Universo – Uma Metáfora

Como começou o universo, de que consta e o que é que o mantém? Estas perguntas permanecem constantes em toda a humanidade e durante todos os tempos.

Cada época dá diferentes respostas às mesmas perguntas. Isto corresponde à necessidade de se querer ordenar o mundo, de querer arrumá-lo. Para uns o mundo começa com o Big Bang (Explosão inicial) para outros com Deus.

Com Nicolau Copérnico a Terra passou a ser ordenada no sistema solar. A consciência de se estar no centro do mundo foi-se. A Terra deixa de ser o centro do universo e com isto surge uma nova consciência humana. Com a insignificância da terra também o ser humano passa a ser satélite, uma função mecânica anónima. Do humanismo dá-se o passo para o materialismo. Hoje os astrónomos relegam a Terra para a periferia dum universo ao lado de muitos outros. E o ser humano onde se encontra?

A visão do universo correspondente à visão da matéria. Microcosmo e macrocosmo correspondem-se. Da matéria dos átomos passa-se às formações universais. O universo consta apenas de 1 a 5% de matéria visível e é activado por uma força invisível; os cientistas especulam sobre os 95% que faltam falando então de matéria escura e de energia escura. A força que move o universo não é conhecida; o universo está cheio do que se não conhece. Fala-se mesmo de vários universos. As imagens da realidade dos cosmólogos são tão diversas como as dos teólogos sobre Deus e o mundo. David Groß, prémio Nobel americano, afirma: “Nós mesmos não sabemos do que falamos”. Constroem-se teorias que depois se procuram provar. A investigação dos macrocosmos e dos microcosmos complementam-se.

Lee Smolin da University of Waterloo refere que “hoje a maior parte do que os teóricos publicam sobre as bases da física não se pode examinar”. É difícil encontrar provas para a nova mundivisão. A origem e a estrutura base do universo não foram ainda equacionadas em fórmulas.A física encontra-se empenhada na procura duma nova imagem do mundo, na procura da sua fórmula.

A física conhece 5 estados da matéria: sólido, líquido, gasoso, plasma (gás ionizado que forma mais de 99% do universo visível) e condensado, segundo Bose-Einstein (um estado em que os átomos participantes vibram na mesma frequência e se alcança à temperatura de -273 graus Celsius). Temperatura é energia do movimento.

O universo é uma metáfora de Deus. À semelhança dos mundos “físicos” formam-se as mundivisões.

Para a física astronómica o universo originou-se dum “ponto nulo” através da explosão original. Para a matemática o ponto é um nada. Para a filosofia ele é a medida de todas as coisas. Para a teologia cristã é Deus, que se especifica na fórmula trinitária.

O filósofo Euclides definiu já 300 anos antes de Cristo o ponto como “algo que não tem partes.” O ponto negro é um ponto infinitamente pequeno de tal modo comprimido que materialmente não existe e ao mesmo tempo contem a matéria das estrelas solares mortas. Ele é de tal modo comprimido que nem sequer luz irradia.

Chegamos a uma imagem do mundo de céu aberto em que o centro se encontra em toda a parte e se reconhece o não-material como origem do mundo material visível. Isto implica a formação duma nova consciência e duma nova mundivisão com consequências inestimáveis para o futuro.

Para Teilhard de Chardin matéria e espírito são os dois rostos do mesmo elemento cósmico, dois estados da criação. A criação é um acto contínuo da evolução biológica e histórica e “Deus é o coração de tudo, o coração da matéria…” (O cientista e teólogo Teilhard de Chardin antecipa a nova consciência que ainda continua a passar desapercebida na pós-modernidade. A mudança iniciada no séc.XX só pode ser comparada com a mudança de consciência do renascimento, só que desta vez para melhor! A globalização em curso é um fruto exterior da mentalidade nascente).

A medida da humanização do ser humano orienta-se para o ponto Ómega, a incarnação. Tudo se encontra a caminho desse ponto. Cada um, por vias diferentes, está a caminho na procura da luz que se encontra na matéria: “Eu sou a luz do mundo”.

“Consola-te, tu não me procurarias se me não tivesses já encontrado”, já sabia Blais Pascal. Agostinho juá tinha chegado à mesma experiência.

Aqui se torna latente o irromper duma nova consciência, uma nova maneira de estar no mundo que é comum à Física, à Cosmologia e à Teologia. A política ainda não despertou para a nova realidade!

António Justo

António da Cunha Duarte Justo
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António da Cunha Duarte Justo

Actividades jornalísticas em foque: análise social, ética, política e religiosa

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