Asilo político – Fugitivos para quem a última Âncora de Refúgio são as Igrejas

Igrejas alemãs continuam a Tradição de Lugares de Refúgio

como na Idade Média

António Justo
Muitas igrejas na Alemanha tornam-se em lugares de refúgio temporário para solicitantes de asilo ameaçados de deportação (casos humanitários excepcionais ameaçados de expulsão, por vezes os “casos-Dublin” – requerentes que vieram através de outros estados europeus e cujo processo deveria ter sido feito no primeiro país de chegada e como tal sem direito a refúgio no segundo país de chegada, a não ser que se encontrem há mais de 6 meses na Alemanha)…

Na minha região de Kassel há 11 paróquias evangélicas que albergam 15 refugiados e duas paróquias católicas com famílias que tacitamente albergam para não entrarem em conflito com as autoridades civis.

Dar guarida a fugitivos é tradição das igrejas mas não sustentada pelo actual direito civil. As autoridades respeitam a ilegalidade deste proceder não indo buscar ninguém aos espaços da igreja para a deportação. As igrejas acolhem e ajudam os refugiados independentemente da sua crença. A responsabilidade e manutenção pertencem à comunidade paroquial. As igrejas não questionam o direito único do estado, preocupam-se e intervêm em casos individuais quando reconhecem perigo de vida ou o ferimento de direitos humanos (muitas vezes uma pausa de reflexão para as autoridades civis!). Os refugiados não podem abandonar os espaços da igreja. As autoridades têm tolerado o asilo na igreja. Até hoje os refugiados na igreja conseguiram ser reconhecidos posteriormente pela lei estatal. Aqui temos um exemplo de como a relação entre Estado e Religião funciona no sentido de uma sociedade mais humana em que a lei, por vezes não discrimina casos especiais.

As exigências de hospitalidade do Novo Testamento, (Mt 25,35ff; Rom 0:13; Heb 13,2; 1 Pedro 4.9), obriga os cristãos a dar guarida a quem procura protecção legal junto deles, independentemente de raça, religião ou cor. Já antigamente, servos que se sentiam maltratados pelo senhor conseguiam, por vezes refúgio nos conventos, até encontrarem um senhorio mais humano.

Também Maria e José se refugiaram numa gruta onde nasceu Jesus. Andaram por terras do Egipto para escaparem à perseguição, assim reza a alegoria elucidativa. Já no AT, no Deuteronómio 4, 41 e 42 e em 19, 2 são mencionados lugares de asilo. Na Idade Média a Igreja cria lugares de amor ao próximo (pobres, doentes e estrangeiros) geralmente ligados a um convento. Por decreto imperial foi concedido o direito de asilo temporário nas Igrejas desde que o que procurava refúgio não fosse assassino.

A prática do asilo em igrejas alemãs dá-se discretamente e só em casos humanitários especiais. Assim se serve melhor os requerentes de asilo e não se provoca o Estado.
António da Cunha Duarte Justo
www.antonio-justo.eu

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BOAS FESTAS!

Estimadas leitoras, prezados leitores!
Nesta época, em que mais se expressam sentimentos e temas centrados na humanidade, aproveito a oportunidade para vos desejar umas festas natalícias felizes e um Ano Novo próspero. Todos fluímos no todo; todos trazemos o todo em nós e o completamos, à nossa maneira.
De resto, somos mais que as ideias e crenças que expressamos. Onde se encontra uma pessoa lá se encontra um bocado do universo e certamente um vestígio do eterno para admirar.
Com amizade e reconhecimento
António Justo
MUITOS NÃO SABEM!

Muitos não sabem
Que o Menino sonha neles
Muitos não sabem
Que o Infante quer acordar neles
Muitos não sabem
Que são a alva de um sorriso
Muitos não sabem
Que o sol brilha neles
Muitos não sabem
Que o Jesus quer nascer deles
Muitos não sabem
Que Cristo vive porque mora neles
Muitos não sabem
Que o Natal são eles!

António da Cunha Duarte Justo
In http://canais.sol.pt/blogs/ajusto/default.aspx

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NATAL NÃO É SÓ UMA “FESTA CRISTÃ “

NATAL É A FESTA DA FAMÍLIA HUMANA

António Justo
Tal como o catolicismo, num acto de aculturação e inculturação, assumiu muitos dos costumes, ritos e festas dos povos com quem esteve em contacto (p.ex.: as celebrações em torno do solstício de inverno), também o mundo secular de hoje assume festas cristãs, nas suas festas irreligiosas, como se observa no Natal onde o aspecto religioso quase não se nota. Se antes se dava uma cristianização de costumes pagãos hoje assiste-se à paganização de costumes cristãos. Assim a nossa atenção perde-se, por vezes, no cheiro da canela, no vinho quente, nos bolinhos, rabanadas, luzes e velas.

Como se vê, pessoas crentes e mesmo ateias aprendem umas das outras muitas vezes, seguindo a força da rotina. Nestas condições a religião corre o perigo de ser banida da vida ou relegada para um sector do cotidiano como o futebol ou o teatro, num pacote do tudo incluído na luta pela existência, pelo dinheiro e pela saúde.

Embora o Natal continue presente de várias formas, a religiosidade é um bem humano fundamental a perseverar e não perder.

No passado, a sociedade ocidental era determinada pela orientação religiosa, por vezes, moderada por alguns grupos irreligiosos. Este facto levava a pastoral eclesiástica a descurar estes grupos que, por outro lado, precisariam de cultivar o seu caracter religioso.
Entretanto os grupos seculares assumem mais relevância o que obrigará a Igreja a encontrar formatos e maneiras de diálogo (por exemplo com a arte e com iniciativas locais) que sejam comuns ao mudo secular e religioso. O padre terá de sair do seu gueto para que não se formem dois grupos (o religioso e o secular), ambos a caminhar paralela e solenemente um ao lado do outro. Será preciso criar sobreposições e pontos de encontro em acções comuns. Quem não reconhece que a realidade acontece no ponto de intersecção dos diferentes interesses, passa a vida a fugir dela ou a combatê-la.

A mensagem do Natal ensina que todo o ser humano veio ao mundo por vontade divina. Deus criou o mundo e viu que o que fez era bom. Quem reconhece no cristianismo um projecto de excelência para o mundo deverá deixar o Espírito Santo actuar nele e deste modo descobrir-se e renascer continuamente. Ele é aberto e não limita, ele chama todos à comunidade da noite da consoada como o pai que não discrimina os nomes dos filhos. O fogo natalício de cada pessoa será a luz que poderá iluminar outros a descobrir o Nazareno e a iluminar a noite do mundo.

Tradição: Um Elo de União

Há tanta gente a queixar-se do estresse natalício ou do consumismo em torno do Natal. Fazem lembrar a parábola do Evangelho das sete virgens prudentes e das sete virgens loucas!

O Natal é uma oportunidade para se romper com a normalidade da vida cotidiana; é o tempo das tréguas e da paz. Depois do tempo do jejum ou do estresse que por vezes nos divide, todos se reúnem em torno de uma mesma mesa, todos juntos não só uns com os outros mas também com as gerações passadas, unidos na tradição de comidas e bebidas e na encenação com velas, e no brilho emocional em tudo colocado na preparação da festa. A arte da rica culinária individualizada, destes dias, é também ela testemunha de carinho, dedicação e ligação às pessoas e à tradição; tudo isto nos demarca do dia-a-dia ou do consumo do supermercado. Esta magia do natal não se deixa reduzir a sentimentalismos nem a lembranças da infância, como quereriam os agentes da razão. Em Belém junta-se a luz das alturas, a luz da razão, à luz do coração.

Saint Exupéry em “O Principezinho” constata que “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos. ” Alguns, para não terem de chorar preferem ficar no mirante de uma racionalidade fria não se deixando cativar como dizia ainda Saint Exupéry “A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar…” De facto, o presépio ensina que “Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção…”.

Natal é família
As expressões familiares vão-se mudando mas a família permanece. Na família tudo se junta, passado e futuro, o divino e o humano.
A gruta de Belém dá à luz uma nova luz. Uma virgem torna-se mãe, também para nos dizer que na gruta de cada um de nós Deus pode nascer.
Também Deus não queria viver sozinho, por isso se veio encontrar-se connosco na gruta de Belém para festejarmos e cantarmos com os seres celestes e terrestres o hosana nas alturas. Na metáfora do presépio, na origem da cristandade, participam não só pai, mãe e filho, mas também os anjos, os seres celestes, os pastores, o burro, a vaca e os reis magos. No presépio tudo se encontra e reconcilia para se tornar irmão e poder reconhecer-se no irmão Jesus. Jesus também nasce fora da família apetecida, fora da família da propaganda do chocolate.
António da Cunha Duarte Justo
Teólogo
www.antonio-justo.eu

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MUITOS NÃO SABEM!

Muitos não sabem
Que o Deus-menino sonha (perneia) neles
Muitos não sabem
Que o Menino quer acordar neles
Muitos não sabem
Que são a alva de um sorriso
Muitos não sabem
Que o sol brilha neles
Muitos não sabem
Que o Jesus quer nascer deles.
Muitos não sabem
Que Cristo vive porque mora neles
Muitos não sabem
Que o Natal são eles
António da Cunha Duarte Justo
In http://canais.sol.pt/blogs/ajusto/default.aspx

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Pegida é uma manifestação popular contra a islamização da Europa

A Alemanha sai à Rua com Medo do Islamismo – uma Iniciativa que pode fazer Escola na UE

António Justo
Em muitas cidades alemãs reúnem-se, às segundas-feiras, milhares de manifestantes protestando contra a “islamização do Ocidente”. Sob o nome Pegida (Patriotas europeus contra a islamização do Ocidente) são regularmente organizadas manifestações; entre outras, a de 15.12.2014, em Dresden contou com 15 mil manifestantes, cidade onde o movimento tem mais expressão.

Fenómeno novo é o facto de a organização e participantes advirem do centro da sociedade. Há um medo difuso que a “Alemanha se abula a si mesma” (Jardins infantis que deixaram de festejar o S. Martinho e lugares em que os tradicionais “mercados de Natal” mudam o nome para “Mercados de Inverno” supostamente para não ferir os sentimentos islâmicos). Desde que a Alemanha também começou a produzir islamistas (550 a combater pelo Estado Islâmico), a sociedade tornou-se mais inquieta, embora a polícia alemã tenha tido até agora conseguido impedir casos de terrorismo interno. É um facto que os extremistas islâmicos têm interesse em dividir as sociedades porque assim torna-se mais fácil para eles motivar e recrutar prole para as milícias terroristas do Estado Islâmico.

Segundo dados oficiais das estatísticas alemãs, em 2013 viviam na Alemanha 16,1 milhões de imigrantes (e descendentes) o que corresponde a 20,5% da população. Cerca de 4,3 milhões são muçulmanos, sendo de origem turca 2,5 milhões. 9,7 milhões de estrangeiros têm nacionalidade alemã ou dupla nacionalidade. Em 2013 imigraram 465.000 para a Alemanha. Além disso em 2013 entraram 110.000 solicitantes de asilo. Em 2014, até novembro, foram registados 155.427 solicitantes e destes foram reconhecidos como refugiados 26.842; muitos dos não reconhecidos continuam a viver na Alemanha.

Embora os alemães façam muito pelos refugiados, o povo começa a insurgir-se contra a islamização do país, também porque este é o grupo que mais exigências especiais apresenta e porque não é propriamente possível ter-se conhecimento sobre a sua vida nos guetos. Radicais salafistas apoiam o Estado Islâmico enviando extremistas alemães para a “guerra santa”.

Paralelamente às manifestações de Pegida são organizadas contramanifestações de outras organizações. Um conflito de potenciais imprevisíveis! Segundo um inquérito 49% dos alemães mostra compreensão pelas manifestações de Pegida.

A classe política está preocupada pelo facto de se poder organizar uma corrente desestabilizadora da política e dos partidos. Por enquanto, estes apelam a que não se deixem infiltrar por forças da extrema-direita. A política tem dormido e permitido a formação de verdadeiros guetos que, também devido à criminalidade entre solicitantes de asilo leva muitos a questionar-se se entre eles não há terroristas. Para complicar, também há alemães que vivem em certas regiões e se sentem como estrangeiros no próprio país. Por outro lado a Alemanha, devido ao trauma da guerra, tem muito medo e com razão, de movimentos populistas.

Razões para preocupação causam também os neonazis que se podem sentir estimulados com manifestações do género (numa casa prevista para refugiados deu-se um fogo com prejuízo de 700.000€ e que se presume ter sido fogo posto). Medos difusos e o medo dos guetos islâmicos parecem justificar a expressão popular de uma sociedade que até ao presente não se preocupou com uma política de imigração séria e em que as muitas mesquitas (na Alemanha há 326 mesquitas e cerca de 2.600 casas de culto, bem como inúmeras chamadas “mesquitas de quintal”) não têm uma panorâmica sobre os seus frequentadores. Os políticos terão de pensar mais sobre a política de imigração se querem servir melhor os imigrados e a população em geral.

A Alemanha tem um problema que a política e os meios de comunicação social reprimiram pois contentavam-se com a designação de racista para quem se manifestasse criticamente contra certas protuberâncias sociais. Com o surgir de Pegida, esta receita, tal como fazer tabu de temas não chegará. Agora que surge uma inflação de manifestações em muitas cidades, admoestando para o perigo da infiltração islâmica, a sociedade-bem envergonha-se sem saber como reagir.

Parte da sociedade maioritária sente-se ameaçada pelo desenvolvimento e pela acção de grupos extremistas muçulmanos. Tipicamente, os vários grupos sociais, em vez de encarar objectivamente o problema, no sentido de dialogar em vez de julgar, opõem-se uns como manifestantes e outros como contramanifestantes, uns contra os outros, com se cada grupo quisesse, à sua maneira, salvar a nação. Este encontro na rua de grupos contrários pode contribuir para a escalação de uma potencial de violência latente há muito reprimido, devido principalmente ao facto de a política ter dormido sem dar resposta para problemas pendentes. Seria irresponsável desqualificar as manifestações como resultado do medo perante culturas estranhas. Este é um processo que, a não ser encarado objectivamente atingirá toda a Europa e simplesmente pelo facto de antes ser um problema reduzido à classe desfavorecida e agora se tornar num problema da classe média, isto é, do centro da sociedade. O medo dos retornados da “guerra santa” excita o espírito de muitos que querem, em paz, conservar os bens e os direitos adquiridos.

Parte dos manifestantes querem ajudar os refugiados muçulmanos, outros têm medo deles devido à sua quantidade e coesão social e outros ainda da extrema-direita e da extrema-esquerda e de permeio Hooligans e fanáticos querem desacreditar as manifestações; entre eles também os há que se misturam entre os manifestantes com a única intenção de fazer barulho e desestabilizar o Estado. Expressões infelizes de representantes islâmicos onde se afirma que a Alemanha é contra o islão juntam mais fogo à chama da irracionalidade. De facto a Alemanha respeita o direito a manifestações e muitos manifestantes da Pegida são cidadãos conscientes e pessoas de boa vontade. De facto, muitos dos manifestantes em algumas cidades fazem parte do resto da sociedade, e o que move muitas pessoas é o medo do seu futuro dado este mostrar-se cada vez mais incerto para muitos e a Alemanha não ter uma política de imigração definida como acontece nos USA e no Canadá. Outros ainda não percebem a razão por que os pretendentes a asilo se dirijam sobretudo para a UE e não em direcção aos países ricos árabes.

Pegida é um fenómeno muito complexo para poder ser equacionado em sentenças políticas. Trata-se, na sua maioria, de ”cidadãos preocupados”; muitos sentem-se estrangeiros na própria terra, ou não vêem as suas preocupações tomadas a sério pela política. Todos os grupos sociais deveriam entrar em diálogo e não só para fazer reivindicações. O facto de em Dresden ter havido 15.000 manifestantes na última segunda-feira preocupa a chanceler alemã que não quer ver “arremetidas” ou propaganda contra estrangeiros que são bem-vindos à Alemanha. Por parte da opinião pública alemã, das igrejas, partidos e organizações há grande apreensão e receio sobre as consequências de um tal movimento que pode servir grupos extremistas.

Deste modo, os terroristas conseguem, com a sua estratégia, em nome do Islão destruir estados africanos e ao mesmo tempo começar a desestabilizar uma sociedade europeia tradicionalmente consensual.
António da Cunha Duarte Justo
Jornalista
www.antonio-justo.eu

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