COMO PROTEGER-SE DA PRESENÇA TÓXICA NA SOCIEDADE

Somos feitos de Informação e ter-se a Consciência dela é o Pré-requisito para se ser livre

Nas sociedades avançadas assiste-se a um sentimento crescente de desconforto e a um aumento de doenças nas populações. No contacto com amigos e conhecidos verifica-se que muitos sofrem de solidão, de falta de sentido, de medo do futuro e com depressões, devido à presença exagerada dos Média e da política no espaço público; em geral, o cidadão já não se sente em casa na sociedade nem no mundo em que vive. Também a sensação de se ser ameaçado em espaços públicos pela violência importada está a crescer cada vez mais sem que os políticos sejam realistas e politicamente sensatos e pensem as coisas até ao fim; em vez de tomarem medidas adequadas escondem-se em ilusões ou “discursos dominicais”. Pequenas e grandes coisas são aproveitadas pelo discurso político-partidário e criam reacções histéricas na política, nos meios de comunicação social e na população. No meio disto tudo a estrutura social perdeu a sua estabilidade anterior.

E surgem até relações ácidas dentro de famílias e grupos de amigos devido às aragens vindas de centros ciclónicos geopolíticos, centros que, embora de fora, nos dominam até ao nosso espaço privado e íntimo pelo facto dos tentáculos geopolíticos se prolongarem até ao mais interior de todas as estruturas da nossa sociedade; tal sofrimento é confirmado por investigações científicas. Como somos feitos de informação genética e cultural (e informação propagada depois de selecionada por quem tem a informação restrita que é elaborada   de modo a motivar divisões sociais legitimadoras do Poder estabelecido que democraticamente se fundamenta na opinião “Individual” do cidadão) e sobretudo conduzidos por informações transacionais de caracter executivo, domina uma opinião pública autoritária (publicitada) que reprime a formação de uma opinião individual própria e responsável; esta  é morta à nascença porque a pressão pública impede a formação e valorização da consciência individual: mas só esta seria capaz de garantir o âmbito livre. Esta é também reprimida pela informação difundida que se serve da activação de memória nociva para perturbar a pessoa de maneira a desestabilizá-la e assim torna-la objecto.

Também deveria ser chegada a hora de tocar todas as campainhas de alarme na sociedade, quando a colectividade em geral se torna cada vez mais doente e quando em universidades alemãs, como na Uni Kassel, se verifica que mais de um quarto dos estudantes são cronicamente doentes, com 22% dos estudantes a sofrer de doenças mentais (psicológicas), como revela uma investigação da Universidade (Junho 2024).

Por vezes a situação é tão grave que até dentro do nosso círculo de conhecidos chegamos a saber de casos de jovens que sem dizerem nada se suicidam. O estado de saúde subjetivo aumentou especialmente devido ao impacto das Medidas contra a Pandemia e com a implementação da guerra na Ucrânia e nos nossos meios de comunicação. Uma emoção social implementada com fins menos claros chega a provocar em muitos de nós a mutação do próprio eu levando-o a identificar-se com a vontade da opinião publicitada. Esta alienação de nós mesmos torna-se destrutiva a nível individual e de sociedade. (Demolidora da pessoa porque a instrumentaliza e arrasadora da sociedade porque entregue a quadrilheiros sem respeito nem noção do que é uma sociedade de Irmãos a criar).

A vida moderna, caracterizada pela presença omnipresente dos meios de comunicação social e por intensas discussões políticas de caracter unilateral e doentio bloqueiam os nossos próprios filtros de proteção; tal facto pode levar-nos à alienação de nós mesmos a ponto de aumentar a nossa ansiedade e até criar depressão. Então deixamos de viver nós mesmos e a sociedade passa a viver em nós sem que tenhamos a possibilidade de controlo sobre ela; nesse caso a parte mais humana em nós sofre desatinadamente possibilitando então diversas doenças corporais e psíquicas. Chegados a este sofrimento há que tomar medidas bastante radicais no sentido de se proteger e defender a própria alma de influências tóxicas externas. Para tal torna-se necessário desenvolver estratégias de autodefesa porque se encontra em via a destruição da própria identidade em benefício de uma identidade social destrutiva que vive de interesses e de clivagem contra a moral humana oriunda do fundo do nosso interior cada vez mais difícil de resguardar.

Nesse sentido é de começar a fazer-se abstinência no consumo de Telejornal ou de outros programas que criem ansiedade e preocupação e isto até por uma questão de higiene mental. Como alternativa há a hipótese de se recorrer à Mediateca onde se encontram em memória referências bibliográficas de monografias, publicações periódicas, documentos audiovisuais como suporte eletrónico. Eu, por exemplo costume ver reportagens sobre animais, sobre a naturezas, reportagens de comboio pelas várias regiões dos diferentes continentes e temas que me dão consolação; deste modo evito a constante cobertura mediática que ameaça assenhorear-se da conduta das nossas vidas. O tempo que se dedica à família e aos amigos torna-se mais agradável e proveitoso.

Geralmente escolhemos os melhores produtos culinários para termos o prazer de alimentar bem o nosso corpo. O mesmo cuidado há que ter na escolha do que se consome para formarmos a mente e a alma; geralmente seguimos a rotina consumindo o que o Telejornal e o jornalismo nos apresenta. O jornalismo segue, porém, o status quo e os interesses das elites que geralmente procuram colocar-nos na condição de alinhados na sua fila e o que têm em demasia se deve ao que de nós tiram e que, por cima, ainda é usado para nos formatarem segundo a sua medida. Naturalmente a vida que nos é dado ter ocupa-nos demasiado não nos deixando tempo para reflectirmos  e notarmos o que se passa bem como o que fazemos e seus porquês.

Neste caso, só pode ser útil arranjar-se tempo para reflexão; de facto todos nós precisamos de ter um tempo só nosso. Tal como o nosso estómago precisa de cerca de três horas para digerir os alimentos corporais também o nosso espírito precisa de momentos e espaços próprios para reflectir tudo o que entra na nossa mente. Doutro modo seremos dirigidos e manipulados por ela sem notarmos que ela foi alimentada por forças interesseiras que misturam na informação (alimento mental) muitas drogas e produtos que nos amarram a eles como o cão à sua trela. Daí ser necessária atenção plena e para isso não esquecer a meditação, a oração e o desporto. A reflexão ajuda-nos a tornar-nos conscientes de nós próprios e das nossas necessidades, também de gozos corporais e espirituais que para serem eficientes terão de acontecer sob a direção da própria consciência desperta. Se dedicarmos todos os dias pelo menos dez a vinte minutos de pausa – o momento diário da digestão do espírito – então, com o tempo conseguimos adquirir uma atenção plena e usufruir do momento presente – o Kairós (para isso não precisamos de nenhum curso embora este possa ajudar, se não pretender fixar-nos no método ou em qualquer pessoa ou guru: neste caso isto também não passaria de uma alienação).  A reflexão ajuda também a manter a mente clara. Além do mais, todos nós, cada pessoa e cada célula se encontram interligados e em ressonância com o todo, que para uns se expressa em Deus e para outros no universo/natureza. Momentos de pausa nas tarefas do dia-a-dia e também tempos de retiro ajudam a concentrar-nos no momento presente e a fomentar a capacidade de discernimento. A reflexão regular sobre os próprios valores, objetivos e prioridades ajuda-nos a ter mais clareza sobre as próprias/autênticas necessidades. Doutro modo somos levados a correr atrás das necessidades da moda, mas não das nossas.

Para nos ajudar a desligar dos estressores externos e a libertar-nos de energias agressoras que sentimos em pessoas com quem contactamos, a mim ajuda-me fazer um exercício de respiração abdominal e por vezes sacudir do próprio corpo, com as mãos, a negatividade sentida. Deste modo adquire-se mais facilmente a paz interior. Mas o que me dá mais equilíbrio e confiança é a oração, sendo através dela envolvido num processo de vivência que tudo une e leva a entender.

Em tempos de seminário usava como estratégia de autoconhecimento e para identificar melhor os meus processos internos (incómodos da vida cotidiana) recorria à escrita de um diário onde anotava pensamentos e sentimentos e esta actividade criava tranquilidade. Hoje, para tal, dedico-me à escrita que é o resultado de um mundo que embate em mim e que procuro compreender e exprimir; na expressão dos pensamentos e sentimentos surge uma sensação de equilíbrio e de integração numa comunidade em desenvolvimento. (Neste sentido imagine-se que cada pessoa escrevia um diário e a história da sua vida!)

Devido à pancada que tenho da necessidade de escrever continuamente sei que negligencio o corpo, o que me dá um pouco de má consciência,  porque sei que o corpo para se sentir melhor precisaria de actividades desportivas; a modos  de compensação todos os dias passeio um pouco na natureza e esta entra no meu caminhar através da inspiração  no interior do meu ser passando então a sentir no corpo uma vibração de gozo e agradecimento por me encontrar no fluxo da vida. Processa-se uma união de alma e corpo com a natureza e o espírito onde o divino inspira e expira comigo; então tudo aliado ao alegre sorriso do pôr-de-sol origina uma aragem de paz e sossego.

Não é fácil integrarmos no nosso dia-a-dia estratégias importantes que nos protejam contra influências externas e efeitos tóxicos pois já desde pequeninos fomos condicionados a seguir o que outros queriam e até a obedecer sem saber porquê. Por isso temos uma certa dificuldade em dizer “não” quando nos sentimos sobrecarregados e sem tempo para nós mesmos, aquele tempo que precisaríamos para nos sentir bem.

Torna-se importante interessar-se de forma mais consciente por familiares, amigos e pessoas boas pois essas é que nos podem apoiar e ajudar a levar uma vida estabilizada. Esse tempo não é gasto nem sequer empregue para o passar porque passa a ser o próprio tempo o tempo criativo reservado para cuidar da saúde emocional e mental.

Vivemos sob a pressão criada de termos que nos ordenar do lado do “bom” ou do “mau” e por isso as opiniões pessoais são destituídas e com elas a própria criatividade  porque à opinião pessoal real não é possibilitada também a alternativa de se poder posicionar entre o bom e o mau e para tal não há espaço  por causa dos padrões maniqueístas que dominam a sociedade e o indivíduo. Relevantes actores a agir no palco da sociedade, por razões de poder, não deixam espaço para a dúvida criativa porque esta, assumida pessoalmente, se tornaria na certeza individual que os destronaria. Sem alternativas ao dirigismo centralista anónimo permanece como consequência a tribalização da sociedade.

Por isso qualquer pessoa que advirta e se expresse criticamente em relação ao governo ou às elites dominantes globais será rotulada como negacionista da elite do sistema e da democracia! O mais trágico da situação é que a população em geral aceita como verdadeiro tal rótulo porque a consciência da sociedade é processada e formatada neste sentido por aqueles que estão no poder e vivem melhor nos patamares de cima do sistema. Por isso o sistema procura difamar todo aquele que pretende prestar um contributo para que o sistema melhore substancialmente e isso é lógico porque os beneficiados do sistema teriam de restituir algo do seu supérfluo ao povo mas sentem-se protegidos porque contam com a humildade do povo, que, por natureza de grupo se sente inclinada para aceitar a condição de ser rebanho a ponto de não poder reconhecer os seus genuínos interesses nem quem os defende. Saudável seria uma atitude humilde e de serviço comum ao povo e às elites que o orientam.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

A CAMINHO DA DESCONSTRUCÇÃO DA IDENTIDADE PORTUGUESA?

Camões desfigurado a Pretexto do Grelo da Batata global

 

Comemorar a batata grelada em moeda como símbolo da globalização num rosto desfigurado de Camões e a pretexto da comemoração dos 500 anos em que a batata foi trazida pelos navegadores portugueses para a Europa, é juntar-se demasiados conteúdos numa figura simbólica degradada contra o belo para promoção da doutrina do modernismo actualmente continuado no marxismo/maoismo antieuropeu e no capitalismo liberalista, apadrinhados pelo globalismo!

Se iniciativas descontructivas tais como a moeda da comemoração saíssem da cabeça dos portugueses ainda vá lá. O pior é que vêm de fora e não são bem-intencionadas como se pode observar em ONGs com activistas nos diversos ramos sublevadores culturais por todos os lados e subvencionadas pelo capital global.

Quanto ao Camões, os modernistas já lhe tiraram o tapete a nível do currículo de Ensino escolar.

Isto é apenas um pequeno sinal do que está a ser efectuado a grande escala através da implementação de agendas globalistas também através da burocracia administrativa da ONU. Vamo-nos habituando a ser fritos na sertã do modernismo marxista que usa como óleo o que é tradicional.

Enfim não haveria nada a dizer contra um globalismo humano, se o globalismo em via não fosse colonialista e nem pretendesse tornar-nos javardos sem mãe. (Para se ter uma pequena ideia de como a geringonça  funciona bastaria fazer-se um estudo sobre a conexão dos bancos nacionais a nível mundial e quem se encontra por trás deles e o porquê de os países terem de recorrer à divida soberana à custa de máquinas nas mãos de bancos centrais que imprimem notas sem valor real).

Forças globalistas pretendem desfazer a boa imagem de personalidades históricas que expressem a identidade cultural dos países (aproveitam-se de toda a ocasião para desfigurarem a imagem delas: o que fica a trabalhar no inconsciente são as imagens) no sentido de degradar a tradição europeia.

O globalismo quer estabelecer um novo pavimento cultural que arrase todas as culturas e a tradição para assim poder erguer o seu prédio cultural artificial onde uma pequeníssima elite mundial (capital + ideólogos) possa dirigir o mundo com facilidade reduzindo-o, para isso, a um teatro de fantoches em suas mãos.

A elite global directamente presente em todos os bancos nacionais e a nível de governos, cada vez mais transformados em administradores, faz uso do seu poder determinante através da economia, da arte e das mais diversificadas instituições.

Este tema não mereceria atenção se não fosse mais um sinal do que está a acontecer nos Bastidores da sociedade.

Figura da moeda em nota (1); pelos vistos a casa da moeda já retirou do seu site a imagem!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

 

(1) https://scontent-fra5-1.xx.fbcdn.net/v/t39.30808-6/447523390_26469063536026464_1876210741255305494_n.jpg?_nc_cat=100&ccb=1-7&_nc_sid=5f2048&_nc_eui2=AeFngWoZwc5jtCTb9mQ_oMjg_M0EFX3VkIT8zQQVfdWQhDL_0lzXFf1mOQz3YG1ExDg&_nc_ohc=zB-JA765AIEQ7kNvgG8PGXi&_nc_ht=scontent-fra5-1.xx&oh=00_AYADBcrgMJGIC3fPL-h_YSVolR8-0fQx2Sk3TRpMHqqVzQ&oe=66650128

DEMOCRACIA EM CRISE DEVIDA AO COMPORTAMENTO DO PODER ECONÓMICO-POLÍTICO E À INFORMAÇÃO DIGITAL PIONEIRA DE NOVOS CAMINHOS

Sofrimento individual e social como Sintoma de má Governação

O Relatório da EIU Índice de Democracia 2023 (1) mostra que menos de 45,5% da população mundial vive numa democracia e apenas 7,8% dela tem uma “democracia plena” que garante não só eleições e separação de poderes, mas também outras liberdades e direitos sociais. 40% da humanidade vive sob um regime autoritário.

As populações dos países europeus e, com elas a democracia, sentem-se inseguras e vêem-se ameaçadas a vários níveis: individual, cultural, económico, tecnológico e ideológico. O nosso sistema político-social, embora fale muito em cidadão, vive da negação de ele mesmo na qualidade de pessoa e da transformação da nossa identidade em mero cidadão segundo modelos externos por ele predeterminados. E deste modo somos erroneamente classificados de acordo com a nossa posição social, inclinação partidária e religiosa.

A nossa personalidade passa a ser determinada por interesses alheios e, assim, contra a originalidade individual própria e contra a singularidade característica de cada ser humano. Sobretudo hoje em dia, a influência da sociedade em nós mesmos adoece-nos porque nos desilude connosco próprios e nos aliena de tal forma que já não vivemos nós próprios, passando a sociedade a viver em nós e isso cria nas pessoas um sentimento de solidão e de abandono.  

Somos treinados para nos enquadrarmos em grupos políticos ou sociais e a desistir da nossa identidade pessoal para passarmos a assumir a máscara deles e, com elas, podermos assim negar ou demonizar a identidade dos outros e deste modo, passarmos indiretamente, a negarmos também a própria identidade. Isso cria inquietação em nós, e essa inquietação já social, é um verdadeiro aviso interior: uma dor de alerta para estarmos vigilantes e nos distanciarmos das propagandas. Porém, o fatídico é que nos deixamos guiar por aqueles que nos tornam inseguros e deste modo nos adoecem! A propaganda tende, em geral, a ser uma lavagem de cérebro, e a desviar-nos da possibilidade de nos deixarmos guiar pela nossa intuição. Por isso um método importante para nos defendermos é darmos mais valor a nós próprios através da reflexão que leva ao verdadeiro conhecimento de si próprio. Neste sentido, se pretendermos preservar a nossa integridade pessoal, saúde e paz, torna-se importante um estratégico distanciamento da sociedade política de modo a observá-la como se se tratasse de assistir a um espectáculo de circo.

As campanhas políticas e a imprensa que as apoia, vistas de perto, são o melhor exemplo do método concertado para nos tornar rebanho! Política e socialmente, de uma maneira geral, só somos estimados e percebidos se renunciamos à nossa própria identidade pessoal em benefício de máscaras exteriores, da política, do poder dos outros, de modo a vivermos dentro de um colectivo mas sem comunidade!…

E tudo isto à custa do que é mais importante em nós mesmos: a renuncia à singularidade da pessoa (selbst) que somos e sua inerente dignidade.

Em tempos passados, ameaças semelhantes da realidade política não passavam para a consciência da maioria da população porque apenas a  alta classe média tinha acesso à informação e desse modo ficava ilesa das doenças sociais provocadas pela política e seu discurso;  agora, através do desenvolvimento das tecnologias, a informação tornou-se mais democrática e através da sua presença nas redes sociais aumenta-se a tensão entre os mediadores e intérpretes da informação e a população em geral, entre os de cima e os de baixo.

Ao tomar-se consciência de como os interesses do poder funcionam e são aplicados, surge uma desconfiança geral não infundada de sermos doutrinados no sentido de o que vale é a agressão/divisão nas sociedades de uns contra os outros e não a colaboração, aquela estratégia que possibilitou o verdadeiro desenvolvimento da humanidade.

Esta atitude de exclusão (que mostra a contradição entre os interesses do povo e das elites) foi particularmente evidente na sociedade alemã e francesa e suas elites depois do governo da Pandemia Covid 19 e do início da guerra na Ucrânia. A partir daí  as elites europeias revelaram os verdadeiros interesses que se encontram nas governações mediante a estratégia comum usada de apresentarem não os factos mas a interpretação deles, através dos meios de comunicação, como sendo a interpretação ad hoc a verdadeira realidade (a realidade pós-fática), e assim manterem as populações do seu lado.

O que costumava governar o mundo era o trabalho da economia, agora que tem de ser reduzido a um mundo multipolar dividido, os políticos vêem-se como seus capangas obrigados a unir a população com a concentração de informação. Na Europa, a perda de confiança nos respectivos partidos políticos e no Estado dececiona o arco do poder nos governos e parlamentos. Isto funciona a favor do meio da sociedade, que se vê tornar-se mais independente do arco do poder político que a representa. O geral da sociedade, acompanhado por uma classe média mais consciente, questiona as ações dos governos e assim surge aqui e acolá rebelião entre o povo, o que constitui uma ameaça real para a elite dominante.

A sociedade encontra-se em profunda mudança e o arco do poder sente-se ameaçado por parte dos cidadãos e com ele os meios de comunicação social que que antes viviam de maneira solidária com ele, veem a sua posição de poder também ameaçada e, solidariamente voltam-se hipocritamente contra a base da sociedade. Tudo demasiado tarde porque controlar as tecnologias e fontes de informação não é suficiente, porque o mal vem de cima (política de desconstrução cultural e contra os interesses das populações) e da incapacidade de governar sob diferentes requisitos e condições sociais. Ao fazê-lo, identificam o sistema democrático com os seus próprios interesses de elite como se fossem eles próprios o Estado ou a Democracia em pessoa ao lutarem unicamente contra os sintomas fracos da sociedade que as próprias elites criaram nomeadamente: Chega, AfD, Le Pen, Giorgia Meloni, comunistas, etc., quando estes poderiam ser tomados como indicativo da necessidade da correcção da política ideologicamente  globalista e de economia liberalista unilateral seguida até aqui.  

A brutalização da linguagem pela elite política e pelo o populismo estão a aumentar os conflitos e a linguagem está a tornar-se um acelerador político da luta entre interesses não conformes. A ascensão dos chamados partidos populistas vindos de baixo tem muito a ver com o populismo vindo de cima, onde a batalha de interesses se torna mais óbvia e os interesses dos grupos étnicos reivindicam uma parte do poder.

A opinião de que a Alemanha tem “uma democracia robusta” só existe porque a elite dominante (a esquerda governante em Berlin) conseguiu afirmar de forma muito esperta e disfarçada os seus próprios interesses em massivas manifestações populares. Como correctivo importante na Alemanha, revela-se uma parte vigilante da população que obriga os governantes a ter em conta os interesses conflituantes que se manifestam na sociedade.

Porém na Alemanha a imprensa e os governantes dão mais interesse e espaço a palavras provocantes de extremistas da direita (AfD), pelo facto de serem concorrentes do arco do poder, do que a brutalidades e assassínios em plena rua praticados por extremistas islâmicos. Além disso, os partidos do governo sabem muito bem que os muçulmanos que têm a nacionalidade alemã votam neles. E já é possível adquiri-la passados três anos de estadia.

Conheça a Alemanha directamente desde 1980 e nunca houve uma Alemanha tão degradada como a actual a ponto de se tornar num atraso para a Europa.  Na Europa, os países dependem da UE e, portanto, cada povo tem padrões diferentes,e como os problemas têm de ser resolvidos em harmonia e para tal não se olha a meios (O fim passou a justificar os meios!).

Os Estados que devem a sua grandeza à qualidade da democracia e se encontram na vanguarda das nações deveriam primeiro lutar internamente pela verdadeira democracia, para poderem ser um sinal brilhante para o mundo. Na verdade, se olharmos para a situação da população mundial, temos de compreender que as pessoas mais pobres da nossa democracia são também as que mais têm a perder se a democracia enfraquecer, mas a política e a economia manifestam-se mais interessadas na afirmação do poder do que da democracia.

Nos EUA e na UE, a qualidade da democracia está a diminuir fortemente e a atmosfera política de guerra, baseada na palavra-chave “tornar-se eficiente para a guerra”, espalha a convicção na sociedade de que vale a pena a agressão em vez do diálogo e do compromisso. É assim que os conflitos sociais e as agressões são refinados mesmo na Europa. Cada um alimenta os outros de acordo com seus interesses. Até à guerra da Ucrânia, o crescimento económico era o combustível que unia o espírito dos europeus. Os interesses geoestratégicos exagerados do capitalismo liberal provocaram os interesses dos sistemas económicos autocráticos e, na consequência, os interesses económicos entre polos geopolíticos provocaram a guerra.

Depois da forma ocidental de governo, a democracia, reivindicada como particularmente estratégica através da influência económica e política, os estados autocráticos defendem-se organizando-se sob o domínio da sua ideologia. Para se defenderem adequadamente, organizam-se na aliança económica (BRICS) baseada no modelo da ordem mundial americana e com o tempo militarmente no modelo da OTAN.

Como resultado, um mundo que antes era controlado pelo poder dos mais fortes do mundo (EUA) criará uma nova realidade geopolítica mais baseada no princípio da cooperação entre os mais fracos, uma espécie de democratização do poder económico a nível mundial.

Os valores democráticos estão vinculados a todas as pessoas e, portanto, são imortais. Nesse sentido, a formação de bolhas do poder e de filtros da informação devem ser evitados. Isto pressupõe que surjam iniciativas de caracter humano, desde a economia à política e às expressões sociais. As pessoas serão cada vez mais capazes de colocar o pé na porta da política, da economia e das ideologias.

Um factor confortável e beneficiador da uma democracia mais democrática são as novas tecnologias virtuais (também as redes sociais, tão combatidas pelo poder estabelecido consciente de que possuir o monopólio da informação é garantir o poder e ter o povo na mão). A bandeira das principais instituições e grupos de interesse será cada vez mais moldada pelo povo. A democracia é complexa, mas não tem alternativa e continua sempre a ser um processo individual e social muito dependente da política de informação dado a informação ser a base da formação da consciência social. Este é um ponto nevrálgico que exige especial vigilância do cidadão.

Os slogans “aberto à diversidade – fechado à exclusão” perdem toda a base democrática se forem aplicados à custa da cultura maioritária e forem dirigidos contra ela no sentido de servirem só interesses económicos contra o bem-comum das populações. A vigilância em relação ao poder político e à defesa da democracia deve partir de baixo, primeiramente da sociedade civil. As elites parecem querer ignorar que o povo não é tão ignorante como parece e com o tempo pedir-lhes-á contas.

Cada vez precisamos de mais sinos na sociedade como sinal de alerta e estímulo para a conscientização humana a nível individual e comunitário, em regime de democracia, coisa que não é tão evidente como parece. Todos nós, seja na Europa, na América, na China ou na Rússia, estamos desafiados a escolher entre o Diabo e Deus, tendo ao mesmo tempo de assumir que Deus e o Diabo estão presentes em todo o lado e até em nós, embora, muitas vezes, de maneira muito discreta. Trata-se de descobrir e promover o gene divino que se encontra em cada pessoa e de o fazer valer como ele se expressa de nascença em cada pessoa. Papel do “Diabo ou Demónio” (“entidade intrigante”) é colocar uns contra os outros para poder ter poder sobre eles. Somente juntos criaremos uma cultura de paz onde não haverá mais lugar para se colocar uns contra os outros. Para todos Precisamos todos de oportunidades iguais, liberdade de expressão, liberdade de reunião, sendo o preço o amor ao próximo. O mundo e a comunidade somos todos nós.

 

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

(1) Relatório da EIU Índice de Democracia 2023. O relatório do Índice de Democracia da EIU analisa a relação entre democracia, guerra e paz e analisa os impulsionadores geopolíticos do conflito. Também fornece uma explicação das mudanças nas classificações globais e uma visão geral regional aprofundada:  https://www-eiu-com.translate.goog/n/campaigns/democracy-index-2023/?_x_tr_sl=en&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-PT&_x_tr_pto=sc