“As relações entre o Ocidente e a Rússia encontram-se num impasse”
Segundo a InfoCatólica, a Comissão das Conferências Episcopais da Comunidade Europeia (COMECE) escreveu uma carta pedindo ao Patriarca de Moscovo que apelasse a Putin para pôr fim à guerra! O Metropolita Hilarion, chefe do Departamento de Relações Externas do Patriarcado de Moscovo respondeu apelando a que sejam feitos todos os esforços para manter o diálogo entre a Rússia e o Ocidente e convida o COMECE a “desempenhar um papel importante” na construção desse diálogo. “Nesta situação é essencial abandonar a retórica dos ultimatos, estabelecer canais de diálogo e realizar negociações formais e informais que possam ajudar a alcançar uma paz justa. Há oito anos que a Igreja Ortodoxa Russa oferece em cada liturgia uma oração pela cessação do conflito em solo ucraniano”, disse o Metropolita. O Patriarcado Ortodoxo sublinha que “nestes dias trágicos, os corações dos fiéis da nossa Igreja, cujos rebanhos estão de ambos os lados do conflito, estão cheios de tristeza”. “O mais importante nesta situação é fazer todo o possível para assegurar que as negociações directas prossigam, produzindo um resultado o mais rapidamente possível, e que as relações entre o Ocidente e a Rússia continuem a ter uma oportunidade de diálogo”, Hilarion acredita que o COMECE “poderia desempenhar um papel importante na construção desse diálogo, trabalhando com os representantes da União Europeia para evitar uma nova escalada da situação actual”. Deste modo o patriarcado de Moscovo, diplomaticamente, devolve a bola à Comissão Episcopal Europeia!
Quanto à exigência, de muitos, de que o Ocidente não dê ajuda militar à Ucrânia é assunto tabu porque o Ocidente já tinha anteriormente fomentado o conflito na guerra-civil ucraniana. Por respeito aos cidadãos, os Media não deveriam ser “selectivos”; deveriam deixar de apresentar apenas aquilo que lhes interessa que o público do sistema veja; deste modo reduz-se a nossa amplitude mental ao âmbito das informações dadas. No Ocidente ninguém se importou com as complicações nos Donbas e com a repressão após a revolta das Maidan; ninguém abriu a boca apesar dos 17.000 mortos!
Perguntas que um participante colocou na InfoCatólica em reacção à intervenção das autoridades religiosas: “Porque é que os nossos bispos não se pronunciaram antes contra a repressão dos ucranianos de etnia russa no leste da Ucrânia? Porque se mantiveram em silêncio sobre as mortes de cidadãos em Odessa e Donbas às mãos do exército ucraniano? Esta guerra poderia ter sido evitada se tivesse sido dada prioridade ao cumprimento dos tratados de Minsk e à negociação dos pontos em que não existiam acordos”.
Também a Igreja na Europa reage demasiado tarde e torna-se difícil porque agora os políticos e os Media só estão concentrados na invasão de Putin!
O exagero e unilateralidade que se nota agora na informação sobre o conflito na Ucrânia está em proporção directa com a quase ausência de informação durante os últimos oito anos de guerra civil na Ucrânia onde morreram 13.000 civis e 4.000 soldados ucranianos. Disto não interessava ao ocidente falar porque, na guerra civil, se esperava que o Ocidente ficasse a ganhar com o conflito.
António da Cunha Duarte Justo
Pegadas do Tempo