LOUVAR EM CIMA E EM BAIXO PARA NÃO TIRAR LOUVORES

Em 15 de Agosto comemora-se a Assunção de Nossa Senhora!

É certamente uma data e uma comemoração importante. Mas quando começaremos nós a olhar também um pouco mais para a Terra? Porque não se passa, na Igreja, a criar a possibilidade de mulheres também fazerem parte do clero?

 

Às vezes chega-se a ter a impressão que tanto louvor a Nossa Senhora e a santas se pode tornar num perigo de um deslouvor (impedir honras e cargos) das mulheres na Terra, impedindo-as de ascender ao sacerdócio jerárquico. A feminilidade e a masculinidade não se reduzem ao sexo; as duas energias pertencem juntas!

Seria oportuno olhar para o Céu sem esquecer a Terra.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

AMAZÓNIA  EM ROMA IRÁ DAR QUE FALAR – NOVOS CAMINHOS PARA A IGREJA E PARA A ECOLOGIA INTEGRAL

Reacções de um Bispo conservador e de um Bispo progressista

Por António Justo

O Sínodo Amazónia, depois de muita consulta dos povos da amazónia, terá a sua assembleia conclusiva no Vaticano de 6 a 27 de outubro e é subordinado ao tema “Amazónia – novos caminhos para a Igreja e uma ecologia integral”; tratará assuntos de recursos naturais, monoculturas, população indígena, deslocamento, poluição, migração, urbanização, direitos humanos, celibato, ministério sacerdotal para mulheres, a família e a comunidade, saúde, educação integral e corrupção.

É chegada a hora da feminilidade e do regionalismo

No Sínodo, convocado pelo Papa, tomarão parte bispos, representantes de ordens religiosas dos países da região amazónica, representantes da Cúria Romana, participantes nomeados pelo Papa, especialistas, observadores, 20 representantes de povos indígenas, representantes de empresas, etc. A Igreja vai dar um passo no sentido progressista e de descentralização.

Os cuidados pastorais necessários para uma área vasta e inacessível como a amazónia poderão ser estendidos também às áreas europeias que levaram a luz do evangelho e a doxia cristã ao mundo, mas agora se encontram um pouco envelhecidas e sentem necessidade de serem recristianizadas.

No século XVI a grande ordem dos Jesuítas deu resposta às exigências da era moderna que surgia e, na crise atual, a Providência divina colocou à frente da Igreja um Papa jesuíta a tentar dar resposta a novas questões que a vida hodierna e a sociedade colocam.

O “Instrumento de Trabalho” (1) para o Sínodo Amazónia convocado pelo Papa, corresponderá à tentativa de meter em prática o espírito da encíclica “Laudato si” (2); o próprio Papa diz: Ele é “filho” de Laudato si'” e quem não leu a encíclica não compreenderá o Sínodo para a Amazónia (3).

Este documento, preparado pelo Vaticano, aborda também, sem complexos, temas como a introdução de padres casados, a introdução de um sacerdócio feminino com a criação de novos ministérios consagrados que sigam uma inculturação vivencial.  Nele se lê também:” para as áreas mais remotas da região, estude-se a possibilidade da ordenação sacerdotal de pessoas idóneas, de preferência indígenas, respeitadas e reconhecidas pela sua comunidade, mesmo que já tenham uma família constituída e estável, com a finalidade de assegurar os sacramentos que acompanhem e sustentem a vida cristã”.

Tudo leva a pensar que em breve será conferido o diaconado a mulheres (primeiro grau de ministro da Igreja que já faz parte do clero); isto na sequência do que o documento de trabalho solicita aos sinodais para também “identificarem o tipo de ministério oficial que pode ser conferido à mulher, tendo em consideração o papel central que ela desempenha hoje na Igreja amazónia”.

Estou certo que será dado um passo decisivo no sentido do reconhecimento e da dignificação da feminilidade (na mulher) com um gesto qualitativo concreto por parte do clero. O aspecto ecológico que o documento defende reflete também, não só a necessidade de se reconhecer os cuidados pela natureza “casa comum” como também os biótopos culturais e espirituais. A primeira instituição global existente no mundo com o sínodo Amazónia chama a atenção para a valorização das regiões (regionalismo orgânico).

Deste modo, o Papa Francisco coloca a amazónia (zona ambiental e dos índios) como sinal de esperança e de consciencialização global. Num tempo em que um globalismo selvagem e ideologias categóricas levam tudo de enxurrada torna-se urgente que a instituição mais global do mundo (a Igreja católica) determine horizontes a seguir por toda a humanidade: valorização do princípio da feminilidade e das regiões.

Crítica conservadora ao documento base do trabalho sinodal

Refiro aqui as posições de dois bispos alemães bastante presentes na opinião pública e esforçados por conseguir soluções que sigam as exigências evangélicas e se dê resposta aos sinais dos tempos no sentido de uma pastoral adequada.

O conservador, Cardeal Walter Brandmüller, que não esteve de acordo com a renúncia do Papa Bento XVI, também não se encontra contente com o espírito reformador do Papa Francisco. Brandmüller faz críticas severas ao documento de trabalho e às primeiras reuniões preparatórias do Sínodo Amazónico (4).

O cardeal começa por criticar o facto de o “Sínodo dos Bispos se ocupar exclusivamente dos problemas de uma região do mundo”. Critica também a “arrogância clerical” que se intromete na política, sendo no seu dizer “uma interferência esmagadora em assuntos puramente seculares do Estado e da sociedade no Brasil”.

Receia uma politização da igreja e da doutrina e uma cedência modernista ao “nobre selvagem” de Rousseau.

Não vê, com bons olhos, que a Floresta da Amazónia se torne num “locus theologicus”, uma fonte especial de Revelação Divina, com a consequente “recaída do logos no mito”. Receia que se quebre com o “Depositum fidei” e pergunta: “O que é que ecologia, economia e política têm a ver com a missão da Igreja?”

Na crítica do Cardeal nota-se um certo desconforto de avaliação entre a teologia da libertação latino-americana no sentido de uma orto-praxia (a verdade que surge da praxis) e a teologia europeia de caracter mais racional abstrato (acentuação da ortodoxia/doutrina). Ele vê, no “Instrumentum Laboris” a rejeição racional da teologia “ocidental „e, com isso, o perigo de uma infidelidade dentro da própria Igreja!

Teme também que a demasiada preocupação por inculturação negue implicitamente o caráter sacramental-hierárquico, se se adotarem formas das religiões naturais.

Naturalmente em tempos de grande mudança há sempre o perigo de se perder um pouco o equilíbrio, tal como aconteceu com as igrejas de Lutero e Calvino no século XVI; os portugueses costumam dizer “nem tanto ao mar nem tanto à terra”; mas a verdade é que a História oscila sempre e do seu balancear entre conservadores e progressistas, entre direita e esquerda é que ela anda e expressa vida. Não há que ser-se homens de pouca fé, o Paráclito acompanha a Igreja, a História e cada um. E hoje sente-se a urgência de descobrirmos o princípio da feminilidade como o lugar do desenvolvimento de uma civilização que para andar, apostou demasiado na “perna” da masculinidade.

Visão progressista do documento de trabalho sinodal

O bispo de Essen, Franz-Josef Overbeck, membro do Conselho Pontifício para a Cultura, constata: “Estamos no início de uma nova era eclesiástica”. Ele acha importante que a “crítica à Igreja deve ser escutada para que possa haver uma autêntica mudança cultural.”

O bispo considera natural que a estrutura eurocêntrica da Igreja seja contestada e que as igrejas locais na América Latina e seu clero se tornarão cada vez mais independentes.

O Sínodo de Outubro em Roma levará a reconhecer que o ” rosto da igreja local é feminino” e como tal deverá sê-lo também no exercício das suas funções eclesiásticas.

Overbeck pensa que o Sínodo Amazónia levará a uma certa “ruptura” (5) na igreja católica e que “nada será igual ao que era antes“, prevendo que a estrutura hierárquica da igreja, a moralidade sexual e a imagem sacerdotal da igreja católica serão postas à prova. A moralidade sexual e o quadro geral do que é um sacerdote serão analisados, e o papel das mulheres na igreja também será reconsiderado.

Overbeck argumentou que a doutrina da Igreja não pode ser condicionada à moralidade sexual. De facto, temos de considerar o foro privado e o foro magistral…

Overbeck solicita ainda a “despatologização” da homossexualidade e diz também que era “absurdo” para um bispo negar a ordenação sacerdotal a homens homossexuais.

Não se fala muito no assunto, mas penso que o grande passo do Sínodo Amazonas constituirá num assumir prático da grande encíclica “Laudato si „do Papa Francisco. Ela permanecerá determinante para a História da Igreja do sec. XXI.

A bacia amazónica (6) estende-se por cerca de 7,5 milhões de quilómetros quadrados e está dividida em Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Venezuela e Guiana Francesa.

Aqui “onde as pessoas não contam nada e não têm direitos” quer o Papa dar um sinal no sentido de uma igreja integral onde justiça climática, ambiental, económica e social andem juntas. De facto, é preciso ler-se e reler-se o evangelho à luz de Deus e dos tempos. Trata-se de ir fazendo a leitura sob a perspectiva do Deus de Jesus Cristo que se revela nas escrituras, na Igreja, na História, na natureza e na humanidade. Em Jesus Cristo se concretiza Deus, a natureza humana e a matéria no que têm mais de real e de mistério.

Como é natural numa Igreja viva disputam-se as forças conservadoras e as forças progressistas. O “método da controvérsia” (7) será salutar para o desenvolvimento.

O que atualmente se precisa menos na Igreja é medo e resistência! A fé é positiva e o Paráclito encontra-se em tudo e em todos não deixando ninguém só. Importante é escutar para ouvir, sentir e seguir o chamamento!

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

In “Pegadas do Tempo”

 

A Matriz política masculina não pode ser Norma para a Instituição eclesial

Mulheres lutam por uma Instituição mais feminina

Por António Justo

A opressão sistémica das mulheres é um fenómeno universal que se observa em todos os sistemas ideológicos, económicos, políticos e religiosos, de todo o globo.  A desvalorização da mulher é a consequência lógica das sociedades com matriz masculina que apostam na sustentabilidade de estruturas patriarcais.

A instituição eclesial, à imagem da sociedade secular, tem-se orientado por padrões masculinos, considerando a feminilidade, como característica secundária, nas suas estruturas.  Já vai sendo tempo de se dar resposta à energia da feminilidade e de se praticar o evangelho (1) não se refugiando na estratégia máscula do divide para imperares; doutro modo fica-se numa de reservar a paternidade para a sociedade e a maternidade para a família: uma e outra são constitutivos de vida e devem igualmente estar presentes na sociedade. A matriz masculina da sociedade secular não pode ser norma de adaptação para a Instituição eclesial. O lugar do diálogo nela não é a sexualidade (entre homem e mulher) mas sim os princípios/energias feminilidade e masculinidade a nível de pessoa, de sociedade e instituições.  A “fragilidade” deve estar mais presente nos lugares “fortes”!…

Na Páscoa passada, muitos milhares de mulheres católicas fizeram uma “greve de igreja”, em toda a Alemanha, durante uma semana. A partir de Münster, na Vestefália, e com o apoio da Comunidade de Mulheres Católicas (Kfd), elas (integradas no movimento “Maria 2.0”), interromperam os seus cargos honorários nas paróquias e celebraram liturgias em torno das igrejas. Foram mais de 1.000 grupos, que organizaram vigílias, cultos e ações de protesto.

Com esta acção, as mulheres pretendiam dar rosto público ao seu descontentamento com as estruturas masculinas de poder na Igreja Católica. As mulheres exigem acesso a ministérios de ordenação, a abolição do celibato obrigatório para os sacerdotes seculares e uma revisão da moral sexual.

Posteriormente, as mulheres organizaram delegações para falarem com os bispos nas correspondentes dioceses.

Os seus protestos tiveram uma expressão feminina (2): As mulheres protestam por amor à Igreja, de dentro para dentro e de dentro para fora sem a atacar com a ideia numa igreja que querem também sua casa religiosa.

O Arcebispo de Hamburgo, Dom Stefan Heße, convidou o movimento “Maria 2.0” a participar no “Caminho sinodal” planeado pelos bispos e a apresentar as suas exigências de reforma (3).

É verdade que a Igreja católica está implantada em todas as culturas do mundo e por isso urge reconhecer a dignidade na diversidade das pessoas (homem e mulher) também na missão de libertar o ser humano, de levar a Boa Nova à humanidade e de descobrir possíveis melhoras e alertar para os perigos. A Igreja não é apenas uma instituição, ela é uma comunidade de vida de homens e mulheres congregadas em torno de Jesus Cristo (não pode ser dividida numa igreja petrina e numa igreja joanina).

A Igreja Católica, na sua qualidade de instituição mais beneficiadora da humanidade (4), sendo uma religião especialmente impregnada de feminilidade (Boa nova, liturgia e espiritualidade), seria mais conforme consigo mesma se no seu aspecto exterior de instituição reduzisse a predominância do rosto masculino (masculinidade) e desse lugar  a um maior equilíbrio entre as energias/princípios feminilidade e masculinidade.

A Igreja, que por natureza é de conotação feminina, precisa também de um olhar feminino a partir das suas instituições, numa atitude dialógica não só no que respeita às diferenças entre religiões e sociedades seculares, mas sobretudo no empenho pela presença e balance da feminilidade e da masculinidade nos presentes modelos de sociedade dominados pela masculinidade; o melhor paço seria começar por si mesma.

Torna-se uma contradição que sacerdotes e mulheres empenhados em reformar a Igreja tenham de sofrer pelo facto de a igreja oficial se encontrar demasiadamente distanciada da realidade. A promoção de mulheres nos ofícios da igreja não pode ser limitada a educadoras infância ou a referentes pastorais.

Urge impulsionar uma marca católica em que as mulheres pertencem a uma igreja fraternal, onde cada um possa determinar e viver a sua vocação e ter o seu projecto de vida sem exclusão. Para isso não é preciso mudar a Bíblia; o Evangelho tem fundamentos suficientes para a revalorizar; por outro lado, se for dado espaço relevante às mulheres na sociedade surgirá consequentemente uma outra imagem da mulher.

Ainda não há consenso na Igreja sobre o sacerdócio para mulheres. Mas uma coisa há que advertir e ter em conta: o poder espiritual não deve ser exercido em padrões seculares e profanos.

Não podemos viver de uma esperança sempre adiada. O critério homem não pode ser exclusivo e além disso vivemos num tempo em que a matriz machista da sociedade se questiona e em que a teologia feminina pode fazer a ponte para a feminilidade do Evangelho. O que continua em jogo é uma visão de domínio do princípio da masculinidade sobre a feminilidade e uma teologia. não se trata aqui de seguir uma teologia hipercrítica que depende demasiado da cabeça, mas colocar no centro a fé como um indicador de e para Jesus.

É claro que as igrejas não cresçam por ajuste ao gosto do tempo, mas sim através da fidelidade ao Evangelho. Urge estarmos mais atentos às mulheres na bíblia de modo a não serem mal-interpretadas pelos homens (o que aconteceu em relação por exemplo a Madalena, a apóstola dos apóstolos)

Uma mudança de moral não implica necessariamente uma mudança de doutrina, dado uma teologia interpretativa correspondente às sociedades em que se encontravam incardinada ter sistematicamente desvalorizado o papel da feminilidade na mulher para, compensatoriamente, a expressar na liturgia e no culto mariano.

Seria um equívoco condicionar o princípio da masculinidade e da feminilidade aos papeis assumidos com base na tradição de reduzir os dois princípios a uma sexualidade de caracter funcional ou de confundir masculino e feminino (homem e mulher) com masculinidade e feminilidade. A Doutrina da Igreja não pode ser condicionada à moral sexual e menos ainda à matriz económico-política de mera masculinidade. (As lutas que se observam na praça em relação a homossexuais e lésbicas dão testemunho praticamente só da afirmação da masculinidade ou da afirmação de um polo contra o outro; neles falta a energia/princípio da feminilidade.)

Através de exclusão das mulheres, as lesões surgem e tornam-se cada vez mais dolorosas; não basta pregar a misericórdia, é preciso refletir sobre a mensagem cristã integral e praticá-la também a nível institucional (sabendo muito embora que é da natureza de toda a instituição humana ter um caracter masculino predominante!).

Porque esperar pela mudança só depois da morte; porque ter de gastar tantas energias na defesa de mudanças necessárias e que nem sequer contradizem o espírito que possibilitou os evangelhos há 2.000 anos.

O que falta praticar é Jesus Cristo. Ganhamos todos, homens e mulheres, com uma maior presença da feminilidade em cada pessoa e na humanidade.

(Este texto fará parte de um livro que há já muitos anos tenho à espera de ser publicado)

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

In “Pegadas do Tempo”

UM AVISO TRISTE MAS PREVIDENTE DE ROTHSCHILD

O Dinheiro governa o Mundo quando o Resto se reduz a Música de Acompanhamento

António Justo

Hoje fala-se muito de economia, de socialismo, do Banco Central Europeu, de um salário mínimo para toda a Europa e até de nação! No meio disto há muita desconversa porque se esquece o que o estratega financeiro Nathan Rothschild já dizia no século XVIII e que cada vez se concretiza mais quer no turbo-capitalismo ocidental quer na ditadura socialista-capitalista chinesa:

 “Dêem-me o controle do dinheiro de uma Nação e não me interessa quem faça as suas leis.” (“Gebt mir die Macht über das Geld einer Nation, und es interessiert mich nicht, wer dessen Gesetze macht.”) Esta tornou—se infelizmente numa realidade universal, e aí está o império M.A. Rothschild a confirmá-lo, só que se torna impercetível e falar disto tornar-se-ia embaraçoso!

O mais interessante é que todos andemos no carrocel, sem vómitos! De facto, o sistema em que socialistas, conservadores e capitalistas navegam pertence ao mesmo barco!

Na EU temos o Banco Central Europeu a querer reger com o dinheiro e consegue manter as economias mais fracas silenciosas porque vão podendo ir vendendo as suas dívidas e assim comprar a paz social (uma questão de transferências monetárias e de trocas de poderes!).

Quanto ao salário mínimo para toda a União Europeia, o facto é que governos socialistas e não socialistas europeus sabem que no momento em que houvesse um salário mínimo para toda a EU e este não se orientasse pelo salário mínimo das economias mais fracas, então estas rebentavam porque o que as safa ainda é a diferença salarial que lhes possibilita concorrência a nível de custos de produtos e das empresas grandes de rentabilidade de países fortes. Na zona euro países menos produtivos não possuem a alternativa de desvalorizarem a moeda para poderem concorrer em preços com os mais fortes!

Todo o problema vem do poder absoluto do dinheiro e de tudo se adaptar a ele; o resto é apenas música de acompanhamento, de que alguns “músicos gaiteiros” vão vivendo melhor. Isto é conveniente que a malta não note nem possa notar; por isso o marxismo se adaptou aliando-se ao dinheiro e passando à música da luta cultural.

A solução seria uma sociedade de matriz não só masculina, mas também feminina (isto não em termos de sexo, mas de masculinidade e feminilidade)!

Vivemos todos numa relação de dependência, mas apostando no baile da impressão de independência e de importância. As pessoas precisam da impressão de terem pessoas a mandar nelas! Um satélite, porém, enquanto o for, seria ingénuo se se convencesse que tem a força própria de um astro rei. Um pouco de humildade é o que falta, por vezes aos pequenos, para poder destronar os poderosos!…

Senão veja-se o orgulho (também legítimo!) daqueles que se sentem honrados por Portugal ter alguns personagens nas cenas internacionais. Assim tudo vive contente, com pessoas que não incomodem os interesses dos maiores (importante é para estes o cum quibus, o cacau e para os outros restam as honras: assim se cria inteligentemente satisfação!

Creio que a fase em que Portugal cedia pessoas em superabundância para cargos internacionais está a passar! Na política é como no futebol! O problema será meter a concorrência, a competência e interesses no mesmo saco, ou seja, na mesma pessoa! Isto não quer dizer que Portugal não deixará de ter pessoal bastante treinado nestas coisas de negociações! Mas o mais recomendável para a sociedade portuguesa será manter sempre a cabeça fria!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo