma EU interessada num acordo de associação, e uma federação russa amedrontada, não são indícios de bons resultados para a Ucrânia; a Rússia sente-se ameaçada economicamente pela EU, militarmente pela Nato e socialmente pelos valores ocidentais de liberdade e democracia. A UE defende os seus interesses económicos e estratégicos na Ucrânia argumentado hipocritamente de pretender a salvaguarda dos direitos humanos e de um Estado de Direito. Infelizmente não usou da diplomacia para saber antepor-se aos combates armados entre a população ucraniana nem teve em conta uma Rússia traumatizada pela queda da União Soviética.  A Rússia tem os mesmos interesses na Crimeia e nas zonas orientais da Ucrânia como os ingleses no Gibraltar e nas ilhas Malvinas…” escrevi em 2012 no artigo “Ucrânia entre imperialismo russo e ocidental” (1). Outros textos relativos ao assunto em nota (2).

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1)  https://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/2014/ucrania.htm

(2)  UCRÂNIA ENTRE IMPERIALISMO RUSSO E OCIDENTAL: https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/russia-e-china-o-eixo-da-politica-do-1206136

O POVO FALA DE POLÍTICA E OS POLÍTICOS FALAM DE NEGÓCIOS: http://abdic.org.br/index.php/675-o-povo-fala-de-politica-e-os-politicos-falam-de-negocios ;

RÚSSIA E CHINA – O EIXO DA POLÍTICA DO SÉC. XXI? (2014): https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/russia-e-china-o-eixo-da-politica-do-1206136 ;

“Sanções económicas são injustas e oprimem os mais frágeis”: https://antonio-justo.eu/?p=6999 ;

Textos em: https://www.triplov.com/letras/Antonio-Justo/index.htm ;

A GUERRA FRIA NOS MEDIA RUSSOS E ALEMÃES: https://antonio-justo.eu/?p=7067 ;

Capitulação da Nato no Afeganistão – Mais uma Guerra estúpida perdida ;

Não quero questionar a independência à Ucrânia, o que prefiro é que a sua independência seja defendida através de vias diplomáticas e não através da violência nem de provocações como tem acontecido da parte da Rússia e da Nato. O presidente da Ucrânia já deu a entender que se encontra em maus lençóis ao ser jogado entre a Rússia e a Nato! Em 2014 escrevi: Rússia e China – O Eixo da Política do Séc. XXI? https://antonio-justo.eu/?p=2791 e, além de outros, “Os comunistas comem criancinhas?” https://bomdia.fr/os-comunistas-comem-criancinhas/

 

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DEBATE SOBRE O GÉNERO: CIÊNCIA OU IDEOLOGIA?

Da Ideologia ao Serviço do Colonialismo mental global (de marca ocidental)

António Justo

Encontramo-nos já numa época intermédia, de passagem do colonialismo geográfico para o colonialismo mental! Esta é a fase de competição pelo domínio global – fase de conglomerações geoestratégicas e globalistas – em que se torna notória a luta pelo controlo e pela pilotagem do pensamento porque quem tiver o controlo do pensamento passa a controlar o humano e a humanidade. Nesse sentido, a batalha pela desconstrução da cultura e da pessoa soberana torna-se mais dura na sociedade ocidental, dado ser esta a que possui mais mecanismos de defesa contra um globalismo tendente a criar uma troica global. A estratégia que se encontra por trás do discurso sobre o género (Gender) implementa ideologias, em voga, ao serviço do colonialismo mental!

Depois da debanda do povo das aldeias (aldeão) para as cidades observa-se agora uma tendência de retirada do cidadão (citadino) para um mundo ideário que o liberte dos apertos de uma vida demasiadamente emparelhada sob a limitada cúpula da cidade. Aos domínios da nobreza e do clero sobre a terra (senhorios) seguiram-se as burguesias de caracter citadino que, a partir de um pouco de terra, assentaram o seu domínio no comércio e no dinheiro. Esta nova “burguesia”, já não do burgo, mas da polis, produz agora novos senhorios: os “latifundiários do dinheiro e das ideias (ideologias)! Daí o seu esforço por assentar a sua base já não na natureza, mas no domínio do abstrato, que torne os habitantes do “monte” em meros subordinados ou assalariados!

Nesse sentido, encontramo-nos numa fase intermédia, que, muito embora ocupada na desconstrução da cultura do mundo ocidental, traz a marca ocidental na luta globalista em via; traiçoeira, porque anti feminina mas feminista, desliga-se da paisagem religioso-cultural do povo ocidental porque esta, mais ligada à terra (mais feminina), contradiz os interesses de uma nova cultura abstrata que se pretende implantar (no sentido de implementar paulatinamente um “governo universal” sob o olhar masculino!) e que assume o cunho ideológico socialista-capitalista, de que o sistema chinês poderia ser uma amostra, no sentido  de uma sublimação do gene masculino e masculinizante!

Se antes as armas usadas eram espadas e canhões, hoje em democracia e globalismo as armas passam a ser a palavra e as ideologias!  O poder político serve-se dos currículos escolares e de currículos universitários para implementar agendas ideológicas com o fim de doutrinar gerações.

O modelo ocidental ao atingir o seu apogeu, em vez de repensar a sua matriz masculina em termos adequados aos princípios e energias moventes da masculinidade e da feminilidade humana e social, prossegue o seu caminho em termos masculinos de luta (baseada em papéis e no divide para imperar!) como tem feito até aqui e se torna visível na disputa dos falcões americanos e russos em terreno ucraniano, cada vez mais sacrificado à luta masculina imperialista das duas partes (também aqui, embora se trate de uma luta geoestratégica na disputa de poderes em termos globais, no fundo estão em luta ideologias e interesses abstraídos das paisagens populares e como tal cada vez mais distantes da feminilidade) .

É de constatar que, na base da nossa sociedade, a matriz (modelo estruturante), que determina os nossos comportamentos e modos de vida, é masculina e expressa-se em papéis discriminadores devidos à natureza e às construções sociais e culturais transmitidas no parâmetro dos rebanhos dos tempos ancestrais (Patriarcalismo). Nesta base torna-se mais que óbvia a reacção da mulher nos diferentes âmbitos do pensamento e da sociedade. O sentimento de uma feminilidade abafada provoca um justo desejo de emancipação que começa por limitar-se aos papeis da mulher em sociedade, mas que terá como objectivo final não tanto os papéis de homem e mulher mas o que se encontra por trás desses fenómenos. Ao orientarmo-nos apenas pelos papéis sociais arrumadores da feminilidade e da masculinidade não fazemos mais que protelar o problema da emancipação ou libertação, sem entendermos os verdadeiros moventes que se expressam a nível da matriz aparentemente aceite (1).

Portanto, a preocupação de análise e de empenho não deveria partir daquilo que alguns advogam como “condição feminina” mas da análise básica,  da matriz masculina que determina de forma sistémica a vida individual e social do homem e da mulher (para lá dos papéis assumidos que também eles contribuem para discriminação da feminilidade e que seria um erro fixar-se só neles) e, pelo facto de se basear em características de masculinidade, explora a mulher (ou melhor, a feminilidade (energia/princípio)  que é reprimida, consciente ou inconscientemente em todas as sociedades e cuja urgência de reparação se encontra manifesta  na ordem do dia da sociedade ocidental),  como é de observar em muitos segmentos da vida, a feminilidade não é contemplada e por isso a mulher é ferida não só nos princípios de dignidade e de igualdade de direitos mas sobretudo na sua maneira de ter sido enquadrada dentro da matriz masculina (de condição masculina ou masculinizante). A questão a pôr-se é a do homem todo, na sua feminilidade e masculinidade comuns e não apenas a do homem ou da mulher nas suas interpelações funcionais.

O que deveria estar no foco da discussão, a discutir-se básica e produtivamente,  seriam as características da feminilidade e da masculinidade num projecto de uma matriz mais adequada à natureza e à cultura  em processo e não limitada apenas às funções e papéis masculinizantes (redução funcionalista de caracter materialista); uma nova matriz criaria novas funções e papéis sociais flexíveis que tornariam incompatíveis os papéis da sociedade patriarcalista com os papéis do novo modelo de sociedade! As funções socialmente a desempenhar deixariam de estigmatizar (petrificar) quer a masculinidade quer a feminilidade nem no “género” nem no sexo!

Uma devida análise e empenho teria como consequência grande incidência no ser e na maneira de estar do humano, quer a nível individual quer social onde as estruturas culturais e económicas teriam de ser aferidas à nova matriz baseada na complementaridade dos seres e dos órgãos sociais com uma certa equidade, o que implicaria  uma nova valorização e integração da feminilidade e da masculinidade nesse novo modelo (no limiar da dinâmica da „igualdade e diferença” seria de colocar o modelo-matriz baseado na intersecção dos princípios/energias/características da feminilidade e da masculinidade); estes revolucionariam toda a maneira do estar individual e social bem como suas estruturas e supraestruturas, passando a internalizar-se numa maneira de ser. Esta nova matriz tornar-se-ia na mãe de todo o relacionamento e comportamento tornando supérflua uma discussão apenas em termos ou em torno de patriarcado ou de matriarcado (dado estes serem ultrapassados por manterem a sua dinâmica e relacionamento apenas ao nível de funções e papéis, ou seja, ao nível do ter e não do ser que se encontra  ao serviço de uma regulação social no âmbito de um funcionamento maquinal e de peças e, como tal, distante de um ser orgânico natural de comunidade e pessoas).

A luta ideológica e do género adoptou a metodologia masculina (processada em termos de luta e de olhar masculino e não de complementaridades) apostando numa definição desintegrativa de género/sexo e consequente linguagem em torno deles (2); segue o princípio masculinizante do poder: divide para imperar.

Os efeitos positivos da luta ideológica, na nossa sociedade de matriz masculina, manifestam-se numa maior igualdade socialmente a atingir, mas não legitima os meios que usa para a atingir dado estes serem a aplicação dos princípios da masculinidade (e correspondentes métodos agressivos ou de subjugação) apenas em termos de funcionalidade sem propriamente tomar a sério a feminilidade (que implicaria uma outra estratégia de afirmação já vital orgânica e não só funcional; isto é, uma estratégia inclusiva que partisse da feminilidade como base estrutural e estruturante e não assumisse apenas um caracter funcionalista como quer o mecanicismo social empenhado em reduzir a pessoa (homem ou mulher) à mera qualidade de função e de objecto.

Isto independentemente das salutares melhorias adquiridas através da luta em via; importa não reduzir o horizonte porque se trataria então de ganhar apenas batalhas e não a “guerra”.

Resumindo, sou do parecer que nos encontramos a combater no campo errado porque o que seria de questionar era a matriz masculina que regula e fundamenta as sociedades atuais com a sua correspondente metodologia masculina (perpetuadora da guerra) e que é masculinamente comum à metodologia de afirmação da ideologia feminista, socialista e capitalista. Uma luta em defesa da feminilidade, para conseguir uma mais valia da feminilidade, terá de ter a cautela de não afirmar  uma feminilidade que se esgota  em termos de afirmação ao serviço da masculinidade da matriz vigente  e, deste modo, subjugar-se concretamente ao masculinismo de que se defende, mas que na realidade aceita como sendo a normalidade. Uma análise menos ideológica e mais abrangente teria de começar por analisar as características ou princípios (energias) da masculinidade e da feminilidade (básicas a nível de indivíduo, cultura e natureza) e identificá-las na sociedade e nos seus mecanismos para possibilitarem uma matriz a criar em que esses princípios seriam ajustados ou aferidos numa base de complementaridade já não selectiva mas inclusiva, criando uma cultura de afirmação já não pela luta mas pela inclusão.

A própria matriz ocidental possui em si as potencialidades para o fomento da nova matriz social , dado, o modelo actual vigente, ter-se tornado infiel ao próprio protótipo que assentava mais na feminilidade que na masculinidade, mas que ao assumir, institucionalmente, a  estratégia de afirmação de Constantino (criação da “cristandade” à custa do cristianismo; o Constantinismo que parte do édito elaborado em 313, levou a instituição igreja a viver entrelaçada com a política e a apegar-se ao poder do Estado – vista a questão em termos meramente históricos: oh felix culpa!)  e por esse facto a instituição passou a expressar-se mais em termos de poder e como tal acentuou as características da masculinidade, deixando a sua característica fundamental que é a feminilidade nos conventos e na frequência do povo nas igrejas!

Em vez de tentarmos pegar o touro pelos cornos temos andado a agarrá-lo pelo rabo!

A libertação certa, para se tornar tal, deve ousar desafiar a nossa matriz cultural masculina, nos seus fundamentos e não só na sua fenomenologia,  no sentido de a poder desconstruir de maneira ordenada; a fase feminista de caracter machista, talvez justificada como fase transitória,  terá de se superar a si mesma e alijar a carcaça que usa  para possibilitar a passagem  a uma fase já não feminista mas feminina; passar à estruturação de uma matriz feminina que permita o início de uma era de paz e a coexistência harmónica da feminilidade e da masculinidade.

A rotura com as estruturas masculinas do poder vigente terá que começar já por questionar as bases (forças vitais, características, critérios) dessas estruturas que constituem o poder masculino determinante das sociedades mundiais; só então será possível desmontar os andaimes baseados na masculinidade (abusada no patriarcalismo) e a partir de uma desconstrução de estruturas, que foram elaboradas mais ao serviço do poder do que da população, se chegue  à reconstrução,   já não de uma estrutura de poder feminista (que continuaria a cadeia masculinizante de poder baseado em luta, selecção e opressão), mas se inicie a construção de uma cultura feminina, fecundante, que se torne a matriz criadora (integradora das forças vitais da feminilidade e da masculinidade) e geradora de novos comportamentos e relações sociais (não só a nível da maneira de estar como também da maneira de ser).

Cristo é o protótipo do homem e da mulher e foi pregado na cruz, mas ao sê-lo tornou-se no sinal de que o homem e a mulher não devem pregar ninguém na cruz porque ao fazê-lo pode ser que estejamos a pregar o protótipo do humano e da humanidade, o abandonado (cada um vale tudo por si)! E mesmo quando se fala de pessoas extremistas é legítima a pergunta de Jesus: “Essa questão é tua, ou outros te falaram a meu respeito?” (João 18:34).

O meu texto pretende propor elementos de reflexão e análise e não uma visão “masculina” a preto e branco do mundo, como faz o mundo, esquecendo que o ódio a quem é diferente ou a quem pensa diferente enegrece a alma e deste modo impede a construção de uma matriz fundada, em termos de igualdade e complementaridade, dos princípios da feminidade e da masculinidade!

Este texto será continuado em “O OLHAR MASCULINO

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e pedagogo

Pegadas do Tempo

(1) Uma observação ou análise reduzida ao nível exterior dos fenómenos (aparências, porque se limita às estruturas da experiência que se contenta em ficar-se com explicações de caracter e comportamentos ao nível da compreensão (de sentidos ou de consciência) sem entrar nos seus pressupostos (essência), de que a sociologia é um exemplo quando prescinde das ciências naturais).

(2) Género diz respeito às características de masculinidade e de feminilidade: Sexo masculino, feminino e a variação inter-sexo ) e também expressões sociais e papeis sexuais. Homem trans ou transsexual (nascida mulher, agora homem) pode engravidar precisando de medicação hormonal. Para engravidar de menino, dado o menino ter cromossomas XY, é preciso o sexo do pai que possui gametas do tipo X e Y, enquanto que a mulher possui apenas do tipo X. A testosterona provocara o crescimento da barba e o aumento da libido e do clitóris; se a pessoa trans tiver útero, ela também pode menstruar.  Mulher trans ou transsexual (nascida homem, agora mulher) mediante a amputação e construção da vagina.

 

Links de Textos relativos ao assunto:

A Manipulação da Cultura acompanha a Manipulação da Natureza: https://abemdanacao.blogs.sapo.pt/casamento-civil-de-homossexuais-premio-1435784

Discurso Masculino contra o Feminino (2014): https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2010/discurso_feminino.htm

A Liberdade é Feminina por isso não se dá no Deserto

Do uso da sexualidade como forma de afirmar poderes e de criar uma nova ordem mundial: https://beiranews.pt/2019/07/12/ponto-de-vista-por-antonio-justo-123/

Importância da Experiência interior como Forma de questionar Ideologias-Doutrinas-Instituições: https://antonio-justo.eu/?p=4935

Matriz socialista marxista na base da disciplina de educação para a cidadania: https://beiranews.pt/2020/10/13/ponto-de-vista-por-antonio-justo-10/

Libertação das leis biológicas: https://copaaec.blogs.sapo.pt/2021/08/

Das Mulheres na Sociedade e na Igreja e dos usos e costumes que as oprimem: https://etcetaljornal.pt/j/2019/09/das-mulheres-na-sociedade-e-na-igreja-e-dos-usos-e-costumes-que-as-oprimem/

Matriz política masculina não pode ser norma para a instituição eclesial: https://bomdia.be/matriz-politica-masculina-nao-pode-ser-norma-para-a-instituicao-eclesial/

Em Carlos podemos ver a masculinidade portuguesa infiel:

NA ESTEIRA DE CAMÕES E DO ROMANTISMO

Correcção duma Sociedade máscula de Via única: http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=29743&catogory=Opini%E3o

PODER RENOVADOR DA MULHER: https://triplov.com/letras/Antonio-Justo/2009/mulher.htm

Islão e a sociedade: masculinidade contra feminidade: https://bomdia.eu/islao-e-a-sociedade-masculinidade-contra-feminidade/

Urge uma Revolução cultural feminina: https://antonio-justo.eu/?p=6736

Humanismo e ética para a construção de uma Cultura de Paz global: https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/cultura/57874/humanismo-e-etica-para-a-construcao-de-uma-cultura-de-paz-global

Punhos cerrados, 2015: https://www.yorku.ca/laps/dlll/wp-content/uploads/sites/212/2021/06/06mar15_steph.pdf

 

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O B R I G A D O !

Muito agradecido por me terem ajudado, neste dia 12.02.2022, a erguer os olhos de maneira a melhor contemplar o azul do céu. Foram muitos amigos e amigas que através de e-mails e aqui deram sinal do muito de comum que nos une.
Um abraço solidário com todos
Como expressão do meu agradecimento deixo aqui duas citações:
“Abençoado seja cada momento
que te leva à alegria e felicidade.
Abençoado seja todo o ser humano,
que com ternura e amor
toca o teu coração”. (Benção irlandesa)
“Elevo os meus olhos para os montes: de onde me virá o socorro?
O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra.
Não deixará vacilar o teu pé; aquele que te proteje não descansará.
Eis que não dscansará nem dormirá o guarda de Israel.
O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.
O sol não te molestará de dia nem a lua de noite.
O Senhor te guardará de todo o mal; guardará a tua alma.
O Senhor guardará a tua entrada e a tua saída, desde agora e para sempre.”
Salmo 121:1-8
António da Cunha Duarte Justo
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FELIZ SÃO VALENTIM! – DIA DOS ENAMORADOS

FELIZ SÃO VALENTIM! – DIA DOS ENAMORADOS
 

Os desmancha-prazeres: Sexo só com máscara!!!

 

É verdade que a vida é feita de momentos e experiências e quantos mais positivos houver melhor.

Mas imaginem: por muitos beijos que demos não chegam para ter um filho!…

Contudo, celebrar a vida e o amor é sempre um acto criativo e criador!

Imaginem que na Muitos beijos e muitas estrelinhas neste dia de São Valentim!

Tudo será de aproveitar, até para se sair da pasmaceira da pandemia!

Mas vejam lá o desplante! Imaginem estes desmancha-prazeres: Na Tailândia, hoje sexo com máscara!

As autoridades de saúde tailandesas pediram aos amantes para tomarem medidas pandémicas neste Dia dos Namorados – e que usem uma máscara quando tiverem relações sexuais!

Mais concretamente, o cúmulo da histeria: “Posições sexuais em que as pessoas se olham directamente umas para as outras e beijos intensos” devem ser evitadas. Nomeadamente, “sempre que possível, o uso de uma máscara durante o sexo pode reduzir o risco de infecção”(cita a HNA).

Afinal, quanto espaço vital é preciso para cada pessoa?

Aparentemente, a Corona torna-se também numa situação de liberdade condicional (estágio) para pessoas casadas. Imaginem-se os divórcios que virão!…

O que fazer com a sublimação da agressão oculta?

Para onde ir com a possibilidade de viver as próprias necessidades. As possibilidades estão a ser sistemicamente tiradas!

Um beijo virtual!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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UM EXEMPLO OU UMA PROVOCAÇÃO?

Talvez uma objecção justificada!

Em Kassel (Alemanha), os Samaritanos (ASB) isentaram do trabalho os empregados que não querem ser vacinados e continuam a pagar-lhes os seus salários. Na cidade e distrito de Kassel, a associação regional emprega cerca de 600 pessoas, 300 das quais no serviço de salvamento e ambulância.

Os Samaritanos são uma associação de assistência social e organização de ajuda (ASB) que ajuda  todas as pessoas – independentemente da sua filiação política, étnica, nacional e religiosa. O foco principal do seu serviço é:  serviços de salvamento e ambulância até serviços de saúde e sociais, tais como enfermagem! “Ajudar aqui e agora” é o lema da Federação dos Samaritanos!

Com isto dão um sinal errado ou certo?

Vivemos num mundo surrealista onde, por vezes, as decisões políticas são tomadas para além de toda a compreensão. Esta decisão dos Samaritanos corresponde ao espírito transmitido na parábola do Samaritano, saindo, também eles, da normalidade, tornando-se talvez por isso numa provocação para alguns!

É de admirar e justa a coragem mostrada pelos Samaritanos numa sociedade em que as trincheiras sociais se tornam cada vez mais fundas e em que cada um quer ter a razão toda sem deixar nada para os outros!

A atitude de mandar para casa os empregados não vacinados e de lhes continuar a pagar o ordenado parece contraditória ou até provocadora na nossa sociedade, mas talvez não passe de uma objecção justificada!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

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