SOCIEDADE SEXISTA MELINDRADA
António Justo
Segundo a revista Psychologie Heute, de Março 2010, “na Alemanha anualmente há, aproximadamente, pelo menos 300 a 600 casos de contactos sexuais entre psicoterapeutas e pacientes”. Por muito que isto seja lamentável devido à relação de dependência do paciente para com o terapeuta, não é legítimo estigmatizar os psiquiatras e psicólogos, como a imprensa tenta fazer com os padres. A Universidade de Colónia investigou 77 vítimas de terapeutas verificando que 86% das vítimas eram femininas. Das 77 vítimas 30% já tinham sido vítimas de abusos sexuais na infância. 71% dos terapeutas eram homens com uma idade média de 47 anos. Na Alemanha, segundo a lei, terapeutas que tenham relações sexuais com pacientes tornam-se puníveis. O abuso sexual está na ordem do dia na nossa sociedade.
O abuso sexual de menores nas famílias, independentemente da Pedagogia Reformista, alcança percentagens impensáveis. O sofrimento das vítimas prolonga-se, geralmente, por toda a vida. A libertação sexual e a luta contra os tabus sexuais não deve criar e alimentar o tabu do sofrimento e a escravidão sexual que graça como praga social. Os crimes de alguns padres poderá ter a vantagem de alertar a sociedade a não desviar o olhar e não se tornar cúmplice com o que acontece nas famílias, nas escolas, nas prisões e na justiça. A maioria do abuso de menores dá-se no seio familiar.
É verdade que também na Igreja as vítimas foram ignoradas. A Igreja perdeu de vista as pessoas, ao calar-se e ao desviar o olhar dos abusos. O amor e a confissão não podem levar ao esquecimento das vítimas. Não se justifica porém a campanha intensiva dos Media durante semanas contra a Igreja.
Também nas escolas públicas estatais cada vez mais se tornam públicos casos de abuso de crianças por parte de professores. Associações de Pais e de Educadores na Alemanha exigem a criação de Hotline para o caso de abuso sexual nas escolas, para que crianças vítimas se possam manifestar sob anonimato. Continua discutível se a Hotline será domiciliada no Ministério da Educação ou numa repartição de aconselhamento independente.
Uma disputa séria chama a atenção para a necessidade de se centrar a discussão na situação pessoal da criança. Segundo a Comissão europeia, pelo menos 10 a 20% das crianças menores de 14 anos sofreram de abusos sexuais. Bruxelas quer agravar sanções contra a pedofilia nos estados membros.
Para se ter uma ideia da campanha tendenciosa contra a Igreja e a instrumentalização ideológica dos casos de pedofilia na Igreja, basta referir as estatísticas da USA onde em 42 anos 958 padres católicos e pastores protestantes foram acusados de abuso sexual de menores, tendo sido 54 condenados.
O que é de admirar é o facto de serem referidos mais casos de pedofilia entre pastores do que entre padres. Também, contrariamente ao resultado de investigações científicas, se procura estabelecer uma conexão causal entre celibato e abuso de crianças.
No mesmo espaço de tempo foram condenados 6.000 professores de ginástica e treinadores desportivos na USA. Disto ninguém fez notícia. A campanha secularista contra o cristianismo tenta deslegitimar a moral da Igreja católica na sua diaconia em hospitais e escolas… Estão-se marimbando para os réus ou para as vítimas. Um laicismo agressivo e militante propaga a ideia de que as crianças se encontram em perigo nas escolas da Igreja. Esquecem que, pelo facto de haver pedófilos na escola do Estado, ninguém diria que a escola é um perigo.
Do Fanatismo Religioso para o Fanatismo Ideológico
Também o ressentimento dos adversários da Igreja conduz ao esquecimento das vítimas. A rede de propaganda é de tal ordem e tão cerrada que, qualquer pessoa com formação média poderá constatar, sem mais, a lavagem ao cérebro do cidadão, em via. A acção coordenada de campanhas cíclicas anticristãs a nível de toda a União Europeia são o melhor testemunho da boa organização e das redes de uniões secretas, grupos marxistas materialistas e ateus. Para isso bastaria fazer-se um estudo comparativo dos títulos de todos os meios de comunicação social, em todos os jornais da Europa; quase se repetem. Quer-se, a todo o custo uma União laicista baseada num republicanismo jacobino. O capitalismo e o progressismo não admitem rivais!
O fanatismo que na Europa já parecia ter superado renasce com a União Europeia no fanatismo secularista e partidário contra a Igreja; desvia assim a atenção do cidadão, da criação duma sociedade base cada vez mais pobre e da bancarrota dos Estados. A pretexto de alguns padres pedófilos, a opinião publicada na TV, Internet, rádio e jornais fomenta o preconceito de que a igreja é o vale dos hipócritas e dos pedófilos. A má consciência e a má intenção são capazes de tudo!
Os militantes do fanatismo em vez de coordenarem forças, com todas as pessoas de boa vontade, em defesa das vítimas e dos oprimidos aproveitam-se dos crimes de alguns para incriminar toda uma instituição. A eles só lhes importa assunto para fomentar o seu poder seja à custa de quem for. A igreja já ultrapassou o seu fanatismo religioso militante, agora encontramo-nos, a nível europeu, na era do fanatismo militante secularista e ateu. Sabem que o povo mais desacautelado, é inocente, se deixa levar! Muitos aproveitam-se do carrossel dos média e outros aproveitam a boleia. Por isso falam da responsabilidade da Igreja e calam a responsabilidade dos criminosos, como se estes fossem menores. O cardeal alemão Karl Lehmann diz num artigo do DIE ZEIT: “já há muito que se procura a culpa primeiramente no colectivo e quase sempre no Sistema”.
Apoio a Igreja mesmo que ela não me apoie a mim. Antes combatia a instituição eclesial como era moda nos anos 70. Tenho experiência a nível de Igreja e de alguns partidos. A Igreja, nalguns pontos, a nível superficial, é retrógrada; porém, a nível da visão do Homem e da sociedade (cf. Encíclicas da doutrina social da Igreja) é, de longe, mais progressista e avançada que qualquer partido. A sociedade só conhece dela o folclore e aquilo que lhes importa para se afirmarem à sua custa. A Igreja é, ao mesmo tempo, pecadora e santa como toda a pessoa de boa vontade. Já os Padres da Igreja falavam da Igreja “casta prostituta “. A Igreja, como instituição, é tão pecadora e tão santa como a sua comunidade, os seus membros. Estes são homens e mulheres com tudo o que lhes pertence: o bem e o mal.
Os fariseus secularistas cospem no farisaísmo da Igreja; o mal está presente em toda a parte mas na Igreja brilha mais. Por todo o lado cheira a próximo. Ela é prostituta mas só ela é mãe e pode proteger e guardar o tesouro da fé cristã; sem a mae, com a morte do indivíduo, morria a tradição. A fé mantém-me na Igreja. Eu manteria a fé na Igreja de Jesus Cristo, mesmo sem a instituição. Admiro na Igreja a adoração dum Deus que é todo Homem e dum Homem que é todo Deus.
Precisamos de crentes e ateus, precisamos de todas as vozes que clamam à terra, vozes que clamam ao céu, para juntos tornarmos o mundo melhor!
A doença da pedofilia, no dizer dos peritos, é muito difícil de diagnosticar e corresponde a uma inclinação profunda e incurável. Pedófilos exploram a necessidade de dedicação das crianças.
António da Cunha Duarte Justo
Alemanha, Jornalista Free
Caro Justo:
Agradeço-te muito por este teu esclarecimento tão ordenado e claro.
Também eu sinto uma imensa dor pelo que se tem vindo a passar, tantos escândalos de pedofilia
logo neste que é o ano sacerdotal!
Imagino um pouco o sofrimento gigante do Santo Padre ao deparar-se com estes casos que abalam a
fé dos dúbios e confirmam a tibieza dos que têm preguiça em empenhar-se como autênticos cristãos.
Já o fato do Papa ser alemão, levou alguns a procurarem algo para o incriminarem.
Na mensagem de Fátima fomos educados a rezar muito pelo Santo Padre para ele conseguir aguentar a
cruz da Igreja universal. Foi a Jacinta que nos alertou para o sofrimento atroz do Sumo Pontífice.
No fim do Terço, ela rezava as 3 Ave-Marias sempre pelo Santo Padre, cuja perseguição viu na aparição de
de julho.
Num dos passeios, junto do poço do tio, teve a seguinte visão:
“Vi o Santo Padre numa casa muito grande a chorar. Estava ajoelhado diante de uma mesa com as mãos à
frente da cara. Do lado de fora da casa havia muita gente. Uns atiravam-lhe com pedras. Outros amaldiçoavam-
-no e diziam-lhe palavrões. Coitadinho do Santo Padre! Temos que rezar muito por ele.”
Toca-a particularmente o tratamento desumano que o Santo Padre experimenta na 3.a parte do segredo.
A figura vestida de branco reúne na luz a comunidade dos crentes num cenário de escuridão mortífera e de
tom apocalíptico.
O afecto de Fátima pelo Sucessor de Pedro cresce a partir da dedicação da bem-aventurada menina e da sua
preocupação com ele no qual vê representada toda a comunidade da Igreja. É uma menina que já atingiu a
capacidade do raciocínio e tem maturidade para saber julgar as dificuldades da missão papal. A dor que ela
sente ao ver a animosidade com que é tratado, é próprio de uma profeta – segundo comentou a Postulação
de Francisco e Jacinta Marto no seu jornal trismestral.
Para mim não deixa de ser enigmático que Bento XVI se desloque a Fátima neste momento de um contexto
de crítica aberta em tantos países.
Será que a Mensagem de Fátima, a 3.a parte do segredo terá afinal tanto a ver com este papa como com
o anterior?
Espero que o nosso povo o receba com todo o carinho e respeito, para ele achar um pouco de consolo e que
Nossa Senhora o cubra da coragem necessária.
Que tempos estarão para vir?
Quando Joseph Ratzinger apresentou a interpretação da 3.a parte do segredo, referiu que a trajetória é uma árdua
caminhada a subir um monte íngrime e há o convite à penitência repetido 3 vezes pelo mesmo anjo que tem
uma espada em chamas e que Nossa Senhora está a impedir com a sua mão direita que cheguem à Terra.
Temos a liberdade de fazer penitência e acreditar no Evangelho (Marcos 1, 15). Deus não obriga ninguém.
Se seguirmos o conselho celestial, tudo bem. Se não, sabemos que a ameaça de um mar de chamas é
capaz de consumir o mundo. Mobilizemos as forças do Bem. Façamos atos de reparação.
Ratzinger era na altura cardeal e ainda comentou: “O mal tem poder no mundo, vemos e experimentamos
isso, mas Jesus disse “No mundo sofrereis atribulações, mas consolai-vos, Eu venci o mundo.” (João 16,33)
O meu propósito é continuar a oferecer diariamente o dia pelo Santo Padre e passar a incluir na oração da
manhã aquela ensinada em Fátima: “Meu Deus, eu creio , adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para
os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.”
Maria Manuela
Encontrei num dos jornais de Moçambique o seu 2º texto sobre
Nos Meandros Do Sexo
Sociedade Sexista
Melindrada – 2/2
Do Fanatismo Religioso para o
Fanatismo Ideológico
Também o ressentimento dos adversários da
Poderia fazer o favor de me mandar o texto integral?
Obrigado e parabéns, mais uma vez, pela lúcida análise que faz sobre o problema e os problemas neste caso concreto.
Z. L.