Europa a livrar-se de si mesma servindo-se da Arte ideológica como Serva da Política
Premissa crítica: A História ensina que as civilizações só subsistem enquanto o poder político-económico e o poder ideológico-religioso se mantiverem ligados e interagirem de maneira complementar em interacção orgânica e de maneira inclusiva. A União Europeia segue no sentido contrário contrapondo o poder político-económico ao poder cultural, lutando mesmo activamente contra a própria tradição. Deste modo abre as portas ao autoritarismo de elites anónimas deixando a sociedade europeia à deriva e institucionalmente aberta para uma perspectiva de futuro sustentável do tipo islâmico ou do socialismo chinês. É natural e saudável que o povo brinque, mas essa não deveria ser a missão de quem dirige!
Na União Europeia tudo indica culturalmente que nos encontramos em pleno centro da cultura do declínio apesar do progresso técnico criado; uma leve observação do comportamento de governantes e das populações dá a impressão de todos terem entrado num estádio de puberdade já senil. As elites globais tornaram-se tão distantes do povo que não sentem qualquer obrigação para com o povo (Deus) nem para com as normas sociais ou legais (vivem noutras esferas!). Aboliram a contrapartida (o outro, Deus) reclamando o Olimpo para si e, deste modo, não sentirem responsabilidade humana, nem a consequente culpa ou remorso. Agem de tal modo que o povo passa a ser obrigado a perder a autoestima.
Nas praças públicas da sociedade encena-se cada vez mais uma arte barata que vive do voyeurismo e do exibicionismo que provocam sensibilidades e sentimentos religiosos, com atuações em torno da história bíblica, como são, entre outras, as da actriz Sara Cancerio que como freira nua, procura saciar os gostos da imaginação sexual do seu público e ao mesmo tempo provocar ondas de repulsa nos não consumidores. Não se trata já de corrigir e aperfeiçoar o passado ou costumes actuais, mas, simplesmente, de os destruir sem a responsabilidade de apresentar alternativas. Basta um oportunismo camuflado de ideias peregrinas como as do igualitarismo aliado ao liberalismo do sistema. Para se estar em dia tem de se recorrer aos ingredientes sexo e anti religião.
O Dr. Gabor Maté no seu livro “O Mito do Normal”, Kösel Verlag constata: “Quando uma célula do corpo começa a multiplicar-se à custa de todo o organismo, destruindo os tecidos circundantes e espalhando-se para outros órgãos, roubando-lhe a sua energia, incapacitando as suas defesas e, em última análise, ameaçando a sua vida, chamamos a este crescimento descontrolado cancro. Uma tal mudança maligna pode ser observada no nosso mundo atual. É controlada por um sistema que parece estar direcionado contra a vida. “
Nas velhas monarquias o poder político secular servia-se da arte religiosa para transmitir os valores que davam sustentabilidade ao poder de caracter linear ascendente e nas democracias modernas ocidentais o poder secular serve-se da arte para assegurar o seu poder momentâneo de caracter circular. Na cultura ocidental a arte assume, a passos largos, o papel da religião; nela os governantes, adoptam, nos seus ritos, o papel de acólitos, como se pode ver também no palco olímpico de Paris. E chamam a isto progresso (avanço para onde?)! Neste sentido, surgem, por todo o lado, os novos xamanes que se apropriam das palavras e ritos do passado para os devassar e assim justificar gratuitamente atitudes dos sublevados na sua missão de desconstrução da cultura ocidental, recorrendo para isso a preconceitos sobre o masculino e o feminino, numa sociedade contraditória a afirmar-se com uma matriz cada vez mais masculinizada e agressiva.
O ponto fraco da democracia reside no facto de políticos e eleitos se sentirem também chamados a seguir qualquer capricho individualista e narcisista que lhes apareça, porque em questão de valores perdeu-se o sentido histórico só valendo para eles um momento presente irresponsável que os leva a assumir o papel de tabula rasa onde se impregna o poder mediante a “crença” de que poder democrático significa seguir os caprichos e as necessidades primárias dos seus súbditos para deste modo poderem ser reeleitos e manter o poder e, sem exigências, também eles se dedicarem a fazer o que lhes dá na gana. O cinismo da questão está no facto de se querer fazer crer que quem mais ordena é o povo (quando este está condicionado a ter de seguir os actuais ou futuros líderes sociais).
As civilizações subsistem enquanto o poder político-económico e o poder ideológico-religioso se mantiverem ligados e interagirem de maneira complementar em interacção orgânica: o primeiro dá consistência à polis (ao poder geográfico) cuidando do estômago (necessidades corporais e mentais imediatas) e o segundo ao da alma cultural (necessidade de sentido e missão).
O imperador Constantino (Édito de Milão de 313) teve uma ideia genial para conseguir manter o poder político e a unidade do Império Romano, recorrendo à religião cristã, conseguindo assim prolongá-lo até à queda do império romano (476), minado pelas forças bárbaras. A ideia de Constantino encontrou depois a sua realização na fundação do novo Império do Ocidente com a coroação de Carlos Magno para imperador no ano 800 quando reuniu em si o poder político e o poder religioso, condição necessária para a criação da civilização europeia (a separação institucional do poder religioso e do poder secular, salvaguarda a responsabilidade de o governante não poder agir a seu bel-prazer por haver um outro poder sublime (defesa do Bem, do Belo e do Verdadeiro) a que devia prestar contas; o grande perigo que hoje se observa na civilização ocidental é o facto de o poder político-económico não ter de prestar contas a ninguém (até a nomeação de órgãos independentes como a Justiça, é do encargo dos partidos políticos); o argumento de os governantes terem de prestar contas ao povo é precário dado a opinião do povo estar, por seu lado dependente das elites que controlam a informação.
Carlos Magno seguia a estratégia de dominar os povos vizinhos com a espada e pacificá-los assimilando-os na cultura cristã implementada através dos conventos (Deste modo possibilitou a formação de uma Europa baseada numa ideia imperial cultural prolongada através das nações!). No seguimento da mesma estratégia e a pretexto da União Europeia dá-se continuação à velha luta entre saxões e eslavos, hoje reactivada entre o Ocidente e a Rússia.
A prática hodierna do poder político-económico renunciar à religião (que lhe possibilitou a sua estruturação) e substituir o seu papel por alguns valores utilitários de caracter apenas racional, baseados numa agenda de valores securitizados na Constituição, conduz necessariamente a um poder económico-político ditatorial ou a contínuos conflitos sociais insuportáveis e destrutivos que conduzem à tribalização da sociedade. Não chegam medidas utilitárias e pragmáticas para se fomentar uma União Europeia digna da Europa, para isso precisa-se de um conceito visionário consistente e de caracter sustentável; seria necessário voltar-se ao ideário dos pioneiros da União Europeia. A ausência de uma consciência individual (destruição consequente da personalidade (alienada em valores legais) e redução da consciência individual a opinião subjectiva é favorável a um sistema político autocrático) conduz ao caos individual e social e obriga as autoridades a criarem um sistema de manipulação da linguagem pública e de controlo da informação de maneira a termos um sistema autoritário à medida do modelo chinês.
A pretexto da globalização liberal a Europa, que tinha atingido a estabilidade cultural, vê-se confrontada pelas forças político-económicas (autocratas de Bruxelas) que para apressarem a implementação do liberalismo económico global combatem equivocamente as tradições europeias e o cristianismo. (Não me refiro aqui ao cristianismo como fé, mas na concepção de cristandade).
A UE segue sem escrúpulos os interesses do poder e não se importa com o que acontece a outras pessoas e nações através das suas ações e sente-se autarquicamente confirmada pela própria ideologia nas suas ações legais; Boicotam o comércio com os hemisférios fora do seu poder, quando o comércio livre é considerado o bem-estar de todos os povos, enquanto os boicotes apenas protegem os interesses de uma empresa mundial sociopata que age sem qualquer consciência.
A crise em que se encontram as sociedades actuais e em especial a sociedade europeia é de alto risco porque expressa uma época de confrontação mental baseada na luta contra a tradição e valores da cultura ocidental. Não a querem ver sujeita ao processo de clivagem ou teste do tempo como se dava no passado. Querem implantar uma nova cultura criada artificialmente com novas éticas que facilitem o globalismo liberal materialista servindo-se para isso também das novas técnicas biológicas e digitais. Em vez de corrigirem o eurocentrismo e a hegemonia de tradições filosóficas intelectuais, no sentido de uma transculturalidade respeitadora das tradições culturais específicas querem fazer da cultura ocidental tabula rasa e para isso em todas as vertentes artísticas e ideológicas se observa a desmontagem do cristianismo.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo
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