Timor-Leste:Relembrando a luta pela liberdade dste país irmão

TIMOR-LESTE: UM TESTEMUNHO A PESAR NA CONSCIÊNCIA DO MUNDO

Prémio Nobel da Paz 1996

Em Outubro de 1996 foi atribuído o prémio Nobel da Paz, a D.Carlos Filipe Ximenes Belo,salesiano, bispo de Dili e a José Ramos Horta, também ele timorense,representante no exterior da Resitência timorense.
Até aí, Timor era uma ilha esquecida do mundo. Poucos souberam do genocídio que aí aconteceu ou não quiseram saber! Portugal, apesar duma política de descolonização irresponsável, foi uma excepção: tentou chamar a atenção do mundo para os acontecimentos em Timor-Leste desde que a Indonésia invadiu a antiga colónia portuguesa.

Uma história de opressão

Desde 1975 a brutalidade e a repressão indonésia já provocou a morte a mais de 200 000 timorenses, numa tentativa de esmagar a voz dum povo que há 20 anos luta pelo direito à auto-determinação.
Timor Leste compreende a parte oriental da ilha, bem como a ilha de Ataúro, o ilhéu de Jaco e o enclave de Oc-Cusse num total de 19.000 Kms quadrados,tendo em 1975 uma população de 700.000 habitantes . No mar entre Timor Leste e a Austrália há uma das grandes reservas petrolíferas do mundo.
Timor-Leste pertenceu a Portugal desde o século XVI até 1975. Os timorenses não se sentiram,duma maneira geral, oprimidos no tempo da colonização portuguesa. Esta é resultado duma política de assimilação baseada no facto dos recursos humanos, militares, económicos e culturais de Portugal serem muito limitados. Portugal, país de brandos costumes exportara para Timor um regime feudal baseado numa autoridade central colaboradora ora mais com uns régulos locais ora mais com outros beneficiando também ela do colonialismo interno dos régulos e suas influências. Muitos timorenses converteram-se desde muito cedo ao catolicismo; em 1975 a população era constituída por 35% de católicos subindo em pouco tempo, após a invasão indonésia para 90% da população.Este fenómeno mostra bem a necessidade deste povo em apresentar o cristianismo como expressão/factor da sua identificação e sinal da sua vontade de auto-determinação esperando exasperadamente da Igreja, como instituição, aquilo que as outras instituições humanas não querem reconhecer: o direito a serem diferentes, a serem eles mesmos.
Na mitologia dos timorenses, os portugueses aparecem como irmãos.

O fim do colonialismo português

Depois do 25 de Abril, Portugal deu a liberdade à sua colónia no oceano índico bem como à maioria das outras colónias. Então, em Timor Leste surgiram dois partidos: a UDT (União Democrática de Timor), que defendia uma federação com Portugal e a FRETILIN (Fronte Revolucionária de Timor Leste Independente) que aspirava à independência depois de 5 anos de transição. Um partido chamado APODETI (Associação Popular Democrática de Timor) que queria a unificação com a Indonésia, não teve ressonância no povo.
A Indonésia reclama para si o direito à posse da ilha. No fim do tempo do colonialismo, Timor Leste era um país pouco desenvolvido embora fosse rico em cobre, petróleo, carvão e madeira de sândalo. Só a FRETILIN consequiu apresentar um programa para o desenvolvimento político e social de Timor. No dia 28 de Novembro de 1975 proclamou a “República – 1-
Democrática de Timor Leste” para se opôr a uma invasão da Indonésia, dado não poder esperar apoio de Portugal nem da Austrália, pelo que só lhe restava a única hipótese de se proclamar independente para assim poder levantar a sua voz autorizada na O.N.U e tentar através da Nações Unidas impedir a invasão. A Tanzania, a Argélia, Angola e Moçambique reconheceram o novo estado. A ONU exigiu a retirada dos indonésios de Timor Leste mas sem resultado. A proclamação da independência não conseguiu bloquear o mecanismo de guerra indonésio.

A invasão pelos indonésios e as suas consequências

No dia 7 de Dezembro de 1975, a Indonésia invadiu Timor Leste e começou um grande genocídio que continua até hoje. Os militares mataram homens, mulheres e crianças. Isolaram a ilha do resto do mundo, destruiram as colheitas e proibiram o cultivo dos campos para vencerem a resistência do povo através da fome. Duma população constituida por 700.000 habitantes morreram já nos primeiros meses entre 60.000 e 100.000 timorenses.
Uma grande parte da população fugiu para o interior montanhoso da ilha. As FALINTIL (Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor Leste) na sua luta armada, apoiadas pela população, difamadas por colaboradores indonésios como um punhado de “rebeldes”, são a expressão talvez desesperada e o grito dum povo que se sente lesado no seu direito e nas suas aspirações a ser País. Em Setembro de 1978 no massacre de Fatumaca os soldados indonésios mataram ca. de 5.000 pessoas depois de terem violado as mulheres à vista das suas famílias. Em 1979 as autoridades indonésias prometeram uma amnestia para aqueles que capitulassem. Muitos deixaram o seu esconderijo devido à fome e ao desespero, mas os ocupantes mataram 10.000 civis e membros da FRETILIN, que tinham seguido a promessa de amnestia. Naturalmente que também houve aqueles que atentos à oportunidade da situação acederam e se tornaram colaboradores do regime de Jacarta obtendo privilégios à custa dos interesses da causa timorense e aqueles que tiveram mesmo que resignar devido à força das circunstâncias. Xana Gusmão, chefe da resistência armada, símbolo do povo amordaçado encontra-se prisioneiro nas masmorras indonésias.
Como resultado da polítida da fome seguida pela Indonésia, em 1979 grassava grande fome. 80 % dos sobreviventes sofriam de malária, hepatite e tuberculose e quase todos sofriam de subalimentação. O governo da Indonésia elaborou um programa para esterilização forçada no povo de Timor-Leste.
Apesar de todas estas crueldades e repressão e do esforço indonésio na construção de estradas para os militares mais fácilmente poderem atingir o interior, o governo indonésio não conseguiu vencer a resistência do povo maubere. Em Março de 1983 o governo acordou um armistício com a FRETILIN, mas já em Agosto do mesmo ano a ilha foi atacada por 35.000 soldados indonésios. As obras de assistênica foram expulsas e a visitantes estrangeiros raras vezes lhes foi permitido visitar a ilha.Uma paz dos cemitérios adquirida à base duma política de pacificação compulsiva adquirida à custa da morte, desterro, tortura, massacres, violação de mulheres,desaparecidos e de colaboradores mesmo cristãos que por interesses pessoais ou para não terem de recear vinganças ou a perda de certos privilégios se vêem na necessidade de repudiar publicamente o movimento timorense.
O bispo Ximenes Belo está empenhado na defesa dos direitos humanos e na formação escolar e académica do povo. Belo, timorense de 48 anos, desde 1983 bispo de Dilli capital de Timor-Leste afirma o seguinte: “A soldadesca indonésia que nos rouba a nossa liberdade e destrói a nossa cultura trata-nos como cães sarnosos. Justiça é para eles um termo estranho. Os indonésios mantêm-nos como escravos…em Timor há uma paz aparente apenas à superfície…de facto na ilha reina o pánico, por toda a ilha se encontram soldados e polícias indonésios… eles fazem prisões arbitrárias tanto de dia como de noite …eles podem torturar e matar porque sabem que nada será conhecido no exterior… todos os dias ouvimos falar de
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novos desaparecidos não se sabendo o que acontece com eles…vive-se numa insegurança contínua…se na ilha há paz, como afirmam as autoridades indonésias, porque é que não deixam jornalistas estrangeiros visitar Timor-Leste?…nós esperamos uma solução humana pacífica e democrática para o problema de Timor-Leste”. Para se ter uma imagem da brutalidade indonésia em Timor basta recordar que em 1991 no dia em que timorenses se juntaram para protestar pacíficamente e rezar no cemitério de Santa Cruz em Dilli por dois timorenses assassinados pelos soldados indonésios, estes, então, dispararam sobre a multidão matando 500 timorenses.

A RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL

Um povo massacrado e o mundo fecha os olhos
A chave para a solução do problema em Timor-Leste está nas mãos dos grandes países ocidentais que apoiam a Indonésia, política, económica e militarmente. A Indonésia com os seus 200 milhões de habitantes é um mercado muito atrativo para o Ocidente. A Alemanha é o segundo fornecedor de armas para a Indonésia. Jornalistas australianos documentaram couraças de Mercedes em acção em Dili, a capital de Timor Leste. Até oficiais militares e da polícia da Indonésia foram formados pela Bundeswehr. Na ONU, a Alemanha abstem-se do voto no que respeita a Timor Leste. Até hoje nunca tentou influenciar o governo indonésio no sentido da defesa do direito do povo timorense à auto-determinação. A mesma coisa fazem os Estados Unidos que são o fornecedor mais importante de armas para a Indonésia. A Austrália interessada na mão de obra barata da Indonésia e em alcançar dividendos na partilha (entre ela e a Indonésia) dos direitos às reservas de petróleo existentes entre Timor Leste e a a Austrália também se cala. Jovens timorenses que “ocuparam” embaixadas estrangeiras na Indonésia (isto é, que saltaram por cima dos muros da embaixada e desenrolaram transparentes em que manifestavam as suas exigências no que respeita aos direitos humanos e à independência), foram entregues à polícia indonésia pelas embaixadas da Alemanha e da França. Outras embaixadas mandam-nos para Portugal onde recebem asilo político. É um escándalo que por iniciativa da Alemanha Federal, em 1986 Timor Leste tenha sido tirado da “lista negra” da Comissão dos Direitos do Homem da ONU, embora a ONU não reconheça a anexação de Timor-Leste pela Indonésia e a invasão lese direitos internacionais. Apenas Portugal, as antigas colónias portuguesas africanas e outros países do Terceiro Mundo defendem Timor Leste.

A atitude do governo alemão (: protótipo do agir do Ocidente)

Depois da atribuição do Prémio Nobel da Paz respectivamente ao bipo de Dilli D.Carlos Ximenes Belo, e ao representante da resistência timorense no exterior, Ramos Horta, em Outubro de 1996, o único comentário do governo alemão foi de que “respeitava” a decisão da Academia Sueca.
No dia 28 de Outubro de 96, Kohl visitou o seu amigo Suharto em Jacarta. Depois do encontro só disse àcerca de Timor-Leste, que tinha uma opinião diferente da de Suharto no que respeita aos direitos humanos.
É sintomático que o bispo Belo, um homem desejoso de harmonia e paz tenha recusado o convite de Kohl. O corajoso Bispo deu uma lição ao mundo ocidental ao não aceitar encontrar-se com o chanceler Kohl na Indonésia. Carlos Belo foi meu colega nos Salesianos em Portugal. Por isso penso interpretar bem a sua atitude. Ao basear a sua recusa por motivos pastorais, ele contrabalança o valor da vida cultural dum povo à hegemonia do económico. Ele sabe bem que o que preocupa Kohl não é a defesa do povo ameaçado e da cultura ameaçada de Timor-Leste mas sim meros interesses económicos. Além disso, se Belo tivesse aceitado o convite reconheceria indirectamente o domínio da Indonésia sobre Timor-Leste. A declaração de Kohl de que ele era por uma “solução pacífica” do problema em Timor não deixa
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transparecer grande convicção e dá a impressão de ser apenas uma frase devida à espectativa da opinião público que esperava uma tomada de posição pelo chanceler alemão.Etretanto, no fim de Outubro o bispo Belo pediu ao chanceler alemão Kohl a realização de um encontro entre os dois em Bona, aquando da sua deslocação a Oslo…

Política à margem da moral?

O bispo não pode aceitar que o mundo assista impassivo a tanta repressão e ao facto da Indonésia através duma política sistemática de envio de colonos muçulmanos indonésios para a região, pretender, a longo prazo, ameaçar a identidade étnico-cultural dos timorenses de Leste podendo, com o tempo, vir a reduzi-los a uma minoria no próprio país.
Os timorenses têm razão para se sentirem esquecidos e atraiçoados pela comunidade internacional. A desilusão ainda se acentua mais pelo facto dos timorenses de Leste serem portadores duma tradição de quase 500 anos de Cristianismo – portanto a sua cultura ter raízes ocidentais.
Esta tradição é agora aniquilada com o consentimento tácito e até com a ajuda do mundo ocidental, à maneira de Judas, apesar do sentir comum dos timorenses com o ocidente.
A opinião corrente de que se deve renunciar a uma política exterior moralisante porque os interesses nacionais das nações fortes do Ocidente são de caracter económico é míope desumana e redutora. Não tem sentido que o ocidente chegue a ponto de trocar a sua cultura por um prato de lentilhas (tal como a figura bíblica de Isaú que entrega ao irmão Jacob os seus direitos e o seu futuro a troco dum prato de lentilhas). Se em nome da defesa do bem estar económico ocidental e da defesa dos lugares de trabalho se está disposto a pagar um tão alto preço incluindo a destruição e infelicidade de um povo irmão, não se poderá reclamar para si o respeito valores éticos de humanismo e de responsabilidade universais.
Uma economia de legitimação democrática que fecha os olhos à violação dos direitos humanos e à ditadura é uma traição à própria cultura e traz em si mesma o germe da própria desagregação e da auto-destruição, é uma sociedade decadente.
A partir de Janeiro de 1997 Portugal passará a ter assento no Conselho de Segurança da ONU. Esperemos que daí Portugal não perca a oportunidade para mover a comunidade internacional no sentido da causa timorense. O parlamento belga ao pronunciar-se, em Novembro p.p.,pela causa do povo timorense é já um indicativo duma certa sensibilização e abertura para o problema.
De esperar seria que, entre os portugueses migrantes, surgisse alguma iniciativa para apoiar este povo. Também a escola e as associações não deveriam ser alheias a esta responsabilidade. Os alunos portugueses, bem documentados, poderão ser veículo de informação, nas escolas que frequentam, apresentando temas nas semana-projecto e exposições nas aulas. De não desprezar seria o envio de cartas às fracções partidárias dos parlamentos chamando-as à atenção do que se passa e pedindo-lhes o respectivo empenhamento.

1.12. 1996

António Justo

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SCHRÖDER, O CHANCELER ALEMAO QUE CONDUZIA À DIREITA COM O PISCA-PISCA A INDICAR PARA A ESQUERDA

A ALEMANHA E A EUROPA
O Chanceler Schröder sem maioria parlamentar
Schröder, com a intenção de perder a confiança da maioria parlamentar e assim possibilitar novas eleições, pediu ontem (1.07.05) o voto de desconfiança positiva ao parlamento, já que a alternativa da demissão seria desonrosa para ele. Contra a vontade, a maioria dos deputados da coligação e naturalmente a oposição corresponderam à solicitação de Schröder. Assim se consome a tragicomédia com 296 votos contra (da oposição), 148 abstenções (dos contrafeitos) e 151 a favor dele(dos rebeldes e consequentes). De seguida Schröder contactou o Presidente da RFA Köhler que terá tempo até 22 de Julho para decidir sobre a dissolução ou não dissolução do Parlamento. Prevê-se o placeat do presidente atendendo a que todos os partidos e 72% da população, segundo estimativas, anseiam por novo governo; restam entretanto algumas dúvidas constitucionais da legitimação do acto, atendendo a que a crise parlamentar é artificial ao que o tribunal constitucional poderia obstar, não sendo isto provável dado aqui não se tratar apenas de manobra partidária para dominar a oposição. Suposto que serão ultrapassados estes obstáculos, haverá eleições antecipadas de um ano a 19 de Setembro de 2005. Assim chega ao fim a tragicomédia do governo Schröder/Fischer

De facto o governo de Schröder tem metido água por todos os lados, além de não ter respeito pelo parceiro de coligação os Verdes que se colaram ao poder mais preocupados com ideologias dialéticas e com postos. Há três anos ganhou as eleições apenas com a promessa de diminuir substancialmente o número dos desempregados e com a mobilização massiva do ressentimento antiamericano. Entretanto iniciou uma política de desmontagem da política social com a consequente subjugação ao neoliberalismo e com um estilo de governo apressado baseado no parecer de comissões.
Por um lado faltava-lhe a legitimação do eleitor para o seu programa e o apoio da esquerda socialista do seu partido; por outro perdeu muitos dos estados federados para a oposição e com isto a maioria dos estados pertencentes à Câmara dos Estados Federados (órgão constitucional) cujo voto é necessário para aprovação de muitas leis. Schröder não se sentia legitimado porque o seu programa com a Agenda 2010(reforma do estado social) foi apresentado depois das eleições correspondendo a um programa de desresponsabilização social à custa da classe média e trabalhadora. Com isto criou-se no próprio partido uma oposição à sua política. Ao perder definitivamrnte a base do seu partido, causa a divisão dentro da SPD e a fundação ( partido populista esquerdista retrógadoWASG – Alternativa Trabalho e Justiça Social) duma união paridária de coligação com o PDS(Comunistas) que se candidata para as próximas eleições federais. A nova formação partidária Lafontaine/Guisy, união da esquerda, obterá entre 6% e 9% dos votos a nível federal: mais um problemas para os partidos estabelecidos…
O maior sintoma da fraqueza de Schröder manifestou-se a 6.02.04 quando se viu obrigado a entregar a presidência do partido a Franz Müntefering. Aqui a sua derrocada é já previsível. (O destino do governo socialista em Portugal virá a ter um fim semelhante, atendendo a que também ele não apresentou aos votantes um programa que agora impõe).
Schröder falhou na política europeia ao querer, a todo o custo, impôr-se com a França como o eixo da Europa e impôr a Turquia à UE; falhou internamente vendo o desemprego aumentado para practicamente 7,5 milhões e ao provocar a insegurança nos trabalhadores que vêem subir o número de horas semanais de trabalho com simultânea redução do vencimento, além de verem questionados direitos tarifários; tem falhado, ano após ano,contra as orientações do pacto de estabilidade económica europeia. Schröder, homem do poder, tem um mérito neste momento: o de querer legitimar-se e o de não querer impedir o desenvolvimento da Alemanha, que se encontra num empasse desde há anos. Assim, só lhe restou a conciliação de defesa da própria honra com os interesses da esquerda do próprio partido e a legitimação para a sua política. Típico dos agentes mais característicos deste governo (Schröder, Schily, Joschka Fischer, Trittin e companhia, militantes da geração 68): nasceram e fizeram-se rua, na luta contra a burguesia e contra o Estado, no desprezo pela massa popular, tendo sido toda a construção das sua personalidades o accionismo rectórico político e moralista; racionalistas à la France, peritos no contra e com algumas ideias válidas (ecologia e energia renovável) passarão à história sem grande rasto; criaram a nível europeu uma rede que actua e propaga os seus vícios nos vários estados da UE, a partir de Bruxelas e Luxemburgo.
Schröder tem o “mérito” de ter conseguido disciplinar a classe operária, na disponibilidade do capitalismo liberal, sem grandes protestos organizados, conduzindo-a a uma atitude fatídica de resignação que facilitará medidas ainda mais radicais, no sentido de criar uma classe proletária dependente, mais igual a si mesma em toda a Europa, na ilusão da justiça!…
Que fica do governo de coligação PSD / Verdes?
Fica a ideologização da sociedade, o abandono da energia atomar , uma lei de imigração, o matrimónio de homosexuais, o envio de soldados em missões no estrangeiro e a não participação directa na guerra do Iraque, um SPD dividido. Enfim, uma sociedade mais pobre e desorientada, uma sociedade cada vez mais preparada para grandes conflitos sociais internos nos vá rios países europeus. A Alemanha está no caminho da desumanização do homem europeu : é ao mesmo tempo sintoma e factor de si mesma e da europa..
Embora Schröder seja um mestre em encenações e a sua contraente Angele Merkel da CDU (Cristãos Democratas) não seja beneficiada nesse sentido, ela tem a ganhar com os eleitores já cansados e inpacientes.Schröder, para poder ganhar as eleições anuncia já uma mudança de curso da política iniciada. A arrogância da geração 68 que ocupou os ministérios e muitas dos lugares cimeiros nas instituiões alemãs não tem conceitos, apenas tem conseguido remendar e reduzir-se a bombeiros numa sociedade cada vez mais desmantelada e à disposição.
Assim acaba uma legislatura em que o maquiavelismo político e as meias verdades não só frustaram eleitores como causou grandes dores de barriga aos deputados que tiveram de , sem dignidade, contra a própria vontade e convicção, obedecer à vontade do partido acabando o seu mandato um ano antes do que para que foram eleitos. Uma contradição: o chefe de governo pede o voto de desconfiança no seu governo e mantem a confiança da sua fracção que o apoia nas próximas eleições.
Schröder, quando assumiu as rédias dos destinos do povo alemão, no seu juramento perante o Parlamento negou-se a fazer referência a Deus, contra o que era costume até então; agora termina a mesma tarefa sem a referência à verdade, manipulando-a e sem respeito pelo Parlamento. Quanto ao povo, foi reduzido a mero espectador, a mero factor de trabalho cuja identidade se define pelo consumo, e tudo isto, o que é mais grave, por um partido que se diz com alma proletária. Facto é que o povo é cada vez mais massa embora farto da hipocrisia e das inscenações. O povo certamente que apoiará a oposição na pessoa de Angela Merkel que fará da Alemanha o que Margret Thatcher fez da Inglaterrra.
O cidadão quer a mudança mas não espera nada do próximo governo; pressente que a situação está pior do que os políticos apresentam. Está em marcha uma Europa entregue ao destino e ao fado de políticas irresponsáveis que desviam o produto do trabalhador europeu para outras zonas mais rentáveis ao capitalismo desenfreado! A vantagem dos cristão democráticos: não venderão de modo tão barato a alma europeia (a sua cultura).
Permanecerá o problema: Para quando a prioridade para os cidadãos?
António da Cunha Duarte Justo
Alemanha 2.02.2005

António da Cunha Duarte Justo
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Uma nação que tem jogado ao 25 de Abril enquanto a banda passa!

Insucesso Escolar em Portugal – Cantando e Rindo…

A situação escolar em Portugal é catastrófica. Isto é-nos confirmado a nível internacional pelo Estudo-PISA da OECD e pelos últimos dados estatísticos fornecidos pelo Ministério da Educação ( GLASE) sobre o insucesso escolar em Portugal nos últimos nove anos.

Os resultados do Teste PISA que compara a nível internacional o rendimento escolar dos alunos em 40 países tem sido sucessivamente um testemunho, a alto nível, da ineficiência do nosso sistema escolar. Portugal ocupa na lista das nações um lugar baixíssimo. Dos 40 países investigados em três sectores do saber, os alunos portugueses encontram-se no 30° lugar em Matemática, 28° em Leitura e 32° em Ciências Naturais.

Dos valores apresentados pelo ME (GLASE) relativamente ao período que vaí de 1994 a 2003, a gravidade da situação é gritante. torna-se mais evidente atendendo aos destinos individuais não referidos. Assim, em 2003, do milhão e meio de estudantes do ensino básico e secundário que frequentavam as escolas portuguesas, 280.000 alunos reprovavam. A percentagem de retenção escolar no ensino básico até ao 9° ano foi constante (13%) nos 9 anos apresentados no estudo.

A taxa de retenção e de desistência no ensino secundário (10.° ao 12.°) ainda foi maior, verificando-se uma média de 34,33 % relativa ao período de referência. Um em cada três alunos chumba. Em 2003 mesmo 43,5 % dos alunos do 12° não faziam todas as disciplinas , culminando o ensino tecnológico com 53,6 por cento de chumbos.

Uma nação em agonia e ninguém se interessa

Uma catátrofe a nível individual e nacional se atendermos não só às vítimas do sistema, aos destinos individuais, como também aos prejuízos não só económicos nacionais aderentes à situação. Para quem sabe ler, isto significa um atestado de incompetência a todo o sistema escolar a nível de estruturas e de recursos humanos. Uma hipoteca para o futuro num país que irresponsavelmente tem vivido para inglês ver. Onde está a voz dos intelectuais, dos políticos e dos jornalistas? Que preparação levam os alunos para um mundo cada vez mais em mudança, mais competitivo e global? Quem sociedade sucederá duma elite medíocre portuguesa embuçada?

No estudo nota-se um desaferimento crasso na passagem de um ciclo para o outro: se no no fim do 1° ciclo do Ensino Básico (4° ano) chumbam 8,4 %, no 5° ano já chumbam 14,9%; no 6° ano, fim do 2° ciclo chumbam 14,6% e já no 7°ano,início do terceiro ciclo do Ensino Básico, chumbam 24,4%; se no 9° ano ficam retidos 15% já no início do Ensino Secundário, no 10° ano chumbam 34,8%. Um factor imediatamente evidente nestes dados é a falta de aferimnto e de díálogo entre as escolas (ou ciclos) que passam os seus alunos dum estabelecimento ou dum ciclo para o outro. A mão esquerda não sabe o que faz a direita.

Os dados tanto da Administração Portuguesa, como os da organização internacional responsável por PISA apontam para uma conclusão, ou melhor, para um diagnóstico: uma administração deficiente que se limita a administrar a miséria, uns sindicatos apenas interessados em defender os interesses pontuais da classe, uma classe política irresponsável e uns responsáveis pela educação adormecidos, desatentos e desinteressados pelo futuro dos seus educandos e da nação.

De Crise em Crise : Tal Escola, Tal Nação

Urgência duma Comunidade Educativa

Um dos grandes males das sociedades modernas é a falta de disciplina e de conceitos concludentes. Se este é um problema internacional a questão em Portugal eleva-se à terceira potência. Vai sendo tempo de Portugal despertar e de olhar menos para os outros tal como fazia nos séculos preparatórios da nacionalidade e dos descobrimentos e investir na própria identidade e assim poder dar novos mundos ao mundo. Deixemos de nos tornar cada vez mais estrangeirados para nos tornarmos mais portugueses, mais universais. A salvação não vem de fora nem de ladainhas muitas vezes repetidas por ideologias já de segunda mão. De fora têm vindo ideologias que encantam um povo desatento e que se vê na necessidade de se refugiar em festas de futebol e em orgias de fogos, para fugir à realidade decadente consumidora. Apostemos nas raízes da nossa cultura e na tradição que nos tornou grandes. Aí encontraremos os valores que nortearam o sucesso, conscientes porém que indivíduo e sociedade estão sempre em contínuo processo de renovação sendo ao simultâna e reciprocamente condicionantes e condicionados.

Um novo Perfil de Professor – Cada Escola com um Perfil próprio

Na nação como na escola não chegarão professores empenhados na sua disciplina, mas professores pessoalmente empenhados numa relação pessoal professor-aluno, numa relação pessoal de comunidades: comunidade docente e comunidade discente; não chega o diálogo é preciso relação e comunhão íntima. Na relação dum eu-tu consciente de que o próprio eu nasce dum tu.

Urge que a escola deixe de ser um sumatório de indivíduos, uma massa amorfa de pastores e ovelhas não identificados e desmotivados. A comunidade nasce de pessoas capazes de assumir responsabilidade e exercita-se já na responsabilidade comunitária escolar em serviço mútuo, na autoconsciência e na capacidade de poder adiar a satisfação imediata. A comunidade escolar terá que se preocupar com a terceira coluna: a comunidade dos pais, a terceira coluna da comunidade educativa. A escola precisa de ideias claras e valores assentes; menos dever e mais ser. Todos os intervenientes terão de trabalhar na elaboração dum conceito de educação consensual à margem de partidarismos e de ideologias; neste sentido não se poderão culpar individualmente os pais pelos diferentes hábitos e sistemas educativos, atendendo a que partidos e ciência os tem considrado cubaias e presa. Cada escola precisa de menos regulamentação e necessita dum perfil que a distinga das outras, que se torne ela própria com um sentimento de pertença com uma identidade própria, um distintivo em que alunos e professores falem da sua escola de modo semelhante ao daqueles que falam do seu grupo de futebol ou do seu grupo de música. A falta de perfil das escolas uma consequência de responsabilidades delegadas deve-se tanto à rotina como a ideologias da moda assim como a um experimentalismo leviano, tudo isto baseado no abdicar da própria identidade.

Nesta Europa desorientada e confusa e em Portugal não há um consenso político nem científico de como educar, tornando-se a escola presa fácil de ideologias partidárias ou de experimentalismos precoces. Há muito que Portugal se encontra num processo de tranformação de valores em que, em nome duma liberdade que não existe, se negam rituais, disciplina, ordem, educação… Parece querer-se um campo pedagógico frágil. É também fatal um espírito modernista mal entendido contra elites. Precisa-se uma nova educação: educar para elites responsáveis e não para craques ou afortunados que se alistam numa ou noutra organização, seja ela partidária, massónica, futebolística ou religiosa; não chega uma elite de postos. Em pedagogia não há nada de novo que já não fosse expresso num ou noutro método já velho. As ciências da pedagogia e da psicologia necessitam de maior independência deixando de estar tanto ao serviço de ideologias ou modas. A escola tem qu se tornar num centro de vida e de interesses comprometedores em que a palavra relação seja honrada. O docente mais que um cientista é um educador. A sua formação tem de ser mais completa e a sua escolha obedecer a critérios mais rigorosos. O critério de funcionário público tornou-se anacrónico numa sociedade moderna e democrática. Não deveria ser prioritária a motivação pela segurança do funcionário público. A este sistema público estão inerentes vícios de classe acrescentados dos vícios próprios da administração que se inclina a conservar.

Saber, juventude e um pouco de ingenuidade e de didática não são suficientes para se formarem homens e mulheres conscientes e responsáveis na realização dum sonho e duma realidade pessoal e nacional.. Não se trata apenas de transmitir saber e de avaliar o aluno. Este tem que descobrir-se como consciência num processo de crescimento sem fim. Mais que nas notas, o padrão de avaliação e de medição da actividade de professor/aluno deve verificar-se no desenvolvimento da personalidade e das competências específicas de cada aluno, à sua medida e da comunidade.

Rigor não exclui solicitude e encorajamento. Mais relação e respeito e menos medo e hierarquia. Um projecto consciente exige mais dos professores e dos alunos. Discilplina é a base da liberdade responsável.

O sentido da personalidade, o respeito mútuo, e a consciência de nos encontrarmos a caminho duma transcendência que supera a própria nação, são, entre outros valores cristãos, meios avalizados e provados ao longo da nossa história e que poderiam tornar-se mais xobjecto de estudo análise e aplicação num sistema escolar precário, sempre em crise, perpetuador de crise.

Um cultura iconoclasta que apenas substitui os seus santos de igreja pelos santos ou corifeus da ideologia, da literatura, da cultura ou da política não passa de uma cultura de beatas, que se engana a si própria : imagens de imagens ; e os seus corifeus: cegos guiando outros cegos…

Professores, políticos, jornalistas, já vai sendo tempo de deixarmos de jogar às escondidas com o povo e com a nação. Até quando teremos de continuar a ser um povo de fugida?…

António da Cunha Duarte Justo

Professor de Língua e Cultura Portuguesas na Alemanha

Email: antonio.justo@web.de

Tel: 0049 561 407783

António da Cunha Duarte Justo
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Sociedade Alemã no Nevoeiro da Campanha Eleitoral

Daqui a dois dias (18.09.2005) havará eleições na Alemanha. Activismo e medo no ar. Ninguém sabe ainda quem assumirá as rédias do poder e constata-se uma desconfiança geral de todos os políticos. A realidade para o povo será dura, ganhe quem ganhar. É a hora dos sentimentos e da demagogia. Até Maio toda a opinião pública criticava o governo de Schröder prevendo-se uma maioria absoluta para os cristãos democratas em coligação com os liberais. Lutas internas entre os candidatos da oposição e uma campanha suja do SPD conseguem desorientar uma nação que não gosta de incertezas e sofre por ser castigada no seu instinto de obediência e confiança incondicional nas chefias. Não há indícios para esperanças e o povo sabe que tem razão no seu sentimento depressivo. No fundo pressente-se que o doente não se cura com promessas… A nação sofre, encontra-se depressiva enquanto os gladiadores do poder de dentes serrados disparam os últimos cartuchos numa luta incerta..
Nunca uma campanha eleitoral foi acompanhada de tantos truques e questões jurídicas. Entre outras registe-se a questão da conformidade constitucional da proclamação de eleições antecipadas em consequência dum voto de desconfiança contra Schröder e que este mesmo encenou para poder disciplinar o seu partido obrigando-o a apoiá-lo na única oportunidade para o partido ter uma chance com eleições antecipadas. Certo é que se ele tivesse levado a legislatura até ao fim perderia as eleições porque já não tinha soldados no partido, a desilusão do povo ainda se agravaria mais e o seu latim já tinha chegado ao fim. Com esta tática consegue abanar toda a nação e as suas instituições, reduzir os Verdes de coligação a um Joscker Fischer e tornar-se, de novo, o homem forte do SPD. Verga-se aos interesses turcos visitando o seu jornal de maior tiragem na Alemanha na certeza de que a esmagadora maioria dos 600.000 votantes turcos de nacionalidade alemã votarão nele. Nos interesses do seu partido e da sua ideologia instrumentaliza a Europa com a defesa da integração total da Turquia na Europa. Conta-se que na RFA daqui por 30 anos viverão 20 milhões de turcos (actualmente vivem três milhões e meio e constituem uma grande esperança e investimento para as fileiras dos Verdes e da esquerda). A Europa que pague a factura da má política de imigração alemã e os seus interesses económicos e estratégicos na Turquia (De notar que o intelectual Schmidt, antigo chanceler SPD se tem declarada contra a integração da turquia).
A campanha eleitoral tem sido especialmente dominada pelos média electrónicos. O SPD, sem programa, contenta-se em apresentar o Schau da pessoa Schröder apresentando-o como o representante de segurança social tendo ele até Maio sido visto como o seu coveiro com a sua Agenda 20010. O programa do SPD reduz-se à proclamação da heroicidade de Schröder por ter iniciado as reformas. Tem a vantagem de ter muitos da cena cultural e muitos intelectuais a a apoiá-lo, não tanto por convicção mas por razões ideológicas, atendendo a que até há pouco os mesmos criticavam severamente a política da coligação Encarnada/Verde.
A União CDU/CSU orientou a Campanha eleitoral com discussões teóricas de alto nível. As mais valias alcançadas pela candidata Merkel foram destruídas por discussões muito interessantes mas que o povo não segue.
Os Cristãos democratas defendem um sistema de imposto simples e são contra a integração da Turquia na Europa. O SPD não quer um sistema de imposto simples até porque este tirar-lhes-ia o seu melhor instrumento de manobra da sociedade. Seguem o lema: “ não confies em nenhum indivíduo; só o colectivo é bom porque ele se deixa manobrar”.
Nesta campanha eleitoral os partidos pequenos não figuraram. Apenas esteve presente a má herança de Schröder, a nova força esquerdista que consta duma união de comunistas e de descontentes do SPD ( o “Partido da Esquerda”). O “Partido da Esquerda” conseguirá entrar no parlamento prevendo-se para ele uma percentagem de votantes como para os verdes. Deste modo, no caso do SPD ganhar as eleições, este só poderia formar governo em coligação com o novo Partido da Esquerda o que lhe causaria grandes dores de barriga.
Uma coligação da esquerda como forma de governo a sair das próximas eleições seria veneno para a economia alemã.
Depois de sete anos de governo Schröder seria tempo de uma nova oportunidade para o país através dum Governo da União/FDP com um ministro da economia in spe Professor Dr. Kirchhof um seguidor da doutrina social da igreja católica.
Esperemos uma mudança de poder não só para Angela Merkel mas também entre os intelectuais. A Europa tem de deixar os sonhos e a ideologia duma sociedade multicultural dialética e orientar-se no sentido duma sociedade intercultural. A cultura europeia estaria em boas mãos se voltasse para os conservadores que não precisam de penhorar os bens da cultura para ganharem prosélitos.
O que se precisa é uma política e uma práxis que integre cultura e economia e são necessários partidos que deixem de viver à custa duma ou da outra.

António da Cunha Duarte Justo
Alemanha
Mail: antonio.justo@web.de
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António da Cunha Duarte Justo
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Irmãos matam a Irmã em Nome da Honra da Família

Hatun Sürücü foi assassinada pelos irmãos em Berlim porque queria viver um estilo de vida ocidental. Os três irmãos prepararam o assassínio em conjunto ; o mais velho terá arranjado o revolver, o segundo convidando-a a acompanhá-lo e o mais novo, matando-a. Seu irmão mais novo, de 19 anos declarou, através do advogado(14.09.2005) « eu matei a minha irmã, ninguém da minha família me ajudou ».
Ele matou a sua irmã de 23 anos com três tiros na cabeça alegando que ela levava um estilo de vida que não lhe agradava e que a frase da irmã “eu durmo com quem quiser” o motivou ao assassínio. Ela tinha sido obrigado a casar-se com um primo de Istanbul com quem tinha um filho. O casamento fracassou e ela voltou para Berlim e começou a aprendizagem do curso de electricista. Não aceitou trazer o lenço de cabeça e pintava-se. Os conflitos na família acentuaram-se. A honra da família não suportava tal afronta.
Como justificação do acto, depois do crime um grupo de jovens turcos em Berlim afirmam à imprensa: “ A puta andava por aí como uma alemã e também vivia assim”.

Direito cultural superior ao direito humano – homem superior à mulher
Para um ocidental é incompreensível que, em nome da honra familiar, se possa matar alguém.
Para o Próximo Oriente a honra (que obedece a um comportamento moral de castidade da mulher) está acima do amor dos pais. Na Turquia e em sociedades de cultura nómada o indivíduo não conta, o que vale é a pertença a um grupo ou clan dos quais depende a vída do indivíduo. Relevante é a honra do grupo. Para estas sociedades não se trata de um assassínio mas de repôr a honra ferida. Os assassinos recebem o status de homens honrados, são apelidados de “Namuscu” = ”defensores da Honra”. O executante tem de ser um membro da família ou do grupo, que actua depois dum processo de admoestações por determinação dos representantes do grupo ou da família. Por fim o conselho familiar ou do clan decide da vida ou da morte. A honra tem de ser lavada dentro da família, isto é, a execussão tem de ser efectuada por alguém da família muito próximo ou por um primo.

Sociedade Ocidental Cúmplice
Infelizmente, anualmente dão-se muitos assassínios de mulheres vítimas e isto debaixo dos olhos tolerantes duma sociedade que em nome da defesa duma sociedade multicultural tem muito respeito pelas tradições das várias. A identidade cultural é colocada acima da identidade pessoal, dos direitos humanos. O que é grave é que isto será confirmadao por um tribunal ocidental que condenará o assassino a menos de meia dúzia de anos devido à desculpa cultural.
Muito frágil é a honra de homens que se vêem tão ameaçados por mulheres tão indefesas.
Deste modo consegue uma sociedade machista superar a sua fraqueza e obter uma paz social e familiar estável.
A justiça ocidental tem de julgar os assassinos como tais e os políticos e a sociedade ocidental tem de fazer pressão perante os representantes das respectivas culturas para que considerem tais actos como assassinios; o mesmo se diga em relação aos muçulmanos suícidas que consigo arrastam muitos inocentes à morte e depois ainda recebem o estatuto de mártires do islão.
A sociedade ocidental é cúmplice em muitas aberrações que acontecem e se desculpam em nome da tolerância. É cúmplice porque não se intromete na discussão dos hábitos de culturas que vivem no seu seio e porque não apoia aqueles que nos correspondentes ghettos procuram lutar por esclarecimento e pela defesa dos direitos humanos.
De registar que nesta Europa tão tolerante, tão desinteressada, vivem 30.000 mulheres sem clítoris e que a prática da circuncisão de mulheres, por razões culturais e machistas ainda atinge muitas vítimas, embora às escondidas. Sob os tectos de muitas famílias ordeiras, tantas vidas aniquiladas em nome da honra! Do outro lado tanto desinteresse que permite tanto sofrimento em nome da tolerância! Não haverá por aí uma camisa de Venus para estas coisas!…
António da Cunha Duarte Justo
Mail: antonio.justo@web.de

António da Cunha Duarte Justo
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