FESTA DE MARIA MADALENA A „APÓSTOLA DOS APÓSTOLOS”

Hoje dia 22 de Julho, a Liturgia católica celebra a festa de Santa Maria Madalena, a “apóstola dos apóstolos”.

Maria Madalena, discípula de Jesus, como testemunham os evangelhos (Lc 8,2-3; Jo 19,25; Mt 27,61;  Mc 15,40-41), foi ela a primeira a anunciar o facto pascal aos apóstolos (Mt 28, 9-10); Jo 20, 11-18) depois  de Jesus lhe ter aparecido e às mulheres.

Por isso S. Tomás de Aquino a denominou “Apóstola dos Apóstolos”. Madalena foi privilegiada com uma revelação especial, o que coloca a feminilidade como vertente espiritual privilegiada por ser a primeira testemunha da ressurreição. Na Bíblia não há provas a favor nem contra de que Madalena tivesse sido prostituta. Só pode ajudar a essa conclusão o facto de ela ser oriunda de Magdala, uma região de má fama e pelo facto de Jesus lhe ter expulsado sete demónios (o que simboliza o resumo de todos os pecados).

O filme Da Vinci conferiu a Madalena atributos que historicamente não têm consistência. Os gnósticos dão-lhe uma menção especial no evangelho apócrifo de Filipe, feito depois dos evangelhos canónicos. O evangelho de Filipe foi escrito em copta e não em aramaico.

António da Cunha Duarte Justo

TURQUIA – UMA NAÇÃO DE BRAÇOS NO AR E DE LENÇO NA CABEÇA

GOLPE DE ESTADO DE ERDOGAN CONTRA A DEMOCRACIA QUE DEMOCRATICAMENTE O APOIA

O fascismo em marcha e a política europeia em sentido a fazer-lhe continência!

Por António Justo

A Turquia torna-se cada vez mais num país de braços no ar e de lenços na cabeça. O presidente turco Erdogan declarou a suspensão da Convenção Europeia dos Direitos Humanos e o Estado de Emergência por três meses, ficando assim com direitos absolutos. (Será esta uma maneira indirecta de poder também introduzir a pena de morte?)

Chega a ter-se a impressão que nos encontramos no início da era muçulmana! O radicalismo muçulmano determina o sentir dos povos e a cedência de liberdades nas chamadas sociedades livres. Ao saneamento de milhares de juízes, de soldados, de polícias e de outros funcionários da administração segue-se o saneamento dos agentes de ensino.

O despedimento de 1.5oo reitores de universidade e a retirada da licença de ensino a 21.000 professores do ensino privado é mais um acto radical eficiente para o saneamento de um Estado que Erdogan e seus sequazes querem ainda mais uniforme. Em todos os regimes os fascistas de direita e de esquerda procuram ter sempre o ensino sob o seu controlo ideológico. Ciente de que a religião é o melhor garante de sustentabilidade, Erdogan aposta sistematicamente no fomento de um islão sunita retrógrado; no tempo de sua actuação política, já foram construídas mais 10.000 mesquitas.

Este golpista enganador trabalhou sistematicamente, a longo prazo, para conduzir o país ao fascismo.

Mais preocupante ainda é o facto de ter recebido 60% dos votos dos turcos que vivem na Alemanha e ainda o facto de muitos destes se manifestarem violentamente na Alemanha a favor do golpista Erdogan. Quando há algum acto terrorista, os mesmos não se manifestam. Na Alemanha vivem cera de três milhões de turcos e de turco-descendentes. À semelhança do que acontece na Turquia, apoiantes de Erdogan, organizaram um serviço online onde se pretende fazer o alistamento de cúmplices e simpatizantes com a intentona para poderem ser mais eficientemente perseguidos.

A raiva do povo contra as elites turcas, de orientação moderna, é insaciável. Erdogan, um filho do povo, vinga-se da elite secular servindo-se do povo. Em democracia o povo é quem determina a razão!

O presidente quer ser o novo Ataturk da Turquia mas no sentido contrário. Conseguirá atrasar eficientemente o ponteiro da história da Turquia e irá dar que fazer à política europeia que em breve terá de abrir as portas a muito mais refugiados: os da síria e de outros estados muçulmanos e ainda mais curdos e outros que o Estado turco ainda perseguirá mais.

A Turquia e o comportamento de muitos turcos na Alemanha poderia ser um sinal para o que a Europa acorde e reflita sobre o que está a acontecer à Europa sob a acção de políticos mais interessados em administrar a miséria e a decadência da Europa, do que em defender os valores que a tornaram grande e exemplar para todas as sociedades.

 

Erdogan, embora retrógrado e ditador, procura, à sua maneira, construir uma Turquia dominante. É um chefe oportunista coerente com os princípios muçulmanos que aposta no poder da luta cultural e religiosa, deixando atónitos os políticos ocidentais que, à custa da própria cultura e do povo, pensam dominar o mundo através da economia!

António da Cunha Duarte Justo

ACORDOS CETA E TTIP DISCUTIDOS POR PARLAMENTOS ?

 

Bruxelas parece ter cedido à pressão dos cidadãos e do SPD que não estão de acordo que a Comissão da UE aprove as negociações de livre comércio CETA (e TTIP) sem serem discutidas nos parlamentos. As negociações dos acordos, de comércio livre, entre o Canadá e a UE (Ceta) e entre os EUA e a UE (TTIP) serão finalmente discutidos no parlamento alemão, acabando-se assim com o secretismo de negociações entre Bruxelas (Comissão Europeia) e o Canadá e os USA ( https://antonio-justo.eu/?p=2957 + https://antonio-justo.eu/?p=2962 )

A crítica dirige-se contra tais acordos que, no dizer de especialistas, prejudicariam os interesses de consumidores, empregados, e das empresas médias e pequenas, além de tirarem competência jurídica aos Estados envolvidos pois Ceta como TTIP prevêem, para questões conflituosas internacionais, um regime de arbitragem permanente, sem legitimação democrática. O Princípio alemão da precaução (antes prevenir que remedir) seria anulado em favor do princípio de remediações posteriores. Devido à pressão da rua, nos países onde o cidadão tem algo a dizer, os acordos terão de ser discutidos no parlamento.

António da Cunha Duarte Justo

 

Os Golpistas da Democracia são Erdogan e Militares

TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO NA TURQUIA DE ERDOGAN

Por António Justo

O exército turco compreende-se como o defensor da Constituição e da herança secular de Ataturk, fundador da república. Interveio já muitas vezes nesse sentido; a partir de 1960 já interveio 3 vezes; a 27.05.1960 derrubou o governo porque este tinha restringido os direitos da oposição e a liberdade de imprensa; os militares permaneceram então 17 meses no poder.

A 12.03.1971 houve a segunda intervenção, desta vez contra o terror de grupos da extrema-esquerda; passado um ano, os militares possibilitaram um governo civil.

Em 12.09.1980, o exército interveio de novo contra o terror de extremistas da direita e da esquerda para impedir a queda da autoridade do Estado. Em 1983 os militares cederam o poder político aos civis. A 30.06.1997 o exército obrigou o primeiro-ministro turco islamista Erbakan a abdicar do governo. O presidente turco Erdogan encontra-se na continuidade de Erbakan.

A actual intentona de 15.07.2016 falhou. Os responsáveis da conspiração justificaram-se dizendo que queriam reimplantar a ordem constitucional democrática e restabelecer os direitos humanos. Erdogan apelou a toda a população a sair para a rua para defender a democracia. Esta acedeu ao apelo e impediu os blindados de avançar.

Na tentativa de golpe, houve 290 mortos (100 golpistas e 190 civis e das forças leais ao presidente) e mais de mil feridos: Depois da intentona Erdogan vinga-se, mandando aprisionar 7.500 pessoas, entre elas, pelo menos 2.900 militares, provocando 8.500 demissões e cerca de 30.000 empregados públicos foram suspensos e quase três mil juízes e procuradores da justiça foram exonerados . A “limpeza” acontece a uma velocidade tão deslumbrante que demonstra já estar tudo antes preparado. O Estado de Direito é Erdogan.

A SIDH (Sociedade Internacional para os Direitos Humanos) conclui que estas medidas já estavam previstas antes da intentona. A SIDH adverte ainda que a Europa não se deve deixar chantagear por Erdogan também na crise de refugiados. Segundo a SIDH o governo turco apoiou de facto o “Estado Islâmico” (IS) tornando-se também ele cúmplice na origem da crise dos refugiados. 

O presidente turco já tinha conseguido, paulatinamente, neutralizar a posição moderadora que os militares tinham no aparelho de Estado, tornando o Estado cada vez mais repressivo e perseguindo sistematicamente os jornalistas não conformes. Agora com uma intentona mal organizada e dividida e uma oposição a ter de condenar o ataque à „democracia”, as forças reaccionárias ganharam maior legitimação.

O golpe de Estado falhado foi considerado pelo presidente Erdogan como “o dedo de Deus” que ele usará, como alibi, para institucionalizar o seu despotismo sombrio. Aproveita para se vingar da liberdade e fazer os saneamentos que desejar. Erdogan, que antes reprimia as manifestações, apela agora ao povo para se manifestar a favor dele, até ao momento em que possua poderes absolutos! (Há que ter em conta o facto de a cultura árabe ser mais propícia ao fascismo do que à democracia e muitas vezes as forças militares serem as mais modernas e abertas, aquelas que culturalmente estão mais próximo das formas de Estado ocidentais!)

Dado a Turquia ser um membro da Nato e Erdogan poder voltar a introduzir a pena de morte (abolida em 2004 para poder iniciar conversações no sentido de vir a ser membro da UE) e poder reduzir ainda mais as liberdades cívicas, a Nato e a UE já se manifestaram no sentido de Erdogan usar moderação e proporcionalidade nos meios utilizados como reacção à intentona; se introduzir a pena de morte, a candidatura da Turquia para a UE fica bloqueada. A Turquia, mais religiosa, não está interessada numa EU que acarreta consigo muitos compromissos abertos.

A Turquia tem muita importância para a Nato devido aos seus 600.000 soldados e à sua posição geográfico-cultural estratégica.

A Turquia já começou a mostrar os seus músculos em relação à UE e à Nato ao procurar estabelecer amizade com a Rússia, pedindo desculpa a Putin pelo avião russo que fez despenhar. Para dominar não olha a perdas, seguindo a estratégia: “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”. Em relação à UE, o leão do Bósforo sabe que tem os políticos europeus na trela porque dele depende a quantidade de refugiados que vêm para a Europa e da quantidade dos refugiados na Europa depende o destino dos políticos no poder. As prioridades de Erdogan para a Turquia são: 1° combater os curdos e o PKK, 2° depor o presidente da Síria e 3° luta contra o EI.

Erdogan tem não só a sua democracia religiosa mas também muitos trunfos contra a UE e contra a Nato, podendo manipulá-los à vontade. É esperto; aposta naquilo que mais tem: a religião que os outros não têm e os pontos fracos dos interesses que os outros têm. A Turquia de Erdogan já não precisa da Europa, ele já a tem nos turcos e muçulmanos que nela vivem!…

Na Alemanha as associações turcas apoiam o presidente e dos minaretes e  das mesquitas ressoam não só as vozes de oração, mas também palavras de ordem contra os infiéis. Os turcos saem às praças alemãs para apoiar Erdogan; é estranho porém que nunca desçam às ruas para condenarem o terrorismo muçulmano!

Um provérbio português diz:” “Onde reina a força, o direito não tem lugar.”

Assim continua a tragicomédia política a nível internacional: a política manobra-se entre o oportuno e o cinismo e o resto anda estupefacto. A esperteza engana-se enganando; não conta com o tempo, só olha para a próxima oportunidade, passando o tempo a entreter idiotas.

António da Cunha Duarte Justo

HORÁRIO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA ALEMANHA

O PAÍS ONDE O TRABALHO É VALORIZADO E O QUEIXUME NÃO É CULTIVADO

António Justo
Os portugueses que trabalham mostram que não ficam atrás de ninguém; veja-se a sua popularidade como emigrantes, os títulos no desporto e portugueses em chefias em organizações internacionais. O problema de Portugal está na classe política que tem tido e tem.

No estado do Hesse, Alemanha, os funcionários públicos, (por deliberação do governo de 15.07.2016) a partir de Agosto de 2017, passarão a ter o horário de trabalho reduzido para 41 horas semanais. Em 2016 recebem um aumento de 428 euros. Em contrapartida Portugal, com o Governo de António Costa, reduziu o horário semanal dos seus funcionários para 35 horas; outra diferença: Portugal pede crédito ao estrangeiro para poder pagar o ordenado aos seus funcionários. O estrangeiro sabe destas inconsequências e da ineficiência na produção e grande parte do Portugal partidário, em vez de exercer autocrítica e de se preocupar com a razão do fracasso económico (demasiados gastos com o aparelho do Estado, produção insuficiente para alimentar a nação e falta de formação empresarial) desvia a bola para canto dando a culpa aos outros.

As elites alemãs premeiam quem trabalha e os governos portugueses parecem premiar quem está mais perto deles.

No discurso público sobre o défice português (foi 4,4% em 2015 enquanto o défice médio da UE foi de 2,1%) e contínuo endividamento do orçamento de Estado, assiste-se a uma discussão de acusações e desculpas, assumindo por vezes um caracter “racista” e muito longe de um discurso responsável. A política de Bruxelas tem sido tudo menos que justa, também em relação a Portugal, mas isso não justifica uma atitude irreflectida de encontrar as culpas só fora quando os contratos assinados foram por nós.

Quase toda a gente se queixa da Alemanha que exige mais poupança aos estados do sul. Em Portugal, os empregados públicos são discriminados pela positiva em relação aos trabalhadores da produção (do privado) que trabalham 40 horas. Para se poder cultivar a excelência, o país teria de produzir mais e gastar menos. Em vez da inveja de quem ganha mais seria importante um discurso económico e político de maneira a, também nestes sectores, se poder ganhar o campeonato. Para isso não se ganham golos a passar rasteiras nem se ganha o jogo a barafustar contra o árbitro, em fora de jogo nem tão-pouco se pode passar muito tempo na pausa ou deixar ir o rendimento para os compadres e para as clientelas. Temos que valorizar mais o trabalho e menos a conversa.

Doutro modo, a nossa condição será armamo-nos em vítimas, aquele hábito feio herdado talvez dos árabes, que contribui para uma mentalidade de coitadinhos que nos impede de ver a razão do sucesso de quem criticamos.

Horário dos funcionários públicos na Alemanha

Segundo a lei federal da Alemanha os Funcionários federais têm um horário de 41 horas semanais; pode ser reduzido para 40 horas semanais no caso de deficientes graves e para aqueles que recebam o abono de família para crianças menores de 12 anos.

Os funcionários dos Estado federados e os funcionários das autarquias locais têm um horário de trabalho que varia segundo o Estado entre 42 horas e 40 horas semanais (sem pausas).

No Estado do Hesse o horário é de 42 horas por semana, isto é, o funcionário trabalha uma hora por semana a mais para uma conta de trabalho creditado (para possibilitar a opção de reforma antecipada); a partir do início da idade de 51 até aos 60 pode ver reduzido o trabalho semanal para 41 horas e desde o início dos 61 anos de idade, ou por incapacidade grave, trabalham 40 horas semanais.

 

Conclusão

Nós portugueses “vergamos a mola” dentro e fora! Lá fora os responsáveis políticos são outros, cá dentro são os nossos. Lá fora enriquecemos os outros e cá dentro enriquecemos os nossos. Lá fora a sociedade civil pede contas aos políticos; cá dentro acusam-se os empresários e não se pede contas aos nossos! Cultiva-se o  queixume, com carinho, porque é nosso!

Não chega a competência académica, o ser patrão, nem tão-pouco o argumento autoritário e presunçoso do “sabe com quem está a falar?” O que conta para a riqueza de um país é o respeito, a gestão competente, seja ela do Estado ou do privado! Em Portugal valoriza-se demasiado a discussão (política) enquanto lá fora (na Alemanha) se valoriza mais o trabalho. Males e bens há em todo o lado; berra-se mais onde o ordenado e a produção são menores!

Muitos cromos da política e seus acólitos falam do que fazem de bem e colocam o mal lá fora. E o povo, que vai na cantiga, anda por aí a falar de ordenados miseráveis em relação ao estrangeiro; calam porém que os melhores ordenados provêm da produção conseguida e talvez da inteligência de fazerem negócios que os favorecem e deixam os seus chefes e as elites ganharem tanto ou mais dos que ganham lá fora

Investir mais na preparação de empregadores e empregados e deixar de viver do imediatismo.

Muitos ainda não notaram que, no nosso regime, os culpados são sempre os outros: são os anos do “fascismo”, é o ordenado reduzido, é Merkel, é o capitalismo, é a direita, é a esquerda: são todos e não é ninguém.

António da Cunha Duarte Justo