52.000 desabrigados vivem regularmente ao ar livre
António Justo
Segundo estimativas do Grupo de Trabalho Nacional dos Desabrigados (BAGW), no ano passado, 52.000 pessoas ficaram regularmente desabrigadas (ao ar livre) e cerca de metade dos desabrigados na Alemanha vêm da Europa Oriental. A falta de habitação social é crucial.
A estatística do BAGW distingue entre os desabrigados que vivem na rua (obdachlose: 52.000), os sem-habitação (Wohnungslose: 440.000 pessoas sem habitação que procuram soluções de emergência dormindo com amigos ou conhecidos, em outros lugares ou mesmo em dormitórios financiados pelo Estado) e se se juntarem os refugiados sem habitação o BAGW chega a um total de 860.000 pessoas afectadas (muitos refugiados reconhecidos vivem em alojamentos de emergência).
Desde 2014, houve um aumento de cerca de 150% na estatística dos desabrigados. Em 2008 havia 20.000 desabrigados em todo o país.
Em Berlim, onde vivem 10.000 pessoas sem abrigo, alguém deitou um líquido (tipo gasolina) sobre dois homens sem abrigo e incendiou-os enquanto dormiam, na Estação Schöneweide. Os dois encontram-se agora gravemente feridos a ser tratados num hospital.
Em Berlim,“30 por cento dos sem-abrigo são mulheres. Muitos europeus de Leste encontram-se sem abrigo porque fazem parte daqueles que vieram para a Alemanha para trabalhar e falharam por várias razões. Ou são refugiados reconhecidos que não conseguem encontrar um lar, refugiados não reconhecidos que submergiram da sociedade organizada e querem evitar ser deportados, pessoas com problemas mentais, com álcool ou drogas ou berlinenses que simplesmente não têm dinheiro para pagar o seu apartamento”. Também há muitos para quem o saco de dormir é a sua casa, tendo estes o direito de viver como querem – até na rua.
Segundo investigações publicadas em Hamburgo, “pagar pela falta de moradia é sete vezes mais caro que a prevenção da falta de moradia”. Hamburgo em 2011 gastou 46 milhões de euros em pessoas sem teto e desabrigadas.
O pesquisador de pobreza Harald Ansen distingue três grupos principais entre os “sem-teto”:
– “Pessoas em situações críticas da vida, devido a uma separação, perda de trabalho ou dívida.
– Jovens saídos de instituições de apoio à juventude com grandes lacunas biográficas.
– Pessoas com biografias quebradas que viveram sempre marginalmente, muitas vezes com alta mobilidade profissional, como marinheiros”.
Há assistentes sociais que descrevem parte da génese do prolema desta maneira: primeiro perde-se a mulher, depois vem o álcool, então o trabalho vai-se embora e por fim o apartamento fica em perigo.Algo está errado na cabeça de muitas pessoas e na política social. Os desenraizados, solitários e mais fracos, num dos países mais ricos do mundo, constituem uma acusação permanente à classe política.
António da Cunha Duarte Justo
“Pegadas do Tempo”
Esse país pode ser rico, aliás qualquer um, mas enquanto houver desabrigados, à fome e socialmente rejeitados, são países , cujos espíritos governantes não têm o mínimo de categoria social e muito menos possuem qualidades humanas. É um dever do estado dar abrigo e pão aos seus cidadãos. Infelizmente, uns comem e roubam demais, senão daria para todos. Acredito que haja classes sociais diferentes, trabalhos, grau de educação escolar, mas não é motivo para nenhum deixe de viver em condições de dignidade…
Neusa Sobrinho Amtsfeld
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Tempos atrás eram os Emigrantes, hoje são os Migrantes. O mundo evolui, mas a realidade nada muda. Milênios é assim.
Jorge Rosmaninho
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Muitos ainda vivem na ilusão que são melhores que as pessoas de outrora. Isto dá-se também devido ao facto de não conhecerem o passado nem o presente e especialmente por não se conhecerem a si mesmos!
ENTÃO, MERKEL???? TEM SANGUE NAS MÃOZITAS!!!! E VEEM MAIS ??????
Colili Martins
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A Angela Dorothea Merkel,não manda só,mas com o sua coligação “,GROKO”
Vivi em Berlim uns anitos,lá para as “bandas”de Steglitz—Dahlem .Um certo dia a pasta de senador do interior foi entregue,ao Cristão democrata (CDU) de nome Heinrich Lummer.Começou a caça a tudo que era de esquerda,e contra os estrangeiros.Nada de dupla nacionalidade ,quem não trabalha expulso desta cidade,etc,etc.Atualmente a situação está bastante confusa,e para perceber melhor a situação,é ler o ex buergermeister de Neukoelln Heinz Buschkowski que explica os problemas sociais desta cidade.As politicas de desigualdade social,pode originar conflitos !
Manuel Adaes
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O problema é tão sério e tão grave que seria cinismo partidarizar o problema!
Buschkowsky foi Prefeito distrital do distrito berlinense de Neukölln, tornou-se conhecido com o seu grito por socorro em 2004 de que constatou que “o multiculturalismo falhou” pondo na mesa da opinião pública questões sociais, como a delinquência juvenil e o desemprego, casamentos forçados e homicídios de honra entre muçulmanos. Devido à experiência tida defendia uma atitude política que combinava prevenção e repressão em relação às “famílias desordeiras “. Escreveu o livro “Neukölln está em toda parte” e não é bem visto pela classe do politicamente correcto pelo facto de usar uma linguagem popular acessível a toda a gente. A camada que vive bem do sistema prefere que pessoas da alta falem uma linguagem só acessível a académicos. Ele que é membro do SPD diz: “o SPD não se importa com os interesses dos pequenos e, portanto, com muitos migrantes. Em vez disso, é pregado um relativismo cultural que só prejudica a todos”.
A Merkel afirmou mais do que uma vez,que o ” multiculturalismo falhou” O Buschkowsky,está certo na analise que faz sobre este problema!
Manuel Adaes
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Com a experiência política e social que tive principalmente nos anos 80 sempre defendi uma política intercultural e não uma política multicultural.
Já nos anos 80 defendia eu uma política da intercultura e não a da multicultura! Então tinha sido eleito pelos cidadãos portugueses e franceses da cidade para o Conselho de estrangeiros da Câmara municipal. Como me dediquei de alma e coração à causa dos estrangeiros pude, passados anos de experiência directa e de aplicação intelectual ao problema turco, verificar que a política da multicultura ainda fomentava mais os guetos muçulmanos.
O espírito do politicamente correcto quer do CDU, SPD, VERDES, Liberais era contra a minha posição porque estavam mais interessados na angariação de membros estrangeiros para os partidos e consideravam que se eu falasse sem tabus dos problemas de estrangeiros isso era perigoso porque corresponderia a mexer nos excrementos do panelão da sociedade e importante era colocar o testo sobre ele para que o cheiro não saísse para o público, o que prejudicaria a imagem de todos os partidos.