Cidadania Integração e Identidade – Maneira de estar Lusa

Fraqueza de identidade nacional faz do Português o Imigrante modelar

António Justo
O emigrante português é feito de céu e terra, movimenta-se entre cidadão e estrangeiro sendo sua bandeira a saudade onde ventos estranhos movem a recordação. Nele mora o fado, aquela dor do mundo que o torna irmão de toda a criatura e de todos os povos. Como a onda do mar sente que o seu eu se constrói a partir do nós, por isso sofre o todo na parte e goza a parte no todo. Sob o cânone luso “à terra onde fores ter faz como vires fazer”, o português torna-se num imigrante adaptado. Neste sentido, talvez o português e o brasileiro sejam dos povos menos complicados e mais agradáveis, nos países de recepção, porque reconhecem e vivem a interculturalidade na consciência de que são ao mesmo tempo onda e mar (parte de um todo). O Povo português é especialista em integração como revela a sua maneira de estar diferente da de outros povos, quer em termos de colonização quer na qualidade de imigrantes.

Presença lusa e Visibilidade da Identidade cultural

O português não é estranho nas nações onde chega porque estranha é já nele a condição. Enquanto outros estrangeiros se integram e outros constroem as barricadas dos seus guetos, o português, geralmente, deixa-se assimilar reservando a portugalidade para a alma. É do génio português ter uma cidadania alargada (ser francês com os franceses, suíço com os suíços, alemão com os alemães…), nele palpita a alma universal. O emigrante é ele e as suas circunstâncias – é cidadania sem cidade na procura de uma identidade alargada. Nas suas asas traz o longe, nos seus pés traz o perto e no seu desejo a vontade de se tornar uma personalidade implantada.

Numa sociedade de templo profanado em que cada um faz dela um mercado, seria óbvio que o português acentuasse a sua identidade e expressasse não só como indivíduo mas como povo com missão universal; é importante tornar mais visível, no âmbito das instituições, a sua característica portuguesa, de humanidade e universalidade através de maior intervenção activa social, cultural, política e empresarial. Portugal que deu mundos ao mundo precisa de reflectir a sua identidade, não acentuando tanto a ideologia que ele assimilou da França nos tempos modernos mas mais o espírito europeu que o tornou grande no mundo, ao tornar-se expressão da Europa, através dos descobrimentos e da emigração. Neste sentido, tem também na Suíça o bom exemplo de uma nação pequena, mas também ela grande por ter sabido manter viva e cultivar no seu povo, a tradição do seu génio. A comunidade portuguesa radicada na Suíça pode reconhecer na bandeira suíça aquele sinal comum característico da sua identidade que os tornou grandes e lhes concederá perpetuidade.

Toda a vida individual e cultural é processo de identificação, um contínuo fluir para a realização e para a verdade. Nascemos como indivíduos, formando pouco a pouco a nossa identidade / consciência, num acumular de camadas formadas de educação e experiência de vida que determinam o nosso ser de pessoa. A formação da identidade consciente (personalidade – aquilo que dá visibilidade) acontece de maneira privilegiada num espaço livre que proporciona vestígios individuais e culturais adaptados à geografia e à cultura em diferentes ramos de expressão.

Portugal tem de recuperar a consciência de si não esbanjando a força da tensão que o tornaria forte se não resolvesse muitos dos seus problemas apenas com o tubo de escape que é a emigração. Antoine de Saint-Exupéry constatava: “O mundo inteiro afasta-se quando vê passar um Homem que sabe para onde vai”! (Esta é a diferença que marca na migração um cidadão ocidental e um cidadão muçulmano). Aquilo que se pode revelar como fraqueza de identidade nacional e faz do português o migrante modelar não é só fraqueza é também testemunho de alma grande e de ideário universal. O português não se deixa aprisionar em termos de cultura, quer ser ele e mundo sem ser metido numa gaveta.

A nossa existência não se expressa só como indivíduos mas também como comunidade. A ignoração da identidade do povo conduz à apatia das massas e à morte da colectividade. O português, na qualidade de cidadão e de povo, continua a ter algo especial que é o seu sal, muito necessário para ajudar a temperar a vida dos povos do mundo numa consciência simples de irmãos que em conjunto querem celebrar a festa da vida.

Os portugueses no estrangeiro sobressaem pela fraqueza de identidade nacional que os torna, por vezes invisíveis onde vivem e consequentemente muito queridos em todas as sociedades acolhedoras. Enquanto outras etnias se afirmam, por vezes, pela negativa, contrapondo-se à cultura que os acolhe, os portugueses deixam-se assimilar facilmente, perdendo já na segunda e terceira geração o perfil exterior de português. Tanto a afirmação pelo gueto como o desaparecer pela assimilação não passam de extremos que deveriam ser resolvidos através de uma integração consciente na sociedade acolhedora. Não somos apenas indivíduos mas também povo. Uma política baseada na multicultura e no gueto contradiz o desenvolvimento cultural e social dos povos; este acontece num processo natural de intercultura, numa atitude aberta e benevolente de dar e receber, tal como mostraram os portugueses com o interculturalismo no Brasil. Acolhedores e acolhidos enriquecem-se mutuamente dando assim oportunidade ao desenvolvimento.

Não chega fortalecer elos pessoais de ligação urge criar estruturas

Portugal e os portugueses são portadores de uma grande cultura, não precisam de se esconder; com os descobrimentos, foi o povo da Europa que no século XIV e XV mais contribuiu para o desenvolvimento da humanidade, criando pontes entre continentes e civilizações. Daí a naturalidade de uma auto-estima que se quer mais presente num assumir de responsabilidades nas instituições culturais e políticas dos países hospedeiros. O esforço dos partidos portugueses no sentido de estarem presentes na emigração através dos deputados torna-se anacrónico se não acompanhado por uma política e uma estratégia de integração de emigrantes nas diferentes instituições dos países de imigração. Seria um equívoco centrar o discurso político em torno de quatro deputados (partidos) para a emigração e deste modo distrair o português da iminente necessidade de ele se integrar nas estruturas políticas das nações onde se encontram. Estas manifestam o grau de cidadania e de identidade dos grupos inseridos numa sociedade.

Uma identidade individual fraca enfraquece a identidade da comunidade e vice-versa. Numa altura em que a prática política europeia se manifesta doentia será preciso que cada pessoa e cada país redescubram a substância da sua identidade para poder assumir a responsabilidade e a missão como cidadãos e comunidades na construção de uma Europa à altura dos seus antepassados.

O 25 de Abril de 74, na resposta às exigências inovadoras do Vaticano II bem como à revolução 68 e à necessidade de democratizar Portugal, possibilitou novas experiências numa sociedade cada vez mais complexa a agir como colectivo no concerto das nações europeias. Como identidade colectiva histórica que sempre construiu pontes interculturais, resta-lhe consciencializar-se da sua tarefa e corporalidade necessárias em diáspora. A identidade é processo vivo, nunca acabado, entre cidadão e sociedade na construção da própria casa, da casa portuguesa, da casa onde nos encontramos e da casa universal, a que demos resposta outrora com os descobrimentos. Numa altura em que a Europa atravessa uma forte crise de identidade torna-se importante a consciencialização e fomento da própria identidade na relação com as identidades vizinhas. A diferença (identidade) é a constante natural na evolução de um todo feito de complementaridades (A Suíça é um país com uma democracia onde toda a Europa pode aprender).

Atendendo à fraca capacidade organizativa das comunidades portuguesas seria lógica uma preocupação primordial do Estado português em fomentar o associacionismo, tal como fez a Igreja nos princípios da emigração dos anos 60 na Europa. Não chega o amor dos portugueses e seus descendentes pelo país de seus pais e avós, é preciso que os governos implementem activamente a organização associativa no sentido de Portugal se tornar social e institucionalmente mais visível e presente. Não chegam elos de ligação, são precisas estruturas organizadas que possibilitem um rosto colectivo que mantem vivas as tradições e ideais do Portugal maior. Portugal é festa é celebração e como tal precisa de mais organização para melhor possibilitar uma sociedade global em festa…

Toda a sociedade civil política e religiosa deverá empenhar-se no sentido de impedir os défices de identidade. A nova geração emigrante traz pressupostos que lhe facilitariam uma maior visibilidade social. As diversas associações sociais, religiosas e culturais têm aqui uma missão de relevo de modo a preencher também o vácuo da burocracia diplomática e parlamentar. Como contraposto à ilusão política permanece a acção individual e associativa. Necessita-se mais e mais construir uma nacionalidade espiritual, o portuguesismo de rosto universal, a ser reconhecido pelo sistema político parlamentar para que nessa qualidade fomente as associações e iniciativas num agir intercultural inclusivo. Em comunidades passadas a influência da massa era esmagadora, hoje espera-se mais do indivíduo na renovação das comunidades.

A verdadeira integração dá-se na convivência do dia-a-dia com os vizinhos e expressa-se no mercado de trabalho, a nível empresarial, na cultura e na política. A identidade social organiza-se principalmente em torno da língua e da cultura (religião) o que, contudo, nos não deve levar aos exageros da estratégia árabe. Não existe uma sociedade concreta nem abstracta que se possa basear apenas num senso comum de paz, liberdade e justiça. Isto permanece um sonho que deverá levar à formação de identidades abertas nesse sentido mas nunca se conseguirá porque a identidade pressupõe a diferença. O filósofo Auguste Comte defendia a ideia de que uma sociedade sem religião não pode subsistir, desintegrando-se com o tempo nas redes da polis. De facto também a autonomia é um sonho necessário mas não alcançável. A solidão experimentada na contemplação do mar ou das estrelas cria a consciência da necessidade de um todo.

Facit: Torna-se urgente uma maior participação na vida social do país de acolhimento e na política através de uma participação activa e filiação nos diferentes partidos do país de acolhimento. Esta seria a melhor exemplo de integração, um testemunho de cidadania e uma maneira de dar rosto a Portugal.
António da Cunha Duarte Justo
in: www.antonio-justo.eu

G7 – Uma Cimeira sem Cimo porque lhe falta a Rússia a China o Brasil a África do Sul e a Índia

RÚSSIA DESPREZADA E OFENDIDA

António Justo
Neste fim-de-semana, dia 7 e 8 de Junho, realiza-se o G7 no castelo Elmau, Garmisch-Partenkirchen (25.000 habitantes), Alemanha.

Relevante seria que o G7 (grupo de chefes de Estado e do Governo dos USA, Alemanha, França, Grã-Bretanha, Japão, Itália e Canadá) se debruçasse sobre os temas políticos, económicos e climáticos sem se aproveitar da cimeira para cerrar fileiras contra a Rússia, no sentido de uns USA muito longe da Europa e do mundo.

Grande erro: a Rússia não foi convidada. Interessante seria um G20 e não uma organização mamute para jornalistas que dá a impressão de reunir em si os interesses dos antigos impérios coloniais. De facto realiza-se uma Cimeira sem cimo porque lhe falta a Rússia, a China, o Brasil, a África do Sul e a Índia. No G7 temos um monte que não reconhece que faz parte de uma serra! Na aldeia universal precisa-se de todos se se quer humanizar a humanidade e salvar a ecologia do planeta.

Rússia ofendida

Putin viu como sua primeira tarefa a de organizar o Estado russo, o que está a conseguir depois das maneiras Wild West de Boris Jelzin. Não será previsível que o presidente russo mude de atitude em relação à Ucrânia. Os USA e a EU não têm trabalhado de forma construtiva com a Rússia, o que a leva a destacar-se com posições menos compreensíveis.

A Rússia, tal como a China não podem abdicar da sua situação de império, simplesmente porque os USA e a Europa, em nome de uma liberdade ou democracia desaferida e mal-entendida, querem conduzir estes impérios a uma situação interna equivalente à situação dos estados do norte de África (Divide et impera!).

A Rússia precisa de tempo para estabilizar o seu império colonial, precisa de paciência e não de provocação. Não é percebível a política americana (e da EU a si encostada) que aposta apenas no imperialismo económico e em ideologias de valores abstractos sem contemplar as culturas e civilizações que parece querer ver desestabilizadas.

A europa precisaria de uma política comum. Um quebrar do poder de Putin significaria a rotura dos povos. Putin sente-se ofendido pelo ocidente e em especial por uma EU subjugada aos USA.

A actual Cimeira G7 também tem as suas vantagens. Ângela Merkel vai-se empenhar, entre outras coisas, na limitação de combustíveis fósseis e na implementação das energias renováveis (que já conta na Alemanha com 300.000 empregados em consequência do Governo de Merkel ter determinado acabar até 2022 com os reactores atómicos produtores de energia na Alemanha).

Oxalá no G7 a EU saiba mitigar os acordos TTIP (https://antonio-justo.eu/?p=2957) para que a Economia não crie uma jurisprudência paralela e superior à dos Estados membros. Também neste assunto parece que Merkel irá mitigar as ambições liberalistas económicas dos EUA. Ela tem a legitimação e a tarefa a ela atribuída por uma população que também pensa.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

INFORMAÇÕES DIVERSAS: TRUQUES FISCAIS PREJUDICAM A ÁFRICA

TRUQUES FISCAIS PREJUDICAM A ÁFRICA

Segundo a organização de ajuda Oxfam, empresários e investidores dos estados G7 (USA, Alemanha, França, Grã Bretanha, Japão, Itália e Canadá) prejudicaram, em 6 mil milhões de euros, administrações fiscais africanas, através de preços de transferência manipulados. A organização Oxfam avalia em 100 mil milhões de euros a fuga anual de impostos em países em vias de desenvolvimento, através de truques de impostos.

CRIMINALIDADE NA ALEMANHA

Segundo a repartição de Investigação Criminal federal (Bundeskriminalamt), em 2013, na Alemanha, houve 149.500 assaltos a casas, registaram-se 2,4 milhões de roubos e também houve 16 milhões de pessoas a quem foram roubados dados do Computador.
Representantes da repartição estatal queixam-se que a polícia não consegue seguir dois criminosos que se organizam através do skype. Talvez isto lhes sirva de alibi para poderem construir um troiano federal.
Segundo as autoridades o aumento da criminalidade deve-se a estruturas organizadas internacionalmente. Nos últimos 5 anos aumentaram em 40% os suspeitos criminosos com incursões provenientes da Sérvia, Roménia, Polónia, Kosovo e Geórgia.
Têm aumentado também os vídeos de propaganda em favor do terrorismo do “Estado Islâmico”.

VERDADES SIMPLES E INCÓMODAS ESPECIALMENTE EM TEMPOS PRÉ-ELEITORAIS

Políticos e eleitores preferem continuar nas diferentes trincheiras da auto-satisfação. As verdadeiras questões não são postas na mesa da discussão. Este não tem papas na língua: http://sorisomail.com/partilha/238743.html

QUOTA DE REFUGIADOS

A Comissão europeia está a ceder à pressão da Alemanha e da França no sentido de ser elaborada uma quota de distribuição permanente de refugiados pelos diferentes países membros da Comissão Europeia. O tema encontra-se na agenda do próximo encontro dos ministros do interior da EU, dia 16 de Junho.

UMA MULHER DEU À LUZ 69 FILHOS

Na semana passada uma brasileira de 51 anos deu à luz o 21° filho.
A mulher da história com mais filhos foi uma lavradeira russa (1707 – 1782) que teve 69 filhos: deu à luz 16 vezes gémeos, 7 vezes trigémeos e 4 vezes quadrigémeos.
No séc. XV uma alemã deu à luz 53 filhos.

NO RESCALDO DO MOVIMENTO 68

Na alternativa lista de Berlim que deu origem ao partido Bundnis90/OS VERDES houve abuso sexual de crianças. Segundo o Estudo, nos anos 1980/90, houve 1.000 casos de violência sexual praticados por membros do partido e por funcionários dele. Era o espírito da época que via na libertação sexual do Homem e na destruição de mitos um meio importante para a libertação.
De louvar o estudo levado a efeito pelo próprio partido. Mostra hombridade e transparência. Em toda a instituição onde houver pessoas não se poderá impedir o cheiro a Homem.

ARÁBIA SAUDITA PROCURA 8 CARRASCOS

Segundo a imprensa alemã o Governo da Arábia saudita procura, através de anúncio, 8 carrascos (para exercer “um trabalho que não exige qualificação especial”). O trabalho é decapitar condenados à morte e decepar membros a condenados por ladroagem. Este ano já foram decapitadas 84 pessoas.
Toda a sociedade que se arroga o direito de matar pessoas, desvaloriza a dignidade humana e não reconhece nela o mal que também ela transporta.

António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

A EUROPA RICA RECRUTA IMIGRANTES QUALIFICADOS E EMPURRA REFUGIADOS DESQUALIFICADOS PARA OS PAÍSES POBRES DO SUL

 Quota para Refugiados revela Abuso cínico da Palavra Solidariedade

António Justo
A Comissão Europeia para a Migração pretende que se faça a redistribuição de 20.000 refugiados que se encontram na Europa, tencionando para Portugal uma chave de recolocação correspondente a 3,89% e para a Alemanha e França 10%. Uma tal medida aumentaria a quota de desemprego nos países do sul que se sentem já vítimas de uma economia da UE pró nórdica. Portugal seguirá, como de costume, uma atitude de “Maria-vai-com-as-outras”.

Portugal que exporta para a Alemanha, França, Inglaterra, Suíça, etc. os seus emigrantes qualificados que não encontram condições suficientes de vida em Portugal deve passar a receber dos países islâmicos imigrantes sem qualificação.
Muitos cidadãos europeus têm dificuldade em compreender que os seus países tenham de aceitar os refugiados de guerra interna islâmica entre xiitas e sunitas e que países islâmicos como a Arábia Saudita não aceitem refugiados vítimas da guerra religiosa ou da economia.

Na França, Alemanha, e noutros países europeus aumenta no povo a resistência à aceitação de refugiados. Muitos alegam que têm medo de receber os refugiados porque estes, na sua grande maioria são muçulmanos e uma vez hospedados num país organizam-se em guetos e não se integram; outro argumento que se ouve com frequência é a realidade de uma vez reconhecidos servirem de ponte para novos imigrantes e o facto de entre os refugiados se encontrarem terroristas do Estado Islâmico. Também se encontram políticos na Alemanha que dizem que a Alemanha “não é a repartição de segurança social da humanidade” e também pessoas pobres que reclama por cada vez verem mais reduzidos os apoios sociais sem entenderem que o Estado empregue milhões de euros no acolhimento de refugiados. Não notam a corresponsabilidade das potências no fenómeno nem a irresponsabilidade da classe política em relação à paz social na Europa.

Em 2014 a Suécia recebeu 8,4 refugiados por cada mil habitantes, a Áustria 3,3 por mil, a Suíça 2,9, a Alemanha 2,5, a Itália 1,1, a França 1, a Inglaterra 0,5, a Espanha 0,1.

A Inglaterra, a Polónia a Hungria, a Eslováquia e a Chéquia revelam-se contra o intuito da Comissão Europeia de introduzir quotas de refugiados a distribuir para todos os membros da UE. A Alemanha faz força para que todos os países sejam obrigados a receber refugiados. Os países economicamente fortes da europa não se querem ver sozinhos com os problemas da imigração por razões de estabilidade social e por razões económicas. A Alemanha, em 2014 recebeu 173.070 requerimentos de refugiados.

Por outro lado funcionários da economia alegam que a Alemanha para cobrir a quebra da natalidade da população precisaria de 400.000 imigrantes por ano. A Alemanha prefere recrutar imigrantes qualificados porque não provocam custos de integração e formação e além disso integram-se melhor e elevam o nível social popular.

Quota não é solução e seria injusta para com os países pequenos que não entram em guerra nem fazem parte dos países desestabilizadores que lucram com exportação de armas nem com a reconstrução dos países de intervenção. Os pontos quentes são a Síria, o Iraque, a África do Norte, o Afeganistão e a Líbia. A Líbia tornou-se num ponto de fuga dos refugiados para a Europa. Para acrescentar a insegurança surgem organizações extremistas muçulmanas na Europa que, ao afirmarem que com a emigração muçulmana e a sua fecundidade restabelecerão seus antigos domínios na Europa, fomentam mais o medo e o preconceito de muitos cidadãos europeus confrontados já com os problemas dos guetos.

A informação pública foca apenas o aspecto emocional dos refugiados não contribuindo para uma discussão séria e objectiva sobre o assunto.

A política da Comissão Europeia não está interessada no diagnóstico e no tratamento das causas que provocam a emigração em massa; parece apenas interessada em tratar as feridas mas não querer solucionar o que provoca o flagelo hodierno das lutas entre xiitas e sunitas e o fenómeno dos refugiados. A preocupação europeia deveria ser o fomento da estabilidade e do bem-comum da população nos países de proveniência dos refugiados (a preocupação pelo bem-comum universal). As medidas pretendidas de destruição dos barcos dos contrabandistas não resulta porque a pobreza e as rivalidades entre os grupos étnicos continuarão com o apoio directo ou indirecto do Ocidente. Urge uma política de ajuda para a auto-ajuda das pessoas nos seus países; para os que já se encontram no mundo livre devia dar-se-lhe uma formação qualificada para poderem, mais tarde, fomentar as economias dos países donde vêm.

Não é justo que as potências que participaram para a instabilidade do Afeganistão, do Iraque, da Líbia, da Síria não assumam a responsabilidade de terem provocado uma consequente perseguição aos cristãos e a outras minorias étnicas na região e que agora países terceiros tenham de acarretar com os problemas que imigração muçulmana acarreta consigo (Não se trata só de fugitivos mas de pessoas). As administrações dos USA têm actuado irresponsavelmente, conscientes de que quem mais sofre as consequências da sua política fracassada é a Europa e que a Europa fraca e decadente – irmã menor dos USA – se limita a uma política ritual irresponsável e carpideira sem encarar a peste que vitima fugitivos no mar Mediterrâneo e infesta o clima social europeu.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

700 Refugiados naufragados no Mediterrâneo

Drama dos Refugiados – Um Problema sem Solução?

António Justo
As notícias catastróficas sobre refugiados que tentam atravessar o Mediterrâneo para a Europa multiplicam-se de dia para dia; o número de naufragados subiu, esta última semana, já para mais de mil.

Segundo a agência da ONU para refugiados do ACNUR, deu-se agora (19.04.2015) a maior tragédia no Mar Mediterrâneo com refugiados. A 10 km da Líbia afundou um arrastão com 700 pessoas a bordo, dos quais apenas 28 puderam ser salvos.

Dias antes, segundo a organização de ajuda humanitária Save the Children tinha naufragado já um navio ao largo da costa da Líbia, com 560 refugiados/imigrantes. A Guarda Costeira italiana ainda conseguiu salvar 144 dos naufragados.

Desde o início deste ano, já foram salvos 19.000 imigrantes.

Operações de salvação de imigrantes/refugiados – Mare Nostrum e Frontex

Em Novembro de 2014, a Itália deu por finda a operação (“mare nostrum”) de salvação de migrantes vindos das costas da Líbia” e iniciada depois do naufrágio de Lampedusa onde morreram 400 imigrantes líbios em Outubro de 2013. Esta operação italiana custou 114 milhões de euros e conseguiu salvar 150 mil vidas em perigo de naufragar no mediterrâneo.

Para poupar dinheiro e para, alegadamente, não facilitar o trafego dos traficantes contrabandistas de refugiados e para não se tornar num incentivo para outros refugiados, a UE não continuou a missão salvadora “mare nostrum”, criando, em vez dela, uma patrulha (“Triton”) a operar no alto-mar mediterrânico que faz o rastreio de barcos (impedir barcos ilegais e salvar pessoas). A Marinha dos estados membros e a Agência de Patrulha de Fronteiras (Frontex) só podem operar no âmbito de 30 milhas náuticas das fronteiras da UE, o que facilita a vida aos traficantes de imigrantes/refugiados.

Entre os Estados membros não há acordo em criar estratégias mais eficientes atendendo também à situação mercantil com os refugiados e aos concorrentes interesses e compromissos históricos dos diferentes países europeus em relação a África. (A Inglaterra não participa na Frontex).

Por outro lado, uma política de distribuição equitativa dos imigrantes pelos diferentes países membros revelar-se-ia injusta. A agravar a situação está o facto de a grande maioria de imigrantes serem muçulmanos e estes se organizam em guetos que se definem, geralmente, na autoafirmação e contraposição em relação à cultura não muçulmana. Por um lado, os imigrantes/refugiados trazem sangue novo e contribuem para o rejuvenescimento de uma Europa já envelhecida, por outro trazem imensos custos, a curto prazo, no que respeita a medidas de alojamento, formação escolar, profissional e de integração no mundo social e laboral.

A UE encontra-se dividida entre o combate às organizações de tráfico (quadrilhas de contrabando) que fomentam o trafego com refugiados cobrando entre 4.000 e 7.500 Euros por pessoa, pela sua passagem para a Europa, em condições míseras e desumanas, e o regime jurídico a aplicar: as autoridades europeias têm dúvidas sobre a definição do estatuto dos refugiados que se for de ordem económica, não dá direito a asilo, e se for de ordem política implica o direito a asilo no país onde aportarem.

Esta nova catástrofe motivou a intenção de criar novas iniciativas a nível europeu. Neste sentido pensa-se na extensão da missão de salvação “mare nostrum” a nível europeu e a medidas nos países costeiros africanos. “Mare nostrum” tinha a vantagem de detectar o perigo nas zonas costeiras da Líbia.

Muitas das famílias dos refugiados/imigrantes vivem em situações críticas no que respeita à segurança, à corrupção das autoridades da alta jerarquia e a dificuldades económicas e por isso procuram enviar os seus jovens mais robustos para a Europa para que, uma vez que tenham um lugar de trabalho, possam enviar dinheiro para elas.

As nações e a ONU enviam bastante dinheiro para projectos de desenvolvimento e de infraestruturas mas, como não há controlo, muito do dinheiro é desviado, enquanto projectos pequenos, a nível regional de Autarquias, Aldeias, no dizer de Cap Anamur, são eficientes: “à medida que se sobe na jerarquia aumenta a corrupção”.

Rotas dos refugiados ilegais

Segundo menção da imprensa alemã, as rotas de proveniência da maior parte dos refugiados ilegais, em 2014, foram: Europa de Leste com 1.270 refugiados (vindos do Vietnam, Afeganistão e Geórgia), Europa do Sul com 43.360 refugiados (do Kosovo, Afeganistão e Síria), Grécia com 8.360 (da Albânia, Macedónia e Geórgia), Mediterrâneo Oriental com 50.830 refugiados (da Síria, Afeganistão e Somália), Canárias com 275 refugiados (de Marrocos, Guiné e senegal), Mediterrâneo Ocidental com 7.840 refugiados (dos Camarões, Algéria e Mali) e Mediterrâneo Central com 170.760 refugiados (da Síria, Eritreia e Somália).

A esperança desesperada tenta a ilegalidade como meio para melhorar a vida. Fogem do Iraque, da Síria, da Líbia, do Afeganistão, do Iémen, de Marrocos, de Mali, etc. Fogem à guerra, à injustiça e à pobreza. Explorados por quadrilhas traficantes, vêem a sua vida ameaçada até atingirem a cortina europeia da Itália, Grécia, Bulgária ou Espanha. Chegados a um país europeu vêem-se confrontados com burocracias e costumes estranhos bem como com o receio de parte da população dos países de recepção que vêem a sua identidade cultural ameaçada e as finanças das comunas sobrecarregadas.

Devido à contínua afluência de refugiados à Alemanha já se observam actos de vandalismo contra casas que são preparadas para a recepção de refugiados e uma crescente oposição de grupos que se manifestam contra políticos que a nível local tomam iniciativas de criar lugares de alojamento para refugiados. Por outro lado assiste-se na população alemã a uma grande participação em medidas de ajuda concreta a refugiados.

Para não se sobrecarregar a sociedade com problemas de integração a sociedade acolhedora terá de garantir o sucesso aos refugiados que encontrem guarida entre nós, indo de encontro às suas necessidades humanas, nos diferentes níveis de acolhimento. Por outro lado os migrantes muçulmanos terão de mostrar mais vontade de respeitar a mentalidade dos países acolhedores não se rebelando contra a integração.

Num barco saído da Líbia (14.04.2015), com 105 imigrantes, tripulantes muçulmanos lançaram 12 cristãos ao mar, encontrando-se agora 15 dos prováveis assassinos (da Costa do Marfim, Mali e Senegal) a contas com a justiça italiana em Palermo. A realidade ultrapassa a nossa fantasia: no mesmo barco, na procura de salvação em terras cristãs, imigrantes muçulmanos perseguem companheiros cristãos em nome da sua religião! Em casas para refugiados na Alemanha tem havido contendas entre refugiados que se agridem devido à sua diferença religiosa.

Muitos africanos passaram o primeiro colonialismo na sonolência e agora como imigrantes têm medo de ser colonizados pelo ocidente civilizado. Antigamente os “chefes” forneciam escravos à Europa em troca de algum dinheiro e hoje fornecem-nos matéria-prima deixando os seus cidadãos passar mal.

Combater as causas e não apenas as consequências da catástrofe humana, será a grande tarefa da UE, procurando fomentar perspectivas de vida digna nos seus países de origem e criando um ambiente favorável à integração dos hóspedes chegados. Sem uma abertura mútua entre hóspedes e hospedeiros acumular-se-ão problemas e criar-se-ão situações futuras perigosas para toda a população.
António da Cunha Duarte Justo

Jornalista
www.antonio-justo.eu