DIA MUNDIAL DA LÍNGUA MATERNA – UM PATRIMÓNIO CULTURAL A DEFENDER

Em vez de português erudito fomenta-se o português macarrónico

António Justo
21 de Fevereiro é o Dia Internacional da Língua Materna. Foi proclamado pela UNESCO como memorial para “promover a diversidade e o multilinguismo linguística e cultural”.

Segundo a UNESCO, metade das línguas maternas encontram-se em risco de desaparecer (entre elas o Bretão, Quechua e Nahuatl). Com a celebração do Dia da Língua Materna, pretende-se manter viva  a consciência das tradições linguísticas e culturais. A visibilidade de um espaço cultural manifesta-se através da língua e suas marcas.
Especialmente nos países da lusofonia há que ter isto em consideração. A protecção dos falares indígenas e das tribos não deve porém substituir o português como língua de comunicação nacional e internacional. Seria relevante manter uma relação equilibrada entre os interesses regionais e o interesse da identidade nacional que se expressa numa língua de comunicação para todos.

Fazer uma coisa não implica deixar de fazer a outra (Unum facere et alium non omittere). No contexto importa recordar o lema latino “E pluribus unum” (fazer de muitos um/unidade na diversidade); este lema fez dos EUA o país que é hoje. Sem integração não há unidade orgânica.

O idioma deve reflectir, pelo menos, nalguma das suas partes, a herança cultural do todo e do particular, como memória viva a gerar futuro.

Tanto uma olhadela sobre o Português, muitas vezes usado no dia-a-dia, como sobre a política da língua não permite grande satisfação a muitos os falantes lusófonos. Tem-se implementado o empobrecimento da língua com uma reforma ortográfica que na ortografia não favorece a especificação (exemplo: faz das palavras acto e ato uma só palavra (ato) para com um só vocábulo designar dois conceitos.

Com isto desejo alertar para o facto de o Acordo Ortográfico ter tocado com a etimologia das palavras, coisa que outras línguas (Itália, França e Espanha) não permitiram fazer ( as consoantes mudas, são também importantes para quem tem de escrever, por exemplo em Italiano ou Espanhol, dado estas línguas conservarem a etimologia que corresponde às nossas consoantes mudas). Com as mudanças operadas pelo acordo surgem dificuldades variadas .

O “português do brasil” ou português de expressão brasileira tem-se afastado das línguas de origem latina europeia (contrariando o desenvolvimento diferenciador destas) ao reduzir o emprego das pessoas gramaticais (no sentido de uma indiferenciação e como tal empobrecedora).  As línguas europeias de origem latina mantêm o alto nível da língua na sua riqueza de diferenciação, ao preservar as três pessoas gramaticais do singular e do plural: eu, tu, ele-ela, (você, a gente) e nós, vós, eles-elas, (vocês); permanecem assim fiéis à defesa da excelência da língua e contrariando a tendência simplista de se cair no uso de uma língua de carácter “macarrónico” (substituir o uso da segunda pessoa gramatical pela terceira, etc. e com o tempo acabar com o emprego da segunda pessoa verbal).

Por outro lado há demasiados anglicismos conferem um  tom estranho ao serem empregues no uso diário  sem o conveniente aportuguesamento.

Nos média sociais ( Facebook) espalha-se  paulatinamente uma comunicação abreviada e simplista que, com o tempo, poderá levar muitos a não conseguir escrever uma carta em português correcto.

Do mesmo problema se queixam professores universitários que constatam em muitos alunos grandes défices na expressa do português.

No mercado observam-se também cadeias de empresas que não se preocupam em traduzir os nomes dos produtos para as  línguas onde são vendidos.

Na França implementaram-se medidas para defesa e enriquecimento da língua. Em 1994, na França foi proibido o uso de conceitos ingleses sem serem traduzidos. Cada conceito introduzido na língua materna, que respeite o seu espírito, constitui um enriquecimento da língua. (Confesso que, por vezes, uso estrangeirismos por não encontrar ainda termos adequados em português).

A língua é um organismo vivo e como tal aberta ao novo, mas deve ser respeitada sem ser violada; naturalmente há também nichos usados por grupos étnicos, estudantes, estrangeiros, além de regionalismos, dialectos, etc.

Infelizmente o governo pretende diminuir o ensino da língua materna em favor de disciplinas sociais.

António da Cunha Duarte Justo

“Pegadas do Espírito no Tempo” https://antonio-justo.eu/?p=4146

Hora da lusofonia: http://www.uaisites.adm.br/iclas/pagina_ver.php?CdNotici=206&Pagina=Opiniao

Acordo ortográfico segue a via popular: https://antonio-justo.eu/?p=2190

Português para todos: http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2016/12/o-portugu%C3%AAs-deixa-de-ser-l%C3%ADngua-oficial-em-cabo-verde-que-futuro-para-timor-leste.html

MEC brasileiro pretende acabar com a obrigatoriedade da Literatura portuguesa: de Cavalo para Burro?: http://agostinhodasilva.blogtok.com/menu/6/42434/

 

 

DE EDUCAÇÃO ASSIM ATÉ JESUS GOSTA

Uma estruturação equilibrada da pessoa precisa de programas e ritos

 António Justo

Acabo de visitar uma família amiga muito querida e desanuviada. Dela faz parte o Daniel, de quatro anos, muito reguila e maroto (sinal de saúde e inteligência). Passou-se uma tarde alegre sem que a criança no Daniel passasse desapercebida. À despedida, o Daniel já me considerava parte da casa e por isso me fazia caretas. A mãe, pensando que ele já estava a entrar de chancas, disse para o filho: “Não faças isso, o Jesus não gosta!”

Quem não gostou fui eu e o Daniel. E isto motivou-me a escrever este texto.

Não gostei da frase porque a mãe está, assim, a transmitir ao filho a ideia de um Deus controlador, fazendo de Jesus, no caso, um auxiliar de educação pela negativa. Ainda bem que não disse “Deus castiga!”

Na educação é relevante ter-se em atenção a imagem de Deus que se transmite às crianças. Cristãos conscientes não baseiam a educação em proibições nem autoritarismos. Procuram, no respeito mútuo, não só amar mas também mostrar que amam, para, deste modo, proporcionarem calor emocional, aquele sentimento de comunidade, fruto da vivência da relação íntima, mais fortificada quando é acompanhada de brincadeira. Naturalmente na educação também é necessário estabelecer limites até porque as crianças, por vezes, não têm consciência dos limites ou querem experimentar até onde podem ir.

 

O Deus de Jesus Cristo é o Deus do amor. Por isso a educação cristã deve transmitir à criança a mensagem de que é incondicionalmente amada por Deus independentemente dos seus serviços prestados. A educação cristã contradiz assim a norma social que avalia as pessoas pelos serviços que prestam.

Cada criança precisa de receber muito amor, estima e apreço de forma gratuita. Sintonia e compaixão são virtudes que contemplam de maneira especial as necessidades das crianças que não devem ser submetidas apenas à rotina do programa da vida diária.

A melhor maneira de educar é o exemplo que se dá na vivência da fé no dia-a-dia. Coisa não fácil quando somos puxados por tantos afazeres que por vezes nos impede de tomar consciência da presença e das necessidades do outro.

A educação cristã nas famílias além de contribuir para a sua boa higiene psíquica, espiritual e social desempenha um papel salutar na sociedade.

Uma família para se expressar, criar laços e ter uma existência equilibrada e salutar precisa de ter rituais que se repetem regularmente e que dêem oportunidade para criar momentos fortalecedores da identidade e de comunidade. Assim, uma tarefa familiar (lavar a louça!), um beijinho ao levantar, ao chegar do trabalho e uma oração ou leitura de alguma história edificante ao deitar criam momentos comuns e oportunidades de aproximação que doutra maneira se perderiam no programa individual de cada um.

Segundo estatísticas alemãs, uma família cristã reza pelo menos uma vez ao dia com os seus filhos. Constata-se como muito importante a oração antes do deitar, a oração da noite ou a leitura na bíblia para crianças; estes e outros ritos ajudam a transmitir a fé e o sentido de comunidade familiar. O que se faz em conjunto fomenta laços de amizade. Também a frequência regular do culto religioso tira a criança de uma certa anonimidade e dá-lhe projecção social, além de fazer a experiência de oração pública a Deus. Na paróquia a criança vive a fé também através do envolvimento social. A frequência dominical da liturgia além do aspecto religioso é um elemento estruturador de vida e cria na pessoa sociabilidade e prepara para o silêncio interior e para se ver numa perspectiva que não só a individual.

Muitas paróquias onde a afluência dos fiéis é grande, ainda apostam na rotina de uma missa dominical mais dirigida para adultos (criando enfado nas crianças e preocupação nos pais). Urge o imperativo de conceber o culto com para-liturgias (actividades) a partir da perspectiva da criança. Muitas actividades dominicais tornam-se em incómodo e aborrecimento para a criança. Uma má experiência da criança no serviço litúrgico na tenra idade torna-se, mais tarde, na maior vacina contra a frequência da missa dominical, devido à experiência na infância vivida. Há diferentes tipos de espiritualidades e as crianças também têm a sua maneira de experimentar e expressar espiritualidade.

As crianças desenvolvem muitas das suas potencialidades fazendo. O participar no serviço litúrgico com sketchs, com pequenas cancões ou recitações, ou, também, no serviço de acólitos, em actividades de escuteiros, etc., torna-se em verdadeira iniciação de desenvolvimento e enriquecimento da personalidade individual e social de quem participa.

Em família também há momentos menos felizes em que algum dos membros perde a paciência por se encontrar sobrecarregado por algo que não controla e então não reage adequadamente a alguma atitude do filho.

O emprego da violência deve ser tabu em família, mas se por acaso cai uma esquecida, uma bofetada, isto é considerado como resultado da própria fraqueza e como tal acompanhado de um acto de contrição comum, acompanhado de uma reflexão sobre o acontecido e porquês sem querer incriminar ninguém (O bater ou uma bofetada falta ao respeito e ao caracter inviolável da pessoa que já o é inteira na criança). A violência não pode ser justificada cristãmente mas reconhecida e reparada no reconhecimento da fragilidade humana. O emprego da violência é brutal e fomenta a brutalidade. Uma maneira de se integrar o positivo e o negativo na pessoa, para se não ter a necessidade de se refugiar nalguma abstracção, poderia, quando uma criança não está a ser tão boa, ser considerada como um Jesus abandonado e quando a pessoa faz tudo bem, ser considerada Jesus ressuscitado. Sim, em cada um de nós há um Jesus abandonado (na cruz) e um Jesus ressuscitado. De educação assim até Jesus Cristo gosta.

O desejo de transmitir a fé à criança e a experiência concreta de comunidade torna-se cada vez mais premente em famílias cada vez mais stressadas porque determinadas externamente e numa polis que pensa promover sociedade sem a experiência da comunidade, caindo no equívoco que é suficiente um comportamento com um conjunto de princípios individuais regulados por leis e éticas morais ad hoc.

Grande parte dos pais cristãos sentem uma certa tensão e preocupação pelo facto das crianças se encontrarem expostas a uma sexualidade permissiva e grosseira imposta pela sociedade e até por programas escolares de caracter ideológico. Isto e uma total privatização em torno do computador, pode impedir a criança no seu desenvolvimento (falta de contacto social imediato). Há cristãos mais conservadores ou mais progressistas. Em sociedade muitas famílias cristãs são exemplares. Quem convive com diferentes tipos de clientes nota, muitas vezes, uma grande diferença de comportamento entre eles. Geralmente quem tem uma educação religiosa consciente é mais altruísta e tem maior capacidade de empatia.

Investigações sociológicas mostram que pais com prática religiosa regular se sentem bastante seguros na educação e nota-se “entre eles uma harmonia digna de nota em questões educativas “.

Para terminar permito-me colocar aqui uma oração que quando era pequenito repetia em situações que poderiam meter medo. Naturalmente corresponde a uma pedagogia popular nem sempre reflectida; mas muitas coisas valem também pelo efeito que provocam!

São Bartolomeu me disse, que não tivesse medo de nada, nem da noite nem da sombra, nem do que tem a mão furada…Quatro cantos tem a casa, quatro velinhas a arder, quatro anjos me acompanhem, esta noite se eu morrer.

 

© António da Cunha Duarte Justo

Pedagogo

Pegadas do Espírito no Tempo

A QUEM BENEFICIA O OLIMPO REPUBLICANO PORTUGUÊS?

Aeroporto Mário Soares – Imposição de mais um modelo controverso à consciência portuguesa?

António Justo

Não queremos ver Portugal limitado a uma casa assombrada dos espíritos políticos

Na república, a virtude não parece mercadoria que se venda nem que se coloque em lugar nobre! Seria embaraçoso colocá-la nos altares da nação porque então a corrupção comprometida passaria a não ter atracção nem cobertura. A República que era contra os ídolos da Monarquia, sem pôr a mão na consciência, substitui-os pelos ídolos da república.

Aquela república dos homens do avental aproveita-se para entronizar, no lugar dos deuses, os seus comparsas, de maneira qualificada mas discreta. Um Portugal desaportuguesado, o portugal de cima, continua a implementar modelos controversos para assim eternizarem um país de espírito faccioso e divisionista. Cultiva-se um ideário de consciência política partidária individualista que se quer confundível com a consciência comunitária portuguesa (que consequentemente degenera num patriotismo empolado). Em vez de se auto-incensar, a política deveria ter como tarefa fomentar especialmente modelos da cultura e da integração no imaginário português. Na carência de um ideário cultural nacional, fomenta-se uma sociedade de tipo casa assombrada ocupada por espíritos políticos. Precisamos de menos ruído político para nos intervalos do seu silêncio termos espaço público para a cultura. Só assim poderemos dar ao povo a oportunidade de se tornar rei de si mesmo e desviar-se do paternalismo que conduz à subjugação.

Proposta precipitada de Marcelo Rebelo de Sousa

O senhor Presidente da República precipitou-se ao sugerir (15.01.) que o possível novo aeroporto de Lisboa, a ser construído no Montijo, se chame Aeroporto Mário Soares. Ainda o ovo não saiu do ânus da galinha e já as bochechas políticas têm um nome redondo para lhe dar. Com estas e outras o senhor presidente revela-se como um oportuno continuador de um regime de comparsas e amigos preocupado em colocar os seus “santos” no Olimpo de Portugal para o povinho venerar! Como povo habituado a ser colocado à procura de gambozinos não nota sequer que o senhor presidente, à boa maneira do centralismo francês aportuguesado, se adianta com a proposta.  Com este procder, prescinde da formação de opinião a partir do povo e indirectamente pressupõe a questão da decisão da construção daquele aeroporto, como facto consumado. Deste modo vem dar continuidade à realidade macrocefálica de uma capital sem corpo e também não tem em conta a falha sísmica do Vale do Tejo.

O rescrito da nação terá de deixar de ser delineado só pelos caracteres políticos do Estado. Portugal precisa de uma outra narrativa que não a política, uma narrativa com um fio condutor não do poder mas do espírito cultural, para poder tornar-se num impulso criativo para uma geração de novos portugueses e novos políticos. Não precisamos só de homens, que, de regime em regime, se afirmem pela oposição ou pela afirmação, precisamos de personalidades da cultura com capacidade de atrair uns e outros. Mário Soares é uma grande personalidade dentro do partido socialista português mas como personalidade nacional provocou grandes bens e grandes males.

O futuro de um povo depende do cuidado dos seus mitos

O pressuposto do futuro está na memória. É natural que um país precise de pessoas de referência que permaneçam no ideário popular para, de forma duradoura, configurarem o sentimento de identidade nação-povo. O que não é natural é que devido ao provincialismo antiquado da classe política, refugiada em Lisboa, os políticos continuem a querer impor os seus corifeus como personalidades exemplares para o país.

A República portuguesa seria bem aconselhada se procurasse fora da política as suas personalidades de referência. Portugal tem tido, na sua história, personalidades de alta relevância na cultura, na literatura, nas artes e nas ciências; este é o campo propício onde se encontram personalidades de referência nacional e internacional, propícias para a fomentarem a sustentabilidade da alma portuguesa.

A república tem produzido personalidades demasiado partidárias e controversas para poderem servir de exemplo e funcionarem como factores de integração do povo português. Mário Soares teve o mérito, de, com outros, impedir a implantação da ditadura comunista e neste sentido se provar como democrata mas nunca poderá ser um homem modelo consensual, sendo, assim, impróprio como factor de identidade nacional. Não se contesta a sua imagem como ícone partidária na paisagem democrática.

Enquanto, numa democracia partidária, a política e a notícia escandalosa continuarem a dominar o espaço da arena pública, a cultura do país está condenada a definhar!

A quem aproveita isto?

Em política há sempre uma pergunta que deveria ser sempre colocada como prova dos nove do que se faz ou pretende fazer: quem se beneficia com isto?

Não seria de benefício para Portugal querer construir um regime político sobre as cinzas do estado novo sem ter consciência de que para se construir um Estado moderno seria também necessária a coragem de se reduzir a cinzas os malefícios crónicos da república e que infelizmente Soares também incorpora e representa. Um povo é um rio que flui ininterruptamente não podendo ser interrompido nem transformado em barragens sucessivas desta ou daquela ideologia!

 

De República vermelha para república arco-íris

Algo não é racional na lógica republicana e na política que tem seguido de colocar os seus ídolos no Olimpo republicano! Por um lado muda o nome de Ponte Salazar para Ponte 25 de Abril e por outro combate e infama o Salazar como se ele não fizesse parte da república. Ou será que querem fazer do Olimpo republicano apenas um lugar para a esquerda e para maçónicos? Num Portugal inteiro, o Olimpo republicano precisa de todos os “santos” para venerar! (Já que falamos em “santos”; não haverá aí uma Maria da Fonte que, para desenfastiar, possa figurar como santa no Horizonte republicano?! Tem talvez a desvantagem de cheirar a povo num Olimpo iluminado que para continuar a ser coerente consigo mesmo terá de ser masculino!)

Já numa acção operada no nevoeiro, os políticos tinham trocado o nome de Aeroporto da Portela para Aeroporto Humberto Delgado; sem o povo notar se vai concretizando uma política de tigela! Gago Coutinho e Sacadura Cabral ficaram a ver navios! O cultivo da memória da história de Portugal tornar-se-ia embaraçosa para os nossos boys que percebem mais de política de interesses do que de cultura!

Em tempos em que governa a instabilidade emocional, penso que seria um acto de racionalidade, optar-se pela denominação de AEROPORTO POVO DE PORTUGAL, num país que se diz republicano democrático e, nessa qualidade, não gostaria de santos!

Portugal dos Pequeninos

O Olimpo português é um lugar sem exigências e como tal não faz sombra à corrupção política. O problema surge para os terráqueos que vivem num Estado em bancarrota e a ter de festejar os seus responsáveis como grandes estrelas no seu horizonte!Vivemos contentes num Portugal político dos pequeninos!

Os tempos políticos que correm, dado serem propícios a gerar muitos políticos do oportuno, deveriam deixar os políticos viver à vontade, mas exigir deles o critério de não terem o descaramento de desonrar o povo obrigando-o a ajoelhar perante os seus nomes. Porque não dar o nome das localidades aos aeroportos? Pouco a pouco se vai tendo a certeza que nos encontramos numa democracia sem baronesas mas que tropeça nos barões.

Cada sistema é coerente em si e como tal constrói os seus “santos” que se querem intocáveis! Doutro modo não haveria fiéis! Para os da sociedade de baixo vale a moral dos sentimentos; para os da sociedade de cima vale a ética dos interesses! Por estas e por outras é que reina a confusão!

António da Cunha Duarte Justo

© Pegadas do Espírito no Tempo

 

A “PONTE SALAZAR” DEPOIS “PONTE 25 DE ABRIL” COMEMOROU O SEU 50° ANIVERSÁRIO

A Ponte Salazar, inaugurada a 6 de Agosto de 1966, passou há 42 anos a ser chamada Ponte 25 de Abril. Era na altura a quinta maior ponte suspensa do mundo e a maior fora dos EUA.

Uma República envergonhada de si mesma rouba ao passado o que não lhe pertence na esperança de viver do princípio, que o povo é massa de manobra e tudo o que vem à rede é peixe e o que não mata engorda.

Em nome da liberdade, os abrilistas apropriaram-se do nome da ponte. Agora, nos meios socais, parte da esquerda sisuda e arrependida reconhece que fez mal e por isso, surgiu entre ela a ideia de lhe mudar o nome para Ponte da Liberdade, como se a liberdade tivesse dono e em Lisboa já não houvesse uma Avenida da Liberdade anterior à revolução!

O povo português tem sido enganado ao ver ser atribuída a liberdade em Portugal à revolução de Abril. O movimento da liberdade já há muito se encontrava no coração e nas actividades de muitos portugueses de esquerda e de direita que actuavam não só nos ambientes comunistas.

É ilegítimo querer fazer passar a ideia que a liberdade e a democracia eram propriedade de forças radicais da esquerda.

Os senhores abrilsitas até da razão se apoderaram ao assenhorarem-se da revolução cultural em via também em torno do Bispo do Porto, Dom António e da camada jovem que vivia o espírito do movimento 68 e anteriormente pelas grandes discussões de preparações para o Vaticano II no meio católico. Doutro modo teriam de consequentemente assumir também as barbaridades e traições executadas por uma esquerda radical anterior e posterior ao 25 de Abril.

Um dia a ponte 25 de Abril voltará a ser chamada Ponte Salazar, não por razões de revanchismo ou de saudade de autoritarismos mas por razões de memória e de justiça num povo que precisa de pontos salientes para melhor se orientar.

Vive-se bem da ideologia servida ao povo como ópio tranquilizante. O problema é crónico mas pode ajudar a lucidez de o reconhecer.

António da Cunha Duarte Justo

© Pegadas do Espírito no Tempo

CASAMENTOS NULOS SE EFECTUADOS COM CRIANÇAS DE IDADE INFERIOR A 16 ANOS

O Lugar de Meninas menores é na Escola e não no Casamento

António Justo

Segundo informação do Ministério Federal do Interior, na Alemanha são conhecidos 1.475 casamentos com menores  de 16 anos. 361 deles são menores de 14 anos. A maior parte são meninas que se encontram casadas com homens muito mais velhos.

Na Alemanha, os partidos da coligação (CDU-SPD-CSU) concordaram em proibir casamentos de crianças. De futuro, serão anulados os casamentos de pessoas com menos de 16 anos. O projeto de lei do ministro da Justiça Maas, deve ser implementado o mais rapidamente possível.

Na Alemanha a Idade de consentimento sexual atinge-se aos 18 anos. A imigração de países islâmicos representa um desafio ao direito alemão da família. A CDU quer uma lei não diluída por o casamento de menores violar o bem-estar da criança e a decência moral. Assim se quer impedir que o regime patriarcal de casamento discriminador do sexo se volte a instalar na sociedade alemã.

Há temas que se encontram na fila à espera por Godot! Na Europa, o código civil não se encontra ainda adaptado aos costumes de imigrantes muçulmanos, o que provoca por vezes uma certa cumplicidade destes com a Sharia. A tentativa do projecto de lei do ministro Maas é uma medida que tenta opor-se à ” lei religiosa Sharia” que se aplica tacitamente nas nossas sociedades ocidentais na sombra das mesquitas.

Nos países islâmicos a questão do abuso da mulher não é encarada com grande apreciação porque o próprio profeta Maomé se casou com uma menina de 9 anos e a pática da escravização de mulheres e crianças (e a política de casamento) sempre se mostraram como grande factor de expansão e de recompensa económica.

Segundo a UNICEF os países com maiores taxas de casamento infantil são, Níger (com 75%), Chade (72%), Mali (71%), Bangladesh (64%), Guiné (63%). Na Indonésia também há uma grande percentagem de casamentos infantis. Na Índia também há muitos casamentos infantis, tendo este costume sido introduzido aquando da invasão muçulmana.

Muitas famílias dão a filha ao que oferecer mais dinheiro para resolverem problemas económicos. O fenómeno dos casamentos infantis é já muito antigo e anterior ao islão. Os invasores muçulmanos, na sua política de expansão recorriam à escravização como factor económico e praticavam muitas vezes a pirataria roubando mulheres e meninas não casadas o que levou povos e grupos a introduzir no seu meio o casamento infantil como medida de autodefesa e de preservação.

Há países islâmicos que civilmente não permitem o casamento infantil de meninas. Mas estes Estados reconhecem a lei islâmica da Sharia e como os tribunais religiosos têm o poder de substituir o código civil então este torna-se letra morta.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Espírito no Tempo

OS FACTOS NÃO CONTAM O QUE CONTA É A SUA INTERPRETAÇÃO

Pós-facto – a palavra do ano no discurso do populismo das elites e do povo

António Justo

A palavra do ano
A Sociedade para a Língua Alemã (SLA)escolheu a palavra pós-facto como palavra do ano 2016. Fundamentou a sua escolha no argumento de que nas discussões sociais e políticas valem mais as emoções do que os argumentos e os factos. Na Alemanha surgiram movimentos populares que se queixam da “imprensa mentirosa” por esconder aspectos negativos relativos aos refugiados/estrangeiros e acusando a política de andar atrás dos acontecimentos e só reagir “a posteriori” à crise dos refugiados, etc. Como pano de fundo, a SLA considera o resultado do referendo e das eleições que tiveram como consequência o Brexit e a eleição de Trump como fruto da emoção e não da razão. Assim, a opinião pública já não se orienta pela exigência da verdade mas pelo sentimento da verdade. O jornalismo representante da classe estabelecida classifica o Brexit, a eleição de Trump e a crítica geral à política de refugiados como resultado do populismo.

Populismo tornou-se em palavra de ordem

Daí o uso da palavra populismo de maneira inflacionária por críticos e criticados e em especial pelo jornalismo estabelecido que comenta as novas formações políticas (críticas do regime) como meramente baixas e emocionais à margem de argumentos. A palavra populismo ou populista é conotada depreciativamente por cheirar demasiado a povo e usar palavras demasiado claras e simples numa retórica que se quer complicada.

A emocionalização da sociedade e da política evita deixar espaço para argumentos e factos. Prescinde-se da argumentação porque chegamos ao “quem pode pode e quem pode manda”! No discurso o sentimento passa a ter mais importância que a razão factual. Este fenómeno é de observar tanto na retórica elitista como na popular.

A classe política e jornalística também usa palavras discriminatórias e emocionais para classificar o novo fenómeno que considera refutado pelo facto de o denominar de populismo ou populista; em vez de usar argumentos contra as teses e aspirações deste, o jornalismo, considerado sério, abusa deles e do público que informa ao fazer uso de adjectivação negativa e de palavras emocionais como “populistas”, “intolerantes”, “racistas”, “discriminadores”, “pós-fácticos”, “direitas”, “fundamentalistas”, etc e ao evitar discutir os seus argumentos.

Em vez de entrarem numa discussão séria sobre as questões que aqueles levantam, entram numa verdadeira campanha de difamação do adversário ou de quem se torne incómodo. Alimentam-se das mesmas emoções que condenam nos outros (p.ex. AfD).

Exemplo de manipulação grosseira

Para dar um exemplo do que está em jogo refiro aqui o que observei num canal de notícias da TV pública alemã, relativamente ao governo da Polónia, que não alinhava na política de asilo que a Alemanha queria impor à UE; na notícia o emissor televisivo apresentou pessoas do governo polonês a preto e branco e de forma ralentada. O povo inocente que vê as imagens de tal notícia, numa televisão a cores, nem nota que a apresentação das referidas pessoas a preto e branco cria inconscientemente no espectador a ideia de um governo atrasado e das imagens em câmara lenta sugere um caracter ameaçador! O mesmo se observa em reportagens em que se quer dar a impressão de haver muita gente embora havendo pouca, filmando os poucos de forma continuada mas de várias perspectivas, ou para manipular empatia apresentarem-se imagens de crianças ou mulheres que choram e não outras mais características e relevantes para compreensão da situação. Isto é manipulação banal em programas informativos que se suporiam objectivos e independentes na informação!

A sabedoria popular costuma dizer que “em casa sem pão todos ralham e ninguém tem razão”; no caso talvez fosse mais apropriado dizer que todos ralham porque todos têm razão e o alarido que se nota nos meios de comunicação social é devido ao facto de haver uns que teriam muito a perder e outros que quereriam ganhar algum! Na nossa praça pública, na luta de interesses contra interesses ganha quem tem o megafone na mão. Temos o populismo dos de baixo contraposto à arrogância do ‘superiorismo’ dos de cima. Um caminho para a solução seria cada grupo deixar de projectar as suas sombras no outro, para poder superar situações unilaterais polares.
© António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Espírito no Tempo