ISLÃO E SOCIEDADE OCIDENTAL – MASCULINIDADE CONTRA FEMINIDADE

O Corão constitui um progresso para as tribos árabes e um atraso em relação aos povos da Bíblia

Por António Justo

Os maometanos não permitem a dúvida no seu sistema de pensamento, não se sentindo estimulados a procurar a verdade porque a sua cultura reduz a verdade à letra do Corão, à Sharia e à Suna – um sistema fechado que se afirma pela ambivalência e uma autoridade subjugadora.  O Corão, a Sharia e a Suna fixam conceitos e práticas, de formato antropológico e sociológico próprio da região árabe e do século VII. Estes, aliados ao patriarcalismo transmitido nas tribos daquele território, expressam-se numa vontade firme de transformar o mundo numa província árabe e de tornar todo o cidadão do mundo num fiel de Alá e de Maomé (1).

O islamismo, como tem um caracter masculinizante acerbado, subjuga também o caracter da feminilidade religiosa à sua maneira masculina de ser e de estar política, social e individual; consequentemente a religião passa a ter um caracter mais público e institucional que pessoal: o Homem é concebido em função de uma ideologia-instituição que se identifica só em termos religiosos. A cultura consegue assim afirmar o caracter institucional masculinizante sem ter a contrapartida da força do indivíduo moderadora do colectivismo nem o contributo religioso feminizante que incremente a sua evolução.

 

Feminidade invertida

A estratégia religioso-política serve os interesses do poder, pelo que o seu princípio motor machista é levado até às suas últimas consequências; o seu exemplo original encontra-se, no estilo de governação, nas invasões islâmicas e na sua base da economia (2) baseada na escravização, pagamento de impostos pelos vencidos e saque: matavam os homens vencidos para disporem das mulheres como escravas do sexo e mercadoria de venda.  Nesta vida a mulher islâmica, no espírito da referida trilogia, não tem valor em si e é inferior ao homem (3).

A sociedade ocidental conseguiu uma certa moderação do princípio masculinizante, mas parece agora ter chegado a um estado de desenvolvimento patinante que, em vez de desenvolver a feminidade, acentua uma feminilidade invertida; nela parece revelar-se uma certa nostalgia dos tempos em que a masculinidade criava posições/papéis claros na sociedade ( masculino domado não a estimula pelo que parece tender a voltar ao tempo de matriz puramente masculina e que hoje se revela numa autoagressão cultural transportada por uma esquerda radical  como se afirma na deputada alemã Stefanie Von Berg que confessa: “a nossa sociedade mudar-se-á e o nosso Estado mudar-se-á radicalmente… Sou de opinião  que dentro de 20 a 30 anos já não teremos nenhuma maioria étnica… e é bom que seja assim”. O brilho e o vigor dos imigrantes barbados parecem criar fulgores em mentes femininas e medos em mentes masculinas.  Uma autodepreciação fermenta a cultura e uma forma nostálgica do caos e da guerrilha; parecem exercer grande atracção e motivar muito do pensamento, hoje propagado, pela esquerda que, por outro lado, provoca o surgir de uma reacção exaltada da direita que luta pelo equilíbrio da balança exagerando no outro polo. A História é como uma balança que se alterna no sobrepeso dos seus pratos e onde uma força de razão nela encoberta faz surgir sempre uma contra-força que fomenta o equilíbrio de forças dos polos para um novo continuar da accao humana. Umas vezes é o espírito conservador que domina outras vezes é o espírito progressista, numa competição que dá forma à vida.

O guerreiro-estratega Maomé teve o mérito de unir as tribos da região sob uma língua comum e de lhes dar um livro sagrado (o Corão) que lhe possibilitasse a unidade; para o efeito imitou os povos da Bíblia (judeus e cristãos), adaptando a Bíblia em função do seu projecto – o livro (Corão) a criar para os seus destinatários, os clãs árabes.

Maomé, a princípio, tinha-se entusiasmado com a espiritualidade e com a superioridade dos povos do livro (Bíblia) como revelam os escritos do seu tempo espiritual de Meca. No contacto com a masculinidade excessiva dos clãs árabes, que não reconheciam os seus ensinamentos, chega à conclusão que, para os dominar, terá de usar da brutalidade e da violência que então passa a legitimar com as suras de Medina no Corão (Com a mudança de Maomé de Meca para Media, Alá mudou de opinião, abandonando, o espírito poético,  o seu caracter espiritual feminino. Comparando as suras de Meca com as de Medina chega-se à conclusão que Deus mudou de opinião; abandonou o espírito mais próximo do NT para afirmar o AT: um Deus conciliador e pacífico passa a ser um Deus guerreiro!). O problema da interpretação do Corão vem também do facto de os imãs receberem a orientação de seguirem e pregarem nas mesquitas as suras de Medina (A feminilidade é subjugada à Umma)!

No islão, a falta de equilíbrio entre a polaridade da masculinidade e da feminilidade ainda é mais acentuada e perturbada que noutras culturas; nele sobressai uma relação revolta com o feminino, com o princípio da feminilidade, que é relegado para o plano meramente particular e privado e para as fantasias masculinas do Harém e das virgens no paraíso (paraíso em função do homem). Esta evasão no sentido de satisfazer as necessidades de prazer do homem conduz a uma vivência extrema da polaridade masculina em desperdício da feminilidade contida na mulher real. Para a vida real reserva-se a funcionalidade! A afirmação exacerbada das energias da masculinidade sobre as energias da feminidade (do princípio masculino sobre o feminino), que se encontra de forma sistemática e coerente no islamismo, tem criado um certo fascínio em pessoas, instituições e ideologia de matriz acentuadamente masculina. A confissão dos Alevitas, embora muçulmana, consegue salvar a feminilidade da espiritualidade religiosa refugiam-se na mística, interpretando para isso o Corão alegoricamente, não o seguindo à letra.

As religiões, em geral, têm um caracter feminino (a espiritualidade) enquanto a política é de caracter masculino e o princípio da masculinidade política tem-se revelado como o princípio dominador no exercício do poder de modelo patriarcal.

Em Medina, Maomé redirecionou as revelações, deixando o carácter mais feminino e poético das suras de Meca, em serviço de uma masculinidade política de confronto e de oportunismo (hommo religiosus é transformado em homo politicus). A partir de Medina (622) já não domina a espiritualidade, mas sim o mero interesse político: o código, a lei. onde se manifesta a agressividade politica sem qualquer espírito feminino nem qualquer tempero de uma religiosidade integradora dos polos. A religião é masculinizada e empregada no sentido do poder político e da subjugação individual e social; as próprias orações assumem um caracter meramente ritual diário que serviam também para poder controlar (através da presença na oração) o grau de fidelidade política a Maomé. Por isso se pergunta com razão, ao ler-se o Corão; como é que Deus mudou de opinião passando de uma mensagem ainda pacifica em Meca para uma revelação guerreira e agressiva em Medina?

Maomé entendeu mal o Novo e o Antigo Testamento ao tentar adaptá-los ao seu projecto político e militar de unificar os clãs árabes através do Corão. Com o Corão, a Sharia e a Suna, efectua-se um retrocesso histórico do desenvolvimento antropológico e sociológico em relação à História (da filosofia espiritual) do tempo, ao retroceder para o patriarcalismo do AT sem contemplar o desenvolvimento deste, entretanto operado pelos judeus nos seus comentários. Este atraso foi o preço a pagar pela unificação dos povos árabes.

O cristianismo, embora existisse numa sociedade de matriz masculina, conseguiu, de certa maneira, defender a mulher e deste modo colocar a feminilidade na ordem do dia ao individualizar a espiritualidade e ao impor a monogamia ao homem; a indissolubilidade do casamento tornou-se num grande passo também pedagógico em defesa da feminidade. Naturalmente, povos com matriz vincadamente patriarcalista, apesar do equilíbrio da feminidade e masculinidade em Jesus, continuaram a fazer sobrepor a masculinidade à feminidade nas instituições e na política.

(De não esquecer o caracter dinâmico e de desenvolvimento inerente a uma certa disputa dos dois princípios/energias – masculinidade e feminilidade: o equilíbrio dos dois princípios/energias suporia uma sociedade altamente desenvolvida na vivência da solidariedade e irmandade em que o princípio motivador de desenvolvimento externo deixaria de ser o princípio do poder para se tornar no princípio do amor).

O meio em que Maomé atuava era rude e ele estava muito preocupado com a união dos clãs árabes sob um mesmo tecto cultural (religião e língua); neste sentido não podia incluir no seu ideário o caracter revolucionário da filosofia Jesuína que era de caracter muito feminino e como tal crítico em relação à instituição; o seu plano era outro.  Por isso, para impedir a complicação que reinava na cristandade e nas lutas entre o império romano do ocidente e o império bizantino, onde o poder secular e o poder religioso não eram inequívocos, ele cria uma religião – o islamismo – onde poder político e poder religioso se identificam. Deste modo a identificação individual, política e religiosa torna-se clara; não interessa a multicultura secular e religiosa, o que importa é instalar um só latifundiário, à maneira do deserto sem grandes altos nem baixos. Para isso a rasoura da obediência e da submissão tornam-se em meios eficazes para uma estratégia de guerra (Jihad) e consequente economia do saque e da escravização que a apoie.

Maomé estava interessado numa língua do poder (mensagem político-religiosa) com lugar para a violência e para a ambivalência; por isso reduz a espiritualidade a rastos de feminilidade visível na forma poética da expressão. Esta lírica é usada como casca para envolver o Jihad e no sentido de fortalecer a sua narração meramente masculina (de poder).

Além das razões políticas que Maomé tinha para afirmar a brutalidade masculina, ele tinha sido abandonado pela mãe que odiava. Casou com Chadidscha judia/cristã muito mais velha que ele e que poderia ser considerada a mãe do Islão (Maomé duvidava dele mesmo e das visões que tinha, mas Chadidscha apaziguava-o e encorajava-o no sentido de construir uma espiritualidade, que com a sua morte sofreu). Quando Chadidscha morreu (619), antes da Egira para Medina, Maomé tornou-se mais agressivo. Segundo o autor islâmico Hamed Abdel-Samad, no seu livro “Maomé” o mundo árabe revive a doença de Maomé.

Acentua o polo da masculinidade e com a tradição social e mina a revolução operada por Jesus Cristo (Novo Testamento) que em parte se tinha distanciado da instituição farisaica do Templo (poder da instituição) e introduzido uma nova compreensão e consciência de pessoa que se tempera em termos da feminilidade e da masculinidade, numa relação equilibrada entre indivíduo-instituição, indivíduo-comunidade. Jesus introduz o princípio da domação da masculinidade patriarcal desenfreada (domínio do mais forte) apresentando a vivência de uma divindade que já não se define em termos de instituição nem de poder violento; ao contrário de Alá, o Deus de Jesus Cristo, embora tenha sido muitas vezes abusado,  não é definido em termos nem em função de uma raça ou cultura (embora não tenha faltado tentativas de o funcionalizar!); de facto Jesus – o filho do Homem – apresenta toda a humanidade como filha de um só Deus, independentemente da sua origem, confissão e cultura; deste modo provoca a desfuncionalização do divino, uma certa desinstitucionalização de Deus, que não é reduzível a uma mera instituição externa ou cultural nem a uma só interpretação sua, mas acentuando nele o caracter pessoal e comunitário; privatiza (familiariza) Deus a quem chama Pai (independentemente da sua instituição ou cultura) de maneira a Deus poder ser encontrado no íntimo do coração de cada um e ser experimentado também em comunidade (“onde dois ou três se encontram em meu nome lá está Deus”). Jesus Cristo, homem-Deus, é o protótipo do Homem e da humanidade.

O que faz da Cristandade cristianismo é o amor pela pessoa, pelo povo, por todos os animais, pela criação; amor que Jesus Cristo personificou e através dele experimentado, e intuído, na fórmula da Trindade, onde o amor divino está presente em tudo, até ao último átomo (na tridimensionalidade formulada em Deus Pai-Filho-Espírito Santo que supera a visão patriarcal da bidimensionalidade Céu/Terra, Todo-Poderoso/escravo, homem/mulher, quando a visão de um Deus uno e trino possibilita a ponte entre o criador e o criado através da filiação). O criado traz em si a semente, o gene divino (filiação) que se encontra já preanunciada no génesis na maçã da árvore da vida e na relação ente Adão e Eva que depois se matura no novo Adão (JC). Deus Pai cria, os frutos da vida, acto esse que se repete no dar à luz.

 

A fantasia dos Haréns dá asas à masculinidade

São conhecidos os Haréns muçulmanos onde o Senhor pode ter 4 mulheres e quantas escravas/concubinas quiser. Harém é também o lugar reservado do palácio onde vivia a mãe do sultão, as irmãs e outros parentes do sexo feminino, as suas quatro esposas (kadın), as concubinas.

No Império Otomano as concubinas do harém eram quase exclusivamente não-muçulmanas; eram provenientes de muitos países dado ser proibido escravizar muçulmanas, o que levava ao corso. Este costume fazia parte da economia de costume muçulmano. A europa foi fustigada durante séculos pela pirataria e corso praticado especialmente pelos povos vizinhos muçulmanos.

O Palácio de Topkap em Constantinopla (Istambul), construído aquando da conquista de Constantinopla pelos muçulmanos em 1453, era a residência dos sultões, com 300 salas para o Harém do sultão, onde chegaram a  viver 2.000 mulheres.  Em 1633 estavam mais de 800 mulheres à disposição do sultão; o Harém não era apenas um lugar de prazer sexual para o sultão, era mais um lugar de reprodução dinástica ao serviço da política imperial. Os haréns estavam sob a guarda e instrução de eunucos pretos (escravos castrados na adolescência). A população pobre era monogâmica.

O Professor Robert Davis, da Universidade de Ohio, no seu novo livro, ”Escravos Cristãos, Senhores Muçulmanos: Escravidão Branca no Mediterrâneo, Costa Bárbara e Itália, 1500-1800”,  conclui que de um milhão a 1,25 milhão de cristãos foram escravizados por piratas e corsários muçulmanos, nesse espaço de tempo em que  saqueavam tudo o que encontravam (navios, cidades, etc.), reduzindo as populações à escravatura, e obtendo também enormes lucros com o regaste de cristãos. Usavam os escravos para venda, como remadores de galeras, trabalhadores braçais e concubinas de senhores muçulmanos, também para os Haréns.

Durante séculos, numa sociedade também ela de matriz masculina, os Haréns fascinaram a fantasia dos homens europeus que à vista da perspetiva de um Harém, com tantas mulheres e com cada uma à espera ansiosa da sua vez, criou uma literatura europeia própria. O Harém e toda a poesia nele esgotada era o paraíso terrestre como antecâmara do céu onde os folguedos se multiplicavam. Esta literatura cometeu, em grande parte, o mesmo erro da historiografia muçulmana: não dizer nada sobre a vida real das mulheres. Uns e outros reservam o seu melhor lugar para a fantasia. E a fantasia do homem ainda é o céu onde as mulheres por alguns instantes são deusas!

A economia do harém é uma humilhação para as mulheres. Em vez de ser criticada pela história, é aproveitada pela literatura europeia para excitar a fantasia de povos que se deliciam do que acontece fora e assim se desculpam da discriminação da mulher que acontece também dentro.

As amazonas, rainhas da imaginação masculina, tornam-se no lugar onde o homem procura a vida e esquece que o faz à custa da grande massa das mulheres que passam uma vida real de “mendigas”. (Sura 4, versículo 38) afirma: “Os homens são superiores às mulheres” pela ordem dada por Deus na terra e pelo facto de as alimentar. No Corão também se encontram versículos em que se recomenda ao homem moderação e generosidade.

Mustafá Kemal Atatürk fundador da Turquia moderna (1923) proibiu a poligamia, o mesmo fez a Tunísia. Noutros países muçulmanos é permitida.

A obra de Kemal Atatürk encontra-se a ser sistematicamente destruída pelo presidente Erdogan. Ele consegue fazê-lo porque embora o Ocidente declare com os lábios que é defensor da feminidade, de facto encontramo-nos num período extremamente masculinizante, apesar de alguns salamaleques em relação à mulher. A grande obra para mulheres e homens de boa vontade será conseguir uma melhor complementaridade de masculinidade e feminidade. (Um dia, se leitores interessados desejarem publicarei livro em que refletirei sobre a riqueza da feminilidade e da masculinidade num balance equilibrado).

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo (história e português)

Pegadas do Espírito no Tempo,

  • (1) “E combatei-os até que  não  haja  nenhuma  perseguição  e religião  que  não  seja  inteiramente  por  Alá.  Mas  se  eles desistirem,  então  por  certo  Alá  está  vigilante  ao  que  eles fazem.”—Sura 8:40 “Oh  Profeta,  insta  com  os  crentes  para  que    Se houver vinte  de  vós  que  sejam  constantes,  eles  vencerão duzentos  e  se  houver  uma  centena  de  vós  que  sejam constantes,  eles  vencerão  um  milhar  dos  que  descrêem, porque eles são um povo que não compreende” Sura 8:66 “Matai os Mushrikun [idólatras] onde quer que os encontreis e fazei-os prisioneiros e sitiai-os e ponde-vos à espera deles em toda o lugar de emboscada. Mas se eles se arrependerem e observarem As-Salat [a oração] e pagarem o Zakat [imposto de caridade], então deixai livre o seu caminho.”Sura  9:5 “Combatei aqueles dentre o povo do Livro [Judeus e Cristãos] que [1] não crêem em Alá, [2] nem no Último Dia,[3] nem consideram como ilegítimo o que Alá e o Seu Mensageiro [Maomé] declararam ser ilegítimo [4] nem seguem a verdadeira religião [i.e. o Islão], até que eles paguem a Jizyah [imposto] com a sua própria mão e reconheçam o seu estado de sujeição.“Sura 9:29
  • (2) Maomé na sua despedida relatada pela sua história no discurso do monte Arafat, confirma que a economia islámica se baseie na espada contra o não islâmico:
    “Hoje, a vossa religião está concluída e a graça de Deus realizada na vossa vida. E dou testemunho de que o Islão é a vossa religião. Oh povo muçulmano, estais proibidos de derramar sangue entre vós ou de vos roubardes uns aos outros ou de vos aproveitardes uns dos outros ou de roubardes as mulheres ou as esposas de outros Muçulmanos. A partir de hoje, não haverá duas religiões na Arábia. Eu desci em nome de Alá com a espada na minha mão e a minha riqueza surgirá da sombra da minha espada. E quem discordar de mim será humilhado e perseguido”. Também quem morre no Jihad vai directamente para o Céu sem ter de esperar pelo juízo final, como interpretam a Sura 61:11-14. Maomé é o Mensageiro de Alá, E os que estão com ele são rigorosos contra os descrentes e afectuosos entre si próprios. —Sura 48:30
  • (3) Antes de rezar: quem se tornou impuro (por usar os sanitários ou por tocar numa mulher ou num cão, por exemplo) deve purificar-se. (Sura 49:11) O Corão diz que é preciso o testemunho de duas mulheres para se equiparar ao de um só homem: “E chamai duas testemunhas de entre os vossos homens; e se não houver dois homens disponíveis, então um homem e duas mulheres, de que vós gosteis para testemunhas, de modo que se uma das duas mulheres se enganasse por falta de memória, então uma pudesse recordar à outra. —SURA 2:283 Na Suna lê-se que Maomé explicou assim a razão desse ensino: O Profeta disse: “Não é o testemunho de uma mulher igual à metade do de um homem?” As mulheres disseram: “Sim”. Ele afirmou: “Isso é por causa da deficiência da mente da mulher” Noutra Hadith: É permissível ter relações sexuais com uma cativa depois de ela estar purificada (da menstruação ou do parto). No caso de ter marido, o seu casamento é anulado depois de ser feita cativa.

 

 

PRESIDENTE DA REPÚBLICA DA ALEMANHA PADRINHO DE HONRA DE 2.711 CRIANÇAS

O Estado alemão cultiva a relação humana com os seus cidadãos

António Justo

Na Alemanha é tradição os presidentes da República apadrinharem crianças de famílias numerosas a partir do sétimo filho. O Presidente cessante Joachim Gauck tornou-se padrinho de honra de 2.711 crianças, durante o seu mandato. Trata-se de um apadrinhamento honorário tradicional que não implica automaticamente uma ajuda direta à criança ou à família.

 

A ajuda pode consistir na mediação entre os organismos competentes e a família numerosa. O Presidente assina um documento de apadrinhamento da criança, que é enviado à família, tal como acontece com os casais que celebram o 60° aniversário de casados.

 

Uma das últimas acções no cargo do Presidente foi o assumir o apadrinhamento de uma criança de dez meses de idade, de Fuldatal. Neste caso o presidente da Câmara de Fuldatal entregou o documento assinado pelo presidente e entregou 500€ para apoio de despesas no jardim infantil.

Os eventos são referidos na imprensa local. Deste modo a sociedade alemã presta homenagem aos eventos, à família e às crianças. Em tais circunstâncias a imprensa aproveita para referir problemas específicos, por exemplo: o problema da habitação, alojamentos e outras necessidades de famílias numerosas.

 

 A relação Estado-cidadão não se extingue no contribuinte-votante

 

Como se vê e noutros casos parecidos, o Estado alemão está a atento mesmo ao pormenor e interessado em manter o elo de ligação familiar entre a instituição Estado e o povo. Veja-se neste sentido também: “Os Municípios alemães empenham-se no Cultivo da Cidadania” https://antonio-justo.eu/?p=2317

 

A Alemanha revela, a nível institucional, uma responsabilidade e empenho que constitui exemplo para outros países.

 

Deixa-se orientar por valores fundamentais e costumes tradicionais que lhe conferem humanismo e consistência. Outros países, perderam certas tradições, por um lado, por inconsciência e por outro, por se terem aninhado nas suas estruturas estatais, forças ideológicas sem consciência do que é um Estado orgânico. Mais que um organismo funcional, é um organismo vivo, com funcionários pessoais. com instituições orgânicas e tradições, inseridas no povo que lhe dão personalidade natural e mítica.

 

A Alemanha, com a exceção da época nazista, sempre se orientou por vistas largas, realismo e acção que a coloca na vanguarda dos povos.  Consegue fazer uma união eficiente da consciência individual com a consciência social e da razão com o coração.

O Estado honra, se quer ser honrado!

António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Espírito no Tempo

TRIBUNAL EUROPEU DE OLHOS VENDADOS PELO VÉU ISLÂMICO

Empresas poderão proibir o uso de símbolos religiosos, políticos ou filosóficos

António Justo

O Tribunal Europeu de Justiça, por decisão incontestável de 14.04.2017, deixa à discrição das empresas a decisão de proibir ou não o uso do lenço islâmico no trabalho, sob determinadas condições. Para os 28 juízes do tribunal europeu, os interesses da economia têm caracter prioritário em relação à confissão religiosa ou partidária; as empresas podem proibir o uso de símbolos religiosos, políticos ou filosóficos aos funcionários, no caso de estes se tornarem perturbadores do negócio no contacto com os clientes.

A decisão do tribunal parece inocente, mas pode ter consequências alargadas, pois ao conceder às firmas privadas o direito de neutralidade, na consequência, mais obrigação terá o Estado de praticar a neutralidade nas suas instituições. A consequência que se pressupõe a entrar pela porta traseira é uma rígida separação entre estado e religião. Por outro lado, corresponde à privatização também da política e praticamente ao desfavorecimento da cultura autóctone. A justiça deu um tiro no próprio pé!

Em países civilizados a liberdade religiosa é um direito fundamental e ninguém deve ser discriminado por razões religiosas. A missão do estado é garantir a paz social e a neutralidade do Estado; consequentemente o direito de igualdade de trato (não discriminação) pressupõe que a maioria tenha de se colocar ao mesmo nível da minoria (tratamento igual para todos: um assunto que provocará insónias!). No caso, quem mais sofrerá, a longo prazo, são as instituições cristãs que viam muitos dos seus símbolos, costumes e hábitos tidos com coisa natural, em sociedades de reminiscência cristã, e como tal naturalmente apoiados por muitos Estados. Agora com os muçulmanos, que não só se entendem com direito ao espaço público, mas que também o exigem, surgirão problemas para a sociedade acolhedora para os quais não encontra resposta nem está preparada. O Estado laico e as organizações partidárias, como representantes de ideologias, terão também elas de se colocar no terreno das ideologias, ao terem de se defrontar perante o Islão que é uma religião-política que reúne num só sistema o foro mundano (César) e o foro divino. Numa sociedade, cada vez mais islamizada, isto trará consequências graves quer para o poder secular quer para a organização e agrupamento partidários do Estado. O factor religioso e ideológico ganharão mais espaço público e político e a atmosfera social assumirá um caracter mais jacobino. Por outro lado, o Estado secular, ao não ter em conta a tradição cultural dos autóctones, torna inoperante o equilíbrio até agora criado nas sociedades pelas forças da aculturação e inculturação.

Já vai sendo tempo de a Europa se ocupar dos aspectos negativos do islão e dos aspetos positivos que podem significar os muçulmanos. A política seguida de 1950 até agora tem sido irresponsável para com as sociedades acolhedoras e irrefletida para com os imigrantes muçulmanos ao preocupar-se apenas com o seu desenvolvimento económico e negligenciando a sua modernização religiosa e cultural.  Assim, em vez de se fomentar a visão da Turquia de Atatürk fomentou-se o islão do véu islâmico e dos interesses veiculados pelas associações turcas de interesse

No caso do islão tem-se a ver com uma religião política e o islão do lenço é, precisamente a representação de uma força politizada contra os muçulmanos modernistas e contra uma Europa consciente, que desejariam ver a afirmação de um islão europeu. Isto não quer dizer que se deva proibir o lenço muçulmano, embora seja símbolo da afirmação do islão retrógrado e contra os muçulmanos progressistas na Europa; no islão do lenço, trata-se de um islão à lá Erdogan, em que as comunidades muçulmanas turcas, a viver noutros países, correspondem a comarcas pessoais (não territoriais) no estrangeiro da turquidade e do avanço muçulmano. Como a verdadeira fidelidade é concebida em termos de religiosidade nacional, a dupla nacionalidade revela-se, em muitos casos,  num apelo à infidelidade para com os países de acolhimento. A realidade que se observa e constata: gerações turcas a viverem há 60 anos na Alemanha continuam imunes aos valores democráticos ocidentais ao votarem maioritariamente em Erdogan que desde o início da sua carreira política trabalha no sentido de destruir o estado moderno da Turquia criado por Atatürk para o transformar num fascismo religioso.

Aqui só poderá ajudar uma relação motivada pela bilateralidade de direitos e deveres em relação (neste caso) à Turquia e ao Ocidente; e isto pelo simples facto de se ter de criar proporcionalidade e clareza na política e nos interesses (Não pode ser que os muçulmanos se considerem num país de acolhimento como grupo de identidade estrangeira – um estatuto religioso com direitos de afirmação grupal especial – enquanto os imigrantes na Turquia (ou país muçulmano) sejam considerados apenas como indivíduos e como tal sem direito a afirmarem-se como grupos. A Turquia e países muçulmanos teriam de dar os mesmos direitos às minorias imigrantes dos seus países tal como as suas minorias emigradas pretendem do estrangeiro. Doutro modo uns têm um livro que os defende e os outros encontram-se à chuva por não possuírem livro que os abrigue. Aqui teriam de entrar em acção os políticos com tratados bilaterais que consignem os mesmos direitos e oportunidades bilateralmente; doutro modo em vez de se proporcionar o desenvolvimento de uma interculturalidade respeitosa e mútua afinca-se a luta da multiculturalidade (uma guerrilha sub-reptícia).

O direito europeu não se deveria deixar levar pelas ondas emocionais do tempo. Com a decisão do Tribuna Europeu, os juízes submetem demasiadamente o direito ao critério do humor de opiniões e confissões que arbitrariamente poderão ser consideradas, em qualquer altura, como argumento de perturbação da ordem pública. A justiça terá de estar atenta para, também ela, não se turquizar, abandonando padrões racionais ocidentais pelo facto de se ver confrontada com novas realidades sociais.

Entretanto, é de referir que o tratamento não igual nem sempre é discriminador (idade, sexo…).

A discussão pública sobre o islão é superficial e inocente porque se prende em exterioridades como o bocado de pano que as mulheres muçulmanas colocam ou não na cabeça e como tal perde-se no acidental em vez de se dedicar à linha de princípios e práticas. Mais importante que o lenço a cobrir a cabeça seria pesquisar e falar do que o lenço encobre ou guarda dentro da cabeça.

Importante seria que estado, religião e ideologias trabalhassem em estreita colaboração e m diálogo e na bilateralidade de reconhecimento de umas às outras, em benefício do povo e do país. Doutro modo a coexistência torna-se desconfortante e catastrófica porque se afirma o oportunista e a falsidade em vez do diálogo franco e aberto. Para isso teremos de nos deixar de olhar de lado uns aos outros. Temos de falar todos do essencial e deixarmos de andar a apresentar mezinhas com este ou aquele exemplo de pessoas individuais ou episódios esporádicos que não representam a instituição, mas servem em grande parte para se ir adiando a resolução do problema que terá de passar intelectualmente pela controvérsia para se poder chegar à concórdia. Não chega a boa vontade nem meias verdades; precisa-se também de vontades esclarecidas e de discernimento na procura de uma verdade que é complexa..

António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e pedagogo

In Pegadas do Espírito

NAS PEGADAS DA FEMINIDADE


NAS PEGADAS DA FEMINIDADE

Mulher é vida, a flor da terra no céu concebida
Mulher é terra sagrada onde um raio de Céu se abriga
Mulher é o mar profundo onde o sentir do homem navega
Mulher é o tu da vida a encontrar-se no nós

Mulher é o templo de Deus onde o génio do homem leveda
Mulher é fogo vivo que a mente tempera
Mulher é a alma da sensação a quebrar a dureza do deserto
Mulher é a janela da vida entre as cortinas das ideias a gozar as ondas da fantasia

Mulher, encantado encanto, em ti canta o Céu, que em mim a vida toca
Mulher, em ti o mundo acorda e a graça canta
És a poesia do desejo que o mundo sustenta
És a sombra projectada que de mim foge e de mim me afasta

Mulher não é só ela, ela é a feminidade também no Homem a querer brotar
Mulher é o mundo inteiro, o eu do outro, a encontrar-se no nós
Mulher é a pegada do Espírito no tempo

©António da Cunha Duarte Justo

In Pegadas do Espírito no Tempo, http://poesiajusto.blogspot.de/

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PRATO VEGETARIANO OBRIGATÓRIO NAS CANTINAS PÚBLICAS PORTUGUESAS

Na Alemanha cerca de 5% da população é vegetariana

Finalmente, na Assembleia da República (3.03) foi aprovada uma lei que obriga à inclusão de um prato vegetariano nos menus das cantinas públicas do Estado. Os clientes passam a ter a possibilidade de escolher um prato sem produtos de origem animal. Esta medida torna-se cada vez mais óbvia. Também em todos os restaurantes de Portugal deveria haver a possibilidade de opção por um prato vegetariano. De facto há muitos portugueses que por razões de saúde ou por princípios éticos procuram, muitas vezes, em vão nos restaurantes um prato vegetariano. Há muitos turistas vegetarianos. Na Alemanha, cerca de 5% da população é vegetariana.

Espera-se que dentro de dois meses o Presidente da República promulgue a lei.

A lei resulta de uma petição de 15.000 pessoas, segundo informa o jornal Público. A lei pressupõe uma grande implementação porque abrange “refeitórios e cantinas de escolas e universidades, hospitais, prisões, lares, autarquias e serviços sociais da administração pública”.

Alimentação vegetariana é mais barata e torna-se numa medida em favor do clima e dos animais.

Quanto às cantinas privadas a lei não constituirá novidade, espera-se.

António da Cunha Duarte Justo