MODO DE CRISE

A palavra do ano 2023 na Alemanha é “modo crise” porque a política não consegue sair da crise e a coligação dos semáforos em Berlim está ela própria a criar crise na sua forma de governar. O governo quis burlar o orçamento de 2024 para contornar o travão constitucional da dívida, mas o Tribunal Constitucional impediu-o e deste modo o governo já não pôde utilizar os 60 mil milhões de dívidas da pandemia de Corona para a transformação ecológica e outros planos do governo.

O conflito político, económico e geoestratégico na Ucrânia e em Gaza e um amontoado de novas emergências estão a causar crises em todo o mundo. Esperemos que o modus de crise não passe a stand bei nos desafios da futura coexistência global.

Por estas e por outras, embora doloroso teremos todos, no futuro, de aprender a viver em “modo de crise”.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

POLÍTICA DE INFORMAÇÃO  MISTERIOSA SOBRE O CRIME  COMETIDO NO NORD STREAM 1 E 2

A quem beneficiou o acto de sabotagem terrorista?

O presidente dos Estados Unidos Biden, já muito antes da guerra,  queria impedir a construccao do gasoducto Nord Stream 2 para que a Alemanha não ampliasse os negócios com a Rússia porque deste modo a Alemanha iria concorrer com os EUA no domínio da economia europeia e indirectamente favorecer a posição da rival chinesa. Por trás das guerras encontram-se sobretudo razões económicas e de domínio de mercados.

Segundo investigações do Ministério Público alemão, há indícios claros de um grupo pró-ucraniano ter efectuado o a explusão dos gasoductos. Na verdade, o iate usado para fazer expldir Nord Sream 1 e 2 foi alugado por uma empresa na Polónia e essa empresa alegadamente “pertence a dois ucranianos”.

A questão importante no ataque contra os gasoductos 1 e 2 é saber quem se beneficiou com o ato. Estes são os EUA com suas vendas de gás liquefeito e consequente enfraquecimento da Europa e os interesses em torno do governo ucraniano no fortalecimento do gasoduto que atravessa a Ucrânia.

A preparação da sabotagem do gasoducto Nord Stream 1 e 2 deu-se pela calada da noite e, na sequência, também a informação sobre o processo e resultados da investigação sobre o delito terá de ser nebulosa até que a guerra na Ucrânia passe pois no caso de se apresentar já a verdade esta iria enegrecer o rosto do Ocidente nesta meada de sabotagem e intrigas prepertadas a alto nível e pelos serviços secretos.

O repórter investigativo norte-americano Seymour Hesch já tinha indicado pistas claras de que o bombardeamento fora prepertado na conivência ocidental. O Presidente Biden ao referir-se ao gasoduto Nord Stream 2 já tinha previamente avisado:  se a Rússia invadir a Ucrânia, “Vamos acabar com isso (1).”

Os resultados da investigação alemã têm de apontar para a incerteza  porque se fosse dita a verdade a atitude do chanceler alemão cairia no ridículo ou provocaria uma viragem na política que beneficiaria a Europa mas contariaria os interesses americanos que querem e têm poder para evitar que a Europa lhes faça economicamente concorrência.  A Alemanha é a terceira/quarta potência económica mundial e dela depende toda a EU, e a situação de uma Alemanha amarrada aos EUA não só pelo Contrato 1+2 em consequência da permissão da união alemã, mas também ao facto de só poder produzir armas defensivas (Outras compram-nas aos EUA) quer-se agora mais enfraquecida por não poder comprar produtos base baratos à Rússia. Com a guerra na Ucrânia os EUA conseguem com uma só cajadada enfraquecer por algum tempo a Europa e a Rússia mas indirectamente fortalecer a China. A EU caiu na armadilha e agora tem de continuar a acção de autodestruição (os cidadãos europeus já estão a pagar de boa vontade a factura do bloqueio económico da EU à Rússia) e assumirão um dia a atitude que tiveram de assumir depois da guerra no Afeganistão.

A mediocridade política europeia constata-se na destruição progressiva da cidadania civil mediante uma polítia de informação afirmadora da guerra até ao fim e de causar um efeito expressivo no destinatário. Com um monótono tipo de narração fixa a atenção popular de modo a a levar à convicção emotiva.

Para que a narrativa apresentada seja confundida com a realidade é devidamente confeccionada com imagens que fiquem na memória emocional. Não se trata de tornar os factos explícitos, mas de envolvê-los numa narrativa pré-determinada e sugestiva com a intenção de provocar evidência em gente totalmente dependente dos meios de comunicação afectos aos governos. Por outro lado, actua de maneira a poder deixar nos observadores atentos uma visão confusa e assim evitar-se neles um distanciamento crítico.

Para a informação tipo campanha a que somos submetidos usam-se informações parciais coordenadas de maneira a criar credibilidade não tendo pejo, para isso,  em recorrer-se a uma linguagem paralela em que os factos são submetidos à premissa de que os fins justificam os meios; o que passa a valer é a selecção maligna dos factos e a sua interpretação; não é por acaso que cada estado protege os meios de comunicação social. Tal representação verbal exigiria uma análise crítica ou  meta texto de diferentes narrativas. A maioria vai na onda devido à propaganda política e mediática e segue o facilitismo e o impulso gratificante de seguir na onda (paradoxalmente a política tem imenso medo da imprensa).  O ocidente tem andado com Zelensky num andor a ponto de terem transformando os parlamentos em lugares de veneração! No meu entender, só mais tarde se revelará que o “santo” desprezava a Europa e destruía a Ucrânia ao serviço de interesses estranhos! Zelensky sabendo-se protegido e defensor dos interesses dos Estados Unidos (e de oligarcas internacionais) comporta-se como se fosse o xerife dos governantes europeus!  Muitos políticos que ainda andam na procissão, mais tarde, ao terem de reconhecer a evidência dos factos, arranjarão desculpas cínicas pelo facto de terem sido reduzidos a meninos de coro das peregrinações  a Kiew prestando homenagem à causa dos governantes dos EUA e de empresas multinacionais contra a Europa.

O desafio entre a Rússia e a OTAN começou certamente a ser preparado no terreno ucraniano pelos EUA e Rússia especialmente a partir da conferência de Munique de 2007. Em 2001 e 2007 Putin ainda queria que a Russia se unisse política e economicamente à Europa.

Num mundo agora dividido mais que nunca a Europa perdeu a credibilidade perante o sul global dado não ter resposta a dar aos próprios problemas e não ter capacidade para encarar os problemas do sul Global sem ser a partir da perspectiva dos EUA.

Também o noticiário de interesse tem o cuidado de deixar tudo isso no escuro porque assim os jornalistas só precisam de acompanhar e alimentar a opinião pública interpretando os fatos sem investigar os fatos

António CD Justo

Pegadas do Tempo

(1) https://dasculturas.com/2023/03/08/president-biden-on-nord-stream-2-pipeline-if-russia-invades-ukraine-we-will-bring-an-end-to-it-2/

(2)

“Povo de Portugal” : https://jornalpovodeportugal.eu/2022/07/28/o-sul-global-esta-a-chegar-vai-ser-grande-o-preco-a-pagar/  O povo andapor aí todo a gritar “Soltem o Barrabás!”

DESENVOLVIMENTO É MUDANÇA E NÃO APENAS PROGRESSO!

“Muitos queixam-se que os tempos são maus. Mas lembrai-vos que os tempos sois vós: mudai e os tempos serão bons”, lembrava Santo Agostinho no século IV e V!

O pensar politicamente correcto instiga-nos a adaptar-nos aos tempos no sentido do progresso exterior; para progresso se tornar verdadeiro desenvolvimento teria de ter em conta a vertente interior e exterior da pessoa; tratar-se-ia de ir mudando os tempos mudando-nos doutro modo resta-nos o papel de carpideiras. O progresso tecnológico e económico é bom, mas sozinho amarra-nos ao jacto do tempo dificultando-nos a capacidade de nos tornarmos nós mesmos, de maneira a termos a supervisão sobre nós e sobre o que à volta nos determina. O espírito do tempo, fruto de circunstâncias determinantes, quer-nos escravos, quer reduzir-nos a meros produtos do tempo (modernos!) para sermos mais fáceis de gerir e governar! Importante é tentar ver não só através dos outros nem só através de nós mesmos.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

A GRANDE TAREFA DE DESMASCULINIZAR A INSTITUIÇÃO ECLESIAL E A SOCIEDADE CIVIL

Igreja procura o Equilíbrio do Princípio Feminino com o Princípio Masculino

A sociedade hodierna movimenta-se numa época histórico-política mais masculinizante do que qualquer outra, apesar de alguma contestante música de acompanhamento e de alguns esforços da sociedade por integrar a mulher na matriz social masculina. No discurso e na vida social o carácter mental tornou-se tão absorvedor e abrangente que reprime a alma da pessoa e da sociedade!

O Papa Francisco quer dar resposta aos sinais dos novos tempos e por isso chama a atenção da Igreja para a feminilidade com uma correspondente forma de pensar mais mística (1). O tradicional princípio petrino (com a demasiada acentuação do caracter institucional eclesial) deve dar espaço relevante ao Princípio Mariano (feminino e maternal). Sim, porque Deus é povo, apesar dos Olimpos distantes que se procuram afirmar e estabelecer sobre o povo e a grande aldeia!

Independentemente de excessos e abusos, a Igreja peregrina é garante e testemunho da feminilidade através da História, apesar da sua organização masculina.

O Conselho dos Cardeais (2), está reunido no Vaticano com o Papa desde ontem 04.12.2023 para refletir sobre o papel da mulher na Igreja, segundo informou o Vatican.news/InfoCatólica.

O pontífice está empenhado em desmasculinizar a instituição eclesial. Neste sentido o Papa  afirma que “a Igreja é mulher” e que “um dos grandes pecados que cometemos foi masculinizar a igreja”. Reconhece, porém, que o problema “não é resolvido por meios ministeriais”, mas sim “por meios místicos, por meios reais”. Neste sentido inverte a pirâmide, o que poderá ser também um prenúncio do fortalecimento das igrejas locais.

Francisco adianta que “o princípio mariano é mais importante que o princípio petrino, porque existe a Igreja esposa, a Igreja mulher”.

De facto, a Instituição eclesial, à imagem da sociedade em que se encontra incardinada, adotou em grande parte o princípio da afirmação institucional secular (da governação) sobre o do povo, favorecendo também ela o princípio da masculinidade em detrimento do princípio da feminilidade.

Francisco esforça-se por criar na instituição eclesial estruturas inclusivas de coração e mente.

António CD Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) Urge implementar o pensamento místico; só ele conseguirá dar resposta aos problemas num mundo onde se delineia uma mentalidade na nova física que superou o pensar dualista tal como a mística: https://antonio-justo.eu/?p=8580

(2) O Conselho dos Cardeais, , novo C9,  cuja tarefa é auxiliar o Papa no governo da Igreja universal é composto pelos Cardeais Pietro Parolin, Secretário de Estado; Fernando Vérgez Alzaga, Presidente da Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano e do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano; Fridolin Ambongo Besungu, arcebispo de Kinshasa; Oswald Gracias, Arcebispo de Bombaim; Seán Patrick O’Malley, arcebispo de Boston; Juan José Omella Omella, arcebispo de Barcelona; Gérald Lacroix, arcebispo de Quebec; Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo; Sérgio da Rocha, arcebispo de San Salvador da Bahia. O secretário é Monsenhor Marco Mellino,

 

A PROPÓSITO DO 25 DE NOVEMBRO 1975

O agir do Grupo dos Nove e a acção militar do 25 de Novembro comandada por Jaime Neves, de cariz conservadora, livrou Portugal do susto da ditadura comunista. Amantes da liberdade vieram pôr cobro à agitação político-social e pôr ordem no rectângulo. Foi o passo para o início da democracia partidária.
Mas como foi próprio de outras revoluções mudou-se o regime, mas as moscas ficaram as mesmas.
Sustentável revela-se a ganância pessoal e o superintendente e comprometido “arco da governação”!
Enfim, apesar de tudo, continuamos a viver num Portugal sem rei nem roque!

Em troca, em termos de Estado, temos a dívida soberana e as imposições supranacionais (anda-se à conta da EU, agendas globais e das parcerias de empresas multinacionais) …

Depois da revolução liberal de 1820 a sabedoria popular desafogava-se expressando-se assim: «foge cão que te fazem barão, mas para onde se me fazem visconde».

Como se expressaria a sabedoria popular hodierna?

António CD Justo
Pegadas do Tempo