BOAS FESTAS DE NATAL 2020

 

A história de Jesus, Maria e José assemelha-se à situação extrema em que nos encontramos hoje: muitos obstáculos para onde quer que se olhe. Maria, Jesus e José resumem a história da humanidade e as histórias de cada um de nós.

Em Jesus, Deus vem revelar-se, de carne e osso como nós, no silêncio… Deus não se tem nem se pensa, Ele encontra-se (é encontrado!); Deus é o encontro e o presépio pode ser o nosso coração!

Imagine-se a situação de Maria numa pequena aldeia, ainda muito jovem e já grávida; o noivo José a acompanhá-la; a longa caminhada para Belém para se registarem e que ficava a mais de 160 km; a procura de alojamento e a recusa a quem é pobre e necessitado e o nascimento em condições adversas e estranhas numa gruta de animais.

Os pastores pobres são os primeiros a ouvir a boa nova do nascimento de Jesus. ( Bem-aventurados os pobres de espírito (os não orgulhosos), porque deles é o reino dos céus” Mateus 5:1-3.)  Eles são os trabalhadores de hoje em condições precárias de emprego; são os refugiados de uma sociedade que os não quer; são as pessoas com amarguras psicológicas por não encontrarem guarida no coração de quem esperam.

Na realidade cristã, a história da vinda de Deus é especialmente para aqueles que não estão bem: os humildes, aqueles que têm de recordar sozinhos, aqueles que de boa vontade esperam por uma chance que não lhes é dada, aqueles que têm medo do seu futuro.

O stress também faz parte do Natal; Jesus não veio nascer num mundo perfeito nem no mundo dos ricos de bens materiais nem nos de espírito autossuficiente!

Não há que ter medo de um Natal com tensões emocionais nem recear o ambiente natalício devido a uma afectividade que se desconhece. Deus torna-se humano para satisfazer as pessoas nas suas necessidades. Ele é o lugar do encontro, o lugar da relação e do encontro com e nas pessoas. Deus não quer conhecer ideias ou imaginações, mas sim as pessoas de qualquer lado e aceitá-las como elas são.

Jesus só precisa da abertura do coração para uma pequena manjedoura onde a relação possa acontecer.

Jesus não está à procura de um mundo perfeito, de um mundo ideal porque o mundo dos ideais é aquele que frequentemente nos divide.

A luzência ofuscante da crise pode torna-nos cegos para um horizonte cheio de maravilhas que nos podem esperar se não nos colocarmos entre Deus e as pessoas, se não nos colocarmos entre nós e as imagens que, por vezes, fazemos do próximo.

É Natal e o presépio encontra-se em cada um de nós! Nele pode surgir o Reino de Deus; Nele jesus quer nascer! Natal é relação universal,  paz e amor a acontecer!

A  fé e a esperança já brilham na estrela natalícia.

Boas Festas

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

IDEOLOGIAS

IDEOLOGIAS

Nenhuma ideologia pode salvar o mundo, porque toda a ideologia cria inimigos de classe.
Se bem observamos, ideologias tornam-se numa sebe para manter o povo controlado.

As ideologias são o ópio adequado para os cães de guarda das ovelhas.

As ideologias, por um lado, treinam a obediência e por outro tiram a humanidade.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

“PORTUGUESES”!

UM TESTEMUNHO DO ESCRITOR LOURENÇO FARIA
«Os Portugueses não convivem entre si, como uma lenda tenaz o proclama, espiam-se, controlam-se uns aos outros; não dialogam, disputam-se, e a convivência é uma osmose do mesmo ao mesmo, sem enriquecimento mútuo, que nunca um português confessará que aprendeu alguma coisa de um outro, a menos que seja pai ou mãe».
Eduardo Lourenço de Faria (Erudito literário, ensaísta e filósofo português)

EDUCAÇÃO PARA UM PROLETARIADO GLOBALIZADO

Os novos Deuses castigam quem seja solidário com a Humanidade (1)

António Justo

Um povo que pensa serve o bem comum, mas torna-se numa ameaça para a classe dominante. Por isso é de todo interesse desta (especialmente da classe política) que o povo frequente muitos anos a escola, mas sem aprender a pensar nem a discutir o que se encontra por trás da chamada liberdade e livre arbítrio.

Em questões do saber Olímpico, Prometeu é castigado pelos deuses do Olimpo sempre que tente levar o saber dos deuses ao povo!

A lição do velho mito é: o saber quer-se só nas mãos de poucos oligarcas conscientes de que saber não só faria doer como também se tornaria perigoso para quem desgoverna!!!…

Esta premissa que já vem dos Gregos, em tempos de globalismo, tornou-se mais que certa! Sim, porque se nas calendas gregas ainda havia uma sociedade média pensante com muitas figuras Prometeu no seu meio, hoje assistimos a uma sociedade em que a classe média se encontra em processo de transformação no sentido dependente-proletário.

Quanto ao processo educativo e informativo a que estamos votados recomendo a leitura do texto em nota (1) que é muito atual, embora falhe um pouco no que toca às “tias de Cascais”! O texto sobre educação, de Desidério Murcho, aponta no sentido do que o povo português deveria saber: aprender a pensar para abandonar o estado da “Bela Adormecida”.

A nível político-social quer-se um saber descritivo (feito de factos alternativos que embalem o sentimento) e não analítico! A interpretação serviçal é que vale; a competência complicaria.

Antigamente o aluno aprendia, na escola, a tirar a prova dos nove para saber se os cálculos das contas que fazia estavam certos ou errados. Hoje não aprende isso porque a prova dos nove foi substituída, democraticamente, pela opinião!

Tem uma vantagem: o aluno cidadão (3), ao ficar no estado de indecisão, qualifica-se para andar de cócoras!!!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

  • (1) Prometeu foi um Titã defensor da humanidade, responsável por roubar o fogo dos Deuses e dá-lo aos mortais. O pai dos deuses, Zeus, que temia que com isso os mortais ficassem tão poderosos como os próprios deuses, puniu Prometeu por esse crime, deixando-o amarrado a uma rocha por toda a eternidade enquanto uma grande águia comia todo dia seu fígado — que se regenerava no dia seguinte. Por vezes tem-se a impressão que, hoje como ontem em sociedade,  o povo é esse Prometeu em que as águias (os grandes) se alimentam do seu fígado! 
  • (2) “A tia do eduquês”, de Desidério Murcho – Sobre a filosofia nas escolas: https://dererummundi.blogspot.com/2007/07/tia-do-eduqus.html
  • (3) Nova Cidadania: https://antonio-justo.eu/?p=6238