Mistério: a Fonte das novas Gerações
António Justo
Encontramo-nos num tempo privilegiado. Só nos falta acordar!
A teoria da relatividade ultrapassou o determinismo e o mecanicismo da matéria ainda em voga em cabeças embebidas de física tradicional. A física quântica descobriu a imaterialidade do ser orgânico e inorgânico acabando com o dogma da materialidade do ser nas Ciências Naturais. Tudo flui. Uma oportunidade para um melhor conhecimento da doutrina da trindade. Também a teologia da Trindade, já há dois milénios, vê a essência do ser e existir na relação.
As fronteiras da matéria e do espírito foram destruídas. O brotar duma nova liberdade, a liberdade individual assusta padrões de pensamento estandardizado. Por isso, o medo do espírito novo incrusta o velho pensar. Este refugia-se em fundamentalismos ideológicos políticos e religiosos. Fundamentalistas e modernistas continuam prisioneiros nas gaiolas da religião, do ateísmo e da ciência. Uns usam as vedações do pensamento a nível de razão e outros a nível de fé. Cada um implantado no seu couto divide para imperar, fazendo da Terra poleiro e do povo tapete…
Não há que temer o fundamentalismo. Este é sinal dum tempo grávido e promissor. O fundamentalismo incarna as dores duma sociedade antes de dar à luz, o limiar duma nova era, dum espírito novo, dum misticismo global. Mais que elaborar barricadas numa relação de trincheira para trincheira, surge o tempo do kairos, o tempo do encontro, mesmo do que parece antagónico.
A nova Idade será a época da consciência, uma consciência nova em contínua renovação. O todo reconhece-se na multiplicidade dos seus órgãos e o particular reconhece-se na unidade do todo.
Na nova era, a pluralidade de sistemas, ideologias, religiões, nações e povos será respeitada no reconhecimento do Homem e da vida como mistério comum. Todos, na realização da própria transcendência, passam a ver o mundo com o coração, numa mística comum. Então unir-se-ão as espiritualidades religiosas às seculares para em comum defenderem a criação e todo o ser humano em sintonia com a natureza.
Isto pressuporá uma mudança de sentido para o interior sem desprezo pelo exterior. No espaço do silêncio que cada um criar surgirá a surpresa do mistério que é comum a todo o ser; então, através do coração mergulhamos no mistério da relação que a todos sustenta e tudo suporta, no respeito e na compaixão. A experiência da unidade na diversidade leva-nos a passar duma consciência dialéctica para uma consciência trilógica aberta. A vida deixará de ter apenas a fase negativa e a fase positiva para se reconhecer como trifásica numa relação integrante, tal como no mistério da Trindade o diálogo da matéria e do espírito tomam forma na natureza de Jesus que se alarga na relação divina, na natureza do Cristo.
Os preconceitos serão consciencializados e tidos como pressupostos de pensamento a superar, numa atitude de respeito do Homem, numa aposta comum de espalhar a paz na defesa do Homem e da natureza. A espiritualidade económica dará lugar a uma espiritualidade ecológica.
A motivação do meu agir deixará de ser económica ou política para se tornar integral e integrada numa terra que se não esgota no pôr-do-sol.
António da Cunha Duarte Justo
antoniocunhajusto@googlemail.com
Excepcional!
Na verdade, há muito que os "pedreiros-livres" defendem que a relação humano-Divina
leva a concluir que somos todos UM (DEUS).
Jorge da Paz.
Os pedreiros livres apenas se extremaram, à sua maneira, a fórmula teológica cristã do Mistério da Santíssima Trindade.