ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) METEU O PÉ NA POÇA

 

Trump acusa a OMS de negligência e partidarismo

O presidente Trump, em tempos de campanha eleitoral, puxa dos trunfos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) lhe deu. O Presidente suspendeu (13.04) a verba destinada à (OMS) de que os USA são os maiores financiadores. Argumenta que vai suspender o pagamento à organização por 60 a 90 dias para durante este tempo examinar o papel da OMS no “” maltratamento e disfarce da propagação do coronavírus”.

Para Trump “uma das decisões mais perigosas e dispendiosas tomadas pela OMS foi a deliberação desastrosa de se opor às restrições de viagem da China e de outros países” que ele tinha decretado nos finais de Janeiro, ao proibir a entrada nos USA a viajantes estrangeiros que viessem da China. Para Trump, a OMS ao ter contrariado tal recomendação, tornou-se cúmplice contribuindo para que a expansão do vírus acelerasse em todo o mundo. Acusa também a OMS de não ter examinado criticamente as informações de Pequim chegando até a louvar a sua “Transparência”.

De facto, a OMS ignorou as informações iniciais de Taiwan de que o vírus se transmite de pessoa para pessoa e além disso a OMS tomou partido político pela China louvando-a pela sua “transparência” quando a China tinha encoberto, durante um mês, a gravidade do vírus. A OMS declarou, em Março, o coronavírus-19 como pandemia. Foi crassa a posição da organização da ONU revelando-se como erro político ao tomar partido pela China contra Taiwan e por se ter colocado contra o encerramento das fronteiras, ao considerar que a China era um financiador importante da organização e por ser um investidor relevante em África.

A atenção jornalística e consequentemente popular tem-se centrado no Coronavirus e nas decisões dos governos, deixando assim as querelas do negócio político de dominar a cena pública.

Uma vez que os sistemas de saúde estejam preparados para darem resposta aos contaminados pelo vírus passar-se-á a ter, no palco da opinião pública, as lutas da economia, da política e correspondentes ideologias.

A crise actual questiona não só o capitalismo globalista como o sistema comunista chinês. Tudo já leva a crer que a discussão se retomará em termos de extremismos sejam eles capitalistas ou socialistas.

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo

BOA PÁSCOA! SOMOS FEITOS DE LUZ E TREVA, ALELUIA!

Queridos Leitores e Amigos!

Neste tempo de quarentena em que se vive sobretudo sob o manto das estrelas noturnas, somos levados a ressaborear o Sol da vida que a luz do dia, até há pouco, nos oferecia. Este anoitecer talvez nos ajude a admirar a outra parte de nós que é a do céu estrelado em que o Sol do nosso dia repousa.

A vida é feita de dia e noite, daquilo a que chamamos bem e mal,  e nós também! No declinar das certezas notamos que permanece a luz da esperança, aquele raio de luz que une o eu ao nós.

No Mestre da Galileia, temos o exemplo dessa mistura de noite e treva, de sexta-feira santa e de domingo de ressurreição: temos a mistura de terra e Céu, de que todos nós somos formados e de que Jesus Cristo é também protótipo. Daí sermos vida em processo, vida feita, toda ela, do eu e do nós. (Quando sofremos sofre o mundo em nós, quando sofremos o vigor da maldade alheia também sofre a sombra da nossa em nós).

O tempo de crise viral que passamos é um momento da nossa vida, um momento de “Sexta-feira Santa” a que falta acrescentar o Domingo de Ressurreição. O Domingo da semana permanecerá ainda rodeado pela esperança da realização completa.

Pelo que verifico em mim, o difícil da vida é conseguirmos integrar em cada um de nós o todo, o todo da Semana Santa que é feita Sexta-feira e Domingo de Páscoa. O mesmo se  pode ver também na analogia da natureza com as quatro estações do ano (inverno, primavera, verão e outono), na vida trata-se de reconhecer e de integrar pessoalmente em nós mesmos o todo integral. Então o encurralamento em que nos encontramos não será tão limitador porque nele temos já o gene divino, as janelas e as portas de que possuímos as chaves.  Então cada um de nós se poderá tornar numa porta ou numa janela aberta em que raia a luz da esperança mesmo nos momentos mais tenebrosos da escuridão. Somos feitos de Céu e Terra, de divino e de humano, e para lá das crenças vamos ajudar-nos uns aos outros a não esquecer o Céu comum a todos nós.

Somos feitos de luz e treva e no reconhecimento da própria treva estaremos mais irmanados e mais preparados para vislumbrar a luz que brilha em nós e nos outros. Somos feitos de noite e dia e a nossa consciência de ser torna-se possível, porque o ser só é ser, só acontece na complementaridade e como tal é de encontrar em todas as partes e não numa só parte (o existir do ser, tal como a moeda, só o é na expressão de duas faces!); creio que esta dicotomia do existir no ser (sombra e luz, terra e céu) só poderá ser sublimada através do amor, da com-paixão e da consciência de se ser parte no todo; e isto num todo a servir-nos e cada um de nós a servir o todo. Neste sentido serão transpostas as incompreensões e inimizades pessoais e sociais e também a luta escura entre os partidos se tornará diferente.

Desejo a todos uma Páscoa saboreada à sombra da Semana Santa. Se não fosse a luz não víamos a cruz e se não fosse a cruz não existiria a vida. Somos feitos de luz e treva, cientes de que o nevoeiro do dia (humildade) nos permite pressentir a beleza das cores que a vida encerra. De facto, o brilho das cores do arco-íris só é possível e reconhecido no fundo pardo da atmosfera!

Se não fosse a luz não víamos a cruz! Se não fosse a noite não víamos o dia, se não fosse o dia não sentiríamos a noite. Importante é reconhecermo-nos e aceitarmo-nos do sermos feitos do que somos e do como somos.

Para todos, família e amigos, uma Páscoa feliz e que o sol da ressurreição nos vá iluminando a sexta-feira santa desta quarentena forçada que estamos a viver.

Jesus resurrexit sicut dixit, Alleluia! Para os que não creem podem saborear a simbologia que a tela da vida nos proporciona. No fundo, o que importa será ficarmo-nos pela luz do amor que em todos brilha.

Um grande abraço para todos

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

A RESPEITO DO CORDEIRO E DAS OVELHAS

 

A ovelha tem um forte sentido de pertença! É um animal frugal e muito rico pela carne, pelo leite e pela lã (Na Alemanha em 2010 havia 22.300 explorações com 2,1 milhões de ovelhas).

A sua utilidade fez dela uma grande acompanhante da humanidade e isto já desde há 11.000 anos, altura em que era domesticada na região do Iraque.

Com o andar do tempo tornou-se também num objecto de culto e num animal de sacrifício (ainda hoje no islão).

Na Páscoa o cordeiro, desempenha um grande papel como símbolo, (cordeiro de Deus) e em lugares cristãos, na páscoa, à mesa, é usado um bolo em forma de cordeiro com uma bandeira.

A ovelha ou cordeiro encontra-se referida na Bíblia em 196 lugares, 159 no Antigo Testamento e 37 vezes no Novo Testamento. Abraão imolou ao seu Deus, um cordeiro, em vez do seu próprio filho (documenta-se com isto o passo dado no desenvolvimento da consciência da pessoa humana!).

Também na fuga do Egipto, do povo de Israel, os israelitas colocaram sangue de cordeiros nos umbrais das portas para que o anjo da morte poupasse as suas casas (origem da festa judaica Pessach).

O cordeiro indefeso tornou-se na imagem de Jesus; ele é o cordeiro de Deus que é abatido e supera a morte; nele o mundo deixa de ser culpabilizado.

A imagem do cordeiro com a bandeira da vitória simboliza a ressurreição de Cristo.

Jesus não é só apresentado na tradição religiosa como o cordeiro de sacrifício mas também o é como o bom pastor que apascenta as suas ovelhas atribuladas e dá a sua vida por elas.

Ficando ainda na simbologia, há que acautelar as ovelhas dos lobos e que reconhecer quando os lobos se vestem de cordeiros.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

PRIORIDADE DE SOCORRO NO TRATAMENTO DE PESSOAS COM O COVID-19

Episcopado alemão contra uma seleção baseada na idade ou na utilidade da pessoa

António Justo

Tendo em conta o debate público sobre possíveis conflitos na tomada de decisões médico-éticas em consequência da pandemia de Covid 19,  a Conferência Episcopal Alemã elaborou um projecto de argumentação para ajudar os leitores a aprofundar o problema, também na sua ponderação ética e orientação.

Segundo o episcopado, na atribuição de locais de ventilação limitada, para o tratamento de infetados com o Coronavírus, os idosos e as pessoas contagiadas não devem ser unilateralmente prejudicados (com critérios de pré-eliminação ao direito de serem tratados), como aconteceu especialmente na Itália, na atribuição de locais de ventilação limitada e em que os mais idosos eram excluídos.

Uma tal seleção terá de ser rejeitada devido a princípios éticos que não podem ser fundamentados no cálculo baseado na “utilidade” da pessoa.

Para o caso de as unidades de cuidados intensivos hospitalares na Alemanha ficarem sobrecarregadas, os bispos alemães elaboraram (08.04.2020) um esboço de “linha de argumentação” do pensamento; ver documento em alemão em nota (1).  De facto, se os médicos tivessem de decidir que doente ajudariam devido a um número demasiado reduzido de ventiladores, ninguém deveria ser unilateralmente prejudicado.

Segundo eles, nas decisões de emergência médica, o médico deveria preferivelmente orientar-se na ponderação por dois critérios, isto é, as perspectivas de sucesso e a urgência. O cálculo baseado na idade, na maior ou menor utilidade da pessoa como critério de seleção é desumano. Penso que este princípio também não deve ser aplicado em questões de eutanásia (razões de idade e custos de assistência!).

No passado, em situações extremas como no caso do Titanic, o critério de escolha de salvação foi dar prioridade a mulheres e crianças. Antigamente na Igreja Católica, em caso de perigo de vida no caso de parto, a prioridade de salvação era dada à criança.

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Tempo

 

 

BOAS ACÇÕES

Hoje, numa caminhada através do bosque vizinho fiquei espantado ao chegar ao ribeiro onde vi 7 pessoas de galochas a limpar o ribeiro que é público. Era impressionante o empenho com que as crianças se dedicavam ao trabalho. Era uma família certamente aborrecida por o Coronavírus lhe proporcionar tempo para terem uma ideia criativa e solidária que a todos agrada.
Ontem, num mesmo rotinado passeio, impressionou-me ver como uma mãe e suas duas crianças apanhavam plásticos e outro lixo que alguém sem respeito pela comunidade nem pela natureza tinha deixado na relva.

António da Cunha Duarte Justo