A EU (UNIÃO EUROPEIA) APOIA A ENTRADA DA TURQUIA NA EU COM 4,45 MIL MILHÕES DE EUROS

Atendendo ao fascismo crescente na Turquia, o Parlamento Europeu exigiu o stopp das conversações preparativas para a entrada da Turquia na EU. Apesar disso a EU tem um orçamento de 4,45 mil milhões de euros para a Turquia; esta quantia é concedida até 2020 para a Turquia se ir preparando para entrar na EU; desta verba já foram usados 167,3 milhões de euros, como refere o HNA de 25.07.

Dois terços do dinheiro estão previstos para projectos de fomento da competitividade, conversão do fornecimento de energia, e para o sector de transportes.

O stopp da corrente dos dinheiros só seria possível com uma decisão conjunta dos ministros dos estrangeiros da EU, dado estas verbas não estarem condicionadas à preservação da democracia nem ao respeito por princípios constitucionais.

O único verdadeiro instrumento de pressão que a EU tem na mão para levar o governo de Ancara  a abrandar o seu fomento do fundamentalismo religioso  e a desmontagem do Estado moderno iniciado pelo seu fundador Mustafa Kemal Atatürk seria seria a cessação da união aduaneira com a Turquia. O único meio de pressão é o económico, este é porém uma espada de dois bicos, atendendo à dependência do desenvolvimento social da economia.

Em 2016 a Turquia exportou para a Alemanha mercadoria no valor de 15,4 mil milhões de euros e a Alemanha exportou para a Turquia 21,9 mil milhões de euros.

Paralelamanete aos dinheiros disponibilizados pela EU para a integração da Turquia na Europa, a EU disponibilizou três mil milhões de Euros para o estrangulamento da corrente de refugiados da Turquia para a Europa.

De momento o regime de Erdogan persegue os jornalistas considerando “ajudante do terrorismo” quem for crítico ao seu regime. Processou 13 jornalistas do jornal da oposição “Cumhuriyet”. A grande maioria dos jornais foram levados à linha do goerno.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

CASAMENTO GAY SOB O VISOR DA CIÊNCIA E DA IDEOLOGIA

Biólogo aponta para o possível Problema de Padrastos

António Justo

Casamento para todos já não é casamento, é casamento para ninguém! A gota só o é enquanto não se transforma em nuvem ou enquanto não cai no mar!… No momento em que tudo é um, só a autorrestrição imposta a si mesmo pode reconhecer o outro.

Um contributo para a discussão

 

Na Alemanha o Parlamento aprovou o “casamento para todos” independentemente de os pares serem heterossexuais ou homossexuais. Em reacção ao facto, o Prof. Dr. Ulrich Kutschera  da universidade de Kassel, tematizou três aspectos: “O contexto do novo casamento universal com a Ideologia do Género, a base biológica do ser humano e a pedofilia”.

Kutschera receia, no sim do Parlamento ao “casamento para todos “, pedofilia subvencionada pelo Estado e grave abuso infantil no futuro”.

Segundo ele, no casamento gay fortalece-se “o problema dos padrastos”, que constituiria um risco acrescido para as crianças: um padrasto que vive em casa com uma filha adoptiva, sem ligações genéticas, poderá ter uma maior possibilidade de abuso, embora haja muitos padrastos bons.

Para o biólogo, casamentos gay com filhos adoptivos não possuem a herança genética de imunização contra o incesto. Em casamentos heterossexuais, pai e mãe são em 50% parentes genéticos de seus filhos, e a consanguinidade produz um efeito inibidor do incesto.

A probabilidade de inclinação para pedofilia segundo investigações citadas pelo cientista é 10 vezes maior em casos de padrastos e de madrastas (estudo de Regnerus M 2012); refere também que resultados de investigações mostram que filhos sem pais biológicos sofrem mais de depressões e se tornam mais frequentemente criminosos e dependentes da assistência social.

Argumenta biologicamente contra o direito de adopção de crianças por Gays “dizendo que “crianças são moldadas inteiramente pela voz da mãe biológica durante o desenvolvimento pré-natal”. Considera “inaceitável uma troca voluntária desta importante pessoa de referência por pessoas estranhas.” Defende que na biologia, desde 1735, “Sexo” corresponde à reprodução bisssexual (fertilização) enquanto para a ideologia Gender, sexo, desde 1876, significa o desenvolvimento de animais sexualmente maduros”; insurge-se contra a erotização infantil precoce (que a ideologia do Género implementa nos programas de todas as escolas), uma vez que a pessoa só é capaz de actos sexuais depois da puberdade.

A visão do investigador contempla a ideia que homens e mulheres nascidos homossexuais não devem ser discriminados. Efectivamente, o problema vem do facto de o casamento Gay implicar o direito a adopção e de o matrimónio implicar heterossexualidade e a possibilidade de procriação.

 

Indagação ministerial: autoridade institucional contra autoridade individual

 

O Ministro da Ciência do Hesse (Boris Rhein) insurgiu-se contra Kutscera que defende a teoria de que o “casamento para todos” aumenta o perigo de abuso de crianças”. Boris Rhein diz que estas declarações do Professor são “tão absurdas” que a reitoria da Universidade deve examinar as declarações e verificar “se o professor feriu os seus deveres de funcionário, pelo facto de ter falado prejurativa e depreciativamente contra os gays”.

A universidade retorquiu ao ministro com o argumento da liberdade académica e da liberdade de opinião do professor.

O ministro solicitou então à Universidade que examinasse se através das convicções do professor com as suas declarações terá prejudicado o local da ciência da universidade e do Hesse.

A universidade respondeu não poder fazê-lo porque questões legais pessoais são estritamente confidenciais e que a universidade está consciente dos direitos e deveres dos seus funcionários.

A reitoria da universidade distancia-se de Kutschera e parte do parecer que a maioria pensa diferente, mas que o princípio da liberdade da ciência e de opinião não podem ser postos em questão pela Universidade. Nas respostas a universidade mostra-se consciente de que a ciência está dependente da atribuição de fundos económicos do Estado, mas também da criatividade e de um mínimo de independência dos seus professores….

A Universidade de Kassel mostrou coragem ao não aceitar, no caso, subjugar-se ao sistema, ao neutralizar as intenções do Ministro no seu intuito de perseguir um cientista que parece não se submeter ao pensamento politicamente oportuno (o mesmo espírito que levou à inquisição na Idade Média manifesta-se hoje na tentativa de funcionar o saber no sentido dos interesses da instituição contra o indivíduo).

Na tradição do Renascimento, a liberdade de opinião também deve cobrir opiniões que não correspondam ao pensar do politicamente correcto ou das massas. Em casos como este, a ideologia do género, e os partidos não estão interessados em discussões científicas; importa-lhes uma sociedade alheia e alheada, sem discussão objectiva, onde mais facilmente se consegue capital para os respectivos sequazes; deste modo destrói-se, quer a nível de maiorias quer a nível de minorias, o princípio nobre distinguidor da cultura ocidental de todas as outras: a relação de tensão entre autoridade institucional e autoridade individual.

O princípio do uso de sanções contra apóstatas ou renegados através da instituição continua hoje presente nas nossas instituições democráticas com a vantagem de que, no nosso tempo, a própria impreceptível inquisição é melhor que a do outro e que a do passado. Instituições do Estado que subvencionam, com dinheiros públicos, a ideologia gender nas universidades também têm de suportar a opinião de cientistas que chegam a outras conclusões mesmo que estas não sejam oportunas a interesses estabelecidos. A sociedade é muito diferenciada, com diferentes necessidades e gostos, não podendo, por isso, ser alimentada por uma só caçarola.

As posições críticas do biólogo Kutschera em relação ao casamento gay com direito a adopção, incomodaram muita gente. Uma entrevista sua na “kath.net” em que de forma pregnante designa pares homossexuais como “estéreis duos de sexo sem potencial reprodutivo” afirmando, ao mesmo tempo, não querer “ofender ninguém”, mas apenas trazer para a discussão uma “perspectiva da ciência biológica”. Segundo o resultado do seu trabalho científico as “crianças precisam dos seus pais biológicos para se desenvolverem de forma optimizada” (HNA 20.7.17) e “em primeiro lugar deve estar o bem-estar do protegido. O egoísmo dos pais não deve dominar”.

O grau da tolerância de opiniões diferentes ainda é muito baixo: em vez de se reagir a argumentos com argumentos reage-se emocionalmente contra pessoas, sem se discutir os prós e os contras dos seus actos. Por vezes confunde-se o tom da voz com o que se diz.

No exercício de uma cidadania cada vez mais emotiva e apostrófica, em vez de meros cães de guarda de ideologias contra pessoas ou contra grupos, precisamos mais de pessoas e grupos com um discurso público de argumento contra argumento ou de argumentação inclusiva, como era tradição desde há muitos séculos com o método do discurso da controvérsia que incluía o advogado do diabo. Neste sentido na praça pública seria necessária a incrementação de simpósios entre cientistas de posições contrárias alargados ao público em geral.

 

Conclusão

 

São naturalmente legítimas as aspirações de pares homossexuais querem ver aceites na sociedade e nas leis as suas uniões afectivas e sexuais. Questionável é a sua exigência ao direito a terem filhos adoptivos. Tal como uma política ocidental contra a família tradicional e de fomento do aborto leva à necessidade de maior imigração de povos biologicamente mais férteis para os menos férteis, também as leis de adopção poderá vir a criar problemas de identidade a filhos adoptivos em casais homossexuais. Daí a necessidade de uma disputa séria sem desprezar ninguém; doutro modo conduzem-se as leis vigentes ad absurdum.

Todo o contributo para o saber corre naturalmente o risco de ser usado e abusado no sentido de fortalecer as trincheiras dos monopólios da opinião que tendem a generalizar os factos no sentido de se glorificarem ou de prejudicarem minorias. A discussão constitui também ela uma afronta a pessoas que querem viver despreocupadamente na zona confortável da fachada da sociedade, e, como diz um ditado alemão, para quem basta “paz, alegria e panquecas”.

A Europa mostra também aqui o busílis em que vive: um modelo que surgiu da luta da autoridade do indivíduo (renascimento) contra a autoridade da instituição; isto aconteceu no Ocidente devido à legitimação divina do ser humano como imagem de Deus e como tal imbuído de personalidade com autoridade perante as autoridades institucionais; portanto, já não súbdito, mas sujeito.

Com a morte de Deus morre o sujeito em nós e com ele morre a personalidade, dando lugar à chegada dos deuses de um domínio de poderes anónimos a viver de ideologias ad hoc que apregoam a força do destino hoje com o nome de força da conjuntura. Neste sentido tanto a instituição como o indivíduo nas suas legítimas reivindicações não devem esquecer o velho princípio de que só se ganha dignidade na medida em que se dá dignidade aos outros.

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

Pegadas do Tempo

FUNDO DE APOIO ÀS VÍTIMAS DOS TUMULTOS DE HAMBURGO

 

Hamburgo é a cidade mais portuguesa da Alemanha

O Ministério das Finanças declarou que o Estado alemão e a cidade de Hamburgo disponibilizam 40 milhões de euros para compensação das vítimas da violência em torno da G20 em Hamburgo.

O processamento da compensação é feito através de um fundo de apoio para onde vai o dinheiro do Estado.

O Fundo de Indemnizacao destina-se a lesados em bens não cobertos por seguros. Já há 230 pedidos de indemnização.

A Alemanha tem leis de indemnização que pode consultar aqui. Formulários de inscrição para a indemnização das vítimas encontram-se neste link em alemão.

Hamburgo é a cidade mais portuguesa da Alemanha, pela sua história, instituições, associações, gastronomia e pelos 10.000 portugueses que nelavivem.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

A LIÇÃO DA G20 EM HAMBURGO – PRÉ-ANÚNCIO DA RADICALIZAÇÃO DE TODA A SOCIEDADE?

Poder de cima e Poder de baixo no Ajuntamento

 

António Justo

A Cimeira G20 congregou em Hamburgo os chefes de Estado dos 20 países industriais mais importantes e de países emergentes para tratarem dos temas clima, comércio, migração, luta contra o terrorismo; teve 10.000 participantes, dos quais cerca de 5.000 eram jornalistas. O custo da cimeira G20 foi de 130 milhões de euros .

 

Poder contra poder

 

Hamburgo juntou 70.000 manifestantes , vindos de toda a Alemanha e do estrangeiro, para protestar contra a exploração do Homem e da natureza e contra os excessos do capitalismo financeiro.

Em acção estiveram 19 helicópteros, 3.000 veículos, 20.000 polícias e não conseguiram proteger a cidade. Resultado: 476 polícias feridos, 144 militantes aprisionados e 51 detidos na prisão (entretanto já 13 em liberdade), carros incendiados, lojas devastadas e roubadas, corpos explosivos e pedras atiradas dos telhados, habitantes desorientados. Os manifestantes do G20 do campo do Bloco Negro e da Esquerda Autónoma castigaram os habitantes da cidade e estragaram a festa.

Uma das táticas dos autónomos foi o disfarce,  organizar-se em pequenos grupos e mudar de roupa para não serem identificados. O excesso de brutalidade de muitos demonstrantes (pelo menos, 1.500 radicais violentos) levou o ministro do interior a dizer:” Não eram manifestantes. Eram anarquistas criminosos”. Apesar de tudo, o Prefeito da cidade já pediu desculpa à população por a política não ter estado à altura de poder impedir tanta violência da rua.

O ministério das finanças avançou que as vítimas dos extremistas serão indemnizadas. A polícia organizou centros de reclamação para os cidadãos; A polícia criou uma comissão composta por 110 investigadores de Hamburgo e 60 de fora para avaliarem milhares de vídeos e fotos.  Muitos danos serão suportados pelas companhias de seguro em consequência de vandalismo (possuidores de autos só com “seguro de responsabilidade civil” (Haftpflichtversicherung) não teriam direito a indemnização porque este seguro só cobre danos causados pelo próprio; por outro lado em casos de força maior os seguros costumam cobrir os estragos.

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Extremistas de esquerda e de direita na Alemanha

A G20 juntou em Hamburgo, os poderosos do mundo e a cena da esquerda militante: uma sociedade atrevida e uma agremiação de atrevidos.

Segundo afirma a Polícia de Proteção Constitucional, na Alemanha há 28.500 extremistas de esquerda, e destes 8.500 são dados à violência, especialmente os Autónomos. A mesma repartição calcula em 22.600 extremistas da direita e em 12.100 o número de extremistas com semelhante potencial de violência.

A revista de tendência esquerda DER SPIEGEL, n° 27/1.7. 2017 já previa a violência e fornecia ao mesmo tempo o logo dos extremistas de Hamburgo apresentando na primeira página, em letras garrafais, o seguinte: “Globalização fora de controle!  ATREVEI-VOS!   Pensar radical, agir com decisão – só assim o mundo pode ser salvo”. Embora a humanidade, a política, a ciência e a economia precisem de repensar e de mudar de atitude para resolver os problemas da humanidade nada justifica um título que pode ser considerado um apelo indirecto ao radicalismo à maneira do islamismo.

Simpatia clandestina no que toca ao radicalismo de esquerda

Na opinião pública é cultivada uma certa ingenuidade perante o extremismo de esquerda e por isso a estratégia de defesa não esteve à altura da cena da esquerda que se sentia em casa.

A violência de esquerda tem sido banalizada. O Estado e a sociedade terão de estar tão atentos à violência dos radicais de esquerda como à dos radicais de direita. Na sociedade há uma “simpatia clandestina”, supõe o político Wolfgang Bosbach, e por isso os Estados europeus não têm os mesmos instrumentos e táticas contra as maquinações da esquerda radical como têm na luta contra as maquinações da extrema direita.

 “Flora Vermelha” o epicentro do extremismo de esquerda

Hamburgo tem no seu centro há 28 anos a Rote Flora – um centro cultural dos autónomos que funciona como catedral da oposição da esquerda radical contra o poder do Estado; o mais curioso é que desde 2014 a Rote Flora tem o estatuto de fundação da cidade.

O advogado porta-voz de Rote Flora (Flora Vermelha) disse que não puderam ter mão nos tumultuosos porque os “os militantes estrangeiros” não seguiriam ordens (uma desculpa barata porque é próprio dos autónomos não aceitarem jerarquias!). ” Nós, como autónomos e eu, como porta-voz dos autónomos temos certa simpatia por tais acções, mas por favor, não no nosso próprio bairro onde vivemos. ”

 

Conclusão

A G20 dos chefes de Estado em Hamburgo teve sucesso em relação à abertura dos mercados, a mais dinheiro para África, ao encontro bilateral de Wladimir Putin e Donald Trump com o acordo de cessar-fogo no sudoeste da Síria e às alterações climáticas (os USA não aprovaram este ponto).

Há quem considere eventos como os de Hamburgo desnecessários, quer para os chefes de Estado quer para os demonstrantes. Os encontros de chefes de Estado poderiam tornar-se mais eficientes se se reunissem em pequenos grupos do que num grupo de mamutes. Em tempo de internet e de videoconferências e com o movimento de protesto já expresso na internet, talvez já esteja atrasada esta maneira de se demonstrar o poder de cima e o poder de baixo.

 

Em Hamburgo revelou-se um fenómeno explosivo que revela o estado doentio da política e da sociedade; o Estado deixa de ter o monopólio do poder: ao extremismo de fora vem juntar-se o extremismo de dentro. A Alemanha demonstrou que não consegue dominar o extremismo de esquerda como não consegue dominar o extremismo muçulmano: uma “cortina de fumo” impede a visão.

Grande parte da população pensa baixinho que já vai sendo tempo de os Estados deixarem de educar para a esquerda, descuidando o centro, de que vive.

Em Hamburgo a extrema esquerda mostrou que precisa das mesmas medidas do Estado como as que existem contra a extrema direita; doutro modo proporcione-se-lhe um estágio na Coreia do Norte. No seu fulgor parecem confundir justiça social com igualdade social. Para não se brincar com a inveja haverá que ter em conta que as pessoas são desiguais face aos seus talentos, habilidades, competências e motivação. Importante é impedir as fontes de desigualdades estruturais e fomentar possibilidades aos mais débeis; se o Estado não garantir isto dar-se-á lugar a situações de guerrilha nas cidades.

Em Hamburgo tudo pôde e pode; podem os governantes da G 20, podem os radicais da extrema esquerda, pode a polícia e, no meio de tanto poder, para o confirmar, só não podem os habitantes que querem paz. A violência passou nua; uma vergonha para a Alemanha e um aviso para outros países. Apesar das razões que haja para demonstrar contra cimeiras (violência sub-reptícia presente nas estruturas económicas e políticas) nada justifica a violência brutal praticada nas ruas de Hamburgo.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

ANIVERSÁRIO DE PORTUGAL CAMPEÃO EUROPEU 2016

Ronaldo – O Anjo da Equipa Nacional

Por António Justo

Hoje, 10 de Julho, faz um ano que a Seleção Nacional venceu o campeonato da Europa, na final contra a França (1-0).

A selecção nacional começou o Europeu 2016 fraca, mostrou-se moderada no meio do torneio e revelou-se eficiente no fim.

Apesar da coesa seleção ter Ronaldo, a imprensa internacional e as claques não acreditavam em Portugal. Como Portugal tinha perdido no Mundial 0-4 contra a Alemanha, os alemães pensavam que Portugal não chegaria às finais do Europeu.

Durante o torneio, Portugal viu-se sozinho a acreditar nele mesmo: é o caso para dizer Portugal porque, com a equipa, jogava Portugal inteiro.

O futebol português já tinha chegado muitas vezes às meias-finais e uma vez à fatídica final em que perdeu em casa.

Portugal que fazia parte do grupo F iniciou o jogo 1-1 contra a Islândia, recém-chegada ao campeonato 2016.

O 0-0 contra a Áustria e o 3-3 contra a Hungria mostrava que Portugal, tal como na política, andava atrás das suas possibilidades. Nestes jogos, tinha jogado sozinho, sempre contra a sorte. Demonstra que não chega o jogo para se chegar à victória. Sem victórias a selecção consegue o terceiro lugar de vencedor nas eliminatórias das oitavas finais. A equipa de Ronaldo esforça-se mais que o tempo lhe permitia, conseguindo, no prolongamento, o 1-0 contra a Croácia.

O jogo foi um exercício de paciência para os portugueses que desesperadamente aplaudiam. O aplauso e a esperança conseguiram as quartas de final contra a Polónia onde, além das” horas extraordinárias” teve de recorrer à disputa dos penáltis, vendo aí premiadas a vontade e o esforço. Depois do 1-1, com os penaltis, chega-se ao resultado Portugal 5-Polónia 3.

Segue-se depois o dia em que o Sol brilhou no gramado das meias-finais: dois para Portugal e zero para o País de Gales.

Portugal sentado no banco  com o seu anjo a sofrer

No Final contra a França, que jogava em casa, Ronaldo é ferido logo no início do jogo; então a equipa do treinador Fernando Santos, passa a lutar por Ronaldo e por Portugal. O mestre Eder consegue a proeza da victória metendo um golo no prolongamento: 1-0 para Portugal. Portugal, apesar de muitas voltas sentimentais, consegue com honra e com mérito ganhar o campeonato.

Lágrimas correram nas faces de Cristiano Ronaldo: umas de amargura e outras de tristeza, durante a final.

Neste longo dia, o Euro 16 tornou-se na coroação das três vezes em que Cristiano Ronaldo foi o melhor jogador do mundo.

O homem decisivo para os momentos decisivos foi ferido no 8° minuto por Dimitri Payet e chora de dores e de desespero por ter de deixar a equipa no momento em que ela mais precisava dele. Teve de deixar o seu palco, levado numa maca.

Todos fomos testemunhas das lágrimas a correrem-lhe na cara e as dores no rosto e como com Ronaldo no banco, todo o Portugal desespera.

A equipa portuguesa, consciente de que em momentos decisivos não é só boa a nível individual, mas também como equipa, pega no jogo com a cabeça e com os pés consciente que só juntos por uma causa se conseguirá vencer; então um por todos e todos por um (Ronaldo) combatem como leões numa arena de grandes.

Ronaldo, agora na Zona de treino ao lado do treinador e na linha lateral encoraja os colegas em campo. No 109° minuto Eder marca o Golo e no rosto de Ronaldo correm agora lágrimas de contentamento.

Portugal consegue a meta gloriosa.

Enquanto Portugal jubila, a equipa francesa, chorava incontidamente  com Blaise Matuidi e Antoine Griezmann.  No rosto de França via-se a dor do “Cruel e terrível” xeque-mate na própria casa.

Na Arena de Paris, Portugal deu o exemplo de Portugal unido, e de um Portugal não perdido nas divisões de interesses corporativos e de partidos (Foi um momento da união só também tido no passageiro 25 de Abril e no apoio ao povo de timor!).

Precisamos de um Portugal verdadeiramente português que se sinta ele e acredite nele; precisamos de políticos nacionais à altura dele!

Portugal tem muitíssimos “Ronaldos” e muitos “Fernando Santos” sentados no banco dos suplentes e da assistência, impedidos e sem hipótese, sofrendo, até ao desespero, com a falta de espírito de serviço e de equipa dos nossos Governos e Parlamentos.

© António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo