PROTESTOS NOS COMÍCIOS DE MAIO CONTRA A ENTREGA DE ARMAS À UCRÂNIA

Nos comícios de 1º de maio na Alemanha, a atmosfera da guerra provocou algumas faíscas e trovões. Em Düsseldorf, o Chanceler Federal Olaf Scholz foi apupado como “belicista”.

A Prefeita de Berlim, Franziska Giffey, teve que interromper o comício da DBB em Berlim depois de ser atingida com ovos.

A indisposição da população contra a entrega de armas aumenta. O povo também quer  ter uma palavra a dizer!

Do outro lado do Atlântico o Presidente dos USA quer dar à Ucrânia mais 33 bilhões de Dólares. Essa verba é destinada sobretudo para militares e 3 bilhões para ajuda humanitária. Isso deve ser suficiente “até setembro”. Partindo desta afirmação, pode-se concluir que não há absolutamente nenhum interesse em um fim rápido para a guerra.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

1° DE MAIO – O DIA DO TRABALHADOR E NALGUNS PAÍSES TAMBÉM O DIA DA MÃE

Trabalho é um Direito mais que uma Obrigação

Trabalho é também uma forma de valorização e de emancipação social. O facto de este ano se festejarem o dia do Trabalhador e da Mãe juntos (por calhar no primeiro domingo de maio) ganha um sentido especial atendendo a que a sociedade se tem aproveitado injustamente do trabalho dasmães sem as recompensar!

A luta dos trabalhadores conseguiu restituir-lhes mais dignidade na sua maneira de estar em sociedade. Também o trabalho formal foi o que, socialmente, proporcionou às mulheres independência económica a nível familiar, de maneira a equilibrar a distância entre homem e mulher! Essa distância era marcante pelo facto de a sociedade fazer discriminação entre as diferentes formas de trabalho! Na jerarquia social, a forma de trabalho ainda se revela como configuração determinante de diferenciação.

Com o home office, as discussões sobre horário de trabalho tendem a acabar. Passa-se a ter mais independência que reverte no bem da empresa devido à disponibilidade constante dos trabalhadores. Muitos dos custos da empresa são transferidos para a casa dos empregados.

Os sindicatos para não perderem significado nem sentido terão de conceber uma nova arquitetura de segurança para o trabalhador; esta terá de alargar o seu âmbito de acção também para os trabalhadores não filiados, porque se torna cada vez mais urgente lutar pela justiça distributiva. Uma sociedade escravizada à moeda que cada vez produz mais oligarcas (reinado dos poucos, numa cumplicidade entre riqueza e política) e mais plutocratas (reinado dos super-ricos à margem ou acima da lei) terá de controlar o mundo financeiro que pertence aos juguladores do dinheiro!

A discriminação, na sociedade ocidental, tem sido fortificada pela herança grega que fazia depender a dignidade humana da “dignidade” atribuída ao trabalho e não à pessoa! Na mentalidade grega o trabalho físico era algo inferior destinado aos escravos e mais tarde aos servos, criados, etc. (Os filósofos, membros de famílias abastadas, podiam dedicar-se ao “ócio” produtivo na consciência de que saber é poder!).

Na era cristã afirmou-se a filosofia do “ora et labora” (trabalho também é rezar) dando-se, deste modo uma valorização humana e social ao trabalho! Nesta ordem de ideias, trabalho é parte da realização humana participante da actividade divina e tão digno como a oração; segundo o princípio cristão a pessoa é que dá dignidade ao trabalho e não o trabalho à pessoa.  O princípio básico da regra beneditina (ano 529) que, na sua maneira de viver, estruturava o seu dia segundo a divisa “Rezar, trabalhar e ler” influenciou o desenvolvimento de uma “Europa” que nascia ao lado dos mosteiros.

Hoje trabalho é energia, energia concentrada em capital. O valor do que se adquire é dado pelo trabalho. O trabalho transformou-se em mercadoria e como tal em mero negócio como quer uma sociedade mecanicista, mercantilista e materialista interessada apenas em funções.

Trabalho é a forma de realização humana por excelência e como tal inerente à pessoa como se pode ver já na atividade criativa expressa na necessidade e modo de jogar das crianças; segundo este impulso sem atividade não há felicidade; trabalhar é um direito não uma obrigação! Também sob o ponto de vista bíblico, trabalhar é esforço, é criar e Domingo é o dia em que Deus deixou de trabalhar… Como se vê; também Deus trabalhou mas sem se perder no trabalho!…

Com as novas formas de organização do trabalho talvez nos aproximemos mais da divisa acima descrita.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Aristóteles dizia sobre o trabalho: “Todos aqueles que nada tem de melhor para nos oferecer que o uso de seu corpo e dos seus membros são condenados pela natureza à escravidão. É melhor para eles servir que serem abandonados a si próprios.”

O EURO DESVALORIZA-SE EM RELAÇÃO AO DÓLAR

Desde Janeiro, o euro desvalorizou-se em 7,6%.

As razões residem sobretudo na guerra militar Ucrânia e na guerra económica do ocidente contra a Rússia. Devido ao fornecimento de gás, os investidores mundiais estão a divorciar-se do euro. A Rússia reagiu às sanções contra o banco russo decretando que o gás será agora pago em rublos e não em euros ou dólares. Além disso os riscos políticos na Europa sobrecarregam o euro. A economia alemã, que é geralmente a locomotiva da Europa está a ser amortecida.

Para os exportadores europeus, um euro fraco favorece as exportações, mas as importações de mercadorias importantes como o petróleo e outras matérias primas  tornam-se mais caras porque são comercializadas em dólares no mercado mundial.

Em 29.04 a taxa de câmbio do euro era de 1,0540 dólares. Em Janeiro, um euro custou 1,14 dólares.

Deixemo-nos sorpreender com o que vai acontecer com o choque da inflacção e a evolução das taxas de juro!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A ALEMANHA DECIDIU RENDER-SE ENTREGANDO ARMAS PESADAS À UCRÂNIA

A Alemanha sujeita-se ao Militarismo anglo-saxónico e entrega a Europa com ela ao Ditado dos EUA

O Parlamento alemão ao dizer sim à entrega de armas pesadas à Ucrânia (28.04.2022: 586 votos a favor, 100 contra e 7 abstenções), passa a fortalecer os interesses americanos contra os próprios. Esta decisão é mais um sinal da subserviência alemã (política e militarmente identificada e ocupada pelos USA) e com ela a subjugação da restante Europa ao sistema de dominação anglo-saxónico!  Este encontra-se estrebuchando nas fronteiras com a Rússia por se continuar a orientar por velhas doutrinas do divide para imperar e da subjugação financeira ligada internacionalmente ao dólar americano! O boicote económico à Rússia iniciou um movimento trágico, mas, por outro lado, libertador da subjugação ao dólar! De desejar seria que esta crise na Ucrânia possa ocasionar uma viragem histórica (nova ordem mundial) em que a Europa possa assumir uma política de paz através de uma Alemanha irmanada com a Rússia!… Paz na Europa só é possível com a Rússia e não contra ela.  É preciso só dar tempo ao tempo, com ele também os USA se tornarão companheiros da Rússia!

A população europeia encontra-se dividida nos que com os USA (maioria) apostam na guerra na Ucrânia e nos que são contra a guerra e defendem uma Europa com identidade própria e contra a hegemonia unipolar americana!

A Alemanha tem sido sobretudo um colosso económico-financeiro com interesses diversificados e como tal habituada a jogar em todo o mundo e de maneira especial na EU. A guerra na Ucrânia revela-se numa catástrofe para a economia da Alemanha que se afirmava em concorrência com a dos EUA.  Os EUA ao levarem a efeito a cartada político-militar concretizada na Ucrânia e ao obterem o apoio incondicional dos novos países da OTAN conseguiram quebrar a força do gigante da economia europeia. O facto de os EUA estarem a ganhar a guerra da informação na Europa deve-se também ao seu direcionado trabalho na Ucrânia e em países como Polónia e outros que, nos últimos anos, se iam afirmando contra certas medidas da EU. Os EUA conseguiram um papel regulador dos acontecimentos na EU e ao mesmo tempo desligar a Europa da Rússia para manterem a supremacia económico-militar no mundo! Enquanto os tecnocratas da EU se perdiam em contendas sobre valores e princípios do estado de direito com os seus novos membros, os EUA apoiavam-nos no sentido de uma política militar anti Rússia e de distanciamento da EU!  Numa palavra: enquanto a EU se perdia em discussões ideológicas a potência anglo-saxónica aproveitava-se das fraquezas da EU no seu sentido de domínio geoestratégico. Enquanto os europeus lutavam por valores os EUA lutavam pelo poder.

Com a precipitação dos acontecimentos na Ucrânia, a Alemanha não teve outro remédio senão ceder à pressão da EU/OTAN, embora o povo alemão se não se encontre convencido, o que se pode antever das hesitações do seu chanceler.  A Alemanha teve que ceder à pressão dos parceiros da OTAN enfraquecendo-se assim substancialmente; uma Alemanha enfraquecida significa também uma Europa mais dependente e com o tempo vencida!  Com as sanções económicas a Alemanha será na EU quem mais perde; este terá sido o maior erro dos USA e da EU que antecipará o fim do domínio anglo-saxónico.  Com a decisão do Bundestag a Alemanha acedeu aos tecnocratas da EU/OTAN e dá sinal de prontidão para ceder a precedência da Europa aos EUA que se afirmam através da política da OTAN.

A Alemanha está na iminência de se tornar numa parte beligerante na guerra ucraniana (advertem os partidos Esquerda e AfD e uma Alemanha para quem o legado cultural europeu ainda conta); provisoriamente será dos países da EU que mais prejudicados serão com o conflito; as dúvidas que a Alemanha apresentava para não ser envolvida definitivamente com a Europa na guerra dos USA contra a Rússia não foram tidas em conta pelo resto da Europa; a opinião pública, desde a invasão russa tem sido preparada no sentido de “legitimarem popularmente” a Nato a entrar directamnte na guerra. Com este gesto, a Alemanha coloca toda a Europa nas mãos dos interesses anglo-saxónicos. A longo prazo, isto significa que a Europa se trai a si mesma e além disso será envolvida nos futuros conflitos dos EUA contra a China.

Enquanto o Parlamento alemão confirmava, com o seu voto, os resultados da propaganda popular levada a efeito pela imprensa ligada aos interesses dos USA, o Chanceler alemão (Olaf Scholz) viajou para o Japão para avisar a China que não se aproveite da situação. Da Rússia a reação aos resultados do parlamento alemão foi, isto „vai acabar de maneira triste”!

As perspectivas são péssimas para a Europa. Com esta guerra os EUA conseguiram alcançar os seus objectivos de enfraquecerem a Rússia, subjugar a Europa, fortalecer o Dólar e garantir imediatamente fabulosas encomendas para a indústria americana!

Em política só valem os interesses dos mais fortes, o resto é apenas música de acompanhamento para os legitimar! Quem não compreendeu isto ainda não acordou para a realidade político-económico-social, ficando destinado a contentar-se com os améns das próprias opiniões frisadas! Quem quer poder alinha-se aos poderosos; isso acontece em política e no mundo do trabalho! Neste mundo, o oportunismo é lei!…

Sabe-se que mais armas criam mais conflitos, mas na guerra, como se pode ver, trata-se apenas de ganhar, as pessoas não interessam.

Agora a Ucrânia irá receber armas que também podem atingir objectivos em terreno russo! Selensky atingiu o que queria como actor dos USA. Selensky é um actor e comediante profissional, lavado com todas as águas, que, como consta na imprensa, no uso da sua profissão até nu tocava guitarra com os seus órgãos sexuais. Os governos na Europa mostram-se agora apenas como actores amadores.

É chocante como os tempos e as opiniões da sociedade mudam. Os verdes, antes pombas da paz transformaram-se em falcões. Os chamados representantes do povo que costumavam dizer “não a armas para zonas de guerra”, “nunca mais guerra” mentiram-nos.

“Eu costumava pensar que todos eram contra a guerra, até descobrir que havia quem fosse a favor. Especialmente aqueles que não têm de ir”, constatava Etrich Maria Remarque

A grande mentira que nos é impingida é espalhar-se a ideia de que os ucranianos combatem por valores ocidentais. Os interesses das grandes potências não se interessam por valores nem por moral; para eles isso é coisa para o povo! Em nome de valores vendem a sua guerra.

O recibo virá mais tarde. Para a classe política um alívio porque assim poderão vender a sua incompetência de uma política baseada em dívidas como consequência da guerra.

A Guerra geoestratégica (imperialismos) entre os USA e a Rússia revela-se uma Catástrofe para a Europa (1). Será criada uma nova ordem mundial, ficando o Ocidente de um lado e a Rússia e China do outro! Dado passarmos a não usufruir tão facilmente dos produtos baratos da China e das matérias primas baratas da Rússia, todo o cidadão terá de começar a viver mais modicamente!

Os EUA ao apostarem com Selensky na intensificação da guerra impediram que a Alemanha e a EU negociassem com a Rússia, numa de compromisso conciliador; deste modo contribuem para que a Ucrânia seja dividida e a Europa enfraquecida!

A Europa corre o perigo de se tornar meramente dominada pelo espírito anglo-saxónico; seria de esperar dela conseguir uma inclusão equilibrado das mentalidades anglo-saxónica, nórdica e latina! O espírito latino tem sido menosprezado, também na EU. É de esperar que depois do conflito na Ucrânia a Europa, após um curto período de horror volte a si para poder iniciar uma era da paz no mundo!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://www.youtube.com/watch?v=s-SubcsJRtI   ; https://www.thepostil.com/the-military-situation-in-the-ukraine/?s=09

https://www.lewrockwell.com/2022/03/david-stockman/washington-is-delirious-with-war-fever-for-no-reason-of-homeland-security/ 

http://www.european-news-agency.de/politik/biologische_waffen_in_der_ukraine_entwickelt-83427/ 

Ucrânia como Estado federado, com estados autónomos nas regiões da Ucrânia Oriental de Lugansk e Donetsk:   https://antonio-justo.eu/?p=7138 ,

Freitas do Amaral: https://cnnportugal.iol.pt/politica/ucrania/situacao-da-crimeia-foi-criada-por-provocacoes-do-ocidente?utm_source=facebook&fbclid=IwAR2zFO9vnKTOEoEKFHwGrJXcJv1KzzXRdeBjWla42ayCQrPyHd0-NdUJ3r4

Auch: Publikationen von Schriftsteller und Publizist Dr. jur. Wolfgang Bittner lebt in Göttingen. Von ihm erschienen 2014 „Die Eroberung Europas durch die USA“, 2019 „Die Heimat, der Krieg und der Goldene Westen“ sowie „Der neue West-Ost-Konflikt“ und 2021 „Deutschland – verraten und verkauft. Hintergründe und Analysen“.

 

SERÁ A ALEMANHA EUROPEIA OU AMERICANA?

Disponibilizo aqui a tradução de alemão para português  do meu texto publicado no jornal alemão HNA!

Tornou-se também a União (CDU/CSU) num defensor bélico na Alemanha? (a oposição parlamentar CDU/CSU em Berlin, tornou-se agora apoiante da política governamental de entrega de armas pesadas à Ucrânia!) No ar (social) nota-se um odor a vontade de guerra e um cheiro a quartel. Para limpar o ar, o chanceler deveria declarar o seu apoio à paz e estar preparado para negociar em vez de fornecer armas.

A Alemanha dá a impressão de ter um pensar e agir não europeu, mas americano!

Nesta guerra, a Europa é que está em jogo e está a ser abusada para os interesses dos EUA.

As entregas de armas apenas servem os objectivos dos EUA, que estão interessados em prolongar a guerra com a ajuda do presidente ucraniano.

Não é segredo que os EUA há muito que estão interessados em desligar a Europa da Rússia. Este é o seu objectivo a fim de fazer valer interesses estratégicos e de poder económico. Também a culpabilidade da Rússia não pode ser negada, mas culpar apenas a invasão russa pelo que está a acontecer na Ucrânia é, na minha opinião, seguir os acontecimentos exclusivamente sob a perspectiva dos interesses dos EUA/NATO, sem ter em conta as movimentações dos EUA e o papel dos oligarcas na Ucrânia até à invasão russa.

Na imprensa (mais popular), no máximo, a perspectiva alemã é mencionada de um lado e a francesa do outro (no meio de tudo isto falta a perspectiva europeia e a defesa dos seus interesses).

O que mais me entristece é o facto de a Alemanha, que desempenha um papel tão importante na Europa, correr o risco de abandonar os seus próprios valores, tornando-se um mero fantoche dos EUA, a ponto de negligenciar os interesses da sua própria economia para ir ao encontro dos interesses dos grandes magnatas do dinheiro, cuja vítima o povo ucraniano se tornou; a Ucrânia serve há muito tempo de cavalo de Tróia de potências que abusam dela)!

De um ponto de vista lúcido europeu, estar a empurrar o urso russo para a China, em vez de se dedicar à missão de estabelecer negociações e compromissos realistas, é um grande erro que mostra falta de visão. Porque deveríamos renunciar a uma política de independência europeia, o que pressuporia uma aproximação, a longo prazo, da Europa com a Rússia?

O texto encontra-se em alemão no meu blog alemão sob o título: SERÁ ALEMANHA EUROPEIA OU AMERICANA? https://antoniojusto.wordpress.com/

Se a Alemanha se permitir ser arrastada pelos EUA, toda a Europa só seguirá a filosofia anglo-saxónica!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo