O ÓDIO DESTROI A ETIÓPIA – CRSTÃOS ASSASSINADOS EM NOME DE ALLAH

 

O ódio e a brutalidade fascinam a sociedade

 

Na Etiópia, no dia 4 de agosto de 2018, hordas de muçulmanos atacaram cristãos matando 15 padres ortodoxos (quatro deles queimados vivos) e 50 fiéis. Nesse dia foram queimadas ou destruídas 10 igrejas, assim como 20 mil pessoas deslocadas.

Foram assassinados e perseguidos por ódio fundamentado pelo seu Deus (Allah). Os assassinos vítimas da ideologia religiosa e os cristãos vítimas da brutalidade religiosa.

Há notícias que os responsáveis pelos Média e da sociedade não querem que se espalhem tais notícias: políticos por razões óbvias; pessoas bem-intencionadas e a esquerda porque tais notícias dariam argumentos à extrema direita e também a Igreja porque isso deixaria mal o Islão, o que o colocaria numa posição má e isso não é o caminho.

Será que a chamada extrema direita só poderá ser contida através da manipulação da informação? Não será que com esta atitude se fomenta o fascismo islâmico, o oportunismo, a banalização da verdade e a abdicação do espírito crítico?

 

Enquanto a covardia e o oportunismo enfraquecem a Europa outros desesperam.

 

O Arcebispo iraquiano de Mossul (Iraque), Emil Shimoun, disse em dezembro de 2014:

“O nosso sofrimento é um prelúdio do qual vocês, cristãos europeus e ocidentais, sofrereis num futuro imediato… Por favor, tendes que nos entender. Os vossos princípios liberais e democráticos não têm valor aqui. Deveis reconsiderar a realidade do Oriente Médio, pois estais recebendo um número crescente de muçulmanos. Também vós estais em perigo. Deveis tomar decisões corajosas e difíceis, mesmo à custa de contradizer os vossos princípios. Acreditais que todos os homens são iguais, mas isso não é verdade: o Islão não diz que todos os homens são iguais. Os vossos valores não são os seus valores. Se não entenderdes isto em breve, sereis vítimas de um inimigo ao qual destes as boas-vindas em vossa casa “.

O Corão promete o paraíso aos crentes que morrem matando os infiéis. Porque será que quem fala das atrocidades muçulmanas que flagelam o mundo é considerado persona non grata. Que interesses levam a querer esconder a realidade do que é o Islão no mundo?

Também muitos muçulmanos são vítimas das suas doutrinas e ensinamentos.

Muçulmanos e não muçulmanos têm que se dar as mãos e comprometer-se na reforma do islão. Só a defesa consequente da dignidade humana e dos direitos humanos poderá levar as instituições a deixar de abusar das pessoas e de as instrumentalizar para os seus interesses culturais, políticos e económicos. Doutro modo o Homem continuará a ser o lobo do Homem e a Europa tornar-se-á mais injusta e insalubre.

O ódio e a brutalidade fascinam a sociedade e chega a ser legitimado em nome de uma tolerância traidora.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo,

A VIOLÊNCIA NA ALEMANHA TEM VINDO A AUMENTAR

Relatório anual dos Serviços de Proteção da Constituição

António Justo

Nos finais de julho foi apresentado ao público o relatório constitucional anual. Os adversários da sociedade livre, segundo o ministro do interior, aumentam e, consequentemente,  o Estado sente-se na necessidade de intervir de maneira “mais determinada”!

O relatório relativo a 2017 refere os seguintes grupos como objecto de observação especial: Extremistas da direita, Os cidadãos do Reich (Reichsbürger), Extremistas de esquerda, Islamistas e redes de espionagem.

Extremistas da direita

A Protecção Constitucional parte da existência de 24.000 pessoas neste sector e entre estes 12.700 violentos. Em 2017, este grupo praticou 19.467 delitos e 1.050 crimes violentos. Como veículo de transmissão da sua ideologia utilizam eventos de música extremistas onde se observam cada vez mais problemas.

Os cidadãos do Reich (Reichsbürger)

Os cidadãos do Reich rejeitam a existência da República Federal da Alemanha.

Os  Serviços de Proteção da Constituição partem da existência de 16.500 pessoas pertencentes a este grupo. O ministério do interir tem 18.000 pessoas sob observação e considera que 900 deles são extremistas de direita. 1.100 cidadaos do Reich têm licença de porte de armas, tendo sido, para já, retirada a licença de porte de armas a 450.

Os extremistas de esquerda

Deste grupo encontram-se 9.000 sob observação.  “A prontidão para a violência é alarmante”. Cometeram 6.393 delitos e destes 1.648 crimes de violência.

Islamistas

A esta cena pertencem 25.810 pessoas e 740 Perpetradores islâmicos (pessoas perigosas suspeitas de poderem cometer crimes muito graves). Estes últimos aumentaram este ano de modo que os islamistas radicais que pertencem ao espectro islamista-terrorista (segundo as autoridades de segurança) podem ser identificados com “2.220 pessoas com uma referência na Alemanha”.

Espionagem

A Protecção Constitucional está especialmente atenta à espionagem russa, chinesa e iraniana.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

UM ROSTO FEMININO EXCEPCIONAL MOLDA O MUNDO NOVO – TERESA DE ÁVILA

Importância da Experiência interior como Forma de questionar Ideologias-Doutrinas-Instituições – A Amizade é uma Maneira de Deus se revelar

António Justo

A existência de Deus não se pode provar, mas as suas pegadas e vestígios não se deixam apagar! Por isso, no nosso peregrinar, somos guiados não só pela razão intelectual, mas também pelas razões do coração, razões religiosas e da experiência interior. Exigir provas concretas para o que vai para lá do concreto é com exigir prender os extremos de uma faixa a dois pontos do horizonte, onde se pretenda baloiçar. Provas objectivas encontram-se limitadas a uma dimensão intelectual dentro de uma categoria meramente causal (lógica do macrocosmo bruto). Se pretendermos atingir não só o exterior, mas também o interior da realidade, para assim nos desenvolvermos integralmente e possibilitarmos a construção de um mundo pacífico, teremos de reconhecer a compatibilidade (complementaridade) do mundo material com o mundo espiritual, da masculinidade com a feminilidade, da razão com a experiência interior; doutro modo estaremos condenados a afirmar um lado da realidade contra o outro e a perdermo-nos num beco sem saída. O físico Carl Friedrich von Weizsäcker constata: “A mística é o fruto natural da razão rigorosa”. De facto, a verdade é profunda precisando das alturas da cabeça a passar pelo coração para se chegar a ela.

Nos meus tempos de noviciado fui confrontado com uma mulher igual a si mesma, que não tinha medo de pisar o risco, e, como tal, valoriza a feminilidade em relação ao outro polo da realidade individual e social dominante que é a masculinidade. A experiência dela levou-me, bem cedo, a pressentir a Realidade como algo que, embora se expresse de forma contraditória, é, na verdade, integral e complementar nas suas partes (daqui a consciência da necessidade de abordagem da realidade, metodicamente, através das vias dos sentidos, da razão, do coração e da intuição numa atitude inclusiva dessas vias, na consciência que a verdade transcende a perspectiva e o ponto de vista). A experiência interior torna-se indispensável porque dá estabilidade à pessoa conferindo-lhe independência suficiente para questionar Ideologias-Doutrinas-Instituições apesar da consciência da própria fragilidade.

VIDA

Teresa de Ávila ou Teresa de Jesus ocupa um lugar especial na  mística e na literatura universal. Foi declarada padroeira de Espanha em 1614 e em 1622 foi elevada às honras de santa, pelo Vaticano; em 1922 foi proclamada padroeira dos jogadores de xadrez, (talvez pela sua arguta inteligência na maneira de lidar com adversários e superiores) e em 1965 padroeira dos escritores espanhóis (devido aos seus méritos na língua espanhola). Foi também a primeira mulher, na História da Igreja, declarada Doutora da Igreja (1970) pelo Vaticano. (Outras doutoras da Igreja são: Catarina de Sena, Teresa de Lisieux e Hildegard von Bingen). Todas elas advogam uma teologia mística, uma nova maneira de encarar a realidade e de procurar resposta para os problemas da sociedade e da natureza.

A 28.03.2015 fez 500 anos que Teresa nasceu. Era a terceira de dez filhos cujo pai era um fidalgo com antepassados judeus sefarditas.

No seu caminho espiritual sentiu-se dividida entre “Deus” e “mundo “, entre envolver-se inteiramente em Deus ou abraçar os prazeres do mundo – “mundo” no sentido de distracção do essencial. Na sua Vida escreve “por um lado Deus chamou-me, por outro lado eu seguia o mundo”. Aos 20 anos, decidiu entrar num convento carmelita, na sequência de uma experiência de conversão e de uma relação interior com Jesus Cristo. Era uma apaixonada em Deus vivendo numa relação amorosa com Jesus Cristo que a torna numa mestre da oração interior.

As suas experiências e visões eram tão pregnantes que ela mesma se apresentou à Inquisição com o pedido, de analisar se elas eram eventuais “insinuações do mal.” Reconhecia: “Nunca perdi a confiança na misericórdia de Deus, mas, em mim, frequentemente” (Vida, 9,7).

Depois de uma doença grave (1539) e com a leitura do livro “Confissões” de Sto. Agostinho a sua alma encontrou mais paz. Santo Agostinho e Dionísio Areopagita desempenharam um grande papel no conceito de amizade e na espiritualidade de Teresa de Ávila.

Com a sua segunda conversão (em 1554: Vida,9,1-3, ao ter um êxtase perante uma imagem de Cristo abandonado, teve a experiência que Deus a ama como ela é. A partir daí supera a desvinculação entre Deus e Mundo e começando uma “vida nova”.

Apoiada pelo Bispo de Ávila recebeu do papa Pio IV a permissão para fundar o Convento de S. José (1562) e seguir as regras da ordem de Santo Alberto de Jerusalém. Dois traços caracterizam a nova comunidade: viver em estrita coordenação do trabalho manual (para não estar dependente dos benfeitores) com a prática diária da oração interior. S. João da Cruz entusiasmou-se com as ideias reformadoras de Teresa; os dois dirigiram conventos com um mesmo estilo de vida de irmãos, onde se exercitava o autoconhecimento através do exercício da humildade (arte do morrer do ego) e da vivência de uma intensiva amizade com Jesus: espiritualidade da amizade.

Em1580, pouco antes de morrer, viu reconhecida a sua obra sendo-lhe concedida a autonomia de ordem provincial, para os seus conventos.

Santa Teresa D’Ávila (Teresa de Cepeda) é uma mística. Entre outras, escreveu a obra “caminho de perfeição”; Por causa da sua obra “Livro da Vida” teve que enfrentar a Inquisição por ser acusada de “alumiada”. Teresa escreveu “As moradas do castelo interior” onde nos descreve o caminho e os passos da vida interior para chegar, apesar das dificuldades,  à comunhão com Deus. Revela-se também interessante o estudo das Obras menores.

É a primeira autobiógrafa de Espanha. O seu saber fundamenta-o na “experiência” que surge da interioridade e escapa ao saber meramente intelectual e, deste modo, ao controlo do clero e dos que se sentem senhores do mundo. Os alumiados confiavam na iluminação interior do Espírito Santo que lhes permitia viver na entrega ao amor de Deus, sem a mediação da Igreja nem dos sacramentos. A fuga ao controlo fomenta uma consciência individual e social muito desenvolvida, um espírito aberto à renovação e aos movimentos de nova devoção.

A amizade conduz à transcendência

A lírica e a mística surgem da experiência da essência do ser. Do ser em si e no outro (o todo e o particular) tal como experimentou Teresa num processo de libertação do ego, ao longo de toda a vida, na procura da ipseidade (Selbst) na vivência do dois somos um e de um somos três. No centro do eu, onde jorra o nós, junta-se a feminilidade à masculinidade no seu puro processo criativo.

Para Teresa a experiência profunda dá-se na relação de amizade e não no dualismo de mundos ou objectos separados; a felicidade realiza-se no ser-pensar-sentir-agir que tão bem soube expressar com a fundação de 17 conventos e na empatia manifestada nas pessoas e na sua correspondência. Teresa define o rezar como amar e agir na intimidade com o amigo Jesus e que se expressa na proximidade com o próximo, o companheiro. Ela preconiza a abertura ao mundo e o agir onde ele precise porque quem ouve Deus tem que atuar amando o próximo como a si mesmo. Nas suas cartas escreve: „Deus quer que o Homem se divirta e que a sua alma se sinta bem no corpo “.

Teresa cultivava a sua amizade feminina de tal modo com São João da Cruz e com o padre Jerónimo Gracian que, espíritos mais terrenos, chegavam a pensar mal dela… A santa chega a lamentar a falta do seu amigo espiritual, o padre Jerónimo Gracián que defendia as ideias reformadoras dela; ela sente-se “solitária todos os dias” em que ele “se encontra tão longe” e confessa: “…assim passo a vida sem o devido consolo mundano e em constante dor interior. Você, meu Padre, parece já não habitar na terra, o Senhor livrou-o tão completamente de todas as tentações e apegos”.

Hoje, numa sociedade sexualizada e materializada, que vive do imediato torna-se, por vezes, incompreensível que se possa ter amizade com um Deus humanado ‘escondido’ e uma amizade tão profunda e espiritual com um companheiro de viagem. Esta experiência da amizade empática é certamente explicável em momentos e coincidências felizes da vida que podem ter a ver com a experiência interior do abandono do mundo onde a amizade espiritual se torna também material.

Na Dinâmica da Tradição antiga da Meditação/Oração

A realidade divina (não a ideia de um “Deus” que muita gente traz aprisionada na sua cabeça) leva-nos a um limite onde Deus é o mistério, o impensável, que transcende o pensamento, e ultrapassa a própria experiência, chegando a ser até o inexperimentável.

Teresa segue a tradição  de Dionísio Areopagita (- o pseudo – entre os séculos V e VI d. C. ) que espalhou a prática da oração mística sem palavras –  a meditação sobrenatural, para lá da representação que leva ao êxtase da admiração das “trevas místicas“; o exercício do “não saber” e do “não pensar nada” leva-nos a  mergulhar na oração do coração; esta é uma velha forma de meditação no caminho espiritual da tradição cristã que consta da repetição mântrica de uma palavra ou jaculatória ao ritmo da respiração e conduz à paz interior, a paz do coração (Hesychia);  deste modo cria-se um perfeito silêncio e vazio, que possibilita a experiência do contato com Deus (êxtase). Renuncia-se aos sentidos e à percepção intelectual para entrar nas trevas luminosas do silêncio onde o mistério brilha.  A escuridão divina “é a luz inacessível na qual Deus habita. É necessário entrar na escuridão, onde aquele que está além de tudo, como diz a Escritura, se encontra verdadeiramente”. Tudo isto acontece através do caminho da purificação interior onde Deus não é isto nem é aquilo. Entra-se na escuridão da dissolução do ego (tornar-se nada) para vir a despertar na luz divina. Neste acesso a Deus abdica-se do conhecimento discursivo de Deus através de ideias e atributos (está-se perante uma Telologia negativa : do que Deus não é porque “é” a transcendência absoluta, em contraposição à teologia afirmativa da asserção de Deus como bem, beleza, amor, inteligência, paz, perfeição…).

 

Personalização versus institucionalização (uma revolução em marcha)

O reconhecimento da experiência interior da pessoa ganha expressão especial a partir do renascimento. (“Erasmismo: o humanismo cristão preconizado por Erasmus de Roterdão 1466-1536 questionava também ele, embora de forma moderada, o poder jerárquico). No século XV e XVI desenvolve-se uma devoção afectiva ligada ao evangelho vivido e a uma experiência subjectiva numa atitude de vida simples. (Esta vivência de muitas comunidades que viviam um comunismo cristão teve muita influência nos vários grupos da reforma protestante).

Teresa sofria com o cisma da Igreja e rezava pela unidade da Igreja, mas propriamente era já movida pelo espírito novo de um renascimento que dá origem à Idade Moderna, mas que, em parte, se esbarra no iluminismo racionalista excessivo (século das luzes) que até hoje tem dominado as mentes. O espirito de Teresa integrava já no pensamento a velha constante que se mantinha nas sombras da cristandade e que remontava à dúvida de São Tomé acompanhada por um misticismo que se foi diluindo num racionalismo filosófico exagerado. Este é uma “saber” já não feito da certeza intelectual, mas mais dinâmico e, como tal, integrador da dúvida e de um questionar mais orientado pela experiência e como tal numa forma mais subjectiva do argumentar (passa-se de um saber de caracter mais dedutivo para um saber indutivo, característico da nova era embora recalcado).

Em “O Castelo Interior” ou, Livro das sete Moradas, Teresa descreve: “Quem ama faz sempre comunidade; não fica nunca sozinho.” „Ser grande é amar os pequenos. Ser pequeno é odiar os grandes. Com as coisas pequenas o demónio vai abrindo os buracos onde entram as coisas grandes.”

Confiar e invocar a experiência íntima pessoal subjetiva e argumentar em nome dela, é ainda hoje considerada ousadia que pode minar a vontade institucional e as jerarquias que querem estradas asfaltadas para andarem, ao contrário do que sugeria Jesus: a confiança (em si, em Deus) para se poder andar também sobre as águas.

Profetas e pensadores laterais ao sistema nunca foram bem vistos e quase sempre perseguidos! Mas não se pode negar o facto que, sem pensadores livres, sem profetas, nem os críticos dos sistemas, não haveria progresso.

Estes são considerados desordeiros, estranhos, dissidentes. Quem pensa diferente das massas, pertence a uma minoria que embora cause desconfiança, faz desenvolver a sociedade. Já o gnosticismo (dos maniqueus, cátaros, bogomilos, albigenses) sentia a realidade como um conflito universal entre luz e trevas e o seu campo de batalha é a alma humana. É um esquema dualista de acesso à realidade que se expressa na velha luta que movimenta o espírito humano desde sempre: a luta entre imanência (toda a realidade e possibilidade acontece a nível mundano) e a transcendência (aceitação e promessa de um mundo superior paralelo). Essa luta dá-se entre a mundivisão dualista (diferenciação clara entre a realidade do dia-a-dia e um mundo “paralelo”) e a mundivisão monista (Tudo o que é real e possível acontece no mundo em que vivemos).

Espiritualidade de expressão mais feminina

Teresa apela para a acentuação do elemento da feminidade como parte igual na teologia e na filosofia, chegando a agradecer a Deus o facto de Deus ter “preferido a mulher e ter encontrado nela tanto amor e mais fé que nos homens “.

Ao pensarmos hoje em Teresa, a sua queixa soa forte aos nossos ouvidos: “o que seria a Igreja sem as mulheres” … “é interessante como no Evangelho Jesus foi sempre duro com os homens repreendendo-os e sempre foi doce e nunca repreendeu uma mulher”.

Enquanto a Igreja submete a política à ética, os políticos submetem a ética à política e reciprocamente os fiéis e os cidadãos a elas. Vai sendo tempo de integrar, na vida civil e espiritual, a dinâmica da feminilidade e da masculinidade, de forma a realizarmos uma vida individual e social mais equilibrada. A masculinidade é social e eclesialmente predominante, o que provoca um desequilíbrio desvantajoso para a convivência e para a matriz política que nos rege.

Feminilidade e masculinidade são as duas energias que se encontram em cada homem e mulher; Jesus foi certamente a pessoa em que elas encontraram um verdadeiro equilíbrio.

Da diferença da sua acentuação no homem e na mulher se origina a riqueza da complementaridade; seria um equívoco, nos tempos de hoje, em que a masculinidade se tornou institucional e ideologicamente mais agressiva, que as mulheres, em vez de assumirem a sua essência feminina, se tornassem mais iguais ao padrão masculino. Seria negar a própria essência ao desconstruir a feminilidade. Importante é aceitar e sentir-se bem na própria feminilidade sem aceitar supremacias não se deixando definir pela matriz da masculinidade vigente. Mais que masculinizar a mulher é preciso feminizar o homem e a sociedade; isto torna-se muito difícil porque o padrão da nossa sociedade é masculino e até a maneira de pensar e argumentar é masculina.

Urge atualizar a espiritualidade da amizade de Teresa que vem da fórmula paulina “Nós em Cristo” e “Cristo em nós”. Esta é uma forma alta de espiritualidade em que filosofia cristã e mística se unem na autodescoberta em Jesus Cristo (o protótipo da ipseidade). A amizade é o “lugar” onde Deus se revela.

 Conclusão – Redescobrir a Amizade

Amizade “é uma palavra fundamental para a sua experiência espiritual e para a sua espiritualidade Para Teresa de Jesus, Deus torna-se acessível na pessoa de Jesus, a quem ela trata por tu. A oração interior é, portanto, “demorar-se com um amigo com quem, muitas vezes, estamos sozinhos porque sabemos que ele nos ama”.

Podemos verificar uma interligação entre o interior transcendental, o conceito de amizade em Platão e a mística carmelita do “tratado de amizade”, do viver “com um amigo “. Na procura de Deus vai-se definindo a natureza humana, quando se encontra a caminho do desconhecido, Deus (De facto, a vida é transcendência, estar a caminho, como dizia o grande pensador Karl Jaspers).

A amizade acontece entre o que temos e o que nos falta, entre apreciação e atratividade, sendo ela que fica depois de tirada a roupagem do que é transitório. Com a sua mística da amizade, Teresa sabia-se bem acompanhada religiosa e filosoficamente. De facto, Aristóteles também dizia: “aquele que olha para um amigo verdadeiro consegue, ao mesmo tempo, uma imagem melhor de si mesmo “.

Platão, já dizia contra os sofistas que “o conhecimento é mais que a percepção”- a diversidade, da percepção sensorial contraditória, será acordada por uma ordem unificadora – esta é a interioridade (espaço interior “espírito-alma”, o lugar da auto-comunicação de Deus) e que segundo Platão também é imortal e de “igual maneira de ser como Deus”; em termos cristãos, a alma, o coração é a possível morada de Deus (na espiritualidade do Oriente cristão, essa morada é o coração da pessoa).

Também Joaquim Silva Soler, in “Amigos vos chamei” fala da revelação de Deus que se manifesta na amizade .

Deus começa por falar na revelação da palavra e obediência seguindo-se a comunicação, a relação até um encontro comum na comunidade, em especial em Jesus Cristo. Dá-se a vinculação de acto e palavra na amizade, já na reciprocidade da experiência da amizade dada por Deus e compartilhada com ele. Para Soler Deus abriu, para além da chamada revelação natural através de sua palavra (Jo 1:39), que criou e sustenta toda a criação, também o caminho para a salvação sobrenatural através da amizade; esta, na sua estrutura criadora é “eterna testemunha de Deus”.  Temos na fórmula cristã da realidade universal, a Trindade que é comunicação que possibilita vida comum e deste modo a verdade que tudo une. A Razão é a luz da existência e o Coração (a amizade, empatia) o seu calor no caminho da liberdade, em liberdade.

Na tradição aristotélica e platónica, Agostinho, Tomás de Aquino e muitos outros, (apesar de toda a diferenciação entre a realidade humana e a divina), esforçam-se por conseguir a unidade e conexão entre o humano e o divino. De facto, a amizade entre as pessoas é um requisito transcendental para a amizade com Deus, como se pode verificar na “fórmula” trinitária.

O jesuíta Karl Rahner é claro e concretiza: “A amizade entre as pessoas é realmente transcendental, isto é, torna-se uma condição para nós experimentarmos o mistério incondicionado de Deus”. O célebre teólogo deixou ainda a seguinte advertência: O cristão de hoje deve ser um místico, alguém que experimentou alguma coisa, ou ele não será mais …” Cf. Experiência de Deus em misticismo e teologia (1).

Se a Igreja não redescobrir as tradições místicas seguirá atrelada a um culturismo superficial europeu e deste modo, perderá a sua vitalidade e energia que lhe vinha da capacidade vivida exterior e interiormente da inculturação e aculturação universal, no seu ser de peregrina.

Nos conventos cultiva-se o diálogo do pensamento religioso com o pensamento profano e com os pensamentos que vão surgindo; o monge exercita em si mesmo, a acção religiosa e filosófica, no dia-a-dia comunitário. Na vida dos conventos sempre se pode superar (e até comprometer) certas contradições da instituição eclesial através da tradição da mística.

Menos doutrina menos regulações morais e mais coração na vivência de uma fé da experiência divina que dê força e consolo. A igreja tem de acentuar mais a espiritualidade e de deixar de continuar presa ao tempo do iluminismo (aufklärung).

O Homem do tempo místico não se sente muito atraído pelos conceitos de Deus em Doutrinas e dogmas centrados na razão, ele quer senti-lo. O caminho do misticismo não é a razão, mas o coração. Ao sentir-se Deus encontra-se fé que dá sentido à vida. Esta é a via que culminou na Idade Média com o Mestre Eckhart e Teresa de Ávila.

Depois dos últimos dois séculos – os séculos da razão e do iluminismo- a Igreja descurou o misticismo em favor da teologia teórica e dogmática. Hoje será necessário voltar à fé da experiência, à experiência do Jesus Cristo ressuscitado e do Jesus Cristo abandonado. Em Jesus Cristo pode-se viver uma espiritualidade ao mesmo tempo divina e humana entrando numa relação de vivência e convivência do Jesus e do Cristo.

 Pela via mística, Deus habita no coração do Homem, a espiritualidade desce à terra, não se baloiçando apenas nas teorias intelectuais nem na confusão do dia-a-dia. Urge uma práxis teológica da espiritualidade, Jesus Cristo é pessoa.

Hoje assiste-se a um cepticismo de espiritualidades contra religião porque se tem medo de uma religiosidade demasiado dogmática e menos aberta à liberdade espiritual. As pessoas procuram a sua espiritualidade e encontram pouco quem as ajude a descer até às suas profundidades onde poderiam encontrar a reconciliação consigo e com os outros num mundo com Deus. A linguagem da religião e da arte são a expressão profunda da vivacidade da alma de um povo! Teresa de Jesus usou as duas.

© António da Cunha Duarte Justo

Teólogo e Pedagogo

In “Pegadas do Tempo”, https://antonio-justo.eu/?p=4935

 

  • (1) “A questão crucial é a relação entre a experiência de Deus e a realidade. Para a consciência humana, a experiência é a porta para a realidade. Esta é provavelmente a principal razão para a atualidade do conceito da experiência de Deus. “Experiência de Deus” constrói a ponte da fé para a realidade.

– A experiência humana é sempre concreta. O abstracto é resolvido a partir da experiência; geralmente é um componente da experiência. – O ato de reflexão aditado faz da percepção uma experiência.

A execução da reflexão em si é a percepção da realização, isto é, da existência. Uma realidade é algo que é perceptível como real. – Reflexão significa literalmente “inclinação para trás”, não é um passo para trás, longe da realidade (Assim como a subida da parede, na alegoria da Caverna da Platão, na verdade, é uma introdução à realidade das coisas representadas como sombra na parede).  – Percepção da realidade e consciência de si mesmo só ocorrem juntos, ironicamente, chega-se à realidade, apenas retornando a si mesmo. * só experimento realidade quando estou no processo dela. * auto-presença – reflexão é tanto a força como a fraqueza da reflexão humana A reflexão torna possível por um lado o pousar na Lua, por um lado e a inação de um Hamlet. Nela, tanto se inflama a infinita transcendência do homem, dirigida por Deus, como o sofrimento sem fim. – Reflexão tal como ocorre em nós humanos, é esse tipo de autoexperiência, que, olhada mais de perto, apenas se dá como percepção da realidade.

A vida humana na história exige a experiência de Deus. Na medida em que Deus é o fundamento da realidade ou da própria realidade, ela não é concreta nem abstrata. – A vida humana na história não conhece apenas o desejo da experiência de Deus, mais que isso a vida é mais um tal desejo, isto é, a vida em si não é, na sua essência, a experiência final de Deus. – Nesta vida, no entanto, o primeiro mandamento não é a experiência, mas o amor. A experiência de Deus é vida eterna; mas a essência da vida temporal é o amor de Deus”.

 

NÃO ABSOLUTO À PENA DE MORTE

O Papa Francisco pediu a todos os Estados do mundo (que ainda não o fizeram)  para abolirem a pena de morte.

 

O N° 2267 do Catecismo da Igreja Católica argumenta que “a dignidade da pessoa não se perde mesmo depois de ter cometido crimes muito graves. Além disso, foram desenvolvidos sistemas de detenção mais eficazes, que garantem a defesa adequada dos cidadãos, mas, ao mesmo tempo, não eliminam a possibilidade de resgate do infrator”.

A Igreja ensina, à luz do Evangelho, que “a pena de morte é inadmissível porque está atenta à inviolabilidade e dignidade da pessoa”. Por isso, a Igreja “está empenhada na sua  abolição em todo o mundo”.

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do Tempo

O ISLÃO EXTREMISTA AVANÇA A TROCO DO DINHEIRO ÁRABE

Nova Forma da Colonização: Mesquitas em vez de Feitorias

 António Justo

Os Estados Árabes do Golfo e o Paquistão procuram invadir culturalmente o Madagáscar (situado na costa leste de Moçambique) através da promoção do islão extremista e aplicando grandes somas de dinheiro também num projecto de construção de duas mil mesquitas. Isto faz parte do seu programa de arabizar a África através de uma colonização interna.

As ligações ao mundo islâmico internacional pioram a situação em regiões onde o islão vivia pacificamente.

A estratégia é, a longo prazo, organizar xeicados e sultanados.

Arabizar a África e recuperar a Europa

A tática islâmica revela-se inteligente, em prol da sua expansão, dado a população de Madagáscar com 25 milhões de habitantes ser muito fértil.  Segundo a previsão da ONU,  para o ano 2050 espera-se para o Madagáscar uma população de mais de 53 milhões e para o ano de 2100 aproximadamente 98 milhões.

Atualmente a distribuição das crenças da população do Madagáscar é de 52% de crenças indígenas (animismo, adoração ancestral), 23% Católica Romana, 18% protestantes e 7% do Islão (especialmente no Norte e no Oeste).

O estratagema usado pela comunidade islâmica concentra-se na promoção da natalidade, emigração, fomento de grupos radicais (do tipo salafista, irmãos muçulmanos, etc.), projectos de construção de mesquitas a nível global e vinculação rigorosa às práticas de Maomé, da Sharia e de um islão do lenço na cabeça.

Como o Islão é uma religião política que defende a posição do mais forte, encontra o beneplácito das oligarquias seculares mundiais (nova ordem mundial!) que se mantêm nos bastidores da sociedade e se querem ver livres da resistência que lhes oferecem Estados nações, democracias, inteligência e direitos humanos. A desestabilização da sociedade europeia, ainda bastante homogénea a nível cultural, é um dos objectivos prioritários da oligarquia económica e ideológica mundial que, para isso, se serve das contendas entre xiitas e sunitas e da desestabilização da vizinha África.

Cultura ocidental e nações devem ser enfraquecidas através de imigração descontrolada, da marxização da cultura e do estabelecimento de redes de poderes supranacionais com multiplicadores do tipo boy!

O aiatola Khomeini, iniciador da Revolução Islâmica xiita em 1979, provocou uma grande concorrência entre as fracções xiita e sunita do islão. A estratégia competitiva serve-se da guerra e da guerrilha para favorecer sociedades monoculturais (o pluralismo cultural da Síria não agradava ao mundo xiita nem ao mundo sunita!); a estratégia islâmica de uso da guerrilha em países ou regiões com mais de 20% muçulmanos tem resultado como acto da colonização interna de países da África e fora de África como colonização interna indelével das sociedades onde se encontram, a partir do gueto. Sociedades africanas onde o islão e outras religiões viviam em paz passaram a ver os seus chefes moderados serem substituídos por chefes e grupos radicais.

A Liga árabe dividida entre si, mas una nos seus objetivos hegemónicos, para consolidar e expandir o seu poder, faz uso das suas finanças e da política de fomento da guerrilha, da procriação e da emigração, como meios eficientes de invasão suave e doce em regiões onde, de outro modo, não teria hipótese de expansão. Os dólares do petróleo tornam-se no tapete vermelho árabe que penetra no âmago dos governos europeus.

Os magnates do corporativismo de interesses da economia mundial veem na islamização da Europa uma oportunidade para moderar as exigências de uma sociedade branca já demasiado avançada e complicada para poder ser facilmente governada.

O Ocidente, donde atuam, está apenas concentrado na ganância do lucro económico e, consequentemente, no enfraquecimento das nações e da consciência europeia. Para isso, privilegia a proletarização da cultura europeia para, num futuro propício, mais facilmente poder impor um sistema oligárquico a nível mundial; os valores cristãos da soberania dos direitos humanos (liberdade, dignidade inviolável humana, fraternidade, autonomia da consciência) expressos na cultura europeia são, para os fazedores da nova ordem mundial, „demasiadamente” responsáveis e responsabilizadores! Tal moral e tais valores tornam-se indesejáveis para os construtores de uma monocultura que se quer “latifundiária” com pessoas simples e com uma moral simples baseada apenas no estabelecimento de interesses meramente corporativistas (como preconizam as redes maçónicas de caracter meramente elitista). A pessoa, os direitos humanos, as democracias, são considerados um estorvo a evitar.

A Europa argumenta, em política de imigração de refugiados, orientar-se pela ética cristã (em nome da qual Ângela Merkel abriu incontroladamente as fronteiras aos muçulmanos). O trágico da situação é que, em nome da ética cristã ou dos valores europeus, a classe política prepara a destruição desses mesmos valores (religiosos e seculares), reservando-se para ela a colonização económica e cedendo aos outros a colonização cultural.

Precisa-se de uma nova mentalidade política aberta e responsável, mas que exija responsabilidade e abertura a quem entra. Doutra modo orquestramos uma cultura de queixosos, com uma classe estabelecida que se queixa do povo e de povo que se queixa dos responsáveis políticos e imigrantes que, no meio de tal confusão, se afirmam contra uns e outros!

António da Cunha Duarte Justo

Pegadas do tempo,