Queima de livros antes expressão de intolerância e barbaridade hoje apanágio de sociedades “avançadas”?
Na Suécia foi oficialmente permitida a queima de livros sagrados que deram origem a civilizações.
A autoridade policial de Estocolmo aprovou uma manifestação para este fim de semana em que uma Torá e uma Bíblia deveriam ser queimadas.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, exortou as autoridades suecas a impedirem a queima dos livros sagrados e o presidente israelense, Isaac Herzog, criticou a decisão da Suécia ter permitido a queima da Bíblia tal como a autorização oficial ocorrida para a queima do Corão no final de junho (1); o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu escreveu no Twitter: “O Estado de Israel leva muito a sério esta decisão vergonhosa, que prejudica o Santo dos Santos do povo judeu”.
A polícia justificou a aprovação desta acção com a liberdade de expressão. A Bíblia era para ser queimada em frente à embaixada de Israel em Estocolmo. Mediante os protestos, contra a decisão, as autoridades suecas procuraram retrospectivamente maneira de se poderem justificar. O iniciador da acção renunciou à queima da Bíblia e as autoridades anularam a permissão.
O sagrado parece estorvar cada vez mais uma sociedade de ideologia secular que não quer respeitar a criatura (de soberania sagrada) e usa para tal fim o subterfúgio de reduzir o humano ao seu papel social, ao seu aspecto funcional ou à pessoa na qualidade de máscara, aspectos sobre os quais o Estado tem poder de propriedade, e na consequência legitima assim as instituições sociais a desprezar a dignidade humana.
Na sociedade ocidental cada vez cheira mais a enxofre, enxofre que queima sem se ver! Ódio, rancor e provocação devem ser legitimados em nome da liberdade de expressão. Empatia parece tornar-se energia estranha e o humanismo judaico-cristão quer-se banido!
António CD Justo
Pegadas do tempo
(1) Como reacção de protesto, o Iraque, Emirados Árabes Unidos e Marrocos convocaram então os embaixadores suecos. Então o governo sueco também condenou a queima como “islamofóbica”. Ao mesmo tempo, porém, a representante do governo destacou que o país tinha um “direito constitucionalmente protegido à liberdade de reunião, liberdade de opinião e manifestação”.
A velha queima de livros heréticos e a perseguição de ideias contrárias ao sistema dominante modernizou-se; os autos-da-fé acontecem virtualmente numa conexão de política-economia e meios de comunicação social