Mulher despedida depois de 31 Anos por causa de 1,30 Euros
Antonio Justo
Foi em vão a sua luta jurídica contra o despedimento. Barbara foi despedida pela firma, em Janeiro passado. Depois de 30 anos de trabalho assíduo e empenhado, a empregada vê-se despedida por ter levantado duas senhas de crédito de garrafas. Estas, no valor total de 1,30 euros, e deixadas por um cliente dum supermercado de Berlim, foram postas numa prateleira do escritório do supermercado para no caso do cliente aparecer, lhe serem restituídas. Passadas duas semanas as senhas desapareceram da prateleira. O supermercado despediu a empregada. Poucos anos antes da reforma, só lhe resta um meio: recorrer a tribunal.
O tribunal confirmou o despedimento não permitindo revisão do processo. Dum dia para o outro, a reputação que Bárbara construíra em 30 anos de trabalho assíduo no supermercado, vai-se pela água abaixo. O mundo do negócio desconhece a compaixão e o perdão.
Uma decisão associal. Os banqueiros que levam os bancos à ruína são premiados com somas mastodônticas e recebem indemnizações. As gerações futuras serão hipotecadas para lhes pagar as indemnizações e os estragos por eles provocados. No reino da justiça a vida está para os injustos!
Bárbara perdeu em tribunal mas ganhou socialmente. O povo não compreendeu esta decisão, talvez partindo do princípio de que “ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão”! Passou a ser convidada por organizações como figura reconhecida da justiça popular. O sentido popular de justiça não conhece os meandros da advocacia onde os maiores são privilegiados e os espertos deste mundo vivem melhor dum direito entortado.
Bárbara combatia também, a nível sindical, pelos direitos dos colegas. O patrão não aceita reconciliação alegando terem sido quebradas as relações de confiança entre a firma e a empregada. Justiça com dois pesos e duas medidas. O negócio conhece o lucro e ignora as pessoas.
António da Cunha Duarte Justo