Advento

Advento é o tempo constituído pelas quatro semanas antes do nascimento de Jesus. Faz parte dos tempos coesos, como é o caso do tempo da Quaresma. São tempos da preparação, da intimidade, do voltar a si, da purificação e do acordar, em que se evitam as folias públicas. O advento, que inicia o ano litúrgico, é o tempo da noite que precede o surgir da luz.

Advento é o tempo da tensão entre o já chegado e o ainda não realizado. Deus entrou com Jesus na História e, deste modo, numa comunidade de destino connosco. Assim como Jesus rebentou com as fronteiras de cima para baixo, também nós estamos chamados a superar os limites da nossa realidade, de baixo para cima e em todos os sentidos. Para isso temos que descobrir e notar primeiramente a humanidade em nós e aquilo onde somos só número, papel, missão, figurantes ou objectos para se poder tornar possível uma transformação. “Vencer a desertificação da vida através da conversão”, como diz o Pe. Delf no seu livro “Im Angesicht des Todes”.

Deus está sempre a vir e a acontecer, ele torna-se realidade no encontro com Jesus. Jesus torna-se verdadeiro no encontro com o Homem, e nós tornar-nos-emos homens completos, vivos e livres, no encontro com Cristo. Então reconhecer-se-ão as cadeias do medo, do ego, das ideologias; os limites e a culpa do homem são reconhecidas e superadas. Assim como Deus, através da incarnação se tornou impotente, também o homem tem de perder o brilho exterior do poder, para entrar numa nova plenitude da vida e assim poder despertar para uma nova consciência. A consciência do “tudo em todos”.

O Advento é, como o tempo da gravidez, um tempo fechado e completo, onde a vida já palpita. O dar à luz pressupõe um poder de síntese, a união do simples para criar o novo, o complexo. A vida e o mundo trazem em si os vestígios do infinito. Deus encarnou-se em toda a natureza, não só no homem.

Advento é o tempo do encontro, da experiência de Deus. O encontro acende-se no coração, de modo que já não estamos sós, passando a ter em nós a experiência da plenitude da vida. “Já não sou eu que vivo”, o Mundo vive em mim.

Embora nos encontremos a caminho já nos é dado “agora” conhecer, experimentar e realizar a meta que Jesus nos viveu antecipadamente e continua a viver em nós nele. O mistério do ano litúrgico apresenta-nos a aparência do eterno retorno do ciclo exterior fechado. No encontro o ser humano supera as exterioridades deste ciclo de modo a já viver em Deus a plenitude da história e, no corpo místico, o Reino de Deus.

António da Cunha Duarte Justo

Morte e Tradição


Novembro é o mês especialmente dedicado à comemoração dos defuntos. A Igreja católica dedica o dia 1 de Novembro à recordação de todos os santos e o 2 de Novembro à lembrança de todos os defuntos. A Igreja evangélica recorda os mortos no último Domingo de Novembro.

Morte é o outro lado da vida. Entre mortos e vivos houve sempre uma relação testemunhada nos cemitérios da vida e da história. Estes testemunham o significado da morte e dos mortos.

Nos cemitérios de hoje está muito presente a preocupação pragmática: trato, simples, económico e higiénico.

Cada vez se torna mais comum o enterro anónimo. Na Alemanha também se fazem enterros nas florestas. A cinza é colocada junto a uma árvore. Assim se desobrigam os sobreviventes da visita. Nota-se também aqui a tendência para se fazerem liturgias de defuntos, também nas florestas, nas comemorações específicas do ano litúrgico.

O falecimento cada vez se torna mais uma coisa privada, desaparecendo cada vez mais da consciência pública. Os hospitais e as casas de terceira idade cada vez se transformam cada vez mais em guetos.

Antigamente era normal o sobrinho assistir, em casa, à morte do avô. A morte e a transitoriedade da vida estavam mais presentes e faziam parte da vida. Em regiões protestantes havia até o costume de no crisma se oferecer ao crismando uma camisa para usar como moribundo.

Com o iluminismo e a industrialização do século XIX vai-se esvaindo a preocupação da salvação da alma ficando apenas o medo perante a morte.

Já 10.000 a.C. era costume enterrar os mortos com suplementos entre os quais alimentos.

Antigamente, era hábito, depois de lavado e vestido o morto, este ser assistido em casa pela família, procedendo-se ao enterro no dia seguinte, partindo-se em procissão da casa do moribundo para a Igreja e daí, depois da liturgia de defuntos, o falecido era acompanhado até ao cemitério para as últimas despedidas.

Hoje em dia o defunto é levado para a capela mortuária, geralmente no cemitério. Devido às técnicas de conservação e à prática da cremação em muitos casos, o funeral é marcado para uma data conveniente. Na capela mortuária realiza-se a despedida litúrgica em que geralmente se faz uma resenha da biografia do defunto. O defunto é acompanhado depois até à campa, onde os acompanhantes lançam um punhado de terra, ou umas flores sobre a urna.

Entre judeus crentes é uso os familiares rasgarem uma peça de vestuário em sinal do luto. Segue-se a lavagem ritual sendo depois o defunto vestido com uma veste branca comprida e a cabeça coberta com uma cobertura branca. O caixão é igual para todos. O funeral realiza-se no mesmo dia da morte ou no dia seguinte. Os visitantes lançam pedrinhas sobre a campa em sinal da recordação.

Também os muçulmanos enterram, geralmente o morto no mesmo dia da sua morte. O morto, geralmente não é colocado num caixão mas sim envolvido em panos especiais para o efeito, sendo colocado na campa com a cabeça na direcção de Meca

Para os Hindus não há rituais fixos para todos. Normalmente, o cadáver é lavado e untado com bálsamo. Depois de vestido é queimado. A cerimónia dura até dois dias espalhando-se a cinza no rio ou enterrando-se.

António da Cunha Duarte Justo

Turquia – Culto do Ressentimento

Hoje começa na Turquia o processo contra 7 homens que estão envolvidos na tortura e assassínio de três cristãos, a quem cortaram a garganta num assalto à editora evangélica a 18 de Abril de 2006.

Segundo refere a imprensa internacional, há indícios de que a justiça turca terá compaixão para com os assassinos porque o acto que praticaram foi contra missionários cristãos e a Turquia, que é 99% islâmica, vê nos cristãos uma ameaça contra o patriotismo turco.

A presença de Cristãos na Turquia é, por si mesma, uma provocação, como se pode ver na queixa apresentada em que se diz que os criminosos se sentiam “provocados” pela presença dos missionários.

O presumido assassino Günaydin nomeou como próxima vítima o pastor protestante Wolfgang Häde. Na Turquia é cultivada a suspeita contra cristãos. Eles têm um número especial, no Bilhete de Identidade, que os identifica como tais.

A fidelidade ao Corão e nacionalismo exacerbado na sociedade turca impedem a tolerância.

O problema não está apenas no parágrafo 301 da defesa do “Turquismo” mas, sobretudo, na interpretação antidemocrática das mesmas por juízes e Ministério Público. Não chegam leis para proteger minorias contra o ódio.

Os países islâmicos, em geral, cultivam a intolerância contra outras religiões. Como partem do princípio de que o Ocidente é terra “sem Deus” e, por outro lado, a política ocidental só interessada no negócio, se mostra indiferente quanto ao que se faz contra os cristãos, arrogam-se o direito duma política de expansão nos países não islâmicos, impedindo a sua expressão internamente.

A sociedade política manifesta uma atitude hipócrita. O pior é que com essa hipocrisia impede as forças democráticas islâmicas fomentando assim o fascismo religioso entre nós.

António Justo

Reformas de Miséria


O grau de moralidade duma sociedade mede-se na maneira como trata os seus membros mais fracos. Destes são os desempregados e, em especial, grande parte dos reformados que, apesar de terem descontado com o patrão para a Caixa, recebem uma reforma de miséria. A instituição não se interessou por administrar bem os descontos outrora feitos nem o Estado se preocupou com o futuro destes cidadãos que, muitas vezes, vivem abaixo dos dependentes da assistência social. Habituados à pobreza e a uma “vida honrada”, desvivem no silêncio o destino que “a vida” lhes proporciona.

Para eles não houve 25 de Abril.Este deixou-lhe um naco de pão, como já faziam antes outros, para aproveitarem a varreduras do fundo da panela. A nova classe dos políticos porém, por pouco tempo que trabalhem, aprovisionam-se bem para o futuro, com reformas e privilégios que o Estado garante. Na praça, de cara lavada e abrilhantada, apresentam-se para festejar deixando-se lisonjear, dando a impressão de pessoas honradas.

Mas nós cidadãos, que os mantemos com os nossos impostos ainda os aplaudimos e com eles as barbaridades que cometem.

António Justo

A Limpeza da Energia Fotovoltaica

Portugal falta contra o Protocolo de Kyoto

Entre os estados europeus também se registam países que violam a convenção da diminuição do gás estufa. A convenção tem por objectivo reduzir o aquecimento global.

No Protocolo de Kyoto os estados assinantes tinham-se comprometido a limitar ou a não exceder uma determinada percentagem da expulsão de gás estufa de 1900 até 2005. O Secretariado das Nações Unidas (UNFCC) revelou ontem (20.11) em Bona que a Espanha, que se tinha comprometido a não ultrapassar os 15% de emissão, esta aumentou nos últimos 15 anos 53,3%. Portugal teve um acréscimo de 42,8% e a Grécia de 26,6%. A USA registou um aumento de emissão de 16,3%. A Alemanha conseguiu, neste espaço de tempo, uma redução de emissão para 18,4%.

É natural que as nações em vias de desenvolvimento não se devam submeter a reduções tão drásticas como os países industrializados. A Europa, para motivar a redução de emissão (CO2, Metano) possibilita o negócio com certificados de emissão. Assim nações e empresas mais poluidoras poderão comprar a outras que se mantêm abaixo do limite, créditos de emissão.

Portugal deveria socializar a possibilidade dos portugueses em regime particular produzirem energia fotovoltaica nos seus telhados. A produção de energia limpa iria reduzir a percentagem de emissões e fortaleceria as economias domésticas com telhados disponíveis.

É incompreensível que na Alemanha, um país muito mais sombrio que Portugal, se vejam, por todo o lado, em muitos telhados particulares as instalações fotovoltaicas para o gasto de energia eléctrica familiar com a possibilidade de vender o excesso de produção às empresas de electricidade. Apesar da falta de sol, a Alemanha consegue amortizar em cerca de dez anos os investimentos.

A política portuguesa só tem dado essa possibilidade às grandes empresas. O povo que se arranje. Para projectos megalómanos até estão disposto a submergir grande áreas do país com água para produção de electricidade ou a fazer passar os Postes de alta tensão perto de povoados, sabendo embora que isso provoca cancro.

Um povo sem voz aguenta tudo!

António Justo