UM ACTO DE CIDADANIA ACTIVA NUMA SOCIEDADE QUE TEIMA EM NÃO ACORDAR

Coloco aqui o link do Livro que recomendo “EU E OS POLÍTICOS” (O livro proibido) de José António Saraiva.

 

Não leiam porque para muitos poderia tornar-se doloroso acordar; é um livro só para quem tem a coragem de se querer tornar consciente da situação que criamos e confirmamos. Certamente já conhecem a sensação que se tem ao regressar-se de um arraial; não leiam o livro para não terem essa sensação e poderem continuar a aplaudir o bailado dos dançarinos da política e a ter a consolação de sentirem o ritmo de uma política que se repete e até parece proveitosa na medida em que proporciona queixumes esporádicos que se tornam no tubo de escape das frustrações pessoais.

“EU E OS POLÍTICOS”  é um livro que mostra o lamaçal da política portuguesa.

Numa dança de Fantoches e Zés Pereiras, de anjos com coração de lobo, para este jardim infantil social que persiste em caminhar sem ver, tudo corre, tudo se repete e tudo passa ao ritmo da hipocrisia ateada que leva a esquecer e a condenar quem é crítico e se encontra mais perto da verdade e da população. Por isso há muitos interessados em fazer calar Saraiva.

 

José António Saraiva é um exemplo de cidadão a tentar contrariar a cidadania passiva que se tornou democraticamente cúmplice com a corrupção instalada no Estado e é tecida e cuidada por grande parte das nossas elites da bancarrota económica e cultural da nossa república.

Seria desejar demais, num país de “brandos costumes”, considerar este livro mais que uma pedrada no “charco da política nacional”. Desmascarar a fantochada feriria o cerne da República portuguesa e arranharia o próprio rosto, numa população que teima em viver só da imagem que tem dele. De certo modo Saraiva torna-se incómodo também para aqueles que defende porque, de cérebro bem lavado, não quer que se desmanchem prazeres numa vida para inglês ver.

Digite ou clique aqui:

file:///C:/Users/Antonio/AppData/Local/Microsoft/Windows/INetCache/Content.Outlook/RKW633O7/Eu_Politicos_Final.pdf

Mais uma onda que passará sem fazer mover a nau de uma certa pseudoelite? Quem vive no Olimpo ri-se de algum Prometeu que será castigado por defender o humano!

Boa leitura

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

 

O MILAGRE DA CONSCIÊNCIA E A PROVA DO CÉU

Porque gosto de pessoas sem antolhos, (viseiras) de pensamento (quer científicas quer religiosas), recomendo a leitura do livro “Uma Prova do Céu: A Jornada de um Neurocirurgião à Vida após a Morte”, do DR. Eben Alexander.

O seu segundo livro “Mapa do Céu” é igualmente emocionante. Seria de recomendar ler em primeiro lugar o seu primeiro livro. Do segundo livro em alemão traduzi a seguinte citação:

“Se recalcarmos a verdade (sobre nós), temos que pagar (expiar) por isso. Quando sabemos no nosso interior que algo é verdadeiro mas nos perdemos em rodeios a fingir que isso não é verdade, surge um conflito. E este conflito impede, por sua vez, que as diferentes partes em nós comuniquem eficazmente umas com as outras. Partes de nós são cortadas e negligenciadas. E quanto mais negligenciadas são, mais raivosas se tornam – e mais frustradas.”

Num tempo em que as pessoas cada vez mais pensam o que todos pensam – o pensar das massas e o saber correcto publicado – mais importante se torna cada pessoa desenvolver-se de maneira a poder fazer a própria leitura das coisas. A cada qual o seu caminho, pressuposto para isso é o corte do cordão umbilical e assim abrir a porta dos vários saberes que dormem em nós! É perigoso seguir o caminho público cada vez mais minado. Precisamos de pensar desenrascado e desanuviado em pessoas de integralidade intelectual em busca da verdade.

Em seu livro “Uma Prova do Céu”, o Dr. med. Eben Alexander descreveu as suas experiências durante 7 dias em que se encontrou em estado de coma, uma altura em que o seu cérebro se tornou incapaz de funcionar devido a uma meningite bacteriana porque antibióticos não actuavam. Apesar de tudo depois de 7 dias de coma acordou de repente.

Este é um caso único, o ter sobrevivido a esta forma de meningite sem sofrer danos cerebrais.

O que ele aprendeu neste 7 dias numa esfera diferente, foi para ele uma ultra-realidade, perante a qual a nossa realidade não é mais que uma sombra.

Ele apresenta,  no seu livro, numerosas provas científicas  de que as experiências que teve não foram causados pelo seu cérebro, uma vez que o cérebro já não funcionava.

A consciência é, portanto, independente do cérebro. Há muitos relatos de experiências de quase-morte, mas provavelmente ninguém penetrou até agora, pode-se dizer, no céu.

Eben Alexander também encontrou Deus, um Deus pessoal que é tão pessoal que a nossa personalidade humana, em contrapartida, é apenas uma sombra. O pioneiro da pesquisa em experiências da quase-morte, Dr. med. Raymond Moody, considera o livro do Dr. Alexander como o melhor de seu tipo. O céu está provado pelo Dr. Alexander. O céu não é, para ele, algo abstrato, mas algo muito concreto, o que também outras pessoas confirmam que estiveram nessa esfera espiritual (especialmente em situações de perigo de morte ou de paragem cardíaca). Alexander também descreveu a companhia de um anjo da guarda no outro mundo. Após a sua recuperação, ele percebeu, com espanto, de quem se tratava.

Eu acho que Eben Alexander é um exemplo do homem ocidental integral e que pode ser resumido da seguinte forma: Um homem da ciência, da fé, da racionalidade e da abertura. Ele combina a o pensamento platónico com o pensamento aristotélico.

António da Cunha Duarte Justo

NO RESCALDO DOS FOGOS REGIONALIZAR E DEMOCRATIZAR A ECONOMIA

Exigências sem Orçamento económico que as acompanhe são Fogo-preso

António Justo

Arouca ardeu, o povo sofre e protesta mas Lisboa não ouve, nem pode ouvir, porque se encontra demasiado longe da província e o governo está demasiado empenhado na plantação dos seus eucaliptais de ideologia. O povo, tal como a floresta, é passivo e portanto propício a ser sempre surpreendido pelas chamas dos interesses corporativos.*

O Fogo consome a Caça e o Povo é posto à Caça de Gambozinos

O OBSERVADOR refere que já em 2005 Arouca perdera 90 quilómetros quadrados devorados pelas chamas do fogo sem que, em consequência disso, algo importante acontecesse. Agora que arderam “170 quilómetros quadrados” de Arouca – uma catástrofe para a fauna-flora e turismo – surgiram iniciativas exigindo limites à plantação de eucaliptos.

Sem um conceito económico base, feito pela Câmara a acompanhar as reivindicações e sem uma política governamental de aproveitamento económica das florestas nem um programa do governo de investimento florestal que sustente as reivindicações, tudo não passará de mais umas folhas de eucalipto a estalar nos ares da informação.

As medidas de reflorestação exigiriam, para se tornarem eficientes, um programa concreto geral do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento para investimento na floresta em parceria com os fundos europeus.

Propostas políticas que não tenham inerentes a elas um conceito económico que proporcione rentabilidade para lhes dar chances de aplicação serão destruídas pela briga política habitual que distrai do essencial para viver de regulamentações feitas em cima dos joelhos.

Concretamente, Arouca e o Governo, além dos industriais da zona deveriam elaborar um programa económico tendente a solucionar o problema dos incêndios na região. Esse programa poderia receber muitos milhões de euros dos fundos estruturais (e outros) da União Europeia. Para isso precisam-se, nas Câmaras, técnicos especializados em projectos de investimento que prestem apoio a iniciativas locais feitos em parceria com empresas ou proprietários locais e apoiados pela EU.

Aprender da Idade Média para democratizar a economia

Falo disto porque estou habituado a verificar que, na Alemanha, iniciativas culturais, ecológicas, de protecção de animais, de produção de energia renovável, etc. fazem acompanhar as suas exigências com propostas ou estratégias de aproveitamento económico ou são justificadas pela defesa do património histórico e cultural. Num tempo em que a economia é credo tornam-se inocentes medidas teóricas sem que mostre a possibilidade de servir a ecologia e a região sem proporcionar lucros económicos. Em cada Camara municipal terá de haver órgão conglomerador de iniciativas que reúna sob o seu tecto parcerias entre Camara, associações sem fins lucrativos e grupos económicos interessados em investimento. Projectos concebidos sob tal constructo têm imensas chances de conseguir meios económicos para as iniciativas que tomem em mão e implementem.

A ausência de uma política económica e ecológica para as florestas torna a discussão num lugar para o escape de sentimentos frustrados e um motivo de sorriso cínico para os Ministérios, se continuar na mesma óptica do passado. O corporativismo muito arraigado em Portugal e que se tem revelado muito útil para a maçonaria e para outros grupos, reverter-se-ia em benefício público se fosse organizado a nível camarário na tradição dos homens bons e de “Os 24 mestres do povo” que defendiam os interesses das profissões e das regiões. Talvez seja preciso voltar à Idade Média para democratizar a economia! Para isso há que tirá-la dos monopólios de corporações ideológicas para as disponibilizarmos em proveito do povo. Na Idade Média vimos na Casa dos 24 o surgir da ideia da democratização da economia (política regionalista) através dos interesses de uma burguesia surgente que se debatia contra os interesses monopolistas do clero e da nobreza.

Vamos nacionalizar e regionalizar os partidos!

Os políticos apoderaram-se do lugar do clero na sociedade e o grande capital ocupou o lugar da nobreza. Hoje para sermos modernos e para democratizarmos a economia será necessário reencontrar a ideia medieval da regionalização e da indústria regional, sendo, para isso, necessário acabar com os monopólios ideológicos que deixam a província arder enquanto se aquecem nas suas chamas no parlamento e nas centrais do poder. Os deputados das regiões terão de redescobrir o campo e a floresta e a não os trocarem pelos areais das ideologias partidárias com bom assento no parlamento.

Concluindo: No rescaldo dos fogos torna-se urgente democratizar e regionalizar a economia. Imagine-se que os representantes do povo passavam mais tempo em torno da terra e do seu povo e não se exilavam vivendo todo o tempo na capital em torno do partido e do parlamento.  A política que urge não é tanto nacionalizar bens e terras mas nacionalizar e regionalizar os partidos; então as ideologias abandonarão as suas honras e coutadas de interesses ideológicos para descerem ao povoado e se democratizarem e assim se possibilizar uma verdadeira democratização do povo e consequentemente uma democratização dos partidos.

Exigências sem um Orçamento económico que as sustente correm grande risco de se tornarem em espectáculos de Fogo-preso para agradar à vista muito longe de uma orto-praxia.

*O dinheiro que o Estado ganha ou pede emprestado é canalizado para os vales da administração, aquela que oferece sustentabilidade para os adeptos do partido. O dinheiro já não chega para pagar tantos empregados do Estado com horário de 35 horas nem para o pagamento das aposentações porque os funcionários do estado aposentados passaram a ser um número maior que os funcionários no ativo e a política do Estado não investe na produção real! Quem pode vai vivendo de quem pode menos, à imagem das labaredas dos fogos.

António da Cunha Duarte Justo

UM EXEMPLO DE ÉTICA REPUBLICANA SOCIALISTA APLICADA – GOVERNO ABSOLVE A CORRUPÇÃO

Governo envolvido em corrupção com 3 Secretários de Estado considera o “caso encerrado”

Por António Justo

Os Secretários de Estado, Rocha Andrade, João Vasconcelos e Jorge Costa Oliveira do governo socialista António Costa, foram assistir a jogos do Europeu a convite e à custa da GALP! O Governo em vez de demitir os seus representantes, torna-se cúmplice com eles ao considerar o “caso encerrado” ( observador ); para continuar a enganar o povo, promete fazer um “código de conduta” moral, como se os privilegiados da república não precisassem de se submeter a leis mas apenas a recomendações morais da classe. De facto o Governo Geringonça concretiza uma ética republicana à portuguesa num imbróglio, do qual tem bem vivido uma elite “esclarecida „formada nas pegadas do Marquês de Pombal e fomentada principalmente pelos homens do avental a agir a partir das cavernas da república.

O SEAF justifica a “boleia” recebida com o argumento do povo corrupto e dos costumes

É especialmente grave o facto de o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Rocha Andrade, se ter aproveitado da “boleia” da GALP apesar de a pobre GALP, que o convidou, andar em conflito com o Estado por dever ao fisco 100 milhões de Euros. E o SEAF ainda não se demitiu nem o governo se incomoda com os estragos porque, na sua autossuficiência esclarecida, sabe que um republicanismo esquerdista tem o povo bem açamado e, como tal, sem alternativas. Esta atitude mostra que o espírito corrupto é considerado normalidade no republicanismo português.

Pior ainda, o SEAF, como diz a Sábado, considerou “com naturalidade, e dentro da adequação social, a aceitação deste tipo de convite”. Em texto claro diz: o que fiz é legitimado por um povo corrupto como eu porque, o que fiz, fi-lo “dentro da adequação social”.

Num país em que se passa, sem mais, de altos cargos públicos para o privado e em que a promiscuidade entre política, PPPs/ privado são factos, isto é apenas a ponta do iceberg da corrupção e da irresponsabilidade pública, que não conhece conflitos de interesses. Num outro estado democrático, a consequência seria a demissão imediata. Imagine-se o descaramento cínico do Secretário ao dizer que vai reembolsar a empresa pagando as despesas! A maior tragédia está ainda no facto da grande maioria da esquerda estabelecida assumir a posição do roto a apoiar o esfarrapado! Meu Deus, tanta inocência saloia a viver de coutadas ministeriais e a comportar-se de modo anti-social “como elefantes em loja de porcelana”!

Sinal da corrupção institucional: Todos os partidos não terem exigido a demissão

A distância entre a boleia e a demissão é o espaço que fica entre a corrupção e a honra!

Em política “as coisa não são o que são” e menos ainda o que deveriam ser. Por isso, os seus beneficiados só aceitam a moral passada pelos moinhos do partido ou da loja.

Alguns comentadores e estrategas da loja não vêem com bons olhos a discussão do caso considerando a demissão do SEAF um assunto reservado ao Presidente da República, “o único que teria competência para tal!” Esta, como a criação de um “código de conduta” não passam de uma tentativa para reduzir a ética do acto a um assunto a resolver entre políticos; isto é baixo e de mau gosto, equivaleria a partir-se do pressuposto que a política vive no gueto sendo já de si corrupta, ao perder a noção da realidade e dos factos e ao fabricar os próprios códigos éticos em proporções partidárias; ignorar o sucedido não passa de uma desculpa de mau pagador com uma mentalidade que confunde o cargo público com o privado (Um acto cometido no foro político tem muito mais gravidade do que no foro privado!). A única postura possível para Rocha Andrade e quem mais aproveitou da “boleia” seria a demissão, se vivêssemos num país acordado e de olhar menos fixo na manjedoura.

O que fez o SEAF e seus colegas não é mais do que o que fazem certos dignatários, ao fazer-se convidados por secções do partido, onde se chega a fazer até viagens com fins privados, receberem ajudas de custo e deixarem-se ainda pagar o jantar pela secção do partido ou por alguém em princípio de carreira!

O problema nacional está na falta de civilidade que se alimenta da falta de honestidade, da falta de prestígio e de honra! A gravidade da questão torna-se crónica quando tais factos passam pela opinião pública e são percebidos como coisa natural, reduzível a um problema de explicação ou de justificação, e como tal sem efeitos.

Oportunistas e medrosos não gostam de jornalismo crítico

Muitos amigos do taxo e da esquerda radical, sentem-se incomodados com a crítica pública surgida. Reagem culpabilizando os Media por terem colocado a questão à luz do dia, quando poderiam ter calado, como têm feito outras vezes!

Temos um país de elites autoritárias e paternalistas que, na tradição portuguesa república de fundo mafioso, reservam para si a crítica, a moral e o decidir. A arrogância é tanta numa esquerda incomodada que considera a colocação do caso na discussão pública como um acto de “atirar de ossos para a matilha”. Esquecem que uma classe política, seja ela de esquerda ou de direita, que só tenha “ossos para atirar à matilha” (povo) já não tem por onde se pegue, porque de democrática não tem nada.

Os donos do burgo vão atirando os seus ossos enquanto saboreiam a carne e ainda são tão cínicos e autistas que se sentem incomodados pelo barulho que o povo faz ao terrincar os ossos.

Quando os beneficiados da política consideram a crítica pública ao caso como um “achismo” subjectivo e acham que a competência crítica e a decisão de demissão deveria ser reservada ao PR, tornam-se coniventes com os seus, metendo o presidente onde ele não é chamado. Entretanto o Governo comprometeu-se aprovando o suborno de pessoas públicas (um “delito de cavalheiros”!).

É natural que cada qual acha com a sua acha, mas o que é escandaloso é que aqueles que vivem das achas do Estado se achem no direito de reservarem o machado da razão só na defesa da sua acha. Na crítica que a esquerda faz à crítica pública pretende tirar a legitimidade de crítica ao cidadão para, a jeito autoritário, a submeter aos órgãos dos comprometidos no sistema (ao código da sua ética!). Não se contentam com o proveito, querem continuar a ver a voz da ética pública reduzida à competência dos beneficiados do regime republicano jacobino dominante.

A moral do ministério quer lavar descaradamente umas corrupções em nome de outras! Por isso, cargos políticos cada vez se tornam menos atractivos para pessoas sérias. Especialmente na política encontra-se gente com mãos para tudo, mas coitada, sem força para as pôr na consciência.

É sintomática a argumentação de quem justifica a corrupção dos seus com a corrupção cometida pela outra parte. Os corruptos encontram-se sempre em boa companhia e sabem-se protegidos pelos seus “meninos do coro” contra os meninos do coro do outro lado, como se ética e responsabilidade política se deixassem reduzir a uma cantiga! Na chuva da corrupção quem se molha com ela são sempre os outros ou quem não tem o guarda-chuva do poder ou da instituição.

Em Portugal temos corporativismos de branqueamento da corrupção onde cada grupo lava a sua roupa suja mas sempre no tanque do outro! A culpa justifica-se com a culpa e consegue viver bem da culpa alheia.

O governo geringonça fortalece o consenso que no serviço público a honestidade não entra ao serviço. Ao cidadão pertence a análise e a crítica pois dele depende a consciência nacional que fundamenta a competência para julgar o assunto, doutro modo, a competência é alienada em favor de interesses individuais e sectários.

A exigência da demissão de Rocha Andrade e dos colegas cúmplices é uma questão de ética e de civilidade e um sinal de que no país ainda há gente que não quer dar continuidade à corrupção

António da Cunha Duarte Justo

MANIFESTAÇÕES TURCAS NA ALEMANHA REVELAM 2 SOCIEDADES PARALELAS

Multicultura contra Intercultura – Turcos solidários com Erdoğan

Por António Justo

Em Colónia (31.07) quase 40.000 turcos participaram numa manifestação organizada pelas organizações DITIB e UETD (Organização lobby do AKP da Turquia), para apoiarem o presidente da Turquia (Erdoğan). 2.700 Polícias acompanharam a chuvosa manifestação que decorreu pacífica. Na Alemanha já tinha havido em diversas cidades manifestações pró- Erdoğan. A pretexto da multicultura afirmam-se guetos nacionalistas adversos à construcção de  uma sociedade intercultural. Esta é a plataforma para conflitos de maior envergadura no futuro.

 

A Alemanha está chocada ao presenciar tantos turcos nascidos na Alemanha a apoiarem um déspota que pretende transformar a Turquia num califado. A Alemanha já tem a experiência de um ditador de eleição democrática (Hitler) que se aproveitou da população mais simples para conduzir a nação à perdição; por isso é tão sensível ao que se passa na Turquia de Erdoğan e ao facto de associações turcas importarem para a Alemanha os problemas da Turquia.

Isto mais que a amostra dos turcos na Alemanha é a amostra da força das suas organizações e o fracasso dos esforços de integração (os valores de cunho árabe mostram-se resistentes aos valores da Constituição alemã). O comício deu-se sob o título de “Sim à democracia – Não ao golpe de Estado”! As associações DITIB e UETD (Organização lobby do AKP da Turquia), organizadoras da manifestação, no dizer de observadores críticos, entendem a luta e a denúncia como “um serviço à religião e ao país”. Levam em conta uma sociedade a preto e branco feita só de amigos e de inimigos. O Tribunal Constitucional Alemão não permitiu a transmissão em ecrã gigante de um discurso televisivo de Erdogan aos seus apoiantes em Colónia.

Um país onde “curdos, arménios e outras minorias e religiões são oprimidos”; um país onde os cristãos têm um número próprio que os identifica para serem discriminados; um país onde, depois da tentativa de golpe de 15 de Julho foram despedidos mais de 3.000 juízes e procuradores da justiça, mais de 3.000 oficiais das forças armadas, 1.389 soldados, 50.000 funcionários públicos e dezenas de jornalistas; um país onde em poucos dias também foram aprisionadas mais de 18 mil pessoas, grande parte delas por razão de suspeita e em que a denúncia e saneamento se tornaram desporto popular não pode ser suportado pela EU.

O que moverá tantos turcos a sair para a rua em manifestação Pro-Erdoğan e a apoiar quem está disposto a institucionalizar a pena de morte e se aproveita do “golpe” como pretexto para fazer o seu golpe de Estado? Porque será que, nas últimas eleições parlamentares da Turquia, o partido de Erdogan (AKP) teve maior percentagem de votantes turcos na Alemanha (60%) do que na própria Turquia?

Será este o resultado de 60 anos de integração? Erdoğan em anos anteriores já tinha dado a palavra de ordem à comunidade turca na Alemanha: “não se assimilem aqui”; a tática do poder é organizar sociedades paralelas numa esquizofrenia de lealdades. A lealdade à Turquia é mais forte que à Democracia. Isto torna-se compreensível num Estado islâmico que controla a religião e grande parte dos seus fiéis através de 600 imames (chefes de mesquitas) que envia todos os anos para a Alemanha e onde ficam, por cinco anos, ao serviço do governo turco.

A Turquia exige a livre circulação dos turcos na Europa e ameaça a EU a ter de permitir a isenção de vistos para turcos num prazo de três meses (o que significaria uma carta aberta também para refugiados turcos)! Resultado: A EU verá rescindido, mais cedo ou mais tarde, o acordo com a Turquia sobre os refugiados. O Estado turco não oferece confiança.

Há 24 anos houve na Alemanha ataques a residências de refugiados e em Mölln morreram 3 turcos numa casa incendiada por extremistas. Em Munique o povo alemão solidarizou-se com os turcos organizando uma cadeia de velas em que participaram 400.000 habitantes de Munique. A Alemanha ainda se encontra à espera da reacção muçulmana aos atentados efectuados por muçulmanos e sinais públicos de solidariedade com as vítimas. As comunidades muçulmanas ligadas a associações e mesquitas deveriam também manifestar-se publicamente para se distanciarem também com manifestações contra os atentados terroristas em nome do islão e para mostrar solidariedade com os cidadãos não muçulmanos. Doutro modo o matar inocentes em nome do islão não é compreendido como insulto ao islão pelas organizações muçulmanas.

A questão consequente que se coloca: onde vivem as associações muçulmanas, como reagem à violência que surge do seu meio?

Embora 30-40 mil turcos tenham demonstrado em Colónia entre os três milhões de turcos há muita gente turca que é moderada. Um outro aspecto a ter em conta é que Erdogan é fruto da democracia e pelos vistos os turcos querem uma democracia autoritária e problemática pelo facto de os três poderes não serem independentes. Actualmente, na Turquia, como em tempos de revoluções, facilmente se é herói ou traidor!

O secretário-geral da CDU Peter Tauber disse no Die Welt: “Quem aplaudiu a liquidação da democracia turca, não se encontra na plataforma da nossa Constituição”. (http://www.welt.de/debatte/kommentare/article157395025/Tuerken-in-Deutschland-muessen-ihre-Loyalitaet-klaeren.html)

Surgiu na discussão pública a ideia esporádica de se introduzir a opção de jovens turcos, em vez de serem possuidores da nacionalidade turca e da nacionalidade alemã, terem de se decidir aos 23 anos por uma ou por outra.

A desaprovação da violência terá de ser manifesta e combatida tanto por alemães como por muçulmanos; só assim se cria confiança, porque para se construir a paz e evitar violência e guerra não pode haver uma solidariedade só para os de dentro.

A sociedade tem uma vida colorida mas o problema é que cada grupo pinta com a sua cor. Não é conhecida a mistura das cores e por isso temos um quadro de sociedade berrante. Vivemos, cada um no seu mundo, uns ao lado dos outros, em vez de vivermos uns com os outros.

 

António da Cunha Duarte Justo