O 1° de maio não se reduz a dia das caminhadas, ele continua a ser o dia do trabalhador e empregados em geral (1). Numa época em que máquinas e robots vão substituindo a “mão de obra” poderia surgir a dúvida da necessidade dos sindicatos. Questionar a necessidade dos sindicatos seria uma falácia dado o globalismo liberal ser de tal maneira centralizador, regulador e controlador que cada vez exigirá mais a organização das pessoas e regiões em grupos sociais e iniciativas de solidariedade, como reacção de autodefesa, dado o indivíduo passar a não ter qualquer relevância.
A greve (paralisação do trabalho) é o único instrumento que os mais fracos têm – na falta de diálogo e de responsabilidade – para fazer valer os seus interesses.
A inteligência artificial está a revolucionar o mundo do trabalho de uma forma inimaginável; a mudança estrutural em via terá, certamente, como primeira consequência a introdução da semana de quatro dias.
Perante a inflação provocada, as reivindicações dos sindicatos terão de ser fortes e pragmáticas. Salário não é tudo, precisa-se de mais flexibilidade e de mais tempo para a família.
As populações não podem viver em crise permanente. Na Alemanha, é de notar a rapidez com que os políticos arrecadaram 100 bilhões de euros em benefício de armamentos e por outro lado a sua rigidez e sobriedade no tratamento do pessoal hospitalar e dos serviços de assistência.
A oportunidade de se envolver em um futuro mais justo e solidário.
É um princípio dos sindicatos (e não só deles) que para se ter sucesso é necessário agrupar-se em torno de reivindicações e impulsioná-las em conjunto. Num momento em que as agendas globais nos orientam e determinam o nosso viver, é mais necessário do que nunca que as pessoas se unam em solidariedade e se organizem. No mundo do trabalho, seria desejável que empregados e patrões trabalhassem solidariamente, como é o caso de uma empresa de metalurgia do meu amigo Agostinho, no Norte.
O emprego sustentável só será possível com investimentos. Os políticos, porém, não podem descansar limitando-se a garantir salários baixos como meio de atrair investidores.
António CD Justo
Pegadas do Tempo
(1) https://www.gentedeopiniao.com.br/opiniao/1-de-maio-dia-do-trabalho-trabalhador