A chanceler alemã Ângela Merkel recebeu na chancelaria alemã o Dalai-Lama, representante dum povo subjugado e uma autoridade para budistas dentro e fora da Ásia. Dalai-Lama o chefe supremo dos tibetanos vive desde há 50 anos no exílio na Índia.
Ângela Merkel recebeu o Dalai-Lama apesar dos interesses alemães na China. Este gesto não prejudicará os imensos interesses económicos da Alemanha na China porque o regime de Pequim tomará mais a sério uma Alemanha honesta e leal.
A China faz tudo por tudo para que o tema do Tibete não apareça na ordem do dia a nível internacional. O problema porém só poderá desaparecer da ordem do dia desde que a China resolva o problema com responsabilidade. O interesse económico não se deveria impor à custa da liberdade e da democracia. O silêncio cúmplice de muitos governos ajuda o desejo da China a levar o tema ao esquecimento.
O regime chinês naturalmente que não gosta de ser recordado do mal feito. Verdade é que o olhar severo da grande estátua do Buda de Lantau (Hongkong) tem razão para continuar a olhar severamente na direcção de Pequim.
Ângela Merkel fez frente à China, mostra coragem e que a política também se preocupa com os problemas dos mais fracos a nível de ordem do dia. A Alemanha mostra com este gesto que também vive os seus valores. Não só se preocupa com o pão mas também com o espírito. Faz diplomacia pela liberdade e democracia.
As circunstâncias em que decorreu a visita do Dalai-Lama a Portugal e o comportamento do governo mostraram-se indignos dum Portugal independente e soberano. Tendo embora o socialismo um fraquinho pelos regimes comunistas, quando se encontram à frente dos governos, deveriam porém dar primazia aos interesses do Estado e da democracia.
Também a demonstração suave dos monges budistas em Birma na defesa de direitos humanos e da democracia bem como o seu grito subjacente de apelo à ajuda internacional mereceria mais empenho público e não apenas palavras bonitas e accionismos ocasionais.
António Justo